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Chapter 6 - Capítulo 6

Localização; Avalon - Calabouço do palácio de Avalon

Maeve

Algo frio atingiu seu rosto subitamente, fazendo-a piscar seus olhos e tocá-los no mesmo instante.

Ao se sentir encharcada, notou que estava toda molhada e avistou de longe outra presença observando-a com um olhar assassino. Maeve então recobrou a consciência e se levantou de uma vez com o coração quase em sua boca.

Ao mesmo tempo que encarava a ameaça, escorou na parede mais próxima espalmando-a desesperadamente. Estava úmida ao toque, quase como se a pedra estivesse chorando, e isso deixou sua mão repugnantemente pegajosa.

Analisando seus arredores por um breve tempo, franzia a testa, sua expressão tornando-se de terror e confusão.

— Que bom que acordou assassina! — o homem disse com um sorriso macabro, e um balde vazio na mão.

Maeve não podia se incomodar em respondê-lo quando percebia que não estava mais na feira de antes, e sim presa numa cela suja e escura que a impedia de ver até a luz do sol. O espaço sendo iluminado apenas por uma janela redonda e pequena, cercada por grades, e que oferecia uma visão mínima da luz do dia.

O lugar era coberto de feno e fedia a urina, sendo provavelmente onde ela iria dormir e fazer suas necessidades. Suas condições eram um tanto deploráveis, mas o que se esperar em sua situação? Os magos não lhe dariam uma vida digna de nenhuma maneira.

Olhando para si mesma, percebeu estar pelo menos um pouco vestida com trapos velhos e rasgados que escondiam as suas vergonhas. Maeve se questionava quem teve essas pequenas considerações por ela, mas preferiu ficar calada.

Ela cruzou os braços com o queixo tremendo e encarou o homem que as grades mantinham longe dela, provavelmente era um mago que serviria como seu carcereiro.

Que sorte! Ironizou.

— Joguei um pouco de água para despertá-la. Você não acordava de forma alguma quando chamei. — ele disse com provocação na voz — poderia ter jogado magia.

Antigamente Maeve lidou com homens piores do que estava sentado com as pernas abertas a confrontado, e teve que suportá-los com esperteza e sagacidade. Na maioria das vezes os ignorava, em outros momentos batia de frente e os colocava em seus devidos lugares, isso quando não os queimava e matava por ousarem afrontá-la.

Para sorte do mago e azar dela, ela não podia fazer nada além da primeira opção. Por enquanto não. O silêncio seria seu auto cuidado, então o que restava era continuar viva, suportar humilhações e esperar o momento certo para fugir, se é que tivesse algum.

Seu último fio de esperança se chamava Guia Justine, somente ele, não havia mais ninguém que pudesse confiar e esperar que viesse socorrê-la. Quando finalmente o encontrasse, teria que fugir, se esconder e matar qualquer um que se metesse em seu caminho, além daqueles que a machucaram e a fizeram sangrar.

Maeve não queria ser movida pela vingança tamanha que existia e enraizava em seu peito, mas era impossível quando se encontrava em Avalon. Seus demônios seriam despertados querendo ou não.

Sua atenção foi então para o seu carcereiro e ela colocou uma mexa de seu cabelo atrás de sua orelha, os movimentos comprometendo seu corpo dolorido à medida que se mexia.

Os magos haviam atacado demais.

— Isso é para você. — o homem ria enquanto mostrava uma carne crua que fazia as narinas de Maeve enrugarem com o fedor de podre. — O seu pequeno almoço.

Ele a passou pelos espaços da cela e jogou-a no chão sujo para Maeve, que nem sabia de onde o homem havia pego.

Ela olhou horrorizada, quase ofendida. Em seu reino não se comiam carnes cruas, a sua alimentação diária se limitava a frutas, água e carne assada, às vezes se fartando com pão e queijo, mas nunca em sua curta vida se alimentou de animais mortos que estavam crus, muito menos ser servida com esse tipo de refeição.

Ela nunca foi uma mulher fresca, porém, compreendia que o gesto do homem era uma provocação, pois ele deveria acreditar que por a mesma ser serpente deveria se submeter a comer aquela carne fedida que jogaram no chão onde sabe se lá quem pisava na cela.

— Vamos destruidora de reinos, matei esse bicho exatamente hoje para você, não faça desfeita, animal. — o homem insistiu, não se importando em fingir ser um bom anfitrião.

Maeve prestou atenção nele, o encarando minuciosamente. Ele seria um problema dos grandes. Pensou.

Olhando para cima em alerta, se concentrou em sua audição aguçada, e pôde ouvir passos se aproximando, provavelmente alguém vinha para o calabouço. Pessoas vinham. Já que se contavam em torno de oito passos ao todo descendo da calçada, além de vozes masculinas e sussurros.

