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Chapter 16 - Jogado na cadeia

Na manhã seguinte, Lina percebeu que deveria ter dado ouvidos aos conselhos de Milo. Parada na entrada principal da Segunda Mansão, Lina estava começando a se arrepender de tudo—especialmente porque sua mãe a tinha enfiado naquele horrível vestido preto que estava a uma polegada de causar uma prisão por exposição indecente em público.

"Parece que vou ser jogada na cadeia assim que me abaixar," Lina estalou para seu irmão mais novo que estava segurando o riso por causa de quão curta estava sua roupa.

"Pft!" Milo riu da cara feia dela e do olhar agitado.

"Mas eu preferia ser condenada à prisão perpétua por matar meu irmão mais novo!" Lina sibilou contra ele, agarrando-o pelo colarinho, fazendo-o uivar de risada.

"Eu tentei te avisar!" Milo só riu mais alto quando ela bufou e cruzou os braços. "Eu recomendo você não fazer isso, a menos que você queira mostrar tudo para todos e suas mães."

Lina imediatamente baixou os braços, percebendo que o vestido também era decotado. Não era que ela não gostasse do vestido, mas era curto demais para seu conforto. Ela gemeu e olhou para o paletó do terno dele.

"Me dê suas roupas," Lina exigiu, justo quando viu um carro branco subindo o pavimento em direção a eles. Ela não tinha tempo para voltar ao seu quarto e trocar de roupa—não que sua mãe a deixaria.

Essa manhã, Lina se viu puxada e ajustada à perfeição. Ela literalmente tinha acordado para ser atacada por empregadas que prepararam sua maquiagem, fizeram seu cabelo, a enfeitaram com joias e a enfiaram naquele vestido desconfortável. Ela tinha tentado trocar de roupa, mas descobriu que seus armários estavam trancados.

"Eca, não, eu não quero que minhas roupas cheirem a você—"

"É, bem, você nasceu depois de mim, então não tem escolha além de me ouvir," Lina retrucou, arrancando o blazer dele.

"A-ah, hey!" Milo gritou, puxando suas roupas de volta, antes de chorar sobre a força desumana dela. "Que diabos, por que você é tão forte assim!"

Lina estava praticamente arrancando o blazer do irmão. Ela revirou os olhos para o quanto ele estava sendo dramático.

"A audácia de você ser mais novo do que eu mas muito mais alto," Lina rosnou. Finalmente, ela conseguiu tirar o blazer dele, justo quando as portas se abriram e um silêncio tomou o ar.

Lina percebeu que seu encontro às cegas tinha visto toda a cena. E ele estava olhando para eles como se tivessem escapado de um asilo mental. Mas ela estava sem vergonha demais para se importar. Lina desajeitadamente colocou o blazer do irmão. Essa era a única vez que ela seria grata pela altura dele. O paletó dele batia a algumas polegadas abaixo do seu traseiro, o que a fez parecer um pouco mais modesta.

"O-olá," Lina cumprimentou.

"Bom dia..." Everett começou, olhando de Lina para o irmão dela.

"Esse é o meu irmão, Milo," Lina falou forçadamente, cutucando o irmão para que ele não fosse mal-educado e cumprimentasse Everett.

"É um prazer. Meu nome é Everett Leclare." Everett estendeu a mão para um aperto de mão formal.

Milo estreitou os olhos para Everett, medindo o homem de cima a baixo. Droga. Esse Everett era construído como uma montanha! Everett tinha pelo menos duas polegadas a mais que Milo.

Mesmo assim, Milo deu um pequeno escárnio e revirou os olhos, agindo feito um muleque.

"Certo," Milo finalmente disse, ignorando a mão de Everett. Ele virou para sua irmã e lançou um olhar de aviso. "Essa é a minha jaqueta favorita. É melhor você não estragá-la ou você vai me dever uma nova!"

O sorriso de Everett se endureceu, mas ele abaixou a mão.

"Ah, por favor, você age como se nossa família não pudesse comprar outra para você," Lina debochou, tentando aliviar a tensão. Ela se perguntou porque Milo não gostava de Everett.

Milo geralmente era feliz e despreocupado como um golden retriever. Ainda assim, ele finalmente mostrou os dentes para Everett.

Lina não entendeu, mas presumiu que era só o seu irmão mais novo sendo superprotetor.

"Por aqui, Senhorita Yang," Everett disse gentilmente para desviar a atenção dela do irmão mal-educado. Ele não precisava provar nada quando seu nome já era um flex.

"Certo..." Lina disse hesitante, seguindo-o até o carro branco dele. Ela sentiu um olhar intenso em suas costas e soube que era Milo lançando um olhar feio em direção a Everett.

