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'Por que ainda estou perdendo meu tempo?' Ari pensou enquanto girava o vinho tinto em sua taça, olhando para fora da janela à sua esquerda.

No fundo do vazio de seu coração, ela sabia muito bem por que estava sentada estupidamente no restaurante sozinha por seis horas. Ela tinha esperança de que desta vez as coisas pudessem ser diferentes. 

Ari olhou furiosa para o conjunto de pratos intocados e então para o assento vazio à sua frente, onde seu marido deveria estar sentado. 

Seu marido, Noah, havia ousado faltar com ela durante a comemoração do aniversário de casamento, apesar de antes dizer que queria celebrá-lo. Ela trabalhou em um café nos últimos seis meses para que pudesse pagar este jantar neste restaurante caro, esperando que pudesse usar a oportunidade para esclarecer todos os mal-entendidos dos últimos três anos.

Mas é claro, ele não apareceu. 

Apenas o pensamento já a fazia ferver de raiva. Ela engoliu o resto de seu vinho de um gole só antes de bater sua taça na mesa. 

Ela nunca deveria ter confiado nas palavras de seu marido. Ari tomou as palavras dele como se estivessem esculpidas em pedra, mas descobriu que as palavras de Noah valiam tanto quanto rabiscos na areia, facilmente apagados pelas ondas sem importância alguma. 

Seu marido também adorava ter dois pesos e duas medidas. Ari lembrou da vez em que chegou atrasada para um jantar de aniversário que Noah havia organizado para ela. 

Era raro que Noah concordasse em levá-la para jantar. No entanto, o café teve um influxo repentino de clientes naquele dia, fazendo-a chegar com apenas dez minutos de atraso em relação à reserva. 

Imediatamente ela se desculpou quando viu Noah já sentado em sua mesa reservada. Naquela época, ele estava vestido em um terno azul meia-noite, seu cabelo loiro penteado para trás. Combinado com olhos cinzentos como uma tempestade iminente, ele era uma visão de beleza que a deixava sem fôlego.

Mas sua atitude era o exato oposto de sua aparência. Noah bateu com as mãos na mesa e se levantou com uma expressão irritada no rosto enquanto a encarava. 

'Dez minutos. Você atrasou dez minutos. O que diabos você estava fazendo que era tão importante? Você acha que eu tenho o mesmo luxo que você, Ariana? Como você se atreve a desperdiçar meu tempo!'

'Houve uma correria no café ——'

'Estou cheio das suas desculpas esfarrapadas. Que tipo de trabalho árduo você faz nesse café barato, hein? Eu sou o CEO de uma empresa multimilionária e mesmo assim cheguei na hora certa! Mas você…' ele a olhou com desdém. 'Uma garçonete que ganha salário mínimo estava ocupada demais para olhar o relógio!'

Com isso, ele a deixou sem nem olhar para trás. 

"Um simples atraso de dez minutos e ele agiu como se eu tivesse feito ele perder toda a sua fortuna e ainda assim aqui estou eu, sentada há seis horas feito uma idiota," o álcool percorreu seu sistema, fazendo-a rir enquanto seus olhos se enchiam de lágrimas. Ela se serviu de outra taça.

Enquanto isso, ao vê-la ficando cada vez mais bêbada, os funcionários do restaurante não puderam deixar de se preocupar. 

"Psst, por que você não vai perguntar para ela?" Um garçom sussurrou para a sua colega. Eles não sabiam quem era essa mulher, sabiam apenas que ela estava sentada no mesmo lugar há seis horas após estender sua reserva. Mas ela não comeu a comida que pediu; apenas optou por beber vinho. 

"O que você quer que eu diga a ela?" A garçonete disse com irritação. "Você não consegue ver por si mesma? Isso é a típica cena de uma mulher lamentável sendo abandonada por um homem sem coração?"

"Mas nós vamos fechar em breve. Ela não pode ficar aqui a noite toda!" 

"Tudo bem…. Eu vou falar com ela," a garçonete também se resignou porque seu colega estava certo. Eles iriam fechar em breve e alguém precisava falar com a mulher.

A única razão pela qual ela foi forçada a se voluntariar era porque ela era mulher e uma mulher deveria entender outra mulher melhor, certo?

…. 

"Madame, sinto informar, mas o restaurante vai fechar em breve... Você quer que a gente embale a comida e o bolo para você?" A garçonete perguntou enquanto olhava para Ari nervosamente. Ela temia que a mulher à sua frente a espancasse até a morte.

Entretanto, contrariando suas expectativas, Ari apenas assentiu educadamente. 

"Ok," Ari respondeu com um sorriso forçado, pois não queria incomodar os funcionários do restaurante. 

A garçonete se curvou enquanto voltava para a cozinha pequena para trazer o bolo que Ari havia pedido mais cedo.

Ari observou a garçonete indo embora como se estivesse assustada e de repente se sentiu ainda mais estúpida. Por que ela ficou aqui tanto tempo? Fazendo papel de palhaça?

Tick.

Porque você é uma piada.

Tick.

Ninguém nunca te quis. Por que você ainda tinha esperança de que desta vez seria diferente?

Tick.

Você é uma tola.

Esses pensamentos giravam em sua mente, e logo ela começou a sentir náuseas. Ela respirou fundo para forçar o estômago a se acalmar. 

Estava tudo bem, ela estava bem. 

E daí se seu marido de três anos recusou vir à comemoração do aniversário de casamento pela terceira vez? Não era o fim do mundo.

Respire. Respire. Respire porra.

Mas ela não conseguia respirar direito já que —— 

Raiva. A raiva borbulhava dentro dela, e sua mente estava cheia de pensamentos de encharcar seu marido com gasolina e atear fogo nele. 

Ari pegou seu telefone e olhou a hora. Passava da meia-noite e Noah ainda não havia respondido a nenhuma de suas mensagens anteriores, 

"Madame, aqui está seu bolo."

Ari olhou para cima para a garçonete que voltou com o bolo embalado em uma sacola chique. Seus olhos estavam cheios de simpatia por Ari. 

'Então, a última chance que dei a Noah foi desperdiçada, hein?' Ari pensou enquanto afastava as lágrimas. Ela não ia chorar desta vez, pois Noah já havia feito a mesma coisa muitas vezes, não havia mais por que desperdiçar mais lágrimas com ele.

Ding. 

O som do celular tocando com uma nova mensagem ecoou no restaurante agora silencioso. O coração de Ari pulou enquanto ela rapidamente o pegou. Esperança borbulhou em seu coração ao pensar que Noah finalmente havia respondido, mas então, quando ela abriu a mensagem.

Suas esperanças se estilhaçaram e lágrimas começaram a correr por seus olhos, caindo de seu rosto como pérolas se soltando após o estouro de um fio.

Alguém havia lhe enviado uma foto do marido, aconchegado com sua irmã mais velha, Ariel. 

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