Neste momento, Elvira estava escondido embaixo de uma mesa, sua visão obstruída, completamente incapaz de avistar a criança. Ele só podia prender a respiração, o som de seu coração batendo ecoando em seus ouvidos.
No silêncio, o tempo parecia desacelerar.
Felizmente, a criança não demorou e eventualmente se afastou da seção expandida do laboratório. Elvira respirou aliviado e imediatamente correu para o fim do laboratório.
Lá havia uma porta. A porta preta se mesclava com as paredes pretas ao redor. Se Elvira não soubesse da existência da passagem secreta a partir dos planos arquitetônicos, talvez tivesse dificuldade para notá-la.
Mas ele não conseguia abrir a porta; estava trancada. Elvira arqueou uma sobrancelha e tirou um grampo de cabelo do bolso, cuidadosamente o endireitando. Ele encostou o ouvido na porta, lentamente inserindo o grampo na fechadura, escutando atentamente qualquer som dentro do mecanismo de travamento.
De repente—
A porta fez um leve ruído ao abrir.
Atrás dela havia uma escada profunda, descendo em espiral como um vórtice escuro. Segurando seu celular para iluminar, Elvira entrou nesta escadaria misteriosa. Uma onda de empolgação inexplicável surgiu dentro dele, como se seu sangue estivesse fervendo naquele exato momento.
A escada era extremamente estreita, permitindo a passagem de apenas uma pessoa por vez. Um enorme pilar de pedra estava no centro, com a escada descendo ao seu redor. As paredes de pedra dos dois lados eram duras e frias, sem corrimões, uma distracção poderia levar a uma queda.
Elvira olhou para baixo, sentindo-se tonto. Ele se movia lentamente e com cautela, cada passo dado com cuidado. A escada parecia não ter fim, a escuridão engolindo o espaço abaixo, apenas com seus passos ressoando na escadaria vazia. Além disso, não havia outro som. Era como se esse lugar levasse direto à entrada do inferno, instigando medo e apreensão.
"Ta—ta—ta—"
Elvira ouviu passos novamente, não os dele, sempre meio compasso mais lentos que seus movimentos. Sempre que ele parava, o som também cessava.
Era aquele som de novo.
Elvira suspirou resignado. Desde que entrou nessa passagem secreta, tal som parecia segui-lo, dando-lhe um susto ocasionalmente.
Sinceramente—totalmente travesso.
Ele já não prestava atenção, continuando descendo com seu celular, usando a luz fraca para se orientar. Logo, ele chegou ao fim da passagem.
Na extremidade havia uma porta, relativamente nova na aparência. Uma placa embutida no centro ostentava a inscrição vistosa: "Gabinete do Decano." Elvira estendeu a mão, os dedos delicadamente passando pela borda superior da placa, que estava livre de poeira.
Este lugar claramente era frequentado por alguém. Elvira se aproximou da porta, esforçando-se para ouvir qualquer som vindo de dentro da sala. Estava silencioso, aparentemente desocupado.
Segurando a maçaneta da porta, ele a girou gentilmente; a porta não estava trancada e se abriu um pouco. Com cuidado ao empurrar a porta, ele foi recebido por uma sala espaçosa, com uma luz fraca pendurada no centro. Apesar da penumbra, era o suficiente para que ele visse o layout da sala.
Ao entrar na sala, Elvira imediatamente ouviu o assoalho ranger sob seu peso. O piso era irregular, e um passo em falso poderia facilmente fazer alguém cair. Além disso, um cheiro pungente, semelhante a desinfetante, enchia o ar.
No centro da sala havia uma cama com um criado-mudo de cada lado. À esquerda parecia haver um guarda-roupa, enquanto à direita havia uma mesa cheia de documentos. A mesa estava encostada na parede, que estava atulhada de papéis pregados de forma caótica. Elvira se aproximou para examinar os documentos.
Os documentos estavam repletos de jargões médicos complexos, discutindo principalmente a transferência e troca de ondas cerebrais. Para uma pessoa leiga, esses papéis poderiam muito bem ter sido escritos em língua alienígena. Elvira apenas os examinou brevemente, mas sentiu-se sobrecarregado pelo mar de informações. O único detalhe que lhe chamou atenção foi a assinatura do autor no final dos documentos:
Landric Austin
Quem é ele? Elvira checou seu celular, mas estava sem sinal, então não conseguiu procurar nenhuma informação online. Em seguida, levantou a mão para tocar o prego mais alto na parede, que estava coberto de poeira. Parecia que ninguém havia mexido nos documentos acima há muito tempo.
Deslocando seu olhar para baixo, ele notou vários post-its na parede, cada um com uma série de palavras-chave:
"Gêmeos: Relação de sangue?"
"Efeitos colaterais relacionados à relação de sangue?"
"Mendigos e animais: √"
"Efeitos colaterais em crianças: Maturação acelerada?"
