Chereads / SEJA PARA SEMPRE A MINHA MESTRA / Chapter 7 - Capítulo 6: Tribo Cabeça de Ferro

Chapter 7 - Capítulo 6: Tribo Cabeça de Ferro

Dentro da pequena casa de madeira rocha, ninguém podia acreditar nas ondulações verde no cartão translúcido branco nas mãos da médica.

— Doutora, tem certeza que o livro está envenenado? Como pode ter tanta certeza?

— Isso aqui se chama Cartão de Vidro Puro, seu material é trabalhado para que se torne sensível há alguns tipos de veneno. Como pode ver... Ele foi bastante sensível ao livro...

— Aqueles bastardos da Tribo Cabeça de Ferro! — Leão gritou com todo seu pulmão. — Depois de tantos conflitos, tantas vidas perdidas, eles ainda recorrem a métodos tão traiçoeiros para nos eliminar?!

— Se eu ou o papai tivesse aberto o livro... Nós estaríamos mortos? — Clara colocou a mão sobre a boca chocada. Se qualquer pessoa da Vila soubesse ler, e ficasse interessado pelo livro, sua vida terminaria ali mesmo.

— Bastardos! Bastardos! — Bradou com as veias irritadas pulsando.

— Sugiro que se acalmem. Principalmente o senhor, líder, seu tratamento ainda nem começou, dilatar os vasos sanguíneos apenas piorará a sua situação. — A doutora devolveu o livro enquanto guardava as luvas, máscaras e o cartão em seu brinco antes de escondê-lo.

— Mas como? Eles tentaram nos assassinar, a mim e minha filha!

— Pai, ouça-a... Nada vai adiantar se ficar estressado, vamos recuperar primeiro e depois pensamos no que fazer, ok? — Colocou suas mãozinhas sobre as mãos de seu pai, confortando-o.

— Líder da Vila, deixe essa tarefa comigo. Eu tenho assuntos a tratar de qualquer jeito na Tribo Cabeça de Ferro.

— Não querendo ofender, Jin. Mas o Chefe da Tribo é um Cavaleiro de Diamante, nem eu mesmo sou páreo para ele... Então como você...? — Leão tentou escolher as palavras com cuidado para não desencorajar o jovem que ofereceu ajuda tantas vezes.

— Eu não disse que vou matá-lo. — Declarou com tranquilidade pairando em sua face um sorriso gentil. — Permita-me fazer a investigação e chegar a fundo nesse assunto. Se eles estão indo tão longe em seu plano e ainda vocês ainda estão vivos. Eles não vão ficar parados por muito tempo e devem agir mais uma vez em breve. — Por trás da gentileza e juventude, uma frieza cruel de arrepiar o coração estava escondido.

— Tem razão... Eu vou contratá-lo para essa tarefa. — Jin ergueu o polegar recebendo de bom grato a tarefa.

— Tribo Cabeça de Ferro...? — Liliane murmurou, lembrando-se de algo.

— Doutora...? — Clara olhou para médica perdida em pensamentos.

—Nada, apenas que essa Tribo era meu destino inicial antes de vir para cá. Ouvi dizer que fizeram descobertas significativas na Ruína de Cobre deles, então achei que seria uma boa oportunidade para reabastecer alguns medicamentos e ervas.

— Houve algo assim? Bem... Então por que não vai com o Jin? — Leão sugeriu fazendo o casal se entreolharem.

— Eu nem comecei o tratamento aqui...

— Não se preocupe, Jin pode esperar um dia ou dois. Vamos contratá-lo para escoltá-la.

— Pode não parecer, mas Jin é um dos melhores, não, ele é O MELHOR navegador da Floresta Equatorial Sul. — Clara não perdeu tempo para elogiar o jovem com os olhos brilhando.

— Eu não quero incomodar, e posso muito bem contratá-lo por conta própria.

— Haha, claro que pode. Mas a senhorita salvou nossas vidas duas vezes, é o mínimo que podemos fazer.

— Quanto mais dinheiro, melhor. Eu não vou recusar se os dois quiserem me contratar. — Jin brincou, fazendo um gesto de "pode vir dinheiro", arrancando risadas de todos na sala.

*

Dois dias depois.

Na saída do vilarejo, Clara olhava para dupla com muita relutância. Após Liliane cuidar de todos os pacientes, a Vila providenciou suprimento e mantimento para a viagem. A pequenina filha do Líder da Vila estava ansiosa para embarcar na aventura, mas como seu pai ainda estava se recuperando, ela teve que assumir seu lugar por algum tempo.

