Alexia sente como se o chão se abrisse sob seus pés. Sua mãe, a mesma que ela nunca teve oportunidade de conhecer, estava ali, machucada e praticamente sem vida diante dos seus olhos.
— Como vou saber que é você mesmo? Se não é mais uma brincadeira de Lucy?— Alexia sussurra tirando o cabelo sujo de sangue que cobria o rosto de Isabela. As lágrimas escorriam pelo rosto de Alexia enquanto ela tentava desesperadamente chamar por ela, buscando algum sinal de vida.— Fala comigo.— Alexia sussurra tentando encontrar um meio de tocar em Isabela sem machucar. Suas mãos tremiam e suas lágrimas escorriam sem parar. — Mãe... abre os olhos, fala comigo.— Ela implora, Matheo tenta se aproximar, para poder ajudar, mas é impedido por Alexia.— Ninguém toca nela. Não sabemos se tem algum osso quebrado...
Alguns seguranças começaram uma incessante perseguição contra o carro, dois deles ficaram para fazer a segurança de Alexia, no mesmo instante chamaram uma ambulância e Alexia ficou ao lado de sua mãe, segurando sua mão, rezando para que ela não seja tarde demais.
Enquanto aguardavam a chegada dos paramédicos, Alexia notou um envelope caído perto do corpo de sua mãe. Ela pegou e abriu, encontrando uma carta escrita em uma caligrafia feminina não conhecida.
"Querida filha,
Sinto muito por tudo o que está vivendo. Eu sei, deve me odiar por tudo que aconteceu e não tiro sua razão, eu também por muito tempo me odiei por não ter forças para parar minha irmã, sempre orei implorando para Deus que nenhuma maldade pudesse chegar em você. Orei para que pelo menos eu tivesse a chance de conhecer você minha filha, ver se seus olhos são tão lindos como eram os do seu pai. Sei que está sendo perseguida, ameaçada... por pessoas perigosas. Queria ter a oportunidade de te contar tudo o que aconteceu, mas infelizmente acredito que Lucy enfim vai cumprir sua promessa de me matar. Por todos esses anos estive presa, por inúmeras vezes implorei pela morte, sem dúvidas ela seria melhor que saber que minha menina está sofrendo e não poder fazer nada. Se não der tempo de eu poder dizer isso pessoalmente, quero que saiba que te amo e sempre amei todos os dias da minha infeliz vida.
Cuidado, minha querida. Com amor, Isabela, sua mãe."
Alexia sentiu um nó na garganta ao ler aquelas palavras. Na sua cabeça sua mãe sempre foi a Lucy e sempre a odiou, desde que voltou e descobriu que sua vida toda era uma mentira, ela tenta encontrar pistas do paradeiro da sua verdadeira mãe, mas ninguém conseguia encontrar nenhuma pista e os que conseguiram, sumiram sem ninguém saber mais notícias dos seus paradeiros.
Quando a ambulância chegou Alexia olhou ao redor, ela estava com a sensação de que havia alguém a observando, e sem muito esforço seus olhos pararam em Lucy, que estava observando atrás de uma antiga árvore, com um sorriso maldoso nos lábios.
Alexia sabia que tinha que parar com as maldades de Lucy, descobrir toda a verdade por trás de tantos segredos e mentiras, do por que essa perseguição e ódio que ela sente por Alexia. Com a raiva transcendendo em seus olhos, Alexia caminhou e tentou se aproximar, mas mais uma vez Lucy consegue sumir diante dos olhos de todos.
— Chega de brincar de se esconder. Eu juro que vou te encontrar seja onde for. A morte do meu pai e o que fez com minha mãe, não vai ficar assim! Isso eu te garanto.— Alexia disse como os punhos fechados e a certeza de que ela não vai ter piedade de ninguém que estiver envolvido nisso.
Alexia entrou na ambulância e seguiram para o hospital, todo tempo ela estava pedindo por um milagre. Ao chegar os médicos e os enfermeiros já estavam esperando para socorrer.
Três dias se passaram entre cirurgias, paradas cardíacas e transfusões de sangue, mas por fim as orações de Alexia foram atendidas, sua mãe estava estável apesar de não ter acordado, havia sido transferida para o quarto e já está fora de perigo.
Alexia olhava a tela do celular incrédula com o que estava vendo. Lucy mandou um vídeo do dia que ela empurrou Ana da escada, um nó na garganta formou fazendo Alexia apertar o celular fortemente, suas lágrimas se formam caindo uma atrás da outra. Sua respiração estava pesada, de longe dava para se ver que em seus olhos haviam chamas queimando. Alexia está como se a qualquer momento pudesse explodir.
No corredor Matheo estava com Louis e Brayan, as crianças sentadas quietinhas como se soubessem que a mãe estava numa briga interna com ela mesma. Alexia deu um sinal para Matheo e caminhou um pouco afastados dos meninos.
— O que houve? O que havia na mensagem.
— Não é bom você ver...— Alexia diz escondendo o celular. Matheo encara seus olhos e vê o quanto ela está sofrendo. Num movimento rápido ele pega o aparelho das mãos dela.— Não, devolve, não faz isso.
Matheo abre o vídeo e suas mãos começam a tremer, ele ouve a discussão das duas e logo vê a mãe da sua filha ser jogada da escada por Lucy.
— Eu vou matar essa mulher. Eu juro que eu mesmo quero enterrar ela viva.
Alexia abraça Matheo e chora com ele.
— Nos vamos se vingar, Matheo. Eu juro que isso não vai ficar assim!
— O que está pensando fazer?— Matheo pergunta sabendo exatamente o que aquela expressão fria dizia.
— Abra o cofre do meu pai, quero todas as informações sobre Lucy, eu já sabia que sua morte está interligada com a investigação que ele havia feito dela, mas quero saber o que tanto meu pai descobriu. Entre em contato com William, sei que ele que está de frente com os negócios sujos do pai. Quero tudo em minhas mãos até de noite. Chega que ser uma marionete nas mãos dessa mulher.
— Vai ser como quiser.— Matheo diz com o olhar distante. Ele encosta na parede e fica de cabeça baixa tentando assimilar a imagem que viu.
Alexia vira as costas, seus olhos caem nas crianças que a olhava preocupados para os dois, ela ajoelhou na frente deles e sussurrou.
— Sabe o que a mamãe precisa agora?
— O que mamãe?— Os dois falam ao mesmo tempo.
— De um abraço bem apertado dos meninos mais lindos desse mundo todo.
Louis e Brayan se olham e sorriem um para o outro, sem esperar ela repetir, eles se levantam e da um forte abraço nela. Alexia relaxa seus ombros e depois de dias evitando demonstrar fraqueza perto deles, ela silenciosamente deixa as lágrimas escorrerem pelo seu rosto.
— Vai ficar tudo bem mamãe.— Brayan sussurra.
— Sim, mamãe, e se não ficar nós estaremos aqui com você.
Alexia suspira como se tivesse tirado um peso enorme dos seus ombros, ela olha nos olhos deles e sorri.
— Com vocês comigo tudo isso parece tão insignificante. Meus filhos, eu amo vocês.
Matheo observa alguns passos de distância e suspira aliviado. Ele não queria ver a sobrinha cair no mundo sombrio que Mael tanto tentou evitar chegar perto dela. E ali ele percebeu que por mais conturbado esteja seus pensamentos, Alexia fará de tudo para estar bem pelos filhos, como se fosse uma heroína das histórias de quadrinhos.