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Chapter 53 - Nunca houve um corpo

No dia seguinte Alexia e Matheo saem em busca de respostas, apesar de parecer tranquila, Alexia esta muito nervosa, ela apertava a mão freneticamente na outra, seus olhos estavam fixamente na estrada e seus pensamentos parecia uma bomba relógio, não parava de martelar na sua cabeça. E também, dpois de tudo que passou, ter que voltar, está mexendo com ela.

Ao chegar na pequena cidade, Alexia relembra de tudo que viveu, não era só momentos tristes que ela tinha dali, ela viveu e conheceu pessoas inesquecíveis. Ao descer do carro todos a olham com surpresa, desde que ela abandonou Benício no altar ninguém ficou sabendo mais nada sobre ela. Alexia quando encontra olhares conhecidos, sorri e eles fazem o mesmo.

Não demora muito eles chegam na frente do hospital, de longe ela observava um rosto que parece ser conhecido. Era de uma enfermeira, Hellen, a mesma que ajudou no parto e no dia seguinte estava de férias, Alexia nunca mais tinha vista ela, pois logo depois do fim das suas férias foi transferida para uma cidade visinha pelo médico que ajudou Cleber.

Alexia se aproxima dela andando calmamente, ela não quer assustar a mulher e sim buscar respostas.

— Moça...— Alexia chama, assim que a enfermeira a vê serra os olhos forçando a memória para saber quem era.

— Senhorita Alexia?— Hellen sussura.— Quanto tempo que não a vejo.

— Sim, sou eu! Você tem um minuto?

— Claro, como posso te ajudar?

— Não sei se vai lembrar, já faz tanto tempo... gostaria de saber se você se sabe me dizer o que aconteceu com o corpo do meu filho? Só agora que recuperei as minhas memórias.

— Corpo?

Hellen a olha surpresa e assustada com o que ouviu, ela lembra que o menino nasceu saudável apesar de ser poucos dias antes do tempo.

— Sim... queria saber onde ele foi enterrado ou onde estão suas cinzas.

— Mas nunca houve um corpo. Seu filho nasceu saudável apesar do acidente e do tempo. Você não está com ele? Meu Deus!

— O que?— Alexia sussura segurando no braço de Matheo que está tão surpreso quanto ela.

Nesse instante Hellen se lembra que havia um boato pelos corredores quando tudo aconteceu. Por alguma razão Hellen não conseguiu esquecer deles. Ela sente um turbilhão de pensamentos correndo por sua mente ao ouvir as palavras de Alexia. Ela sempre pensou que fosse apenas um um boato maldoso.

Ela ergue os olhos para encarar os de Alexia, com uma expressão de intensa confusão e hesitação.

— Senhora Alexia, antes de seguirmos em frente, há algo que você precisa saber. Havia um boato na época em que seu filho nasceu. Diziam que o médico que fez o parto tinha conexões com uma rede de adoção ilegal. Eu sempre achei que fosse apenas fofoca, mas agora, ouvindo as suas palavras, começo a desconfiar de que possa ser verdade. Jamais passou na minha cabeça que isso tivesse acontecido com você. Eu entreguei o seu filho para o seu irmão segurar.

— Irmão? Mas eu não tenho irmão.

— Meu Deus!— Hellen diz apavorada.

— O médico, onde está esse maldito médico?— Matheo pergunta tentando segurar Alexia que começou a passar mal.

— Tenho o endereço aqui, uma vez fui atender o neto dele...

— Espera.— Uma enfermeira que estava perto interrompe a fala de Hellen.— O doutor não tem filhos que tenha idade de ter filhos.

— O que? Mas não tem muito tempo me pediram para ir na casa dele atender o neto dele...— Hellen diz, com uma voz trêmula.— Alexia, se isso tudo for verdade, seu filho pode estar mais perto que imagina.

Alexia respira fundo, absorvendo as palavras de Hellen. Uma nova onda de emoção toma conta dela, misturando-se à esperança e à incerteza que já sentia.

— Meu filho está vivo Matheo. Ele está vivo! Eu sentia aqui dentro que ele estava vivo.— ela diz abraçando ele e chorando em seus braços.— Obrigada por me contar, Hellen.

— Só vai com calma, senhora Alexia... talvez as informações eestejam equivocadas e você passa sair machucada.

— Mais machucada que pensar que meu filho está morto? Isso pode ser uma informação importante, ela me deu a esperança para encontrar meu filho. Obrigada.