"Sucesso do experimento—Banquete dos investidores"
"Mais próximo do sujeito de sucesso:"
Elvira se inclinou, tentando ver mais claramente o bilhete atrás de "Mais próximo do sujeito de sucesso". Para sua decepção, havia apenas um leve traço da letra "i."
Quem poderia ser esse "i"? Elvira pensou em todas as pessoas que conheceu no Orfanato nos últimos dias e ficou surpreso ao descobrir que todos os seus nomes continham a letra "i", até o dele.
Droga!
O olhar de Elvira caiu em um cartão de visita preso na parede, que declarava ousadamente: "Neve Rutledge, Chefe do Departamento do Banco Crystal."
Sua intuição lhe disse que esse cartão de visita era muito importante, então ele cuidadosamente removeu o alfinete e guardou o cartão no bolso. Ele andou lentamente ao redor da sala, cada passo mais pesado e lento que o anterior. Embora tivesse uma suspeita, achou-a absurda demais para acreditar de fato.
Como poderia ser?
Ele sentiu certeza de que havia mais segredos escondidos no escritório do Reitor. Assim, retomou sua busca ao redor da sala. Abrindo todas as gavetas, encontrou um frasco de medicamento—Sorafenib. O frasco estava coberto com uma fina camada de poeira, indicando que não tinha sido tocado há algum tempo. Elvira sacudiu gentilmente o frasco, descobrindo que ainda continha várias pílulas. Ele também bateu nas paredes, procurando compartimentos ou painéis ocultos, mas não encontrou nada oco.
O olhar de Elvira então se voltou para a cama. Ele passou a mão sobre os lençóis, não detectando nada de incomum. No entanto, quando alcançou o interior do travesseiro, seus dedos roçaram numa folha de papel entre o algodão. Ele cuidadosamente retirou o papel para descobrir que era uma carta endereçada a ele:
"Querido pequeno Elvira,
Sou a Professora Ginger, e sinto muito por convidá-lo para cá, mas agora você é nossa única esperança de ajuda.
O Orfanato Const não é mais o lugar que era antes. Transformou-se em algo bizarro e insano, além de qualquer explicação racional. Tenho um medo profundo pelas crianças que estão em grave perigo.
"Você deve ter conhecido Blair; ela revelou para você alguns dos horrores daqui. Este lugar está cheio de monstros e experimentos terríveis, e eu até me tornei parte desses monstros.
Para salvar o Orfanato, resolvi matar o Decano Austin. Sei que sua fraqueza é o coração dele, mas ele o escondeu muito bem. Tenho procurado pistas, mas infelizmente não encontrei nenhuma até agora.
Não desistirei; farei tudo que estiver ao meu alcance para proteger as crianças do Orfanato até meu último suspiro.
Por favor, acredite na fé de uma mãe."
Elvira encarou silenciosamente a carta, perdido em pensamentos por um longo tempo. Ele se aproximou do papel, tentando detectar qualquer cheiro além da tinta, mas não havia nenhum sinal de lavanda.
Sim, o jardim de lavandas havia desaparecido há muito tempo, e a Professora Ginger se tornou um monstro. Tudo estava mudando, tudo estava irreconhecível.
Para salvar essas crianças, ele sabia que tinha que agir. Apenas encontrando Landric e destruindo seu coração tudo poderia voltar a ser como antes. Ele cuidadosamente dobrou a carta e a colocou no bolso interno.
Então, ele se aproximou do guarda-roupa, que continha vários jalecos brancos de médico, claramente destinados a homens adultos. Havia também algumas roupas de crianças penduradas ao lado, sugerindo que talvez duas pessoas morassem ali. Elvira deu uma leve batida no painel de madeira do guarda-roupa e descobriu que o lado direito era oco. Empurrando-o, o painel se abriu como uma porta, revelando a entrada de um depósito.
À esquerda do depósito havia um armário de vidro dividido em cinquenta a sessenta pequenos compartimentos. A maioria desses compartimentos continha máscaras de prata que cobriam metade do rosto, embora alguns estivessem vazios. Os compartimentos estavam etiquetados com nomes, claramente indicando que essas máscaras pertenciam aos investidores convidados.
Elvira contou e achou dez máscaras faltando. Ele ativou a lanterna do seu celular para inspecionar os nomes mais de perto. Ele notou o sobrenome Sterling, possivelmente representando alguém do consórcio financeiro Sterling.
Do lado direito do depósito havia outro expositor de vidro, diferente das máscaras do lado esquerdo. Este continha frascos de vidro. Cada frasco continha um gás em movimento, parecendo como se mini tornados estivessem comprimidos dentro deles, criando uma exibição bastante sinistra.
Ele viu um nome familiar em um dos frascos: Francesca Hall. Elvira pegou este frasco e o colocou no bolso, considerando que poderia ser um item importante relacionado a Francesca que poderia ser dado a Blair como uma lembrança.
Após concluir essas ações, ele saiu do depósito e fechou gentilmente a porta do guarda-roupa.