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Chapter 8 - Capítulo 7 No Asas do Amor?

— Ei, barba ruiva. — Foram as últimas palavras que o infeliz homem ouviu antes de Jin sacar sua espada e cortar-lhe a cabeça com toda a força em meio ao bar lotado de criminosos. 

Sangue espirrou por toda parte, enquanto o salão caía em silêncio. Todos ficaram surpresos pelo que acabaram de presenciar. Enquanto isso, Jin aproveitou para vasculhar o cadáver em busca de algo.

 — O que pensa está fazendo?! — Um dos bandidos na mesa brandou furioso explodindo sua Energia Interna. Vassalo de Ferro, pela intensidade, Ferro II ou Ferro III. 

Em seguida, todos em sua volta começou a liberar suas próprias Energias. O olhar do rapaz vagou por todos, e ele suspirou de alívio ao perceber que sua intuição estava correta. No recinto, não havia ninguém do ranque Cavaleiro.

 — Estou sob a ordem da Tribo Lagoa Azul. Esse homem matou um membro daquela tribo, e fui contratado para eliminá-lo. — Passou a mão no saquinho que continha sua Joia Dimensional retirando uma placa redonda com um cisne azul cravado. 

Quando todos viram a placa recuaram um passo assustado. 

Tribo Lagoa Azul era uma das maiores e mais influentes das Tribos Grandes. Famosa pela dedicação em estabelecer a ordem e a paz nesse mundo caótico das Terras Desoladas, sendo os principais inimigos da vilania e das Vilas e Tribos que abrigavam criminosos.

— Eu quero apenas o item que ele roubou da Lagoa Azul. Se me matarem, o item não será entregue, e os Especialistas da Lagoa Azul irão investigar — Essas palavras foram o bastante para intimidarem a todos. Nem uma Tribo com um Especialista Bispo poderia ser provocada com tamanha leviandade. — Exceto o item da Lagoa Azul, o que estiver no corpo dele, podem ficar.— Declarou limpando sua espada e saindo do bar. 

Ao colocar os pés para fora do local, todas as Energias explodiram de uma vez, gritos e golpes sendo trocados pelos criminosos, loucos para saber o que aquele criminoso de barba ruiva carregava. Jin não quis prestar atenção e seguiu em direção a Liliane, que estava parada alguns metros à frente.

— Encontrou uma pousada para passarmos a noite? — Jin perguntou à médica que o "encarava" com curiosidade, mas não comentou nada, muito menos de onde ele tinha saído ou do cheiro de sangue.

 — Talvez, mas ainda não verifiquei... É logo ali... — Liliane apontou para uma construção de madeira branca. Concordando, ambos se aproximaram, mas tiveram suas expressões endurecidas com o nome da hospedaria.

 — Asas do Amor... Espero que isso não seja, o que eu estou pensando que é... — Jin sentiu um rubor subir pelas bochechas procurando nos arredores algum outro lugar.

 — Pode apostar que é exatamente isso. Vamos. — A médica notou a ansiedade do rapaz ao seu lado e deixou escapar uma risadinha interior.

Você não gostou de me observar suada, seu pequeno cretino? Veremos quem vence nesse jogo. — Pensou iniciando sua vingança.

— Anda logo, não é como se nós não tivéssemos dormindo junto antes. — Ela o provocou adentrado no estabelecimento. 

 — Haha, engraçadinha. — Jin revirou os olhos. Dando uma última olhada ao redor, suas pupilas cinzas brilharam em tons de violeta e azul antes de voltarem à cor cinza. Suspirando, ele aceitou seu destino e seguiu Liliane.

 — Boa tarde. — A senhorita pequena do lado do balcão cumprimentou os dois visitantes. O cenário interno foi de cair o queixo. O local, perfeitamente arrumado, possuía alguns vasos de plantas e luminárias de bambu belíssimas. O ambiente arejado e limpo destoava completamente do exterior hostil.

— Eu quero um quarto. — Disse Liliane aproximando-se do balcão, impressionada com a decoração.

