** Eli **
Eli largou o celular e percebeu que seu assistente Justin lhe lançava olhares significativos do outro lado do lounge do aeroporto.
"É raro ver uma mensagem de texto colocar um sorriso tão grande no seu rosto," observou Justin. "Deixe-me adivinhar — uma garota?"
Eli revirou os olhos. "Você deveria estar passando a minha agenda para amanhã, e não especulando sobre minha vida pessoal."
"A menos que seja a mesma garota que fez você cancelar seu jantar com Vanessa Jones na sexta-feira." Justin dobrou os documentos no seu colo e trocou para um sorriso ainda mais significativo. "Sabe, eu tenho pensado que é meio raro você cancelar um encontro que o seu pai marcou pessoalmente, e depois desligar na minha cara na mesma noite. Você ainda não me deu uma data para remarcar… E além disso, você parece distraído desde que saiu pela porta esta manhã. Então, não seria uma suspeita razoável da minha parte achar que algo na sua vida pessoal está afetando sua vida profissional, o que me faz ter a responsabilidade de especular sobre isso?"
Eli o encarou com um olhar fulminante. "Você realmente seria melhor como um paparazzo. Como não percebi isso antes de deixar você pegar esse emprego?"
Justin sorriu, claramente tomando o comentário como um elogio. Eli massageou a têmpora em sinal de derrota.
Os dois se conheciam desde a faculdade. Não eram amigos próximos, por assim dizer, mas pelo menos se conheciam o suficiente para que Eli reconhecesse o candidato à vaga de assistente imediatamente. Ele o avisou por pura boa vontade que o herdeiro da Sterling Trust não seria um chefe fácil de trabalhar, mas aparentemente a verdade não era tão convincente quanto o salário oferecido. Então, no primeiro dia de seu novo emprego, Eli encontrou seu velho conhecido da faculdade esperando por ele na porta do escritório, sorrindo lisonjeiramente.
E então ele aprendeu aos poucos que tinha subestimado o colega. Justin era bom no que fazia. Ele sempre estava a par das agendas, sempre lembrava de cada detalhe das atas de reunião e sempre — sempre — aproveitava cada oportunidade para enfiar o nariz em qualquer boato que pudesse pegar sobre as mulheres na vida de Eli.
Ele era tão bom na última tarefa que chegava a ser doloroso. Às vezes, Eli se perguntava se esse tinha sido o plano do pai o tempo todo, e que Justin tinha passado na entrevista com louvor justamente por sua habilidade como um espião competente.
Pensando nisso, Eli se lembrou de que de maneira alguma deixaria Justin descobrir sobre a Harper. Ele guardou o celular. "Vou falar com meu pai sobre a Vanessa," disse ele, desviando o assunto. "Eu nunca quis encontrá-la para começar. Não precisa se preocupar em remarcar."
Justin o olhou, imperturbável. "O chefão parece bem investido dessa vez. Duvido um pouco que você consiga convencê-lo do contrário. Além disso... Se não for ela, será outra na próxima vez. Não é como se você pudesse evitar esses encontros para sempre."
Eli sentiu que o bom humor trazido por Harper começava a esmorecer. "Que século estamos vivendo agora? Pelo que eu saiba, não existe uma lei que diga que não posso passar o resto da minha vida solteiro."
Honestamente, se existisse tal lei e ela me impedissee de me tornar o herdeiro legal da Sterling Trust, isso até que não seria uma coisa ruim.
Justin inclinou a cabeça para o lado. "Interessante... Já te contei que nossos amigos em comum da faculdade me clarearam com algumas histórias suas antes de eu começar o trabalho? Eles não te rotularam exatamente como um playboy, mas... eu jamais imaginaria que você é do tipo que renuncia às mulheres."
Eli bufou com o tom inquisitivo. "Não vou me ofender se você apenas disser, Justin. Sim, eu prefiro relações casuais e não quero me estabelecer. Não agora e provavelmente nunca, o que é uma notícia infeliz para o meu pai, mas as coisas são assim. Ele só ficará mais decepcionado se eu comparecer a esses encontros e ofender as moças que ele cuidadosamente escolheu para mim."
"Vanessa Jones é diferente." O tom de Justin mudou nesse ponto, tornando-se mais profissional. "Há poucas herdeiras como ela no setor. Ela é uma das únicas solteiras da região nordeste que tem um histórico familiar à altura do seu. Sr. Sterling—"
"Eu sei o que meu pai pensa desse par perfeito," Eli o interrompeu. "E ele vai perceber que nem tudo acontece como ele deseja. Agora, chega desse assunto." Ele fez um gesto com a mão para os documentos espalhados na mesa entre eles. "Estaremos viajando quase sem parar pelo resto do mês. Se a Vanessa perguntar, só diga que eu preciso dos finais de semana para me recuperar."
Justin deu uma risada e começou a arrumar as pastas. "Bem, isso pode funcionar por um tempinho. Mas nem todos esses clientes são de fora do estado. Baseado na sua agenda," — ele examinou a folha de cima de um portfólio com clipes — "você estará de volta à cidade na segunda metade da próxima semana. Nosso quarto encontro é com uma empresa local."
Isso chamou a atenção de Eli.
Ele não estava mentalmente investido o suficiente no trabalho para acompanhar todos os destinos que precisavam visitar no próximo mês, mas sabia ao menos que essa empreitada era com o objetivo de avaliar futuros parceiros do setor de entretenimento. Não havia tantas empresas em crescimento assim localmente...
"Em Davenshire?" ele perguntou.
"Sim, bem no centro." Justin passou-lhe o portfólio. "Você quase nem precisa atravessar a rua do seu escritório."
Eli olhou para o papel em sua mão e seus olhos pousaram na fonte em negrito que lia: Miracles Gaming.