"Moça, sentimos muito, mas sem dinheiro, não podemos salvá-lo."

"Não! Por favor, esperem! Doutor, por favor..." Seus lábios vermelhos e parecidos com cerejas tremiam de medo. Seu corpo congelou enquanto ela parava no meio da rua no momento em que o médico desligou a chamada. Sua mente ficou em branco e suas lágrimas simplesmente não paravam de cair como chuva. A fraca luz de esperança que restava em seu coração foi completamente coberta por nada além de escuridão. Seus olhos, que eram tão belos quanto o diamante mais caro existente, estavam ficando sem vida. A vida era, como sempre, demasiado cruel para ela.

Seu doce irmãozinho, que tinha apenas onze anos, estava morrendo. Ele precisava de um transplante de medula óssea, mas Davi não conseguiu encontrar dinheiro suficiente para isso. Ela já havia vendido tudo o que tinham e a única coisa que restava era ela. Seu corpo.

Davi era apenas uma garota comum, mas sua beleza era algo que até as moscas não negariam. Sim, ela era tão bela que foi apelidada de 'a deusa mais desafortunada em existência'. Viver uma vida pobre lhe rendeu tal apelido. As pessoas zombavam dela por desperdiçar sua beleza, dizendo que ela era como um diamante perdido, gastando sua vida vivendo entre pedras de cascalho. Ela foi sondada por inúmeras agências de talentos oferecendo o que consideravam luxo, mas recusou todas.

As pessoas a chamavam de louca, mas pouco sabiam o quanto Davi odiava a indústria do entretenimento. Para ela, a indústria do entretenimento não era nada além do inferno. Era o mesmo inferno que arruinou toda a sua família.

Até agora, seu ódio nunca diminuiu, ao ponto de que ela preferiria se vender a juntar-se ao mesmo inferno que foi responsável pela morte de seus pais.

"Beeeeppp!"

Um carro estava se aproximando dela, mas a mente de Davi se recusava a funcionar. Ela precisava de alguém para ajudá-la a salvar seu irmão. Ela estava pronta para se oferecer aos deuses se seu irmão, sua única família viva, fosse salvo.

Uma BMW parou a menos de um metro dela. A porta do carro se abriu, mas Davi ainda estava olhando para o seu telefone.

"Moça, você precisa tanto de dinheiro a ponto de tentar fazer algo assim?"

Uma voz masculina alcançou vagamente a consciência de Davi, então ela virou o rosto vazia para ver um homem alto que parecia um guarda-costas na frente dela. Ele estava irritado, mas os olhos do homem se arregalaram levemente no momento em que viu o rosto dela. A garota estava chorando tão forte; parecia que o mundo havia acabado para ela. Suas olheiras estavam escuras, mas sua beleza era simplesmente demais para ignorar. Ela parecia uma boneca perfeita, quase demasiado bela para ser verdade.

"Sim, eu preciso... de dinheiro."

A voz de Davi estava rouca. Mas sua mente meio consciente ainda a fez dizer o que queria. No fundo dela, ela sabia que se seu irmão também se fosse, ela não conseguiria mais continuar vivendo.

"Você é virgem?" O homem perguntou rapidamente sem rodeios, direto como sempre. Davi sentiu arrepios instantaneamente e sua mente foi imediatamente despertada pelas palavras do estranho à sua frente. Ela sabia o significado de suas palavras. Suas lágrimas caíram novamente, mas ela apertou o punho com força.

'O que é dignidade se eu perder minha única razão para continuar vivendo? O que é a vida se o último da minha família morrer também?', ela pensou. Ela mordeu o lábio e então encontrou os olhos sérios do homem alto bravamente, como uma guerreira.

"Sim."

Ao ouvir a resposta da garota, o homem alto estreitou os olhos. Ele a encarou por um longo tempo como se estivesse contemplando algo e então, rapidamente tirou seu telefone. Virou as costas e fez uma chamada rápida antes de encarar a garota novamente.

