A noite passou se arrastando, e pela manhã Laila já havia recebido alta. Alexia e Matheo ajudam ela entrar no carro, sua amiga ainda estava em choque com tudo que aconteceu, a ideia de que perdeu seu bebê por que não conseguiu pedir ajuda era o que a atormentava.
— Alexia olhou para Laila com o coração apertado, as lágrimas se sua amiga não parava de cair, uma sensação de imponência a abraçava.
— Como você está se sentindo, Laila?
— Eu estou melhor, Alexia. Obrigada por estar ao meu lado. Eu não sei o que teria feito sem você.— Laila sussurra de cabeça baixa. Ela queria comemorar que a amiga está viva e de volta, mas não conseguia.
— Não precisa agradecer, Laila. Agora estou de volta e sempre estarei aqui com você, sempre!
Alexia dirige para sua casa, Laila olha para ela e fica sem entender.
— Amiga, por que estamos aqui?
— Você vai morar comigo apartir de hoje!
— Eu não posso, Alexia, eu não quero ser um fardo para você.
— Você não é um fardo, Laila. Eu quero que esteja comigo, pois assim eu posso estar cuidando de você.
— Mas...
— Mas nada. Lembra que foi a promessa que fizemos quando eu tinha 14 anos e você 18? Você fica e sem discussão. Há, esqueci de te contar, eu não estou mais sozinha.
— Seu bebê deve estar grande.— Laila diz sem saber do que aconteceu.
— Laila, meu Issac nasceu morto... mas Deus me deu de presente um pequeno sapeca. Quero que você o conheça.
— Eu sinto muito amiga... eu não sabia.
— Eu estou bem, agora tenho vocês do meu lado. E saiba que você não está sozinha, Laila. Eu já falei com meu advogado e ele está cuidando de tudo. Não vamos deixar que aquele maldito volte a te machucar.
— Obrigada, Alexia. Você não tem ideia do quanto sua amizade significa para mim.
Assim que descem do carro, Alexia encontra Brayan e Lorena com os olhos fixos na porta, eles estavam tão preocupados que não conseguiram dormir. Brayan ouve o alarme da porta ser desativado e corre de encontro com a Alexia.
— Mamãe, que bom que chegou, estava morrendo de saudade.— Ele diz pulando no colo dela. Alexia abraça Brayan e sorri com a recepção.
— Que abraço gostoso.— ela fala dando um beijo na sua bochecha.
— Hum, mamãe, quem são essas pessoas?— Ele pergunta sussurando no ouvido de Alexia, um pouco tímido.
— Esse grandão aqui é meu melhor amigo e meu tio.— Ela provoca tirando um sorriso de Matheo.
— Oii garotão ouvi muitas histórias sobre você.— Matheo diz bagunçando o cabelo do menino.
— Oi...— Ele diz baixinho com um sorriso envergonhado.— E essa moça... por que está tão triste?
— Essa é a Laila, minha melhor amiga, ela está muito dodói e vai precisar de muito carinho para ficar bem. Você me ajuda a dar bastante carinho para ela?
— Claro, mamãe.
Lorena ajuda eles levarem Laila para o quarto, seus passos eram lentos como se quase não saísse do lugar. Enquanto isso, Matheo estava fazendo umas ligações, por 5 anos ele pagou todos os funcionários que trabalhava com Alexia, todo mês o pagamento estava na conta exatamente como Mael havia escrito em uma das quartas que Matheo encontrou. Parecia que Mael sabia que alguém iria machucar a filha.
Assim que descobriram que Alexia está viva a mansão em menos de uma hora estava com todos que trabalham com ela. Alexia foi dar um abraço em cada um, coisa que foi uma tremenda surpresa para os funcionários, Alexia não gostava de contato físico e agora surge das cinzas sorrindo e conversando com todos, era realmente algo para se comemorar entre eles.
Matheo estranhou tal comportamento, mas se sentiu aliviado por saber que ela estava tão bem.
Alexia estava na cozinha com Brayan, ela desceu fazer algo para Laila comer. Como o médico passou uma dieta e tinha que seguir a risca, ela fez uma sopa leve e levou para a amiga.
— Vish, os alienígenas trocaram você e mandaram uma que sabe cozinhar?— Laila brinca e da um leve sorriso.— Que delícia, amiga.
— Fico feliz que tenha gostado. Tem muita coisa que mudou em mim, Laila. Tanta coisa aconteceu. Mas agora não é hora de contar. Coma e descansa. Vou tomar um banho e preciso sair com Matheo. Quero ver como está a pequena Marcela.
— Tá bom, amiga. Queria ir com você...
— Não é bom sair, não agora. Prometo que será rápido. — Alexia da um abraço na amiga e sai procurar Brayan. — Filho, vai tomar banho que você vai sair comigo e com o tio Matheo.
— Tá bom, mamãe.
Alexia pede para que uma das suas funcionárias fique encarregada exclusivamente de Laila. Lorena mesmo sem Alexia pedir sempre ia ve-la e assim pode conhecer um pouco mais da vida da Alexia e de onde surgiu a amizade delas.
Alexia foi com o tio no hospital que Marcela estava. A menina estava entrando no sexto mes que nasceu, tão pequena e frágil. Mas cada dia sua recuperação, mesmo que seja mínima, era um motivo para comemorar.
Saindo do hospital eles aproveitaram para comprar tudo que Brayan e Lorena precisava, afinal, saíram só com a roupa do corpo. Comparam roupas, brinquedos, ela contratou alguém para decorar o quarto de Brayan.
Com o decorrer das semanas estava tudo do jeito que ela queria. Brayan começou numa nova escolinha e se adaptou bem. Marcela ficava cada vez mais forte sendo retirado a maioria dos aparelhos que estavam conectados em seu pequeno corpinho, começou a forçar a cabecinha para olhar onde estava o pai, a fazer xixi sem ajuda de uma sonda, a se alimentar na mamadeira, cada vez mais ela progredia milagrosamente.
Laila já estava um pouco melhor, apesar da tristeza, ela sorria com os novos amigos. Matheo sempre presente na vida delas, praticamente era a vida que Alexia sonhou, rodeada de pessoas boas, recebia muito carinho e atenção de todos, mas dentro do seu coração faltava algo. Faltava descobrir o que aconteceu com o corpo do filho, onde estava sua verdadeira mãe e também faltava o amor de Benício e da família que aprendeu a amar. Não tinha um dia sequer que ela não sentia falta deles.
Alexia falava com Fred e Júlio todos os dias pelo telefone, eles tavam tendo problemas com um dos jogos que foi criado por ela, um dos servidores havia parado de funcionar e quando isso acontecia somente Alexia conseguia resolver. Até que um belo dia eles aparecem na porta da mansão.
— Achou mesmo que ia se livrar de nós?— Fred brinca tirando sorrisos de Alexia.
— Nossa aquela cidade não é a mesma sem você, o lugar parece que perdeu a vida.— Júlio resmunga.
— Mas é exagerado. E como anda as coisas por lá?...— Ela pergunta um pouco sem jeito.
— Você quer dizer como anda o Benício, né?— Fred fala e ela concorda com a cabeça.— Benício por uma semana ficou sem dar as caras na rua. Até que um dia encontramos ele num bar, ele estava com o rosto cansado como se não dormia a semanas.
— Ele começou a beber?— ela pergunta surpresa, pois Benício não tem costume de ingerir bebida alcoólica.
— Sim, o dono do bar disse que ele chega todos os dias no mesmo horário, para o carro, senta numa mesa afastada e bebe até cair, afastando todos que tenta se aproximar. Estamos preocupados com ele. A senhora Vanusa está arrasada.