Não demorou muito para Maeve descobrir quem eram seus visitantes, quatro figuras aparecerem.

Três homens, todos eles fortes e robustos, que Maeve nunca havia visto nessa vida ou na passada, e a mulher elegante que havia aparecido na feira para ela.

A serpente não demorou muito a olhar para eles, fingindo desinteresse.

O homem que jogou comida para Maeve como se ela fosse um animal, se curvou para a rainha e para os homens, depois disse animado.

— Vossa Majestade, já alimentei a demônia mas, ela não parece gostar de carnes quando até fez cara de nojo.

Maeve percebia os olhares de repulsa que recebeu dos homens, mas nem se importou em lançá-los de volta, ela agachou-se no canto e abraçou as suas pernas tentando não se machucar.

Manter o controle era vital quando estava sem sua incrível espada chamada Adira. Tornando estranho estar ali e se ver tão distante das suas origens.

No passado, ela foi a antiga princesa herdeira de Arcádia, a que morreu sendo rainha e lutando pelo que julgava certo. A que era considerada forte por todos e temida por muitos, até pelo seu próprio povo, e que poderia derrubar facilmente todos os cinco que a analisavam, fossem magos ou não.

Agora ela se reduzia a ser uma prisioneira fraca e frágil, simples de ser morta e por algum motivo suas lembranças terminaram em Guia.

— Pois bem, os senhores tem certeza que esse animal amuado, essa menina que só tem ossos no corpo, é a mulher que destruiu o reino inteiro de Arcádia com fogo e dizimou mais de centenas de demônios e serpentes? — um dos homens que havia chegado perguntou com um sorriso felino que exalava arrogância e descrença.

Maeve se chocou com a discrição recebida dele, pensando se realmente estava tão magricela ao ponto de parecer uma menina e como ele poderia compará-la com um animal, ainda por cima amuado?

Em sua vida anterior esteve acostumada com alguns insultos ocultos, normais para alguém com poder, mas nunca um que se relacionava a sua aparência e que fosse dirigido diretamente a ela, em sua presença. Era uma afronta.

Maeve não conseguiu disfarçar sua revolta quando o olhou torto, deparando-se com um homem jovem e muito alto, ele esbanjava um corpo muito mais forte em comparação com os outros três, o seu cabelo era de um castanho escuro desalinhado, que chegava a altura dos ombros e era trançado.

Suas roupas eram de realeza e cobriam metade de seu peito musculoso. A parte de baixo parecia uma saia aberta e rodada, quase arrastando no chão de tão tosca. Em sua pele cor de canela tinha diversas joias, desde braceletes, colares, aneis e brincos.

Maeve franziu a testa, então se questionou se ele não seria filho da mulher que também era da nobreza, mas ao comparar os dois procurando semelhanças, não percebeu nenhuma, nem em feições. A rainha tinha traços únicos e ele também.

Além das vestimenta que eram distintas, a rainha, o carcereiro e o homem de longos cabelos loiros usavam mantos negros, todos os três eram magos, Maeve concluiu. Enquanto os outros dois eram de outra espécie, de outro reino que a serpente rangia os dentes só de pensar. Fênix.

Seus dias de sorte não estavam à vista.

Maeve desviou o olhar cortante que se perdeu no homem ultrajante e mirou para o chão, desprezando todos os que estavam ali próximos a ela. A serpente não podia estar mais furiosa.

— Por um minuto pensei que ela te responderia, Vossa Alteza. — a fênix careca disse, ele era tão jovem quanto o outro e parecia seguir seu mestre em seus trajes brancos e soltos, também expondo seu peitoral bronzeado.

— Ela é a Maeve Fermi Escarlate, senhora.

Maeve se virou para o mago que dizia o seu nome, o de cabelos loiros, algo sobre ele fez os pelos de suas costas se arrepiarem.

— Tem certeza, Ambrose?

— Eu tinha minhas dúvidas, Majestade. No entanto, após verificar o símbolo do triângulo no seu pulso, notei que era o mesmo que juraram ver no passado, tentei usar magia para tentar quebrar talvez esse feitiço, mas as marcas não sumiram. É ela. A escolhida!

Maeve engoliu em seco enquanto pensava demais, esse mago havia tocado em sua marca no momento em que estava desacordada? E tentou usar magia para quebrá-la? A serpente olhou seu pulso para confirmar se a marca ainda estava lá. Estava mais negra que nunca.

Analisando de soslaio o homem de novo, notou que o seu olhar diferia dos outros, o carcereiro e o careca a olhavam com julgamento e nojo, a rainha com pena talvez e o homem robusto com deboche, agora o olhar do outro, do mago de cabelos longos era quase assassino, um olhar que fazia seu sangue gelar.

Maeve definitivamente o desprezava, ela não sabia ao certo porque, só entendia que era o seu instinto que a avisava, e todas as vezes que entrou em alerta sobre alguém, ele estava certo.