A senhorita, por outro lado, não respondeu imediatamente. Ela observou a mulher alta, com roupas masculinas e uma venda de seda azul debaixo do chapéu de bambu, depois, o rapaz de 1,60 metros, não tão alto quanto ela.

 — Desculpe, mas não alojamos casais com menos de 18 anos — Foi a resposta contundente e assertiva da atendente, o que fez a mulher de 1,80 metros rir.

 — Eu quero um quarto, quanto a ele, está por conta própria. 

 — Hmpf. — Jin torceu a cara vendo que essa médica havia feito de propósito. — Um quarto para mim, por gentileza. 

 — Oh, desculpe, sendo assim, serão 50 moedas de ouro a noite.

Caro! — Ambos pensaram simultaneamente, mas ao lembrar da bagunça que era o lado de fora, sacaram o dinheiro e pagaram com alegria. 

 — Fiquem à vontade, quartos 202 e 302. Segundo e terceiro andar, respectivamente. — Ela entregou um cartão entalhado com detalhes dourados e ideogramas por toda a superfície. 

Ambos assentiram, dirigindo-se à escada e depois aos quartos. O rapaz não perdeu tempo, indo direto para a cama macia. Ele tirou da Joia Dimensional inúmeros papéis marrons, todos com retratos de pessoas de má índole estampados na frente.

 — Acredito ter visto, esse.... Esse... Talvez esse... — Seus olhos percorriam as folhas, aqueles que tinha rosto familiar ele fazia um círculo, enquanto os que havia eliminado recebiam um "x". — Hum... — Ele viu o rosto do bandido de barba ruiva. — Ele deveria ser pelo menos mais forte segundo os registros. — Virou a folha lendo as informações escritas do alvo, seus crimes, habilidades básica, nível e crimes. Informações primordiais bem como fraquezas e possíveis fraquezas estavam também detalhadas. — Realmente um idiota. — Marcou um "x" e partiu para o próximo. — E ainda há um remanescente dos ladrões da Lagoa Azul... — Suspirou pelo trabalho exaustivo que havia assumido.. — Verdade, ainda falta o verdadeiro inimigo, o líder da Tribo Cabeça de Ferro...! Envenenar um vilarejo cheio de idosos, mulheres e crianças... — Fez algumas anotações com um sorriso perverso no rosto.

As horas passaram enquanto ele revisava os dados, principalmente daqueles com um círculo na folha. A noite caiu, dando início a mais um "dia" na Tribo Cabeça de Ferro. Se com o sol no alto a violência predominava na tribo, era apenas durante a noite que as coisas realmente aconteciam. 

 Os gritos se tornaram mais altos e explosões podiam ser ouvidas de vez em quando. Jin tentou se concentrar em sua tarefa, isolando-se do mundo exterior, mas quando as batidas vieram à sua porta, instintivamente ele segurou o cabo de sua espada e foi andando com passos cautelosos até a porta. Olhando pelo espelho mágico, viu uma Liliane transformada.

 — Não devia se vestir assim. — Foi o primeiro comentário de Jin ao encarar a bela mulher. Sem o vestido de seda, muito menos as roupas masculinas, a doutora Yuki estava vestida com um encantador vestido leve todo branco, cobrindo todo o seu corpo, sua venda possuía uma tonalidade pastel combinando com o "pijama". Apesar de ser uma roupa modesta, seu corpo era belo demais para ser camuflado por aquela camada de roupa.

 — Essas são minhas roupas de dormir, além disso, a maioria dos hóspedes estão trancando em seus quartos. 

 — Certo... — Deu o braço a torcer. — O que a senhorita deseja?

 — Podemos... Conversar? — Ela parecia hesitante. 

Jin olhou para sua cama coberta de folhas com rostos procurados e depois para a moça.

 — No seu quarto... Vamos. — Ele saiu fechando a porta, mas não antes da médica "olhar" para dentro do quarto com curiosidade.

Ping... Ping... 

 — Então vamos, hehe.