— Tem certeza que vão apenas até a metade do caminho com Max? Ele pode fazer todo trajeto. — Clara perguntou mais uma vez, chateada.

— De forma alguma. As estradas para cavalos passam muito perto das Montanhas Sul, e eu não estou com disposição alguma para lidar com Tantis das Montanhas. — Jin explicou solene. Até mesmo ele tinha que ser cauteloso e ponderado quando se tratava dessas criaturas. — Além disso, pode chover a qualquer momento, eu não quero ficar atolado.

— Tudo bem... — Fez um beicinho. — Então até... — Ela olhou para o jovem de preto e para a doutora que... Abraçava a si mesmo com o vestido de cetim, toda sorridente. A venda de seda azul retornou a sua face combinando com a roupa.

— Que cheiro bom! — Exclamou do seu próprio perfume impregnado nas roupas.

Clara e Jin sorriam com a cena, antes de do jovem e a médica entrar na carruagem. Claro ficou observando Max dar chicotadas no cavalo levando o casal paras as profundezas da floresta.

— Ouça bem, enquanto estivermos na floresta, você deve me obedecer a qualquer custo. — Jin encarou a mulher seriamente. — A cada esquina, a cada sombra, o perigo espreita. Não podemos ser negligentes com as nossas vidas.

— Mas agora não é primavera...? A maioria dos Tantis migrou para o leste para procriar, não é?

— Está bem informada, isso é verdade. Mas Tantis muitos velhos, ou as mães do ano passado, ainda permanecem na floresta, bem como os pais dos filhotes. O perigo pode ter sido reduzido, mas ainda somos apenas dois seres humanos, com o poder insignificante. Não podemos baixar a guarda. — Explicou o seu ponto de vista.

— Entendi... — Concordou sem objeção. — E qual será o seu trabalho na Tribo?

— Você quer que eu diga o que vou fazer? — Sua boca se levantou com escárnio.

— A viagem é longa, por que não conversamos? — A mulher de 1,8 metros deu seu melhor sorriso. — Eu gostaria de discutir algumas coisas que ainda não entendi.

— Como o quê?

— Bem... Por que a Tribo Cabeça de Ferro está tão contra a Vila Ouro Preto? Tenho uma ideia, mas ao ver como funciona a parte interna da Vila, não tenho certeza se o plano deles é uma boa ideia. — Liliane cruzou os braços pensativa.

— Está falando sobre a tentativa de conquista ou de assassinato?

— Ambas. Não entendo por que tentaram matar o Líder da Vila e sua filha. E ainda menos por que querer aquela terra? Tudo bem, ela é muito segura. Mas isso se deve à Tartaruga Ouro Preto, que aparentemente se comunica com duas pessoas. Se a Tribo Cabeça de Ferro conquistar a Vila, isso possivelmente enfurecerá o Tanti. E se matar o Líder e sua filha, será ainda pior. Em ambos os casos, ou eles perderão a única forma de se comunicar com a Tartaruga Ouro Preto, ou sofrerá uma retaliação de um Bispo de Ouro. — Seu raciocínio preciso arrancou uma risada gostosa de Jin.

— Exatamente. Ninguém se aproxima da besta, exceto a dupla de pai e filha. Mas, exceto eu, você e os moradores, ninguém mais sabe disso. Sem saber ler ou escrever, a comunicação é escassa. A menos que um morador fale, é impossível alguém de fora descobrir. Como se trata de uma Vila bastante pacata e introspectiva, acredito que seja difícil eles falarem disso com qualquer um. Exceto a Clara, é claro. — Riu antes de encarar as árvores à distância pela janela da carruagem. — A ignorância é uma bênção. Eles não desejam fama, poder, muito menos riqueza. Brincando nas árvores e convivendo com os Tantis, é esse o tipo de vida que eles gostam de viver, e isso os mantém vivos.

Mas até quando...? — Ambos pensaram em segredo. Seria necessário apenas uma pessoa nascer com sede pelo poder para desestabilizar toda aquela paz. Quando isso acontecesse, o que aconteceria com a Vila Ouro Preto ou com a sua guardiã?

*

Horas mais tarde, a carruagem desacelerou até parar. Com um leve ruído de cascalho sob as rodas, Max anunciou a chegada ao destino. Jin e Liliane desembarcaram, trocando breves agradecimentos com o cocheiro antes que este partisse, sumindo na densa floresta.

