"Anos atrás"
Assim que Cleber segurou o filho de Alexia nos braços o arrependimento o atingiu, porém ele sabia que era tarde de mais para voltar atrás. Tem anos que ele faz o trabalho sujo para várias pessoas, e nesse ramo ele conheceu pessoas de todos os tipos, e algumas delas comentavam sobre quem era Lucy Bernard, e o que era capaz de fazer com quem entra no seu caminho. A ideia que ele poderia falhar com ela o assustava ainda mais.
Caminhando pelo corredor do hospital com passos apressados, seus pensamentos insistiam em o condenar sem parar. Ele já havia feito coisas horríveis, mas nenhuma contra a vida de uma criança.
Ele anda sem rumo pela pequena cidade, o local não tinha muitas pessoas na rua, onde facilitou seu ato.
A ordem era clara, eliminar qualquer vestígio daquele inocente bebê. Porém naquele momento lhe faltou coragem. Cleber aproveitou o telefonema de Lucy e abandonou a criança na lixeira. Acreditando que uma pessoa qualquer o salvaria.
Cleber só não esperava que João tivesse seguido ele, o médico tinha um caráter duvidoso, porém em toda sua vida, nunca prejudicou ou fez algo errado conyra a vida alguém, os boatos que surgiram meses antes de Alexia se perder na cidade, eram apenas boatos lançados por uma mulher que não acreditava estar com gravidez psicológica e disse que João havia roubado seu filho para vender. E como todo boato, um ouve uma coisa e fala outra totalmente diferente.
Ao ver o pequeno bebê chorando desesperado, João pega a criança e ligou para a esposa busca-lo, alegando ter encontrado enquanto saiu do trabalho.
Naquele momento Haydée não tinha desconfiado, sua bondade e coração puro acolheu o menino. Porém alguns dias depois viu na conta do marido uma quantia que nunca imaginou ver. E só aí que ela desconfiou que por trás do ato de bondade do marido, escondia algo horrível. Desse dia em diante Haydée não viu João com os mesmos olhos, a confiança nunca mais foi a mesma. Ela decidiu ficar pois não queria separar os filhos do pai e também cuidar do menino que ela já nutria tantos sentimentos.
João desde então cuidou com muito amor do menino o tratando igual seus filhos. Issac que hoje se chama Louis, tem 4 anos. João parou de atender naquele hospital e foi para uma cidade ainda menor, pouquíssimos habitantes. Com o dinheiro que recebeu de Lucy, ele vive bem com a família e seu casal de gêmeos.
"Tempos atuais"
Quatro dias se passaram, Alexia e Benício ainda estavam parados no mesmo lugar. Matheo intercalava entre cuidar da filha, de Laila, do pequeno Brayan que sempre pedia por Alexia, das empresas e vinha dar uma força para sobrinha.
Com a aproximação de Alexia e Benício, ela começou ve-lo com outros olhos, seu amor e admiração só aumentava. Benício estava firmemente ao seu lado, revesavam dormindo alguns minutos no carro que Betina deixou para eles, só para descansar os olhos. Não importava o frio, a chuva, a falta de banho, eles não iam sair dali.
Vanusa levava o que comer todos os dias e aproveitava para apoiar Alexia, ficando por algumas horas, porém sempre precisava ir para casa cuidar de Emma.
Alexia mal conseguia comer, ela chegava a ficar um dia inteiro somente com a água no estômago. Nada para ela estava bom, ela queria respostas e a única pessoa que podia dar negava sair para atende-la.
Mesmo após dias de espera em frente à casa dele, João não se comoveu, se negando firmemente em atender o pedido da esposa, fazendo Haydée adoecer.
O pequeno Louis estranhando a recusa do vô em deixar ele sair para fora brincar, começou a ficar ansioso e um pouco mais choroso, ele se sentia preso e cada não que João dava o entristecia.
Mas é como dizem, tem coisas que a maldade humana não pode evitar, Louis não tinha o costume de ficar pertos das janelas, pois ele tinha muito medo, até que nessa manhã, brincando com sua babá no quarto da avó, ele correu perto da janela que estava um entre aberta.
Os pássaros começaram a cantar mais alto, todos numa única sintonia, coisa que não era comum naquela região, curioso, ele se aproxima dos grandes vidros transparentes tentando ver de onde vem aquele barulho tão bonito. Seus olhos brilhavam vendo os passarinhos voando no céu.
— Por favor, eu só preciso saber do meu filho.— Alexia gritou alto, fazendo Louis ouvir e olhar para os portões.— Por favor... me diz, ele está bem?
Seus olhos verdes se arregalaram ao ver a semelhança que aquela a mulher tem com a imagem da foto de sua mãe.
— É a mamãe, vovó?— Louis pergunta com o rosto colado no vidro.— É sim, vovó, é a mamãe!— Louis corre na cama que Haydée estava deitada e puxa ela pelas mãos, na tentativa desesperada em mostrar que sua mãe estava ali.
— Meu amor, fala baixinho, por favor.— Haydée pede com medo de João ouvisse a euforia do menino.
— Vamos lá buscar a mamãe, vovó, vamos.— Louis puxa Haydée com toda sua força.
— Meu neto, não podemos ir, seu avô... ele não deixa.
— Por quê vovó? O vovô não deixa a mamãe entrar?— Louis pergunta com a voz chorosa, sem entender o que estava acontecendo.
João que estava entrando no quarto ouve o choro do menino, ele olhou para esposa que estava sentada na beira da cama com Louis no colo e a questionou sobre o que acabou de ouvir.
— O que você fez Haydée?— João pergunta com o olhar assustado.
Haydée encara os olhos do marido e coloca o menino no chão, que assim que ela solta ele, corre para janela e com as mãozinhas abertas batendo no vidro, Louis grita.
— Mamãe, eu estou aqui... olha mamãe.
— Haydée!— João grita.
— Eu te disse que ela não era uma desconhecida para ele. Você está sendo cruel com Louis, desde que ele aprendeu a falar, ele pergunta onde estava sua mãe, e pois bem, fui na cidade, tirei uma foto dela e desde de então ele olha e conversa todos os dias com o seu retrato.