"Então venha comigo. Eu preciso confirmar que você é virgem primeiro."

O homem se moveu e abriu a porta do carro, mas Davi não se mexeu.

"O quê? Mudou de ideia?"

"Não, mas estou... ficando sem tempo. Meu irmão está morrendo. Ele precisa de uma cirurgia imediatamente. Se eu demorar mais, ele pode não resistir."

A perdida luz de esperança de Davi acendeu mais uma vez, então seu cérebro instantaneamente despertou para outra luta. Ela estava desesperada. Ela não desistiria, não importa quão fraca fosse a luz da esperança.

"E se você estiver mentindo?"

O homem a encarou com severidade. A aura do homem era intimidadora, como se fosse um soldado terrível que já havia matado dezenas ou até centenas de homens. Mas, surpreendentemente, Davi nem conseguia sentir mais medo. Não havia nada mais assustador para ela do que a morte de sua única família.

"Se eu estiver mentindo... então me mate."

Seus olhos brilhavam selvagemente e o homem não pôde deixar de sentir uma aura fraca de guerreiro estranhamente vindo dela. Ela era apenas uma bela garota, mas ele sentia como se ela fosse alguém que já havia passado pelo inferno. Ela parecia tão fraca, mas se sentia tão forte; de fato, ela era o tipo de garota que ele procurava.

"Certo, como você deseja."

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Por algum motivo, o homem pareceu aliviado. Ele rapidamente entrou no carro e pegou uma pasta branca consigo.

"Aqui está o contrato. Se você estiver disposta a aceitar, assine e metade do dinheiro será transferida agora mesmo." Disse o homem e Davi rapidamente pegou os papéis em sua mão, surpresa que o homem realmente tinha um contrato consigo. Será que ele estava a caminho de oferecer este contrato para alguém? Davi olhou para ele e engoliu seco. Se esse era o caso, poderia ela considerar essa coincidência como uma misericórdia?

Ela examinou imediatamente o papel até a página onde o valor do dinheiro estava indicado. Mas, para sua surpresa, não havia nenhuma quantia em dinheiro escrita no contrato.

"Como você pode ver, o dinheiro depende do que você pedir. O limite do dinheiro que você quer depende de você." Disse o homem com um rosto impassível, olhando sério e firme.

Davi não podia acreditar, mas ela não tinha mais tempo a perder. Estava pronta para o que viesse pela frente. Ela sabia o quão absurda era esse tipo de oferta. Sabia que era bom demais para ser verdade e ainda assim não hesitou mais. Ela nem sequer tomou tempo para ler quais eram as condições.

"Estou assinando agora."

"Hã? Mas você nem mesmo leu---"

"Está bem, eu vou ler depois. Por favor, eu preciso salvar meu irmão primeiro. Caneta, por favor."

O rosto impassível do homem alto franziu em descrença. Ele não conseguia ver nenhuma hesitação no rosto dessa moça de aparência frágil. Seus olhos estavam cheios de nada além de determinação. Parecia que ela estava determinada a lutar, mesmo que o custo fosse ser arrastada através do inferno.

"Isso não é brincadeira, estou te avisando."

O homem disse enquanto mostrava uma hesitação óbvia em seu rosto ao lhe emprestar uma caneta. Mas Davi rapidamente pegou a caneta de sua mão. Sob a luz do dia, no meio de uma estrada por onde passavam alguns carros, ela assinou o contrato, com seu coração e alma ardendo como fogo.

No momento em que ela levantou a mão devolvendo os papéis ao homem, um sorriso misterioso foi esculpido em seus macios lábios vermelhos. Era um sorriso repleto de emoções mistas. Dor e alívio se fundiram em seu peito.

Ela estava ardendo. Sentia como se o mundo a estivesse esmagando com força. Sabia que após esse breve momento, sua vida nunca mais seria a mesma.

...

