Derek despertou ao som de um ritmo repetitivo de tap-tap. Ele piscou, confuso, e então o som de tap-tap veio novamente. "Senhor, está acordado?" Era uma das criadas. Normalmente Derek não tinha problemas em diferenciá-las, mesmo apenas por suas vozes (ele até conhecia seus gostos, desgostos, seus parceiros e todos os nomes de seus filhos), mas naquela manhã, a voz do outro lado da porta poderia muito bem ser de um robô vindo do espaço sideral.
"Senhor?" O chamado veio novamente, e ele percebeu que tinha que responder algo. Levou um tempo até que suas cordas vocais cooperassem, finalmente emitindo um rouco "Sim," O que fez a pessoa do outro lado ir embora.
Se preparar foi…estranho. Ele andou descalço sobre as azulejos, seus chinelos esquecidos. Então, quando chegou ao chuveiro, ficou embaixo da água por um minuto inteiro antes de perceber que a água estava gelada. As coisas melhoraram um pouco depois que ele resolveu isso, e até o momento em que se vestiu e saiu para o jardim para seu café da manhã, ele parecia quase ele mesmo. Encontrou sua mãe lá, mas ela não estava na mesa, em vez disso, estava do lado, fazendo ioga.
"Bom dia, querido," Ela chamou quando o viu, e demorou um momento para ele perceber que não tinha cumprimentado ela de volta. Felizmente, ele lidou com isso antes dela perceber, e tomou um assento.
Com toda a comida deliciosa espalhada diante dele, seu café da manhã acabou sendo apenas torradas… apenas torradas. Sem manteiga, sem geleia, sem café, sem chá. Nem mesmo alguns dos biscoitos que ele tinha devorado na noite anterior o tentaram.
Apenas quatro pedaços de torrada, comidos um após o outro, mastigados mecanicamente e engolidos, ele nem sequer os saboreou.
"Querido, você está bem?" Ele olhou para sua mãe, as sobrancelhas dela estavam franzidas, os lábios virados para baixo nas pontas.
Esse olhar significava algo, Derek sabia o que significava, ele simplesmente não conseguia descobrir no momento, então ele simplesmente deu de ombros.
"Estou bem, mãe, apenas um pouco…preocupado," Ele terminou o café da manhã logo em seguida, e de alguma forma se encontrou no trabalho. Palavras voando sobre ele enquanto as pessoas falavam em reuniões, se voltando para ele de vez em quando. Aparentemente satisfeitas quando ele grunhia ou acenava com a cabeça. Sem saber que ele estava lutando para entender até as coisas mais básicas.
Assim que todas as reuniões acabaram, ele se barricou em seu escritório e ficou lá. Não falando com ninguém, evitando até mesmo Emily.
Levou até ele estar a caminho de casa, para que sua mente recordasse que ele não havia a evitado completamente.
Ele se lembrou da sensação dela contra seu peito. Seu corpo pequeno encaixando perfeitamente contra ele. Seu corpo macio e quente. Seus lábios quase se tocando por um breve segundo.
Havia sido…havia sido… Assim como a memória o havia evadido, descrever a sensação também era quase impossível. Algo que ele normalmente teria sido capaz de identificar sem esforço, agora parecia impossível.
Se ele estava lutando para nomear o que sem dúvida era um sentimento fácil, sua lembrança dos eventos poderia ser confiável? Eles haviam se esbarrado ou ele havia imaginado isso?
Parando à beira da estrada, Derek, do nada, foi subitamente tomado por um ataque de raiva. Ele gritou no topo de seus pulmões, batendo no volante e puxando seu cabelo. Então, tão rápido quanto começou, o ataque acabou. Ele se arrumou da melhor forma que pôde e dirigiu para casa.
Os remédios estavam ajudando, ele havia dormido afinal. Mesmo que não parecesse descansado ou revigorante, sono ainda era sono, e já que os remédios lhe permitiam uma chance de fechar os olhos e dormir, ele continuaria a tomá-los.