"Papai, sobre o que você quer conversar comigo?" Beatrix perguntou, sentada no escritório do seu pai.
Ela se lembrou de como costumava brincar ali com Ares. Ares é apenas 3 anos mais velho que ela, então ela passou boa parte da sua infância brincando com ele do que com os outros.
Seu pai tinha proibido que eles entrassem no seu escritório depois que eles quase botaram fogo no lugar.
Ok, não foi ela, mas o Ares. Eles tinham encontrado o isqueiro dele na gaveta e brincaram com ele.
Um sorriso surgiu nos lábios de Beatrix ao lembrar da memória. Foi a primeira vez que seu pai a repreendeu.
Ele também tinha castigado Ares por meses, tirando todos os seus brinquedos e acessórios.
"Querida, você sabe o quanto te amo." Seu pai começou, pegando suas mãos entre as dele, grandes e quentes.
"Sim, Papai, eu sei." Beatrix respondeu, com um sorriso radiante no rosto. Ela não sabia por que ele estava perguntando isso de repente.
"Hmm, você já terminou a faculdade agora. Quais são seus planos?"
Os olhos de Beatrix se arregalaram em choque. Será que seu momento de liberdade finalmente chegara? Seu coração pulou de excitação no peito. Ninguém sabia o quanto ela vinha rezando para que seu pai lhe fizesse essa pergunta depois que ela terminou a faculdade um ano atrás.
"Bem, papai, você sabe que eu estudei administração de empresas. Eu posso ajudar o Matteo com o negócio."
Seu pai assentiu. "É, esse era o plano. Eu estava discutindo isso com seus irmãos."
Os olhos de Beatrix brilharam e ela se mexeu empolgada na cadeira. Ela não podia acreditar.
"Eles concordaram?" Ela brincou com os dedos enquanto esperava pela resposta dele.
"Sim, Querida, eles concordaram. Íamos te contar no seu aniversário, que é daqui a alguns dias."
Beatrix assentiu. Ela sabia que havia mais que ele não estava lhe dizendo. Do jeito que ele evitava olhar nos olhos dela e mudava desconfortavelmente de posição na cadeira.
Seu pai nunca ficava nervoso, a menos que o que ele estivesse prestes a dizer fosse difícil para ele.
"Mas-" Beatrix encarou seu pai à espera dele continuar.
Seu pai levantou os olhos da mesa e encontrou os dela pela primeira vez desde que ela entrou no escritório.
"Mas o quê, Papai? Você pode me dizer... Eu-eu posso aguentar. Eu sou uma garota grande agora. Você não pode me proteger para sempre."
Ela disse, forçando um sorriso mesmo com o coração batendo forte no peito. Seus nervos estavam uma bagunça nesse momento, mas ela tentou o melhor para se acalmar.
Seu pai não faria nada para machucá-la.
Don Luca suspirou e, pela primeira vez, Beatrix percebeu como seu pai estava envelhecendo. Ele tinha mais cabelos grisalhos do que nunca, mas ainda estava bonito e em forma aos 65 anos de idade.
"Temos um novo inimigo emergindo no submundo. Na verdade não sabemos se ele é um inimigo ou não ainda. Já que ninguém sabe quem é. Mas não estamos tão fortes e poderosos quanto antes.
Nossa luta com a máfia ZY do País ao longo dos anos esgotou a maioria dos nossos recursos e os deles também e agora com o surgimento de um novo grupo poderoso da máfia precisamos cuidar do nosso próprio interesse.
Eu consegui estabelecer uma trégua pacífica com o líder da família da máfia ZY do País. Precisávamos pôr um fim nas guerras sem sentido ao longo dos anos. Já que eles são nosso inimigo número um e mais poderoso. É difícil nos livrarmos deles. A única maneira de eu poder proteger você, caso uma guerra estourasse com a nova força, era fazer essa trégua."
Beatrix engoliu e assentiu. Ela não fazia ideia de por que seu pai de repente estava envolvendo ela em algo do qual ele vem a protegendo há anos.
"Eles sugeriram unir nossas famílias, se quiséssemos ter uma trégua pacífica. Isso vai beneficiar a todos no final das contas, inclusive até mesmo o negócio."
"E como eles querem que nós unamos nossas famílias?" Beatrix perguntou, confusa sobre como essas coisas funcionavam.
Eles queriam que seu pai os adotasse ou algo do tipo?
Seu pai soltou uma risada constrangida, "Você é realmente inocente, hein?"
Beatrix corou e deu de ombros, "E de quem é a culpa?!"
Beatrix bufou.
Seu pai levantou as mãos em rendição, "Minha."
"Então, como você está planejando unir a família?" Beatrix perguntou novamente, curiosa sobre tudo isso.
Seu pai a encarou por um segundo antes de responder.
"Através de um casamento."
"Você vai casar, Papai?!" Beatrix se levantou abruptamente. Choque a percorrendo.
Seu pai amava tanto sua mãe que ele nem sequer se casou novamente após a morte dela, nem mesmo tomou uma amante.
Ele ainda coloca flores em seu túmulo todos os dias, então era estranho que ele de repente estivesse anunciando que ia se casar na sua velhice.
"Que não. Claro que não! Eu ainda amo sua mãe. Nunca vou dividir minha cama com outra."
Beatrix respirou aliviada ao ouvir seu pai. Ela se sentou e acalmou seu coração agitado.
"Bom, porque você me assustou por um momento. Então, quem vai se casar? Matteo?"
Seu pai lambeu os lábios e balançou a cabeça.
"Não."
Beatrix franziu a testa, "Então qu-"
De repente, seu rosto empalideceu e ela balançou a cabeça.
"Não-não. Diga que estou pensando demais agora, papai."
Seu pai pegou sua mão, "Sinto muito, Querida. Mas é você."