Quando Lina voltasse para casa, decidiu perguntar a Milo por que ele tinha pegado aversão a Everett tão rapidamente. Mas sem mais uma palavra ou olhar, Lina entrou no banco do passageiro. Imediatamente, o cheiro do carro dele tomou conta dela, fazendo-a pausar em apreciação.

"Cheiro de lírios," Lina murmurou.

"Ouvi dizer que era o seu favorito," Everett disse, lhe mostrando um sorriso rápido enquanto dava partida no carro.

"De quem?" Lina perguntou.

"Na boca do povo [1]," Everett provocou.

Lina piscou. Então, sua mãe. Ela esperava tanto. Sem dizer mais nada, ela olhou pela janela, já entendendo quem a tinha arranjado para outro encontro às cegas. Ela começou a perceber que a conversa que Milo mencionou ontem foi provavelmente entre a mãe de Everett e a dela ou entre Everett e a mãe dela.

Lina torcia para que a conversa não tivesse sido entre Everett e a mãe dela. Assim, pelo menos, ela não o culparia tanto, o que levaria a um encontro arruinado, e ela precisava passar algumas horas com esse cara.

"O que você acha de um casamento sem amor?" Lina perguntou-lhe, enquanto começava a prever para onde estavam indo, baseada na estrada em que estavam dirigindo.

"Quase todo casamento entre uma filha rica e um filho abastado acontece sem amor," Everett disse devagar, testando a água para a reação dela. "É esperado."

"E você está bem com isso?"

"Espero que possamos ser amigáveis, pelo menos," Everett lhe disse pacientemente.

Everett não esperava amor de imediato. Seus pais não se casaram por amor, eles se casaram por conveniência. E o mesmo podia ser dito pelos pais de Lina.

"Mas sempre haverá amor em um casamento," Everett disse. "Só não do tipo que você lê em livros."

"O que você quer dizer?" Lina perguntou, ignorando o fato de que tinha dito educadamente a ele que nunca mais queria vê-lo. Talvez ela devesse ter sido mais direta. Assim, ele não teria enviado um pacote para ela essa manhã e não teria havido um café da manhã tenso.

"Bem, meu pai amou não ter os pais dele nas costas para se casar, e minha mãe amou o aumento de reputação do casamento. Ambos amaram alguma coisa, só não um ao outro," Everett disse.

"Isso não é o suficiente?" ele acrescentou, olhando em sua direção antes de voltar a olhar para a estrada, onde dirigiu-os para a entrada privada do museu mais famoso na cidade inteira de Ritan.

Everett saiu do carro, abriu a porta para ela, e observou enquanto ela saía elegantemente. Então, ela tinha esse lado bonito. Ele sorriu para si mesmo e deu um passo para trás.

Lina olhou em volta, sentindo um aperto no estômago. Eles estavam no museu que continha mais história sobre Ritan. Puta que pariu.

"Não é o suficiente," Lina finalmente disse a ele.

Everett ficou confuso. Ela queria dizer que a localização do encontro não era suficiente para ela?

Lina suspirou e tocou seu pescoço. "Eu sou uma romântica incurável. Se eu me apaixonar, quero me apaixonar tão profundamente que deixe a maior marca no meu coração, seja ela boa ou ruim. Para mim, isso é amor."

O manobrista rapidamente levou o carro deles, fazendo Lina perceber que Everett deve ter planejado tudo isso para ela. Não era que ela não gostasse, mas era o quão inconveniente seria para outras pessoas que provavelmente tinham planos de visitar esse museu também. Ela tinha certeza de que ele era o tipo de homem que fecharia uma seção inteira.

"Então, vamos esperar que você se apaixone por mim, com força suficiente para deixar o maior buraco no seu peito," Everett disse a ela.

Everett era bem um conquistador e sabia que essa linha a teria feito suspirar. Mas isso só fez o cenho de Lina se aprofundar, suas sobrancelhas se unindo.

"Ou você pode simplesmente me atirar no peito e deixar o mesmo buraco," Lina murmurou, fazendo Everett rir.

A maioria das mulheres teria elogiado ele por suas falas suaves, mas ela não lhe deu essa satisfação. Ela despedaçou suas palavras e jogou-as de volta para ele.

"Começo a gostar muito mais de você, Senhorita Yang. Talvez, o amor em nosso casamento não seja por conveniência," Everett disse a ela.

"Nojento," um homem disse por trás deles.

Ambos se viraram. Everett endureceu. Lina encarou.

De alguma forma, por pura magia ou coincidência, Kaden estava presente no encontro às cegas deles. Novamente.