 

*

 

 Andando pelos corredores da hospedaria, era possível admirar o cuidado com que o local foi projetado. Plantas, luminárias, portas de sândalo, tudo contribuía para criar uma atmosfera limpa e agradável. O casal desceu as escadas circulares de pedra polida e dirigiram-se diretamente para o quarto da médica.

  — Jantar? — Abriu a porta e ofereceu com educação.

 — Não, vamos direto ao assunto. — Jin evitou espiar o entorno e se assentou na cadeira próxima à mesa no centro do quarto.

 — Oh... — Fez um biquinho chateada sentando após ele. — Bem, eu queria saber se já ouviu falar sobre a Ruína de Cobre da Tribo Cabeça de Ferro? — Seu tom tornou-se sério ao "encarar" as pupilas cinzas do jovem.

Ruína. Também conhecidas como Herança dos Especialistas, eram tumbas, cavernas ou provações criadas por poderosos Mestres de Matrizes para guardar seus segredos, tesouros e até mesmo seus legados. Havia até mesmo os cofres de tesouro das antigas famílias. Cada Ruína continha inúmeras surpresas, boas ou ruins, e caso alguém tivesse sorte, poderia ter uma ascensão no mundo dos Especialistas.

Exemplo da Tribo Cabeça de Ferro, apesar de ser fundada há pouco tempo, ela era, apesar de tudo, uma Tribo Pequena, status acima da Vila Ouro Preto. A principal razão era sua Ruína de Cobre, que oferecia tesouros, armas e artefatos do nível Cobre. 

Tesouros de Cobre eram benéficos principalmente para Vassalos, com pouco interesse para Cavaleiros, mas para Liliane e Jin, que sequer eram ranqueados, significava uma verdadeira mina de ouro. Caso contrário, como a Vila Ouro Preta, com Especialistas Cavaleiros de alto grau, permaneceria como uma Vila, e a Tribo Cabeça de Ferro já era considerada uma Tribo Pequena? Os tesouros atraíam pessoas, e o conjunto formava o poder. Mesmo que a maioria fosse bandida, sua força geral não podia ser subestimada.

 — Claro... — Jin deu de ombros com pouco interesse. Ele apoiou a mão sobre o rosto e descansou sobre a mesa, sem mais nenhuma vontade de ouvir. Isso não passou despercebido por Liliane, que estreitou as sobrancelhas. 

 — Sabia que ela antes era classificada como uma simples Ruína de Cobre Laranja, mas nos últimos meses alguém descobriu um artefato que permitiu formar seu Corpo de Combate, tornando um Vassalo de Cobre, com isso a classificação subiu para Cobre Cinza e pode ser até Cobre Azul! — Ela pareceu empolgada. Uma Ruína de Cobre Cinza, assim como os Potenciais, era uma das melhores Ruínas na classificação de Cobre, acima do Cobre Laranja, Vermelho e Amarelo, perdendo apenas para o Cobre Azul.

 — É... Ouvi algo sobre isso... — Não pareceu interessado.

 — Não está interessado? Pode haver tesouros que lhe permita forma seu Corpo de Combate rapidamente. — Ela estava falando de uma Ruína de Cobre Cinza, afinal. Como Jin poderia estar tão apático?

 — Pode até ser, mas sabe... Ruínas são locais perigosos, e estamos falando da Tribo Cabeça de Ferro. Há tantos criminosos aqui quanto estrelas no céu. Quer mesmo competir com esses bárbaros? No momento que encontrar um tesouro, sua cabeça será posta em uma bandeja. — Balançou a mão rejeitando.

 — Essa é a melhor parte, essa Ruína possui restrição de nível, apenas Vassalos e não ranqueados podem entrar!

 — Doutora.... — Jin espremeu os lábios em zombaria. — Isso quer dizer Vassalos de Diamante estarão lá dentro, se uma Ruína de Cobre Laranja não os atraia, uma Cinza ou Azul, com certeza, sim. Esqueça os Vassalos de Diamante, se um Vassalo de Ferro aparecer, não podemos sequer fugir!

O Corpo de Combate era essencial para qualquer pessoa se tornar um Especialista. Ele era composto por 5 princípios: corpo, Energia, maestria, armamento e conexão.

