Enquanto Naoya tentava raciocinar sobre o que havia acontecido, Mayumi segurava uma carta em sua mão, seu olhar fixo no papel enquanto uma expressão de tristeza se delineava em seu rosto. Após respirar fundo, ela levantou a cabeça e olhou diretamente para Naoya.
— Naoya, eu preciso te falar uma coisa.
Naoya observou Mayumi com curiosidade e um leve aperto no peito, notando a seriedade em seus olhos. Ele engoliu em seco, preparando-se para o que quer que ela fosse dizer.
— O que é, Mayumi?
Ele perguntou, tentando manter a calma, embora seu coração estivesse acelerado.
Mayumi segurou a carta com firmeza, sua expressão transmitindo uma mistura de tristeza e determinação.
— