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Chapter 10 - Capítulo 09: A Ameaça “Amiga” e a Escalada na Tensão.

Logo pela manhã...

Jin e Liliane deixaram a hospedaria ao raiar do sol, visando o horário menos ativo.

— Bandidos também dormem. — Brincou Jin ao observar o campo ao redor das Ruínas, onde a maioria estava saindo ou eram como eles... Fracos demais para disputar com as forças superiores.

— Atuando de dia e de noite, eles precisam de algumas horas de sono. — Completou Liliane, apressando o passo em direção ao objetivo.

Todas as entradas para as Ruínas eram características e diziam muito sobre a história do próprio local. Neste caso, a entrada era uma pantera com olhos de rubis e boca totalmente aberta. Ideogramas cobriam a construção de pedra negra, formando uma matriz poderosa, enquanto dentro da boca havia uma ondulação azul trêmula que obscurecia a visão do outro lado.

— Um portal...? — Liliane logo concluiu vendo as ondulações azuis. — Para fazer portais de teletransporte deve ser pelo menos um Grande Mestre de Matrizes!

Ao contrário dos Especialistas, os Mestres de Matrizes não dependiam do Corpo de Combate para batalhar. Em vez disso, utilizavam ideias, composições, fórmulas e a própria Energia do mundo para elaborar seus Ideogramas e Matrizes. Embora não fossem especializados em combate direto, eram artesãos extremamente habilidosos e muito mais versáteis e valiosos que um combatente puro. Os Mestres de Matrizes eram classificados em cinco níveis, sendo o nível Grande Mestre equiparado a um ranque Torre. No entanto, alcançar esse status era tão raro e desafiador quanto um Especialista no ranque Bispo.

— A pessoa que criou esta Ruína não é de forma alguma simples. É surpreendente que esteja classificada como Cobre.

— Parece que alguém finalmente se mostrou mais interessado. — Liliane olhou para o rapaz alegre com satisfação.

— É um pouco interessante... — Falou nada convincente. — Vamos, por que estamos perdendo tempo mesmo? — Acelerou os passos. A mulher achou graça da sua fuga desajeitada, mas não o provocou mais.

Quando os dois colocaram os pés na frente do portal, eles ficaram ainda mais impressionados. Os Ideogramas e as inscrições entalhados na pantera de olhos rubis era belíssimos e cheio de poder. O que quase os levaram a acreditar que poderia ser obra de um Mestre Sábio, equivalente a um Bispo.

Mas já era estranho o suficiente, um Grande Mestre criar uma Ruína de Cobre com o seu potencial, dirá lá, alguém no nível maior! A restrição de que apenas Vassalos e não ranqueados poderiam entrar era irracional, pois nenhum era digno de qualquer tesouro na posse de um Mestre Sábio.

— Então como fazemos, seguramos as mãos, damos um passo, ou o quê? — Jin foi o primeiro a acordar do seu estupor já declarando seu tom sarcástico. Liliane ainda analisava cada Ideograma com muita atenção, ela pareciam em transe como se conectasse cada ideia escondia nas linhas da Matriz ganhando alguma compreensão. — Doutora? — O jovem a chamou mais uma vez. Quando ela "olhou" para o rapaz, o seu rosto floresceu em um sorriso.

— Quer que eu segure sua mãozinha, criança? — Ela bateu onde mais doía.

— Achei que não estava ouvindo. — Uma carranca se formou no rosto do adolescente.

— Vou lhe poupar desse constrangimento. Vamos fazer o seguinte: vou contar até três e, em seguida, damos um passo para dentro, tudo bem? — Jin concordou e ajustando sua respiração, ele se concentrou apenas na voz da mulher. — Um... Dois... Três! — Os dois avançaram, assim que tocaram na luz azul seus corpos balançaram e se distorceram até desaparecer no ar.

Foi uma pena que a dupla não percebeu que alguns metros de distância, um homem musculoso de pele bronzeada estava observando-os. Seu cabelo espetado, sorriso maléfico e os bastões metálicos duplos nas costas criava uma figura dominante.