Então, a serpente grudou na parede, esperando a plateia ir embora.

— Bom peçonhenta, ainda não foi apresentada devidamente a sua majestade Davina Justine, rainha de Avalon. Foi ela quem te encontrou ontem e mandou alguns magos trazerem você até aqui. Você deveria levantar, se curvar e agradecer a tamanha gentileza. — o homem que jogou água na cara de Maeve, cobrou.

No entanto, Maeve não fez, não se curvou para a mulher, ficou somente interessada no seu sobrenome. Ela já ouviu muito sobre Davina no passado, quando se era rainha era impossível ser invisível, mas não diria nada para eles.

Após o silêncio torturante, o príncipe decidiu tomar as rédeas da conversa com seu humor.

— É estranho a chamarem de serpente. Ela não tem veneno nos dentes, muito menos escamas… e nem um rabo que poderia servir para espremer suas presas.

O carcereiro foi o único que riu do seu gracejo desconcertante, mas isso não foi motivo para pará-lo.

— Um tanto entediante. Ela Também é muito quieta e sem graça, não a considero tão perigosa como falam. Vejam se eu lutasse com ela era bem provável dela chorar porque quebrei alguns dos seus ossos.

O homem mostrava as covinhas que se formavam no seu rosto ao sorrir e o careca apenas contorcia o rosto como se não aguentasse ouvi-lo e fosse obrigado.

— Bom, não tenho nenhuma resistência para que mostre sua capacidade, meu príncipe. O que acha de um teste, Majestade? — questionou Ambrose impassível.

— Ela só precisa estar viva até o rei George regressar. — respondeu a rainha.

George e Davina Justine eram o rei e a rainha de Avalon. Eles a manteriam viva até ele chegar, talvez seus dias estivessem contados, Maeve pensou.

— Então faça as honras! Sabemos que animais crus são nojentos para as serpentes. Como será que ela lida com um inimigo jurado cara a cara? — questionava Ambrose.

— Temos informações suficientes que mostram como ela lidou. — lembrou Connor — Meu senhor, não há necessidade de tal exibição.

O mago se virou para a fênix.

— Me perdoe, nós não fomos apresentados.

— Me chamo Connor, sou o subordinado do príncipe Eros.

— Para uma posição inferior, se mostra muito atrevido.

O outro se calou e de sua mandíbula um osso se contraiu.

— Apenas olharei de perto, irmão. — tranquilizou Eros, encarando afiadamente a mulher à sua frente.

Ao abrir a cela com relutância ele adentrou. Medindo seus passos como se não soubesse onde deveria pisar. No fundo sabia que era arriscado se encontrar tão perto dela, e Maeve se levantou devagar. Suas mãos na parede e seu nariz em pé.

Naquele momento os outros não existiam, eram dois inimigos declarados se enfrentando. O mesmo gosto que Eros sentia em aterrorizá-la e julgá-la fraca, ela sentia ao vê-lo tão perto a subestimando.

Suas naturezas impediam o bom senso, e eles ficaram rodeando a cela olhando os passos um do outro, cada qual esperando o primeiro ataque vir. Como animais.

— Isso não é uma boa ideia. — insistiu Connor.

— Acalme-se, Connor! Se qualquer coisa acontecer, irei interferir! Também não o queremos machucado. — disse Ambrose e Connor nem se preocupou em olhá-lo.

Maeve não sabia o que Eros faria, ele olhava-a com desdém, como se quisesse matá-la ali mesmo, mas parecia que algo o segurava.

Ele chegou até o pedaço de carne e o pegou nas mãos, o maldito sorria enquanto caminhava, dessa vez ele parecia decidido em ir até ela.

Maeve tentou pensar. Não havia fuga, a porta de cela estava trancando os dois dentro. Ela olhou pros lados, não tinha armas para atacá-lo. Então imaginou a vermelhidão do seu poder e quão bom seria queimar a fênix a sua frente viva, mas nada vinha de dentro do seu ser. Seu interior não aquecia. Restava apenas sua força escassa. Ela então decidiu permanecer imóvel.

Parando um pouco longe dela, talvez numa distância segura para os dois. Ele perguntou.

— Você está com fome, serpente?

Maeve ficou enojada, não se dando o trabalho de respondê-lo.

Sem paciência, Eros então fechou o espaço entre eles de uma vez, mas Maeve reagiu indo para cima. Os dois corpos colidindo, e ela o socando friamente em seu pulmão, ele tremeu levemente, seus lábios franzido e sua outra mão agarrando os cabelos ruivos com força.

Ardeu demais, a serpente sentiria muito mais tarde. Enquanto era puxado para trás, Maeve perdia noção de defesa, mas insistia em golpes no peito duro do homem

Apesar de ser como aço, Eros ainda rangia os dentes e enfiava subitamente a carne crua nos lábios entreabertos dela.

