Emily não era muito de beber, nunca tinha sido. Mas tinha que admitir que, para ela, abandonar os comprimidos para dormir parecia muito com a pior ressaca de todas. Na manhã seguinte após jogar os comprimidos pelo ralo, ela tinha saído da cama se sentindo como se tivesse sido atingida por um caminhão e depois tido uma briga corpo a corpo com um boxeador peso pesado. Ela passou as primeiras horas da manhã curvada sobre a privada. Depois, foi tomada por calafrios, seu corpo todo tremendo apesar de sentir como se fosse explodir de tanto calor que sentia. Aquele não havia sido um grande dia, mas ela se manteve firme, e o problema se resolveu em questão de horas, e quando foi para o trabalho, não havia sinais de que havia lutado com qualquer coisa. Mas ela não havia gostado nem um segundo da fase de desintoxicação e ficou aliviada quando acabou.
Então, uma vez que seu corpo estava de volta aos trilhos, era hora de sua mente se curar completamente. Durante todo o tempo que estava tomando os comprimidos, Emily se sentia como um pedreiro dado uma tarefa sem fim. Tentando construir uma parede, onde chegaria pela metade. A parede ficando alta o suficiente e então desmoronando, forçando-a a reiniciar, construindo em cima dos escombros.
No final, ela estava tão cansada de constantemente se sentir desbotada que tinha certeza de que mesmo sem os comprimidos não conseguiria sentir mais nada. Felizmente, ela estava errada nesse ponto. Sem os comprimidos, a cor voltou ao mundo mais uma vez.
Ela ficava brava, triste, sentia alegria, felicidade... ela simplesmente sentia, e amava cada minuto disso. Era maravilhoso, acordar de manhã como uma pessoa com os pés no chão e então ir dormir ainda se sentindo assim. Sem comprimidos para fazê-la sentir como se estivesse cortada da terra.
Elá ia para o trabalho e realmente se lembrava que era boa no seu emprego. Conseguir antecipar as necessidades de Derek e cumpri-las antes que ele pedisse dava um up a mais no seu humor.
Com os comprimidos não mais fazendo parte de sua rotina, não era apenas seu humor que melhorava, mas também seu interesse pelas coisas que gostava. Pela primeira vez em muito tempo, Emily pegou uma agulha e linha e bordou aleatoriamente. Ela não fazia isso para chegar a algum tipo de produto final apresentável. Ela fazia isso pelo prazer de ver formas aleatórias ganharem vida em suas mãos.
Logo, mais cedo do que gostaria, seus pesadelos a superariam novamente, e ela estaria bordando para passar o tempo quando não pudesse dormir.
Mas naquele momento, ela estava apenas bordando por bordar.
Ela não sabia por quanto tempo o estado quase tranquilo duraria, então decidiu simplesmente aproveitá-lo o quanto pudesse.
E por sorte, o retorno de sua mãe aconteceu justamente quando Emily ainda estava aproveitando a onda de estar livre dos comprimidos. Ela recebeu a mulher mais velha com o maior sorriso de todos, nem se importando quando foi provocada por estar muito apegada.
Quando estava sob efeito dos comprimidos, ela nem conseguia sorrir para sua mãe. E agora que podia, ela se certificava de sorrir para sua mãe e abraçá-la o máximo possível. Não importava que a mulher mais velha pensasse que era só porque Emily não a via há alguns dias.
Ela podia fazer algo tão simples quanto desfrutar de um abraço de sua mãe em vez de apenas passar pelos movimentos e não sentir realmente. Por quanto tempo durasse seu estado despreocupado, ela se certificaria de aproveitá-lo plenamente.