Jin logo analisou os arredores. Liliane bastante atenta ao jovem, viu ele passar a mão em um saquinho de pano preso em sua cintura. Foi quando um apito de pássaro apareceu em sua mão.

Então é ali que ele guarda a sua Joia Dimensional... — Ela observou, curiosa para o que aconteceria em seguida. Jin levou o apito aos lábios e emitiu um som agudo.

De repente, um grito ecoou pela floresta, respondendo ao chamado. "Olhando" para cima, Liliane testemunhou algo inesperado: uma majestosa águia, com penas brancas e negras, mergulhou dos céus, pousando graciosamente no braço direito de Jin, que estava oculto pela manga escura de sua vestimenta.

— Opa, opa. Calma garota. — Ele sorriu passando a mão no saquinho na cintura, dessa vez desaparecendo o apito e aparecendo pedaços de carne a qual ele usou para alimentá-la. — Como você tem estado, hein? — Riu de alegria genuína.

— Uma águia...Uma águia de verdade... — Liliane se aproximou, encantada. Após os Tantis assumirem o comando do mundo, a lei da selva predominou, e a maioria dos animais selvagens foram apagados da face da terra. Cavalos como os que o Max usava, e alguns animais domésticos perseveravam com o fator humano, mas na selva, as criaturas da natureza foram devoradas pelos mais fortes.

— Essa é Julieta, uma das minhas águias-marciais. 

— Uma? Há mais? — Abriu a boca surpresa.

— Ela e o Romeu, eles são um casal. Né, Julieta? — Ele fez o carinho na ave, em seguida, esfregou seu rosto no dela permitindo-a soltar um grito fofo.

— Incrível, é a primeira vez que "vejo" um animal selvagem! — Liliane abriu o seus olhos por trás da venda, embora ninguém pudesse vê-los, Jin tão próximo dela sentiu que eram brilhantes.

— Quer tocá-la? — A mulher não hesitou e aproximou ansiosa, após o garoto acalmar sua ave, ele permitiu-a acariciar.

Os dedos longos e delicadas da moça deslizou pelas penas fazendo Julieta soltar um grunhido alegre.  Vendo a reação da ave, um sorriso deslumbrante desabrochou no rosto de Liliane, um sorriso de devastar cidades.

— Ok, já está bom. — Após alguns segundo de carinho, Jin afastou sua ave, pouco atordoado, pouco ciumento. — Ela precisa nos mostrar o caminho. Vamos Julieta, nos guie. — Os olhos cinzas do rapaz brilhou violeta e azul, e assim que soltou, Julieta voou para o alto gritando para o céu antes de desaparecer nas nuvens. — Precisamos ser rápido, vamos! — Ele agarrou a mão da mulher e puxou em uma corrida pela floresta.

De tempos em tempos, Jin olhava para o céu e para um mapa em sua Joia Dimensional antes de acelerar, seus olhos varrendo a floresta em busca do melhor caminho. A jornada durou horas até que finalmente chegaram a uma clareira, onde decidiram fazer uma pausa para descansar.

Liliane, vestida com um elegante conjunto de cetim, estava encharcada de suor e podia sentir a fadiga se acumulando em seu corpo enquanto se apoiava em uma árvore.

— Sabe... Sabe mesmo para onde estamos indo? — Liliane perguntou duvidosa "olhando" para o alto. Como raios a águia estava os guiando?

— Basta me seguir, estaremos lá em meio dia — Jin respondeu, oferecendo-lhe um cantil de água de sua Joia Dimensional. — Dois minutos. — Estipulou o tempo de descanso para a carranca de Liliane, enquanto permanecia atento aos seus arredores.

No ritmo acelerado, eles finalmente alcançaram as fronteiras da Tribo Pequena Cabeça de Ferro. Ambas as figuras pararam e respiraram pesadamente, bebendo mais água e comendo alguns pedaços de pão. Jin tirou o apito de pássaro da Joia Dimensional e soprou, dispensando a águia-marcial de seus serviços. Eles puderam vê-la gritando antes de partir para o norte. O sorriso de Jin se desfez ao ver sua parceira sumindo nas nuvens.

— Agora, preciso alertar algo sobre a Tribo Cabeça de Ferro. — Voltou para a médica recuperando as forças. O sol poente batia nas costas do rapaz tornando seus olhos cinza ainda mais atraentes e brilhantes. — A Tribo Cabeça de Ferro é uma das mais infames, formando principalmente por grupo de ladrões e assassinos que fugiram dos Três Domínios Reais. Há dezenas de Vassalos e Cavaleiros, todos percorrendo o caminho da corrupção. Quando tivermos lá dentro, não se afaste de mim a menos que eu ordenar, e além disso... — O garoto virou o rosto constrangido.