5 dias se passaram e Davi agora estava dentro de um carro luxuoso a caminho de um lugar que ela nem sequer conhecia. Seu irmãozinho agora estava seguro. Ele estava se recuperando no hospital quando ela o deixou. Davi desmoronou em lágrimas quando os médicos lhe garantiram que ele estava agora estável e seguro. Sentiu como se um enorme espinho que estava cravado em seu peito fosse dolorosamente retirado e ela pudesse finalmente respirar novamente.

No dia em que assinou o contrato, Davi ficou pasma com a rapidez com que as coisas aconteceram. Seu irmão foi transferido imediatamente para o hospital mais caro do país; ele foi tratado como se fosse herdeiro de alguma família rica. Seu quarto nem sequer parecia estar em um hospital, mas sim como uma suíte presidencial. Davi apenas pediu para que eles o salvassem. Ela não pediu para tratá-lo como um príncipe ou algo assim. Até ela não foi exceção, pois também estava sendo tratada estranhamente como uma princesa. Mas então, Davi nem mesmo conseguia prestar atenção na súbita extravagância que estava vivenciando. Ela simplesmente não se importava mais. O que era importante para ela era apenas a segurança de seu irmão.

Após a cirurgia bem-sucedida de seu irmão, Davi foi levada para uma igreja vazia para o seu casamento. A igreja estava repleta de flores brancas. Quase parecia o covil de uma fada. Cada canto foi lindamente decorado com materiais luxuosos e caros. Seu vestido não era nada parecido com um vestido de noiva, era um vestido de gala adornado com gemas verdadeiras. Seus longos cabelos pretos e lisos dançavam graciosamente como uma cascata de seda negra. Tudo o que ela vestia, tudo o que via ao redor era incrivelmente irreal. Ela parecia uma princesa no reino dos deuses. Estava deslumbrantemente bela e parecendo pura como neve. 

Mas apesar de todo esse luxo e extravagância, o salão mágico estava vazio; ela estava sozinha.

Aquele guarda-costas lhe disse que algo inesperado aconteceu e o noivo partiu antes mesmo de ela chegar e que não havia mais necessidade de qualquer cerimônia. 

O contrato de casamento já estava assinado por alguém sem nome. Não havia nenhum nome impresso antes da assinatura. 

E ainda assim, Davi estava estranhamente calma durante todo o processo. Os guardas estavam do lado de fora, então ninguém podia vê-la. Ela encarou a assinatura de seu futuro marido por um longo momento e então levantou a pasta branca que estava segurando. Era a pasta que ela assinou dias atrás e que ainda não tinha lido. O noivo não estava lá, nem o padre. Então Davi leu. Ela foi direto para a primeira página e leu o contrato inteiro em voz alta. O contrato não parecia uma brincadeira, mas ela estava sorrindo. O documento quase parecia ser algum tipo de arquivo confidencial do governo. A única coisa estranha era que, o conteúdo lhe parecia uma piada.

O contrato estabelecia que ela iria para a mansão de seu marido cinco dias após a assinatura do contrato. Ela se tornaria esposa até que tivesse um filho. E após o nascimento, o filho não seria dela. Era só isso. Nada estava escrito sobre o que aconteceria depois que ela desse à luz. Basicamente, sua única missão era dar ao marido, um filho.

No entanto, as regras eram ainda mais estranhas. Especialmente a última.

Regra #4: Você não tem permissão para ver o rosto do seu marido.

Davi não sabia como reagir. Ela estava sem palavras. A nota mais importante na última página também declarava que, se ela quebrasse qualquer uma dessas regras estabelecidas, isso lhe custaria; rescisão do contrato e prisão ou sua vida.

Sua mente estava cheia de curiosidade e, ao mesmo tempo, desconforto e amargura. Ela não podia deixar de pensar no que a estava esperando.

Mas depois de um momento, ela ainda foi e assinou o certificado de casamento sem pestanejar. Ela sabia que era tolice dela até pensar em desistir agora. Depois que assinou, ela sorriu, amargamente. Ela não podia acreditar que já estava casada com um homem que nunca tinha visto. E o que era pior, ela talvez nunca visse seu rosto de fato.

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