Chereads / O LEÃO DE FERRO E A ROSA ESCARLATE. / Chapter 8 - A CHEGADA DO CAPITÃO.

Chapter 8 - A CHEGADA DO CAPITÃO.

Na manhã seguinte, enquanto o castelo se recuperava do tumulto da noite anterior, Katherine decidiu visitar os aposentos dos nobres que haviam se rendido. Entre eles estava o Duque Darvin de Roustand, um homem que sempre fora conhecido por sua habilidade em manipular os outros e por sua língua afiada. Ele tinha uma aparência imponente, com cabelos grisalhos bem penteados que caíam sobre os ombros e um rosto anguloso, marcado por cicatrizes que contavam histórias de batalhas passadas. Seus olhos, de um azul profundo, eram sedutores, mas também traiçoeiros, sempre avaliando situações e buscando oportunidades para ganhar vantagem.

Darvin sempre fora um bajulador, um mestre em articular elogios para agradar os poderosos. Agora, diante de Katherine, ele exibia um sorriso que misturava submissão e artifício, como se as circunstâncias o tornassem um leal aliado do novo regime.

— Ah, minha querida princesa! — exclamou ele, com uma voz melódica e exageradamente suave. — Estou tão contente que esteja bem. A vitória do Imperador trouxe um novo começo para todos nós, não acha? A paz é o que todos desejamos, e estou aqui para apoiar o que for necessário.

Katherine forçou um sorriso, sabendo que as palavras de Darvin eram carregadas de falsidade. Ele sempre fora um dos nobres mais ambiciosos, e sua lealdade mudava conforme o vento soprava. O duque estava apenas se adaptando à nova realidade, buscando como sempre a melhor posição para si mesmo.

— Agradeço sua preocupação, Duque Darvin — respondeu Katherine, tentando manter a compostura. — Mas a verdadeira lealdade deve ser demonstrada em ações, não em palavras.

Após sair dali Katherine se dirigiu para outro canto do castelo onde se situava os aposentos de Lady Elara, a professora e amiga de Katherine, ela estava organizando alguns de seus pertences. Com cabelos castanhos ondulados e um olhar gentil, ela sempre foi uma figura maternal para a princesa, especialmente após a morte de sua mãe. Suas roupas eram simples, mas elegantes, refletindo a dignidade de uma dama que conhecia bem o valor do conhecimento e da educação. Elara sempre acreditou que a verdadeira força de uma mulher reside em sua mente, e ela havia ensinado isso a Katherine desde a infância.

— Katherine, minha querida! — Lady Elara exclamou ao vê-la entrar. — Estou tão aliviada por vê-la. Ouvi rumores sobre o que aconteceu, e temia que você estivesse em perigo.

Katherine abraçou Elara, sentindo-se reconfortada pela presença da amiga. — Estou bem, Elara, mas as coisas estão mudando rapidamente. Precisamos nos preparar para o que está por vir.

— Estou aqui para ajudá-la em tudo que precisar — afirmou Elara, com um olhar decidido. — A força de uma princesa deve brilhar nos momentos mais sombrios.

Katherine assentiu, sentindo-se grata por ter uma aliada ao seu lado. Em um momento de determinação, decidiu que precisava confrontar os soldados que haviam participado da rebelião. Ao se dirigir ao local onde estavam detidos, encontrou um grupo de homens abatidos e amedrontados, cercados por guardas leais a Lyon.

Os soldados, que antes eram orgulhosos e destemidos, agora estavam com os rostos pálidos e os olhos arregalados de medo. O impacto da força de Lyon ainda era visível em suas posturas derrotadas. Ao ver a princesa se aproximando, alguns deles tentaram endireitar os ombros, mas a fraqueza era evidente.

— O que aconteceu? — perguntou Katherine, sua voz firme, mas cheia de preocupação.

Um dos soldados, que havia lutado ao lado de seu pai, respondeu hesitante: — Princesa, nós... nós subestimamos o poder do imperador. Ele é como uma tempestade, e nós éramos apenas folhas ao vento. Nossos planos falharam diante de sua força.

Katherine sentiu um aperto no coração ao ver a desilusão nos rostos daqueles homens. Eles haviam sido seus aliados, e agora estavam amedrontados e envergonhados. — Não se esqueçam de que ainda somos de Rosenhein. Vocês erraram em confrontar Lyon, mas tiveram a sorte dele não ter matado vocês, eu irei pleitiar junto ao imperador por sua libertação, por isso ergam a cabeça e recobrem seu ânimo.

Mas o medo já havia se instalado. Outro soldado, mais velho e com um olhar resignado, acrescentou: — O imperador é implacável, princesa. Ele não hesitará em eliminar qualquer um que o desafie novamente. Vimos o que aconteceu com os que se opuseram a ele. Sua força e habilidade em combate são inigualáveis.

Katherine percebeu que, apesar de sua determinação, o medo que havia se espalhado entre seus soldados era uma barreira que ela precisaria enfrentar. A força de Lyon era ameaçadora, e a ideia de que ele poderia ser um aliado não parecia tão simples. Com um olhar decidido, ela se virou para os homens.