Com um misto de emoções, Alexia e Matheo andam em busca de respostas, agora enfrentando as possibilidades sombrias que a revelação de Hellen trouxe e pedindo para Deus que seu filho não esteja longe.

Caminhando com Matheo na cidade que ela tem tantas lembranças boas e outras nem tanto, Alexia avista Vanusa de longe, seu coração começa a bater mais rápido e as lágrimas começam a encher seus olhos. Ela não consegue conter a emoção, ela anda em passos rápidos em direção de Vanusa para abraçá-la.

— Vanusa!— Alexia chama.

Vanusa sorri ao ver Alexia. Ela estende os braços e as duas se abraçam com força, compartilhando o alívio e a emoção do reencontro.

— Minha menina, meu Deus, como você está?— Vanusa pergunta, afastando-se para olhar nos olhos de Alexia.

— Estou meio perdida... Vanusa. Mas estou aqui para me reencontrar. E você? Como tem sido tudo por aqui?

— As coisas estão difíceis sem você. Sei que ainda está magoada, mas peço que não se afaste de nós.

— Eu sei que fui egoísta, só pensei em mim e na dor que eu estava sentindo. Peço desculpas por isso.

— Nunca te julguei filha. Você fez o que qualquer pessoa no seu lugar faria.

Enquanto as duas se abraçam e conversam, Benício ficou sabendo que Alexia estava na cidade, ele estava prestes a embarcar para Barcelona, mas ao saber dela, saiu correndo no local que disseram que Alexia estava. Ele observa de longe, sem coragem de se aproximar. Benício está atordoado ao ver Alexia ali. Ele sabe que a mágoa que ela carrega é grande, mas ele não consegue evitar o impulso de querer estar perto.

Vanusa percebe a presença do filho e sorri gentilmente para ele.

— Benício, por favor, venha aqui.— ela chama, estendendo a mão para ele se juntar a elas.

Benício fica nervoso, ele hesita por um momento, mas cede à insistência da mãe e se aproxima devagar. Ele olha nos olhos de Alexia, vendo a dor e a confusão que eles carregam. Ele quer dizer tantas coisas, mas as palavras parecem não encontrar um caminho para chegar aos seus lábios.

— Alexia...— Benício sussurra sua voz carregada de emoção.

— Oi, Benício.— Alexia cumprimenta, sua voz tremendo ligeiramente, seus olhos se cruzam e novamente ela sente aquele turbilhão de emoções que Benício sempre lhe causa.

— O que faz aqui, filha? Voltou para ficar conosco?— Vanusa pergunta.

— Vim buscar informações sobre o que aconteceu no dia do acidente. Senhora... acabei de descobrir que meu filho está vivo.— Alexia diz emocionada. Benício a olha com remorso e desespero.

— Filha, que notícia maravilhosa. Mas onde ele esta? E por que mentiram sobre ele ter nascido morto?— Vanusa diz sentindo o coração se apertar, a culpa de não ter contado sobre o bebê a tortura dia após dia.

Alexia explica tudo que descobriu, Benício ouve atentamente, uma raiva explode dentro dele, ele não consegue acreditar que por causa de um acidente tudo isso aconteceu. Que por causa do seu silêncio, Alexia ficou mais tempo sem estar com seu filho que hoje estaria com 4 anos.

— Me deixa te ajudar a encontrar seu filho? — Benício pede com a voz demonstrando arrependimento e dor.

— Acho que não devo aceitar... eu...

— Por favor! Não estou pedindo para me perdoar ou para que volte pra mim. Só quero te ajudar, mesmo sem intenção eu prejudiquei seu encontro com a verdade. Me deixa fazer isso por você. Se depois disso quiser que eu suma da sua vida... vai me doer, mas farei o que quer!

— Aceita, Alexia. Toda ajuda é bem vinda. Sei que está magoada, que meu filho mentiu para todos nós, mas conhecemos tudo por aqui, deixa ele se redimir do mau que lhe causou.— Vanusa intervém pelo filho.

Alexia assente com a cabeça e concorda. Estar perto dele, mexe muito com suas emoções, mas agora ele tem outras coisas em mente, encontrar seu filho e descobrir o que Lucy ganharia se ela realmente tivesse morrido naquele acidente.

— Tudo bem, Benício... me ajuda encontrar meu menino.