O corpo significava força e resistência. Um corpo de Vassalo de Ferro significava que ele foi treinado e refinado, tornando quase impossível para um Vassalo de Cobre feri-lo. Ou seja, o corpo de Vassalo de Ferro era imune a um Vassalo de Cobre. Sempre o nível superior seria imune a qualquer pessoa de nível inferior.

A Energia significava a capacidade de Energia Interna que uma pessoa possuía. Mesmo se um Vassalo de menor nível usasse toda sua Energia Interna, seria quase impossível ferir um Vassalo de nível maior, salvo raras exceções. 

A maestria, ou proficiência, era um atributo mais ambíguos, pois dependia de dois fatores. A primeira seria o Manual, um conjunto de movimentos e técnicas para o aumento geral dos atributos além da melhor utilização do armamento, um dos cinco pilares para o Corpo de Combate. Qualquer guerreiro, independente da classe, precisaria ter uma certa afinidade com a arma manejada, e quanto maior a afinidade e melhor a qualidade da arma, maior seria o desempenho na maestria.

Quanto melhor a qualidade do Manual, melhor seria a evolução do corpo, aumento da Energia e maestria do armamento. E o último fator, conexão. Embora todos os fatores estivessem condicionados aos Manuais, a conexão era o que permitia juntar tudo e potencializar. Era o atributo mais importante, e era ela a ser quantificada no Despertar,o famoso Potencial. 

A conexão de uma pessoa não está condicionada de uma única maneira. Selina Onaha, por exemplo, tinha uma conexão terrível com a espada, tornando-se o pior talento em 1.000 anos, mas isso não significaria que para outras armas e Manuais seria o mesmo. Era uma pena que todos os Onaha fossem proibidos de usar qualquer outra arma além da espada, tornando a vida dos de baixo Potencial terrível.

 — Mas você pode ferir Vassalos de Cobre mesmo não tendo o Corpo de Combate. — Ela atacou no ponto certo.

 — Mas estou quase completando. — Contra argumentou de imediato. — Com um pouco de Energia Externa, mais o que aprimorei, eu posso desferir um ataque ou dois em Vassalos de Cobre, mas de Ferro ou Ouro... — Ele riu de si mesmo. — São apenas um sonho. Do que adianta, encontrar um tesouro e morrer logo depois. Às vezes, ser "fraco" permite sobreviver por mais tempo. — Ele encarou seu braço direito todo coberto.

Que a verdade seja dita, Jin tinha Energia Interna, o corpo, a maestria e afinidade com o armamento elevados o bastante para ser um Vassalo de Cobre, mas seu talento de Laranja I impossibilitava-o de conectar todos os seus pontos fortes e criar seu Corpo de Combate. Provando que não importa o quão esforçado ele fosse, se não pudesse amarrar todas as suas qualidades, seria impossível criar e Refinar o Corpo de Combate. 

E o Refinamento era o que impossibilitava aqueles de nível inferior machucar os de nível superior.

 — Então é assim...? Permanecer fraca...? — Liliane ponderou consigo mesmo. 

 — A senhorita quer se torna uma Especialista? — O jovem retrucou onde mais doía na mulher. 

Criar o Corpo de Combate não era fácil. Clara, poderia ser contada como uma aberração por ter feito isso antes dos 15. Mas a maioria conseguiria entre 15 e 20 anos. Liliane parecia estar além de seus 27 e ainda não tinha um. Jin poderia simpatizar com ela, afinal, ela poderia ser justamente o seu futuro.

 — Não é isso... — Uma tristeza passeou em sua voz. — Se... — Ela abriu a boca desviando do assunto. — Se eu o contratar como meu guarda-costas, entraria na Ruína comigo?

 — Agora você falou na minha língua. — Embora Jin não estivesse com vontade de ir, o dinheiro, mais sua simpatia, poderiam muito bem fazê-lo colocar seu pescoço à prova.

Talvez essa fosse até uma ótima oportunidade para atrair aquelas pessoas. Ele se lembrou das folhas marrons de procurados em cima da sua cama.