- Quem é você? - O guarda pergunta ao se aproximar de mim.
- Eu só estou de passagem!
- E que barulho foi esse? Foi você quem fez?
Continuei com a minha postura e a voz firme. - Foi sim! É que, o meu óculos quebrou, e eu tenho astigmatismo.
Não era mentira, eu realmente tenho astigmatismo genético, que é um tipo de astigmatismo herdado, e da minha família, a minha avó tinha, depois o meu pai teve e por fim eu. E foi o diagnóstico do astigmatismo aos 13 anos de idade, que me fez parar de treinar karatê e fez com que eu me tornasse uma pessoa antissocial, por vergonha da doença.
- Vou chamar o uber para você! - Diz ele olhando para me, fingindo está com dificuldade em enxergar, e andando, segurando na parede.
Eu não podia fazer nada com o guarda para não levantar suspeita, mas a estatura mediana, de 1,70 de altura e o corpo magro do guarda, eu ganhava fácil. Se o bodybuilder de 1,85 de altura, perdeu para me, imagina esse guarda.
O guarda chama o uber e vem falar comigo. - Cuidado ao andar por aí assim!
- Tá bom seu guarda! Muito obrigado!
- Disponha! - Ele entra novamente para dentro da mansão, corro e subo a árvore e retorno para o lugar de antes.
- Eu pegar uber...sendo que nem dinheiro eu tenho para pagar. Eu vou é voltar a vigiar a mansão!
...
- Então seu delegado?!
O delegado olha para me, desconfiado. - Aonde você conseguiu essas informações? - pergunta ele.
- Alguém próximo a me que conseguiu e ele apenas me pediu para entregá-lo.
- Precisamos analisar essas informações primeiro! Depois você volta aqui, e traz a pessoa que lhe deu essas informações, junto também.
- Sim senhor!
- Pode ir!
- Com licença! - me levanto da cadeira e saio da sala.
- Ufffa! Consegui! Agora preciso avisar o Juliano.
Pego o celular e saio da delegacia, dentro do carro, ligo para ele, o celular dele chama, mas ele não atende. Tentei umas quatro vezes e sem resultado algum.
- Droga Juliano! Atende! - Eu já estava ficando preocupada.
Tentei uma quinta vez, antes de desistir e ir atrás dele na mansão Kalil.
...
Entro na construtora, falo com a atendente na entrada, e ela me acompanha até uma sala VIP.
Dentro da sala VIP, sou guiada a me sentar em um sofá de luxo e esperar pela esposa do dono da construtora, que eu solicitei conversar.
- Como será que os outros estão se saindo?!
...
De cima da árvore, vejo o uber chegar em frente a mansão, o motorista para e ao ver que não tinha ninguém esperando-o, ele vai embora. Logo depois, um outro carro chega logo atrás do uber, para, e a pessoa desce.
- Jenifer?! O que ela faz aqui?
Desco da árvore e vou falar com Jenifer, que está a minha procura por toda parte.
- O que você está fazendo aqui? - pergunto para ela, ao aproximar-me dela.
- Vim atrás de você, que não está atendendo o celular.
Pego o colar na minha bolsa e mostro ela.
- O que aconteceu? - ela pergunta aterrorizado.
- Escorregou da minha mão e caiu de cima da árvore.
O guarda sai para ver se eu estava lá ainda e eu começo a fingir que a Jenifer é motorista do uber.
- Esse é o meu endereço... pode me levar para lá, senhorita do uber?!
- Uber?! - Diz Jenifer sem entender nada o que está acontecendo.
- Só entra no carro e vamos embora daqui! - sussurro para ela.
Assim nós fazemos, ela entra do lado do motorista, e eu entro atrás, como um passageiro.
Ela olha para o guarda em pé na porta nos observando, buzina e sai com o carro.
...
Em casa, entro para dentro do apartamento, discutindo com Jenifer, depois que ela soube que eu dei o meu único dinheiro para um mendingo.
- Você às vezes é burro! - diz ela.
Sento ao lado de Beatriz, estico minhas pernas no sofá e deito a minha cabeça nas pernas dela, ignorando totalmente o humor de Jenifer.
- Beatriz, coloca juiz na cabeça do seu namorado!
- E o que ele fez?!
- Ele deu R$50,00 para um mendingo que tinha pegado o celular dele.
Tento mudar de assunto imediatamente, antes que Beatriz fala alguma coisa.
- Aonde Giu está?
- No quarto!
Levanto, seguro na mão de Beatriz e a levo para o meu quarto. E Jenifer fica na sala, só.
...
Tiro o meu casaco, espinduro na cadeira, e deito na cama, Beatriz deita ao meu lado. Assim que ela deita eu abraco-a e beijo .
- Por que você fez isso? - Ela pergunta, ao pararmos de nos beijar.
- Fez, o que? - pergunto, acariciando o seu cabelo.
- Ter dado o seu único dinheiro para o mendingo?
- Imaginei ele passando fome e fiquei com dor e quise ajudá-lo. Mesmo eu ter ficado sem dinheiro para voltar para casa, eu não me arrependo do que fiz; ao ver quão feliz ele ficou.
- Por isso é que eu te amo! - ela diz olhando para mim.
- Também te amo! - abraço ela e volto a beijá-la.
...
Todos nós estávamos reunidos na sala conversando com Débora que já tinha chegado da construtora Kalil.
- Eu conseguir convencer a esposa do senhor Kalil, e irei na casa dela para ver a decoração da mansão, e vou levar alguém de vocês comigo.
- Então... - fico em silêncio.
- Então o que? - pergunta Débora.
- Um dos guardas me viu, aí não vai ter como eu ir com você.
- Como o guarda pôde lhe ver?
- Eu chutei uma lata de lixo, fiz barulho, ele saiu para ver o que estava acontecendo e acabou me vendo. Mesmo eu ter dado uma desculpa, se eu for ele pode desconfiar.
- Jenifer vai comigo, então.
Jenifer e eu trocamos olhares um com o outro.
- Ele também viu a Jenifer e ela teve que fingir ser o uber que ele chamou.
Débora dar um tapa em suas pernas e buffa de raiva. - E quem vai comigo, agora?
- Eu vou! - diz Beatriz
Olho para ela sem dizer nada.
- Pode ser! Você é a única que não fez besteira nessa missão, ao contrário de quem é o líder, que quase estragou tudo. - Diz ela me olhando furiosa.
- E qual dia vai ser? - pergunto para ela.
- Depois de amanhã!
Olho para elas, e abro um sorriso de leve.
- Vamos desmascarar o herdeiro da construtora kalil, Kleber Kalil!