— O que foi...? — Ela respirou fundo recuperando o ar. Os olhos de Jin iam e vinham sobre a figura feminina. Devido ao suor sua roupa de cetim ficou colada ao corpo revelando as curvas, o rosto vermelho do cansaço era banhado pela luz laranja do pôr do sol acentuado suas feições. Liliane podia estar suja e suada, mas estranhamente isso não tirou o seu charme.

— Acredito que deva trocar de roupa antes de entrar... Se.. Cof, cof. Se estiver tão bonita assim, irá virar uma presa fácil para aqueles bandidos. — Virou sua cabeça para longe, sua mão passando pelo saquinho de pano na cintura tirou uma muda de roupa masculina e um chapéu de palha e jogou para a mulher.

Liliane pegou a roupa "olhou" para o seu corpo. Tórax, cintura, pernas, o vestido de cetim tinha grudado em seu corpo revelando toda sua figura. Suas bochechas avermelharam quando ela acentuou sua sobrancelha de forma feroz para o garoto.

Homens seriam sempre homens, não importando aonde, quando ou a idade.

Ele me paga! — Foi enfática em seu desejo de vingança.

*

Tribo Cabeça de Ferro. Ao contrário da maioria dos lugares, o nome não era decorativo. O cheiro de cigarro, bebida e um fedor incontrolável de suor permeava o ar. Os habitantes eram mais parecidos com ogros do que com pessoas, com braços expostos cobertos de pelo, sem um pingo de higiene. Gritaria e pancadaria corriam soltas, dando ao ambiente uma violência generalizada. Para muitos, faltava uma parte do corpo, sendo substituída por próteses metálicas, o que originou o nome, ou pedaços de madeira, tudo dependendo do quanto pudessem matar e saquear.

Jin puxou Liliane para perto de si. A médica, com o chapéu de bambu cobrindo o rosto, encarou o garoto superprotetor. Embora ela fosse vinte centímetros mais alta, o cuidado do rapaz parecia cômico e desproporcional.

— Não sai de perto de mim, e não encara eles. — Disse tentando esconder sua preocupação. A médica pode apenas concordar com um risinho.

Eles andaram no meio daqueles bandidos, os encarando. Vez ou outra, alguém encarava ou sorria em direção aos "forasteiros".

— Devemos procurar uma hospedaria, de preferência algum lugar normal... — Jin olhava para as casas e as hospedarias com nojo e desprezo. Nem o chiqueiro das piores vilas era tão suja quanto esse lugar.

Foi quando os olhos do rapaz cravaram numa figura a distância adentrado um estabelecimento. Era um homem com barba ruiva mal feita e um chapéu antigo. Suas mãos abriram e fecharam tentando agarrar a espada na cintura.

— Espere ali, agorinha volto. — Falou para a doutora enquanto seguia atrás da figura. De frente ao local, o jovem percebeu que se tratava de um bar, a gritaria das apostas, cheiro de álcool e o barulho de briga parecia o mais clássico ambiente dos criminosos.

Deve dar algum trabalho. — Pensou, mas não hesitou em abrir as portas e andar pelo local.

Seus olhos vagavam de um lado para o outro em meio aquela bagunça, até que finalmente encontrou o homem de barba ruiva. Trajado de roupas de couro, um velho chapéu na cabeça e um palito de dente da boca exibindo seu dente de ouro, o indivíduo em questão parecia estar em êxtase na roda de apostas.

Guarda baixa, arma longe de alcance, muito exposto, será fácil demais. — Raciocinou o garoto confiante. Mas nem por isso abaixou a guarda imprudente. Seus olhos brilhando em violeta e azul vagou por todo ambiente, olhando cada pessoa, cada arma, adivinhando cada nível, cada situação, cada futuro. Quando tudo foi calculado, ele sorriu e acelerou os passos para o seu alvo.

— Ei, barba ruiva. — Atraiu a atenção do homem, quando ele virou o rosto na direção de Jin expondo o seu pescoço, o garoto colocou a mão na espada sacando rapidamente com uma explosão de Energia Externa.

Um corte foi o suficiente para o homem ter sua cabeça separada do corpo, sem sequer ter tempo de reagir.