A urgência da mensagem de Elizabeth deixou Amélie um pouco nervosa. Ela não era do tipo que se entregava a fofocas, mas dessa vez, pressentia que algo muito importante estava acontecendo.
A família de Elizabeth controlava mais de setenta por cento da mídia, o que significava que se havia uma notícia importante, ela seria a primeira a saber, mesmo que ainda fosse apenas um rumor incipiente.
Normalmente, era Elizabeth quem postava notícias significativas ou especulações no feed de fofocas compartilhado entre elas, mas dessa vez, parecia que alguém tinha conseguido se antecipar a ela.
Combatendo o crescente sentimento de ansiedade, Amélie acessou o site e se deslocou até a primeira postagem que tinha começado tudo.
Lá estava – uma foto clara de Richard Clark e Samantha Blackwood andando pela loja de departamentos. Sua mão estava firmemente colocada em suas costas, enquanto ela olhava para ele com um sorriso cheio de adoração nada disfarçada.
A foto era claramente de um paparazzo profissional, o que significava que as notícias sobre Richard ter um caso estavam prestes a se espalhar pela mídia oficial como fogo. Mas o que mais incomodava Amélie não era a foto em si, mas o artigo que a seguia.
"Flagrado: Richard Clark em uma manhã preguiçosa de compras com sua 'velha amiga'. Décadas de uma íntima amizade com sua esposa finalmente chegaram ao fim? Sr. Clark parece ser um fã do clichê 'de amigos a amantes'."
Os olhos de Amélie passaram pelo título pelo menos uma dúzia de vezes, seus lábios acompanhando cada palavra. "Amor", "amigos" – essas eram as palavras que mais a feriam. Mesmo que o título zombeteiro do artigo não tivesse substância real, para ela significavam o mundo.
O mundo que estava lentamente desmoronando sob seus pés.
Acalmando o coração acelerado, Amélie desceu até a seção de comentários com dedos trêmulos. Apesar da hora adiantada e das agendas lotadas, todas as pessoas que ela conhecia haviam conseguido discutir o artigo potencial em detalhes.
Ao ler dezenas de mensagens indignas, ela se dava conta, mais uma vez, do que significava pertencer à alta sociedade. Enquanto todos os outros poderiam simplesmente repreender Richard por ser "ganancioso" ou "cheio de si" por tentar substituir sua esposa perfeita por uma amante, aqueles que os conheciam pessoalmente eram capazes de atingir todos os nervos certos.
Eles todos sabiam como era estar nos sapatos de Amélie.
E o mais importante, todos tinham pelo menos um motivo que poderia justificar o comportamento de Richard.
"Eu sei o que eles falam de mim pelas costas. A perfeita Rainha de Neve. Fria e calculista. Sem emoção. Sem coração. Tenho certeza de que, fora deste feed, todos concordam que Richard não teve escolha a não ser encontrar uma amante. Afinal, por quanto tempo você pode tolerar alguém como eu, não importa o quão perfeita e capaz eu seja?"
Ela se odiava por pensar assim, mas não conseguia evitar.
Finalmente, seus olhos pararam em um tópico em particular que havia ganhado mais atenção. Seu dedo se moveu por conta própria, abrindo a sequência de mensagens que atacavam seu cérebro de uma só vez.
"Eu já a vi em um bar de hostess antes."
"Ela já trabalhou em vários bares de hostess."
"Meu marido também confirmou que a viu em um desses bares."
"Então ela é uma prostituta?"
"Que baixo nível. Uma coisa é usar os serviços delas, mas trazer uma para sua própria casa onde sua esposa mora..."
"Uma prostituta como amante? Ele deve estar fora de si."
"Acho que até os homens mais estoicos e respeitáveis podem acabar perdendo a razão eventualmente."
Cada comentário era como uma punhalada, e Amélie sentiu seu estômago revirar com uma mistura de raiva e desespero. O mundo que ela pensava conhecer estava se desfazendo diante de seus olhos, e as pessoas que ela considerava amigas estavam a dilacerando com suas palavras.
Amélie arregalou os olhos em choque, seu sangue gelando a cada momento que passava.
Ela não se importava com Samantha ou quem ela era. Na verdade, Samantha poderia ser uma assassina, tanto fazia para ela. O que importava para Amélie era sua própria reputação, a reputação de sua família e o prestígio do Grupo JFC. Tais rumores, se revelados ao público, destruiriam tudo em um instante.
Com as mãos ainda tremendo e o coração disparado, Amélie encontrou Elizabeth em seus contatos e apertou o botão para ligar. Sua amiga atendeu quase imediatamente.
"Lizzy," a voz de Amélie estava quieta e tensa, "você pode cuidar disso, por favor?"
"Mas, Lily..." Elizabeth fez uma pausa por um momento, depois respirou fundo e exalou ruidosamente. "Isso pode funcionar a seu favor. Ele vai entender o quão danoso isso pode ser para a empresa e—"
"Não." Amélie a interrompeu, sua voz tão afiada quanto uma lâmina. "São apenas rumores infundados. Eu não quero que isso afete minha família de forma alguma. Por favor. Estou contando com você."
"...Certo," Elizabeth concordou relutantemente. Após ouvir as secas palavras de gratidão de sua amiga, a ligação terminou.
***
O carro de Amélie parou em frente à mansão. Mais uma vez, ela se sentia como uma estranha visitando sua própria casa.
A mera ideia de entrar naquela casa a deixava nauseada, mas ela não tinha outra escolha. Ela ainda era a senhora da casa; gerenciava tudo relacionado a ela, e seria abaixo de sua dignidade deixar a mansão, amada por seus sogros, em desordem só porque outra pessoa estava morando lá.
Além disso, após passar a maior parte do tempo no hotel, Amélie precisava pegar mais roupas. Ela não podia se permitir andar com a mesma roupa, e comprar novos trajes a cada vez era simplesmente um desperdício. Como alguém profundamente envolvida com a caridade, ela sabia disso mais do que ninguém.
Depois de fazer todos os arranjos necessários e juntar mais pertences para levar ao seu apartamento tipo cobertura, Amélie estava pronta para deixar a casa quando viu Richard marchando em sua direção com passos urgentes.
"Finalmente voltou para casa?" Seus olhos apertados desceram até a mala empacotada ao lado de suas pernas, e a ruga entre suas sobrancelhas se aprofundou. "Venha comigo para o meu escritório. Agora."
Relutantemente, Amélie seguiu seu marido até seu escritório privado. Assim que ela entrou no cômodo, Richard bateu a porta atrás dela e a empurrou contra a parede fria. Seus olhos ardiam com raiva discernível, e sua voz estava fria como gelo.
"Foi você quem espalhou os rumores sobre Samantha ser uma prostituta?"