A vida muda, na proporção da sua coragem... (Frases do bem).
Após passar pela consulta veterinária e o banho, Pandora estava devidamente pronta para viajar. Comprei um pacote grande de ração, já que estava com planos de fazer uma viagem calma e sem pressa até o meu destino.
Após duas horas e meia, chego ao entroncamento principal que dava sentido à rodovia. Nesse momento lembrei-me de que há alguns anos atrás, quando Rodrigo e eu estávamos a caminho da praia, erramos o trevo e pagamos um caminho aleatório para o litoral. Sorrindo me lembrei do quanto fiquei brava, pois esse trajeto aumentaria o tempo de viagem em quase quatro horas. Parada no cruzamento, não percebi que se formou uma pequena fila de carros atrás de mim.
Fui despertada das minhas lembranças com o som de uma buzina, então no impulso do momento, resolvo pegar o caminho alternativo.
Gostaria de rever aquelas paisagens das pequenas cidades que haviam ao longo daquele caminho, mas com uma diferença agora, estaria sozinha. Como me arrependi em ter reclamado tanto naquele dia.
Lembrei-me do Rodrigo, rindo e dizendo:
"Ana, relaxa, olhe que lugares bonitos, estamos de férias, não temos pressa de chegar".
Pensei comigo:
"Amor, vou relaxar e curtir a paisagem, vou olhar tudo, todas as pequenas vilas e cidades ao longo do caminho, me desculpe, estou atrasada cinco anos".
E assim o fiz. Parei nas pequenas cidades, tirei fotos, cuidei das minhas duas companheiras de viagem, afinal estávamos indo para uma nova vida e com todo a calma, sem nada planejado.
O caminho era encantador, casas com lindos jardins gramados aparados, pessoas simpáticas. Por fim, parei para comer em um pequeno restaurante com lindos chalés à sua volta. Uma senhora muito simpática, me atendeu. Fiquei em uma mesa na varanda, pois estava com meus pets. Como havia iniciado minha aventura com um certo atraso, pelo fato de ter passado pelo veterinário e alterado minha rota, estava sem almoço e já era quase dezesseis horas, pensei comigo com uma certa preocupação.
"Meus Deus, vou me pegar à noite na estrada".
A senhora, vindo em minha direção com um pedaço de torta alemã, acredito que leu meus pensamentos, adorava essa sobremesa, era típica da família do Rodrigo.
- Menina, a torta é cortesia da casa. Ela sorri. – Escuta minha filha, você não deveria descer a serra à noite, além de não ver toda a beleza, pode ser perigoso.
Apenas sorri e pensei que ela tinha razão.
- A senhora pode me informar se há alguma pousada próximas, ou os chalés aqui ao redor estão disponível para locação?
A bela senhora sorri novamente, e fala com uma hospitalidade calorosa:
- Não precisa ir longe, tenho aqui pequenos chalés que alugo para pernoites ou mais dias. Sirvo um delicioso café colonial pela manhã, e temos um ótimo restaurante! A propósito me chamo Maria.
- Muito prazer, Ana! E essas aqui são Pandora e Bebel, indicando os meus pets.
Maria se aproximou da Bebel, afofou sua pelagem e nesse instante Pandora também chamou sua atenção, então novamente me olhou e falou:
- Não se preocupe com suas belezinhas, nós aqui aceitamos pets.
Sem me preocupar fiz o check-in, estacionei a caminhonete no chalé mais próximo ao bosque. Tudo que eu gostaria nesse momento era de me sentar na pequena varanda e observar o pôr do sol.
Na pousada havia poucos hóspedes. Segundo Maria, era baixa temporada e poucas pessoas procuravam no verão, o forte era no inverno. Conheci um casal de argentinos que já estavam hospedados há três dias. Minha anfitriã falou que ao anoitecer muitos viajantes costumavam parar para descansar, pois poucos desciam a serra à noite.
O chalé era bem decorado, um espaço rústico, além de uma cama confortável, lareira, havia também uma minicozinha, pois muitos alugavam por muitos dias e às vezes, não optavam por usar as dependências do restaurante. Como era verão, deitei-me na rede da pequena varanda, permitindo que minhas cachorras explorassem o local. Suspirando profundamente com toda aquela calmaria, pensei comigo.
"Acho que vou ficar uns dois dias por aqui descansando".
Sorrindo fiquei divagando nos meus pensamentos naquele local e percebi pela primeira vez em alguns anos que não me sentia triste e deprimida devido a morte do Rodrigo. A viagem estava sendo um bálsamo para a minha dor, toda aquela paz estava sendo muito reconfortante.
De repente senti meu celular vibrar, no meu colo, era minha amiga Raquel.
- Diga Raquel- abri a chamada de vídeo.
- Por que não me ligou na hora do almoço? Estava preocupada contigo! O tom na sua voz era de cobrança.
- Raquel, mudei os planos, peguei um caminho alternativo, pela serra. Falei rindo.
- Viu, cadê a Ana? Eu não conheço você. - Falou rindo e continuou. – A minha amiga Ana, que eu conheço, não faz mudanças nos seus planos. Segue o planejamento de forma bem rígida.