— Precisamos de coragem, não de medo! A derrota é uma parte da guerra, mas não deve definir nosso futuro. Juntos, podemos encontrar uma maneira de restaurar nosso reino e honrar aqueles que lutaram por nós.

Enquanto os soldados a ouviam, um leve brilho de esperança começou a surgir em seus olhos. Katherine sabia que a batalha não seria fácil, mas tinha que encontrar uma maneira de unir o povo de Rosenhein novamente, mesmo diante da força avassaladora de Lyon.

De volta aos aposentos de Lyon, Cedric continuava insistindo em seu plano de casamento. — Meu rei, a necessidade de um herdeiro é imperativa! Você precisa garantir sua linhagem e a estabilidade do império com uma união forte. Escolha uma dama de Rosenhein, alguém que possa ganhar a lealdade do povo.

Lyon, ainda refletindo sobre a conversa com Katherine, estava visivelmente desanimado. — Cedric, não estou pronto para isso. Alyssa ainda está em minha memória, e não posso simplesmente substituí-la.

— Eu entendo sua dor, mas você não pode se permitir viver no passado — afirmou Cedric, sua voz carregada de preocupação. — O mundo não espera, e você precisa se mover. Se não agir, perderá tudo pelo que lutou.

Lyon permaneceu em silêncio, ponderando as palavras do conselheiro. Ele sabia que Cedric estava certo, mas o peso da perda ainda era pesado em seu coração. Ele olhou pela janela, contemplando o que o futuro poderia reservar, enquanto as sombras de seu passado dançavam em sua mente.

Um pouco mais tarde, o sol brilhava intensamente sobre os campos que cercavam o castelo, e a poeira levantada pelos cascos dos cavalos anunciava a aproximação de um grupo de soldados. À frente deles, Galdur se destacava como uma força da natureza. Com 38 anos, sua estatura imponente e músculos bem definidos eram a prova de anos de treinamento e batalhas. Sua pele negra brilhava sob a luz do sol, e seus olhos, profundos e intensos, refletiam a experiência e a determinação de um homem que havia superado as adversidades mais cruéis.

 

Galdur era o capitão da guarda e o principal guerreiro de Lyon, e sua lealdade ao imperador era inabalável. Ele havia enfrentado Daryus, o capitão da guarda de Rosenhein, em um combate feroz e o derrotara. O homem que um dia fora um escravo, agora era um dos mais temidos generais do império, usando correntes como arma, um símbolo do passado que escolhera transformar em força.

 Enquanto o grupo se aproximava, Galdur avistou Dianne, a guarda-costas de Lyon, que o aguardava na entrada do castelo. A amizade entre eles era evidente, forjada em batalhas e em um entendimento profundo sobre suas missões. Dianne era uma guerreira astuta, e sua presença sempre trazia um senso de alívio ao capitão.

 

— Galdur! — ela exclamou, com um sorriso que iluminava seu rosto. — Finalmente de volta! Ouvi dizer que você foi implacável na repressão das rebeliões.

— Como sempre, Dianne — respondeu Galdur, em um tom profundo e respeitoso. — Os focos de resistência foram eliminados. Os rebeldes aprenderam que desafiar Lyon é um ato de tolice.

Dianne observou o capitão com admiração. — É sempre bom ver sua determinação. Você se tornou uma lenda entre os soldados, e sua lealdade ao imperador é inspiradora.

 

Galdur sorriu, mas havia uma seriedade em seus olhos. — Lyon é mais do que um líder, Dianne. Ele me libertou das correntes de um tirano e me deu uma nova vida. Para mim, ele é como uma divindade, e não há nada que eu não faria por ele.

 

Dianne assentiu, entendendo a profundidade da conexão entre Galdur e Lyon. — Sua devoção é admirável, mas lembre-se de que ele é humano, assim como nós. O poder pode corromper, e todos devemos estar vigilantes.

 — Eu confio em Lyon — afirmou Galdur com firmeza. — Ele é forte e justo. Ele não é como os que nos governaram antes. Seu sonho de um império unido é a única esperança que temos.

 Dianne sorriu, sabendo que a amizade de Galdur com Lyon era uma força poderosa dentro do império. — E você é uma parte fundamental desse sonho. Não se esqueça de que sua força não está apenas em suas correntes, mas em sua capacidade de inspirar outros.

 — Obrigado, Dianne. — Galdur respondeu, tocando levemente o ombro dela em um gesto de camaradagem. — Precisamos continuar a proteger Lyon e seu legado. A paz que ele busca deve ser alcançada a qualquer custo.

 Enquanto conversavam, a atmosfera ao redor deles começou a mudar. O castelo estava repleto de rumores sobre a nova aliança entre nobles e o novo regime, e a presença de Galdur ali, ao lado de Dianne, era uma mensagem clara de que a força e a lealdade eram fundamentais para a construção de um futuro mais justo.

 Os dois guerreiros caminhavam juntos para dentro do castelo, prontos para enfrentar os desafios que viriam, com a determinação de manter a paz e a ordem em um mundo em constante mudança. A amizade entre eles e a lealdade a Lyon os impulsionavam, enquanto o eco de correntes se misturava ao som dos passos firmes que ressoavam pelos corredores, anunciando a força que se erguia para proteger o império.