— Olhos cinzas, braço coberto e roupas escura, então foi ele que matou Barba Ruiva? — Yu Han riu olhando um relógio de bolso que carregava consigo. — Tolos, sequer são Vassalos para provocar tamanha comoção na MINHA Guilda. Mal sabem que a cada 6 horas os locais de aparição se repetem. — Yu Han estava feliz consigo mesmo, sua Guilda gastou inúmeros recursos na Ruína, poucos conheciam esse fato. — Aproveitem seu último dia de vida, hahahaha!

 

*

 

Jin e Liliane mergulharam na luz azul sentindo as poderosas oscilações de Energia que banhavam os seus corpos. Parecia que algo os distorcia, separava e juntava em meio a um poder estranho e peculiar envolvendo os seus corpos.

Para Liliane, era como se estivesse cercada pelas brilhantes estrelas do céu, seu corpo parecia deitado no tecido do espaço, contemplando o infinito universo além de sua venda de seda. Jin, com uma percepção menor, foi bombardeado por luzes e flashes colidindo contra seu corpo, torturando-o a cada segundo.

Quando ambos reapareceram dentro de uma câmara da Ruína, balançaram a cabeça tonto, tentando se acostumar com a vertigem.

— Foi uma experiência interessante... — Liliane comentou, já recuperada.

— Não tanto... — Jin demorou um pouco mais, balançando a cabeça. — Minha cabeça parece ter sido atacada por mil abelhas.

— Com o tempo se acostuma. — Um toque de nostalgia escapou dos lábios da médica, sentindo a desorientação de Jin ao seu lado. — Bem, é melhor irmos, afinal, por que estamos perdendo tempo? — Ela relembrou as palavras dele na entrada.

— Eu realmente não sei o que a senhorita tem contra mim. — Jin arrebitou suas costas e caminhou para fora da câmera. Liliane tinha uma clara expressão de "é divertido".

Dentro da Ruína de Cobre, o ambiente era no mínimo majestoso. Jin se agachou tocando no chão que parecia ter sido escupido e polido na própria rocha. A cor era escura, com certo brilho metálico inebriante. Havia entalhes e detalhes sutis que davam um charme bem único de rusticidade.

Curioso, ele foi para as paredes tomadas por uma tonalidade branca azulada contrastando o pisto escuro. Após uma olhada, ele estendeu a mão sentindo a superfície lisa e fria. Seus dedos passeando pela rocha sentiu pequenos sulcos e ranhuras com a Energia fluindo. Essa Energia produzia a iluminação do ambiente como veias incandescentes, a maioria era de coloração branca, mas traços azuis e vermelhos podiam ser vista por aqui e ali.

— Esse lugar todo é uma Matriz. — Liliane chegou próximo do menino e imitou o gesto dele. — Quem for essa pessoa, de fato, era muito poderosa. Ela usou a própria rocha sólida da natureza para construir um local magnífico, e não usou padrões comuns de ligação de Matriz. Em vez disso, usou a própria natureza e esculpiu suas ideias nela permitindo que a energia fosse absorvida da natureza e corresse pelas Matrizes quase infinitamente. Quão profundo é isso! — Ela ficou maravilhada, tirando o chapéu de bambu e deixando seus cabelos cor de gelo caírem sobre os ombros até a cintura. Por trás da venda, seus olhos ocultos pareciam se abrir para toda a construção.

-... — Jin, não falou mais nada, recuando alguns passos ficou observando com interesse a mulher caminhando pela câmera buscando entender o que se passava ali dentro.

Depois de um tempo, ela voltou-se para o seu guarda-costas sem graça e se desculpou pela demora.

— Tudo bem. Sou o seu guarda-costas, o trajeto, parada, destino e até os tesouros encontrados são todas suas decisões. Meu dever é apenas protegê-la.

— Até que o senhorzinho é bastante profissional. — Ela passou por ele com peteleco na sua cabeça, o menino deu de ombros e seguiu atrás dela.

Os túneis eram a câmara, cheios de sulcos onde a Energia fluía. Em certas partes, a rocha nas paredes e no chão mudava de cor, ficando mais avermelhada ou amarelada. A iluminação das veias de Energia também variava, com trechos brilhando em branco intenso, enquanto em outros predominavam tons de azul, verde ou vermelho. Mas o que mais impressionava era como essas luzes contornavam as diversas gravuras entalhadas nas paredes, quase dando vida a elas.

