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Eltanin beliscou a ponte do nariz com o polegar e o indicador. O mesmo suplício se repetiria. Ele recusaria, seu pai se irritaria, e Eltanin partiria irritado.
"Você conhece minha resposta, Pai," ele disse. "Por que passar por tudo isso novamente? Eu não vou me casar. E isso é definitivo!"
Um músculo pulsou na mandíbula de Alrakis.
"Seu lobo é um espírito antigo," Alrakis disse. "É um avatar de Deus. Nós não queremos que ele caia nas mãos do lobo demônio Felis. Se ele aprisionar seu lobo com seus feitiços, ele será invencível! E agora seu lobo precisa do poder da sua companheira. Se você não reivindicar uma companheira em breve, seu lobo se tornará fraco." Alrakis exclamou. "Por que você não entende, Eltanin? Somente sua companheira ou esposa pode ativar o veneno em suas presas. Sua reivindicação sobre ela será a única maneira dela abrir seus poderes para você e seu lobo."
Veneno. Que teoria bizarra, insana. Alrakis já tinha mencionado que seu veneno agiria como um afrodisíaco para sua companheira. Se ele tomasse uma mulher dotada como esposa e injetasse nela o seu veneno, ele poderia alinhar sua alma com a dela, e seu lobo se tornaria mais forte. Mas o efeito não seria tão poderoso quanto se ele tivesse sua verdadeira companheira.
"Isso nunca aconteceu entre companheiros, Pai! Isso é absurdo." Eltanin descartou a teoria. "É apenas um conto da carochinha que não deveria ser levado a sério." O que aconteceria se ele encontrasse sua companheira depois de se casar com outra mulher? Ele abandonaria sua esposa, ou rejeitaria sua companheira?
"Não é!" Alrakis rosnou. "A única maneira agora é marcar uma mulher, e uma mulher forte nisso. Já que você não encontrou uma companheira, é melhor que você reivindique uma mulher que tenha alguns poderes. E eu ouvi dizer que a Princesa Morava do Reino Pegasii tem mana. Ela tem dons que se alinharão com seu lobo, e se você a marcar, você se tornará mais forte. Pelo menos haverá algum alívio do Felis!"
Eltanin balançou a cabeça. Alívio? Casamento é a longo prazo. Uma instituição sagrada. Como seu pai podia esperar que ele se casasse apenas por 'alívio'?
Ele quase protestou antes de Alrakis levantar a mão para detê-lo. "Já convidei Biham junto com sua filha para nos visitarem."
"Pai!" Eltanin resmungou. "Eu não vou me casar com ela."
Alrakis levantou-se da sua cadeira. Ele segurou a beirada da mesa e se inclinou para frente. "Ela está vindo para cá, e você vai encontrá-la," ele disse com um rosnado frio. "Não posso mais correr riscos com sua segurança. Felis pode atacar você..." Alrakis parou, engasgando com suas emoções. Era impossível imaginar seu único filho, seu presente de sua companheira, morto. Momentos depois, quando ele reprimiu o engulho, encontrou Eltanin ali sentado teimosamente, evitando seu olhar. Ele acrescentou, "Biham está chegando amanhã."
Eltanin exalou pesadamente. Vendo como seu pai estava decidido, ele se levantou de seu lugar e saiu da câmara com apenas um plano — ele faria a Princesa Morava desistir com a ajuda de seu amigo Rigel. Ele poderia se aventurar em uma caçada com seus soldados enquanto ela estivesse lá. Ou talvez ele pudesse se transformar e se dirigir às Florestas Eslam, esperando Morava chegar e então partir. Ele tinha que fazer algo e tinha que ser rápido.
Depois do incidente da noite anterior com a garota da máscara dourada, não era possível, pelo menos por enquanto, pensar em outra mulher. E ele sabia que estava indo contra sua racionalidade.
Quando ele acordou de manhã, e descobriu que a garota havia saído sem deixar rastros, tudo que lhe restou foi o cheiro dela. Ele havia se comprometido a memorizar. Com sua mente em tumulto, ele olhou os vincos no lençol do lado dela na cama. Ele rolou para o lado onde ela tinha dormido, inalando seu cheiro cítrico novamente para acalmar seus nervos, mas isso só o deixou mais enfurecido.
Era cedo na manhã no dia seguinte, e as nuvens ainda flutuavam no céu. Em vez de ir para a sua câmara, ele marchou de volta para a ala dos hóspedes, para o mesmo quarto onde havia passado a noite passada. Ele havia pedido a Fafnir para não permitir que um único servo entrasse no quarto. Voltando lá, ele segurou o travesseiro em suas mãos e o cheirou profundamente.
As palavras de seu pai ecoavam em sua mente, levando-o a uma nova ira. Desalentado, querendo fazer algo a respeito, ele abriu sua ligação mental com Fafnir. 'Onde você está?' ele latiu.
Fafnir estava conduzindo o treino matinal na arena do palácio. Com ele estavam vinte soldados que ele havia recrutado naquela manhã. 'Estou treinando os novos recrutas,' ele disse.
'Você encontrou aquela garota?' Eltanin perguntou, sua raiva viajava através de sua ligação mental como um chicote, fazendo Fafnir saltar.
'Não. A Princesa Petra ainda está dormindo.' Fafnir respondeu.
'Você seguiu o cheiro dela?'
'Sim. Mas ele levou ao quintal. Foi lavado pela chuva forte.'
'Onde está Rigel?'
'O Príncipe Rigel também está dormindo.'
'Acorde-o!'
Fafnir empalideceu. Ele não tinha autoridade para acordar um príncipe. Era contra os protocolos.
'Diga a ele que vamos para as Florestas Eslam!'
"Sim, Sua Alteza.'
'E eu estou indo para a arena de treino!' Eltanin disse antes de cortar a ligação mental.
Ele deixaria Fafnir lidar com as complexidades de acordar Rigel; ele estava interessado apenas nos resultados. Se Fafnir não conseguisse acordar Rigel, ele tinha certeza de que explodiria de fúria. Ele olhava para o travesseiro em sua mão, pensando que ele poderia ter enlouquecido. Ele tentou raciocinar.
Por que ele estava tão obcecado por uma loba? Ele não tinha coisas melhores para fazer com seu reino?
Uma demanda urgente havia sido adiada pelo rei de Eridanus, Enki, instando-o a construir uma ponte sobre o Estreito de Homaz, no Golfo de Enki-A. Enki queria que ele financiasse a ponte e, em troca, ele prometeria fidelidade permanente a Eltanin. Ele tinha que conversar com seus conselheiros sobre isso.
Contudo—
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