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Chapter 2 - Algo diferente.

O cenário que olho agora faz algo dentro de mim se retorcer algo não parece certo, não sei onde estou ou oque esta acontecendo esse é o pior de estar em todo lugar ao mesmo tempo ou gosto de pensar que é quase isso, afinal não sou nada perto do que os seres humanos pensam que Deus é. Pois Deus parece ser algo consciente e eu só percebi minha existência a pouco.

Olho ao meu redor e vejo destroços, vejo pessoas que já não são mais pessoas vivas e mortas, há muito sangue e o cheiro de algo queimado, sinto o cheiro de sangue, dor, medo e ódio. Oh não, onde minha consciência foi parar? Eu já vi isso antes e sempre acontece ano após ano, milênio após milênio sempre há a guerra, será que ela é uma entidade igual eu?

A única diferencia do agora é que algo dentro de mim está se contorcendo e querendo tomar forma, o que será? Devo deixar sair? Mais uma vez volto minha atenção para a rua a minha frente cheia de escombros e vejo uma mulher escondida por entre um dos escombros ela carrega um pacote em seus braços e está balançando ele, oque é aquilo? Um pequeno humano? Não sei por que, mas imaginar isso faz com que aquilo que já estava remexendo ficar pior. E eu decido naquele momento fazer algo, o que ainda não sei.

Alguns segundos se passam, mas consigo me fazer tomar uma forma humanoide e deixo esse corpo o mais solido possível até a luz pode me tocar, meu corpo é alto e esguio, tenho cabelos longos e negros, minha pele é morena, meus olhos negros, uso um vestido longo e saio para a luz e destruição, no começo tropeço um pouco por ser a primeira vez usando algo tão pesado, eu tentei parecer o mais humana possível, mas acho que não deu muito certo pois assim que a mulher me vê seus olhos arregalam-se e ela tenta se afastar.

Ouço barulhos e sinto leves batidas em meu corpo procuro a fonte e vejo homens mirando em mim e pela primeira vez sorrio, eles fazem uma pausa e começam a atirar cada vez mais, devo cuidar deles? Será que isso é contra as regras? Existem regras? Apenas com um movimente de minhas mãos e isso foi apenas para demonstração, eles somem na escuridão e o que acontece lá, vai por mim você não quer saber. Me volto para onde estava a mulher e a encontro paralisada em completo terror levanto minhas mãos na altura do peito e tento parecer o mais inofensivo possível, ela não se mexe e me aproximo lentamente me abaixo a sua altura e ela segue congelada em total terror, vejo lágrimas caírem por seus olhos castanhos, sua pele beijada pelo sol está pálida e ela é tão pequena, não sei por que estou fazendo isso e nem se é certo, mas parece que até eu a escuridão posso mudar.

 -Eu quero ajudar. -falo baixo tentando não assusta-la mais do que já está, minha voz não chega a ser grossa, mas é um intermédio entre doce e amargo. -Posso te levar para um lugar seguro.

Ela me olha sem realmente acreditar, estendo minha mão para ela e aguardo por um longo momento, consigo sentir que esta divida entre confiar ou não nesse ser estranho, enxergo que ainda há muita coisa que esse pequeno ser humano vai fazer, ela é um pequeno raio de luz para humanidade, sei que ela ira conseguir viver independente da minha ajuda, mas algo dentro de mim não me deixa virar as costas e apenas assistir. Quando estou pronta para recolher minhas mãos algo toca elas e é quente, vejo sua mão pequena na minha e sorrio tentando não ser assustadora, acho que falho um pouquinho, mas tudo bem vamos tirar elas daqui primeiro.

Levo por entre sombras elas para um abrigo bem longe de toda a destruição, a única coisa que ela precisa fazer é fechar os olhos, a bebê dormiu durante todo o percurso o que ajudou muito, pois caso uma delas abrissem os olhos poderiam ser consumidas, ela me agradece e entra dentro do edifício meio antigo branco, nesse mesmo dia tentei ajudar outras pessoas, mas nenhuma aceitou minha ajuda e me chamaram de monstro, acho que para eles é o que sou. De alguma forma aquela inquietação toda sumiu então devo ter feito certo, algo errado. Essa foi a primeira vez e pode muito bem ser a última. Ou é o que eu gostaria de pensar.