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Chapter 56 - Eu queria tanto te ver

João fica paralisado ao ouvir as palavras de Haydée. Sua expressão se suaviza por um momento, mas logo volta a se endurecer.

— Eu não posso fazer isso, Haydée. Não posso simplesmente deixá-la entrar nas nossas vidas assim, você sabe o que eu fiz é um crime.

— Mas ela é a mãe dele, João. Ela merece pelo menos uma chance de ficar com seu filho. Sempre disse para ir atrás dela, mas você nunca me deu ouvidos.

João suspira e olha para Louis, que ainda está na janela, clamando pela sua mãe.

— Tudo bem. Eu vou falar com ela. Mas fique ciente de que isso poderá ser o meu fim.

— Ela só quer saber do seu filho, João!

— Você não sabe quem é essa mulher, o pai dela era um homem que não se brinca em serviço. E pelo que eu pesquisei, essa mulher tem o mesmo sangue ruim do pai.

— Isso já não é problema meu! A mesma coragem que teve para receber o dinheiro para dar a criança como morta, tenha para enfrentar as consequências.

João encara a esposa com descrença, ela nunca falou com ele desse.

— Tudo bem, eu vou fazer o que quer.

Enquanto João caminha pelos corredores da sua casa, ele pensa em como se safar de ser preso.

Do outro lado da rua, Alexia estava desesperada, ela ouviu Louis chamando-a, ela não aguenta mais a angústia e a incerteza de não saber como seu filho está e se é realmente ele quem chamou por ela.

O segurança a segurava impedindo sua passagem.

— Me solta!— ela grita. Benício tenta ajudar, mas também é contido pelos seguranças.

Assim que eles finalmente veem João se aproximando, o coração de Alexia bate acelerado.

— Solte-a— João ordema e assim é obedecido.

Alexia se aproxima de João, com os olhos suplicantes e cheios de lágrimas na esperança de descobrir o paradeiro de seu filho.

— João, por favor, me fale onde está o meu filho?— ela pergunta com a voz firme, mas carregada de desespero.

— Por quê agora? Fui atrás de você anos atrás e não te encontrei, por que não veio quando sua amiga te contou.

— Amiga?

Antes que João possa responder, Louis aparece correndo em direção a eles, seus olhos brilhando de alegria ao ver a mãe pela primeira vez sem ser através de um retrato.

— Mamãe! Mamãe!— Louis grita, estendendo os braços na direção de Alexia.

Os seguranças tentam fazer uma barreira entre Louis e Alexia, mas o menino é rápido e ágil, conseguindo escapar de suas mãos e correr em direção a Alexia.

— Ele realmente é meu filho!— Alexia abre os braços e corre para encontrá-lo, ignorando completamente as tentativas dos seguranças de mantê-los separados.

Em um momento de pura emoção, mãe e filho se abraçam com força, como se estivessem se fundindo em um só ser. As lágrimas escorrem pelo rosto de Alexia, misturando-se com as lágrimas de felicidade de Louis.

— Eu queria tanto te ver, mamãe— Louis sussurra, com a voz embargada.

— Eu também, meu amor. Eu também.— Alexia responde, apertando-o ainda mais em seus braços.

Os seguranças olham para a cena com preocupação, João com semblante derrotado da um sinal para se afastarem, e de longe eles ficam olhando-a com compaixão. Sabem que aquele momento é único e sagrado, a conexão entre mãe e filho que nada pode quebrar.

Alexia olha nos olhos de Louis, sentindo o peso da separação e da dor que viveram. Mas ali, naquele instante, tudo isso se dissipa, deixando apenas espaço para o amor incondicional que os une.

Eles se afastam do abraço e se olham profundamente.

— Meu filho, meu bebê, finalmente tenho você nos meus braços.— Alexia sussurra, tentando controlar as lágrimas, mas é inútil.

— Não chora mamãe, eu estou aqui com você.

Haydée assiste a cena com lágrimas nos olhos, seu coração se enche de alegria ao ver a família se reencontrando.

João, por sua vez, observa tudo com um misto de sentimentos. Por um lado, ele sabe que fez algo errado ao separar mãe e filho, mas por outro lado, ele está preocupado com as consequências que isso pode trazer.

— Alexia, precisamos conversar. Há algo que você precisa saber.— João diz, se aproximando do grupo.

Alexia olha para ele, com os olhos ainda cheios de lágrimas, mas com uma expressão firme.

— Por quê fez isso comigo?— ela pergunta, com a voz tremendo de emoção e raiva.

João respira fundo, buscando coragem para contar a verdade.

— Eu... eu recebi dinheiro para... para dar a sua criança como morta.— ele admite, envergonhado.

— Quem te pediu para fazer isso?

— Foi um homem que me procurou, mas quem me transferiu o dinheiro foi Lucy Bernard.

Alexia sente um misto de choque e raiva invadir seu peito. Ela não consegue acreditar que a mulher que acreditava ser sua mãe seria capaz de fazer algo tão cruel.

— Como você pôde fazer isso, João? Como conseguiu viver tantos anos sabendo que você cometeu um crime?— ela pergunta, com a voz rouca de emoção.— Você tem filhos, nunca tentou se colocar no meu lugar?

João abaixa a cabeça, incapaz de encará-la nos olhos.

— Eu... eu estava desesperado, Alexia. Você havia perdido a memória e descobri que ninguém tinha lhe contado sobre a gravidez. Me perdoa! Eu fiz uma escolha errada, e agora vou pagar por isso.— ele diz, com a voz cheia de arrependimento, as lágrimas escorriam por seu rosto sem parar.— Eu te imploro por piedade, não me denuncie, pense na minha esposa, nos meus filhos.

Alexia olha para o filho, que agora está agarrado em suas pernas, olhando para ela com os olhos cheios de amor, porém com um semblante triste ao ver o homem que o criou chorando.

— Vamos para casa, filho. Vamos começar uma nova vida, longe daqui.— ela diz, preocupada e com medo dele recusar.

— Mamãe? Eu vou poder ver minha vovó Haydée e meus tios? Eles são muito legais, eu amo muito a vovó e o vovô.

— Depois vemos o que vamos fazer, tá bom?— Alexia fala abraçando o filho que deita a cabeça no seu ombro.

Com um último olhar para João, Alexia começa a se afastar, deixando para trás um homem que agora se vê confrontando com as consequências de seus atos.

Enquanto isso, Benício que havia ligado para polícia assim que João decidiu aparecer, permanece ao lado dele, com um olhar de desaprovação.

— Sei que cuidou bem, do menino. Mas você sabe que precisa enfrentar as consequências das suas escolhas, João. Espero que um dia encontre a paz que precisa pelo que fez.— ele diz, antes de se afastar e seguir Alexia e Louis.

João fica ali parado, olhando para o vazio, quando eles entram no carro várias viaturas param na frente de João.