O problema foi que toda essa maravilha desapareceu quando perceberam que estavam presos em um labirinto. Com tantos caminhos e becos sem saída, a dupla se via constantemente voltando atrás e tentando novas rotas.

— Isso será difícil. — Jin estava segurando uma caderneta e elaborando o mapa quando deparou com outra parede esculpida. Ele marcou um "x" na caderneta, fechou-a e a guardou, ficando desanimado.

— Dessa vez é uma coruja... — Liliane, ao contrário do jovem, não demonstrava frustração; pelo contrário, parecia uma arqueóloga mergulhando em cada detalhe da Ruína. — Acredito que esses são todos os Tantis que o criador desta Ruína avistou durante sua vida. — Ela tocou na gravura do animal que era banhado pela Energia branca do local.

— Essa é uma Coruja Asa de Ferro, a adulta é classificada no topo do ranque Torre, e suas Variações, como Coruja de Ferro Branco, são Bispos! — Jin completou.

— Você sabe muito...

— Eles predominam na região mais ao sul da Floresta Equatorial Sul, próxima às Cordilheiras da Morte. Seus filhotes já nascem Vassalos, e seus pais são altamente protetores. Tive o desprazer de encontrar uma. — Uma amargura dominou o rosto do adolescente quando se virava e voltava pelo caminho por onde vieram.

Liliane ficou ainda mais curiosa. Como um garoto tão jovem era capaz de sobreviver aos perigos da Terra Desolada a ponto de se tornar um guia? Ela se lembrou do seu período corriqueiro até chegar à Tribo Cabeça de Ferro e de Julieta, sua águia-marcial, mas não poderia ser apenas ela? Ela apressou os passos, ficando lado a lado dele, "encarando" bem os olhos cinzas.

— O que foi? — Ele recuou um passo para o lado, nervoso.

— Você desperta meu interesse. — Jin enrugou a testa. — Eu conheci diversas pessoas e atendi aos mais variados pacientes, mas nenhuma pessoa tão fraca quanto você é tão surpreendente.

— Isso era para ser um elogio?

— De certa forma... Se esforçar bastante, pode ser considerado. — O garoto revirou os olhos, e Liliane riu de sua reação. — É jovem, mas é capaz de andar por uma floresta rodeado de perigos

— Isso não é surpreendente. Muitos viajantes comuns fazem o mesmo. É primavera, então as coisas ficam menos agitadas nas redondezas. — Contrapôs tentando não chamar mais atenção dessa estranha mulher.

— Ainda não terminei. — Seu tom se tornou mais enigmático, com os lábios se espremendo. — É capaz de duelar contra Vassalos de Cobre, possui um estilo de luta único, além de ser bastante responsável. — A portadora da venda azul perseguiu o desviante globo cinzento.

— O mundo dos Especialistas é ainda mais surpreendente, eu só vi a sombra, mas posso dizer que com certeza, há pessoas muito mais únicas. — Permaneceu na defensiva, mesmo sabendo que apenas o tornava mais suspeito.

— E você parece desinteressado em quase tudo aqui dentro. Veja só, estamos em uma Ruína, o lugar das oportunidades, acabamos de descobrir que foi criado por alguém muito poderoso, e ainda assim, você parece completamente indiferente.

— Grandes oportunidades vêm acompanhadas por grandes riscos. Eu posso ser jovem, mas sei que pessoas morrem todos os dias atrás de oportunidades para ficarem fortes mais cedo. Correr atrás de poder para ser morto por ele? Não, obrigado.— Deu de ombros.

— Lembra do que eu disse...? — Os passos de Liliane pararam, ela abaixou a cabeça e depois prosseguiu. — Você é jovem, imprudente e ao mesmo tempo responsável. Parece buscar poder, sua esgrima é excelente e o corpo bastante forte. Então, por que, diante de tamanha oportunidade, você não está tentando? Ah... Não adianta dizer que é pelos riscos, considerando seu ofício, eu sequer acredito que qualquer coisa dentro daqui possa apresentar algum grau de ameaça sobre você...