Eles ficaram assim por minutos, horas até a serpente sangrar e ele perder o fôlego, mas ainda era incerto quem desistia primeiro. Maeve o socou com a perna em sua virilha. Ele fraquejou, fazendo ela avançar mais, retirar a carne suja de sua boca e empurrá-lo no chão.

A fênix tentou lutar pelo controle, mas estava mais focado na dor que cresceu entre suas pernas e ela como último ato mordeu-o no pescoço. Suas presas deixando marcas profundas, fazendo-o gritar.

Ele socou-a em sua costela e conseguiu finalmente se desvencilhar. A serpente sendo jogada de vez para longe e depois se levantando com ele em uma rapidez tremenda.

Eros tinha a mão em seu pescoço que jorrava sangue no chão.

E Maeve cuspiu o pedaço de pele crua que tirou dele. Seus lábios e suas mãos estavam vermelhos.

— Agora não estou mais com fome, fênix.

Maeve então levou um ataque mágico em seu rosto, fazendo-a gritar e cair, e a cela abriu para ele sair.

— Senhor está bem?

— Ótimo, Connor. — respondeu Eros — Soube que você quebrou o braço de alguém ontem, então decidi fazer justiça.

— É essa a desculpa que o seu povo usa para bater nas mulheres? — acusou Maeve com os olhos cheios de fúria, um deles ficando roxo pelo golpe levado.

Ela sabia que os homens fénix esbanjavam força e às vezes eles usavam isso para demonstrar a sua superioridade. A serpente havia visto com seus próprios olhos, por isso desprezava aquela espécie maldita e todos os problemas que eles já causaram em seu reino.

— Não bati em mulher alguma, bati no inimigo, e você me esmurrou primeiro. — apontou a fênix com seriedade.

— Após você enfiar uma carne podre na minha boca, cretino!

— Precisava saber quão forte você é, mas pelo visto você está fraca! — exclamou Eros enquanto perdia o seu olhar nos cabelos ruivos da serpente, uma raiva adicional. — pelo menos seu cabelo é aceitável, rubra.

— Dispenso qualquer elogio de um imbecil igual a você!

— Não é um elogio, praga. É a verdade. Da próxima espero que esteja mais forte.

— Da próxima, matarei você sem nem pensar duas vezes.

A ameaça era legítima, cheia de ódio, Maeve queria atravessar Adira no peito dele e fazê-lo implorar para ser morto. Se sua arma estivesse em suas mãos, ela faria com prazer. No entanto, o aviso não era levado a sério quando Eros sorriu para ela, e virou-se para os outros que estavam observando tudo calados.

Davina então ordenou.

— Termine com isso logo, Ambrose. Connor, Vossa Alteza real, acompanhem-me. Por favor!

A rainha saiu pelas calçadas de pedra e os dois homens a seguiram. Eros lançou um último olhar para Maeve, com uma expressão que ela não compreendia, mas não se importava, principalmente quando mago Ambrose abria sua cela.

— Que bom que a única coisa que você perdeu no passado foi a vida e não a voz.

Maeve não sabia o que esperar, mas ela já estava toda fedida, quebrada e num estado que ela nunca pensou em se ver, então nada do que ele fizesse seria tão ruim.

— Eros foi atencioso com você.

— Quero que vocês todos vão para o inferno!

Falou enquanto tentava se mover, mas a dor a impedia.

— Já estamos em um, Maeve.

Ambrose bateu-a de novo com magia, dessa vez mais forte. Ela caiu e ele pegou os tornozelos magros em um só mão, e Maeve só pôde sentir a magia consumindo-a por dentro, estava em todo o seu ser, uma luz saia das mãos do homem em direção ao seu corpo, fazendo ela gritar de dor e se contorcer.

Após um longo tempo, Ambrose a soltou para depois segurar o seu pescoço e marca-lo também, ele a selava com mais magia. Até os pulsos de Maeve não foram poupados.

A dor sendo insuportável enquanto estava deitada no chão como um animal amuado.

Os seus tornozelos, pescoço e pulsos eram marcados por um selo branco inquebrável e repulsivo.

— Você sabe o por quê disso? Para todos saberem quem você é, para te enfraquecer mais. Magia é sempre bom para monstros iguais a você!

Após terminar seu trabalho, saiu da cela.

Maeve queria lutar, queria respondê-lo à altura e dizer que não era um monstro e sim inocente, que odiava o Reino dos magos e tudo que fazia parte dele, mas sua voz não saia. Suas pernas não se mexiam, nem seus braços ou todo o seu ser, estava impotente.

— Supervisione ela o tempo todo, Callan! — ordenou Ambrose ao subir pelas escadas. — Não saia daqui debaixo nem se estiver morrendo.