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Chapter 3 - Capítulo II - Uma calmaria...

Não faça da sua vida um rascunho,

 poderá não ter tempo de passar a limpo.

 (Mário Quintana)

 

Por incrível que possa parecer, eu já estive na pousada há dez dias. Me senti plena, calma e sem aquela sensação de tristeza. Os sentimentos depressivos estavam sendo aos poucos, esquecidos, já não me lembrava das dores da saudade, apenas lembrava dos momentos bons vividos.

Falara com Raquel apenas naquele primeiro dia, em que decidiu apenas pernoitar. Depois disso, mandei uma mensagem para ela que ficaria mais alguns dias por aqui descansando e explorando o local. Havia um ar de mistério em torno do ambiente daquela pousada.

A pousada Chaleira de Cobre, era um local incrível, havia muitas trilhas, grutas e cachoeiras a serem exploradas e as pessoas do local eram tão amáveis ​​que não era difícil ficar mais um dia. E assim foi mais um dia.

Quando me dei conta estava na pousada há quase dez dias, e não tinha vontade de sair dali. Maria havia me falado que um pouco mais à frente no caminho contrário da serra, havia uma vila chamada "Vale da Lua" que valia muito a pena conhecer, o local era encantador. Explicou-me que as pessoas que ali residiam viviam em uma forma de comunidade cooperativa, todos trabalharam para o bem-estar de todos. Era um tipo de comunidade eco sustentável.

Como já era íntima dos empresários do local, Maria me avisou que faria um jantar especial, e iria me apresentar algumas pessoas da cooperativa da vila, que estavam precisando de um gestor financeiro. E eu estava mudando minha vida e por coincidência minha profissão era gestora em finanças e contabilidade. E no mais, seu marido faria trutas, e eu adorava peixes e isso me lembrava das pescarias com o Rodrigo, e como ele me ensinou a amar a arte de pescar, somente não apreendi a cozinhar um peixe, aliás era péssima na cozinha.

Para o jantar dessa noite, demorei um pouco mais para me vestir, não usei apenas shorts, camiseta e tênis como nas noites anteriores, optei por uma sandália rasteira branca, pois não gostava de saltos e mesmo assim não combinaia com o local campestre da pousada , um vestido azul-turquesa. Lavei e escovei os cabelos. Observei que meus fios estavam longos como antes, e optei em deixá-los soltos. O vestido escolhido era estilo ciganinha, deixava meus ombros à mostra. Coloquei um par de brincos de argolas dourados, fiz uma maquiagem leve e gostei do resultado quando olhei no espelho. Lembrei-me que ainda era uma bela mulher, quem sabe poderia viver uma loucura... esse pensamento me fez sentir calafrios.

Nesse momento o vibrar do meu telefone, fez-me voltar à realidade. Era Raquel, como sempre preocupada comigo. Eu estava tendo um pouco de recaída em relação à minha melhor amiga.

- Diga, minha flor do dia. - Falei abrindo a câmera do celular.

- Meu Deus! Quem é você? Pergunta com certo espanto. – Cadê o coquinho de vovó, a cara lavava sem ao menos um batonzinho sequer? Falou rindo.

- Acho que estava na hora de sair do meu luto de vez, como você falou muitas vezes. Estou viva e o Rodrigo jamais iria desejar que eu morresse em vida. Lembrei o quanto ele gostava quando eu me arrumava assim.

- Está certa, amiga! Fico muito feliz em ver assim. Mas me conta, ainda na pousada? Pergunta ela com um certo tom de deboche.

- Sim! Respondo com o mesmo tom debochado. – Acredito que amanhã vou descer a serra, não mais tardar a tarde estou em São Francisco.

Dei um sorriso não muito seguro, não tinha certeza se estava a fim de seguir o plano, mas ocultou a informação de que o jantar de logo mais seria um tipo de entrevista de emprego.

- Ana, eu liguei mesmo para ver como você deseja que eu faça com os seus valores de aluguel? Recebendo dinheiro.

- Raquel, compre umas flores novas para a capela, como prometi ao Rodrigo, sempre colocarei novas flores aos pés da sua santa de devoção. Por aqui não vi capelas próximas. O restante da minha conta pode ser aquela da Caixa.

- Certo, dona Ana, agora vou deixar você ir jantar. Com um sorriso maroto, Raquel brinca: - Tomara que tenha alguns " belos" para você apreciar. Seu tom de voz era totalmente malicioso.

Dou uma gargalhada gostosa e digo:

- Ah minha amiga! Só se for o marido da Maria, ou o Luiz, o marido argentino da minha xará Ana, aquele casal que ele falou outro dia, que ficou aqui na pousada por 60 dias.

- Beijo amiga, fique bem. - Por fim Raquel finaliza a ligação.

Eu sabia que sua ligação sobre os meus ganhos era apenas um pretexto por sua parte. Ela queria mesmo saber se eu ainda não tinha pulado de um penhasco. Sorri para mim mesma através do espelho.