Jin se virou, sentindo um arrepio nas costas. Olhando para a moça de cabeça abaixada, seus longos cabelos escondiam sua face. Mesmo ela sendo maior, ainda não podia ver qual era a expressão dela. Contudo, ele se sentia, como nunca antes, claro como cristal ao ser totalmente exposto.

Não havia provas, mas seu coração e intuição diziam que ela sabia quem ele era e do que ele era capaz. O problema foi quando ela o decifrou? No momento em que se encontraram? Não, ele mostrou quase nada... Foi o assassinato no bar? Ela ouviu suas palavras ou viu o que fez? Afinal, aquele cara era, no mínimo...

Quando Jin se deu conta, sua mão já estava no cabo da espada, pronto para o saque. Seu corpo já havia determinado que essa mulher era uma ameaça e devia ser morta!

— Hah... — Ele suspirou, acalmando o seu coração impulsivo e largando a mão na espada. — Tesouros, técnicas, artefatos, não importa o quanto eu os anseie, eu não posso mudar a ordem natural das coisas. — Fechou o punho e olhou para o seu braço direito.

—...?

— Com um talento como o meu, é improvável que algumas dessas coisas mudem meu destino antes que o destino me mate... Se eu verdadeiramente quero prevalecer contra o meu talento, devo me reinventar de uma forma que ninguém jamais fez antes! — O cinza em seus olhos brilharam em determinação, suas feições sérias e sua postura imponente estavam muito além de uma pessoa comum, muito menos de alguém de sua idade.

Ele desejava o poder como um louco. Poder era o que permitiria a Jin Onaha libertar sua irmã das garras da morte, a pessoa mais amada por ele. A única coisa não permitida era se precipitar; ele não poderia correr cegamente atrás de poder como uma mariposa em direção às chamas.

Quantos, em mil anos, nasceram com um talento tão ruim quanto o dele? E quantos conseguiram se superar? Essas pessoas eram mais escassas que o minério mais raro e precioso. Portanto, se ele quisesse ter uma chance de salvar sua irmã, ele deveria tentar algo que ninguém sequer imaginasse.

— Reinvenção? — Um sorriso de orelha a orelha com os dentes à mostra surgiu instantaneamente no rosto de Liliane. — Bom, muito bom. — Ela caminhou, um passo por vez, sem pressa, até estar ao lado de Jin. — Eu estarei esperando ansiosa, muito ansiosa. — A dona dos cabelos ciano "encarou" as profundezas cinzas do rapaz, empolgada.

Ela seguiu os passos dele para um enorme corredor. No final, havia uma curva à esquerda levando a um local desconhecido. Jin ouvia os passos de Liliane se afastando com muita hesitação.

Esse corredor era diferente de todos os outros.

Do lado direito, os detalhes formavam Tantis vagando pelas florestas, caçando e sendo caçados, as veias de luz brilhavam verde e vermelho, iluminando a metade direita de Jin Onaha. Na outra parede, eram figuras mais semelhantes aos homens, próximas entre si como se desenhasse um conto épico antigo. A energia que percorria os seus contornos era azul e branca e dominava sobre a parte esquerda de Liliane Yuki.

Esse corredor era diferente, porque era uma armadilha. E o garoto podia ouvir a sua ameaça vestida de mulher caminhando vagarosamente para o meio da armadilha. Ela seria morta, e a sensação de perigo em seu peito desapareceria.

Ping... Ping...

Mais alguns passos, e ela estaria morta. Sua mão direita abria e fechava ansiosa. Um pouco mais, apenas um pouco mais...

— É melhor parar. — Jin fechou os olhos com relutância, não ouvindo mais o som de passos. — Se continuar... Você morrerá. — Ele se virou e abriu os olhos, vendo Liliane parada.

Ping... Ping...

— Claro. — Cantarolou, com um sorriso no rosto, a mulher de 1,8 metros ajeitava os seus cabelos claros atrás da orelha. A sua bela figura parecia absorver toda a luz do túnel e resplandecer ainda mais radiante.

O corpo esguio e confiante denunciava ao rapaz a ciência dela pela armadilha mais à frente.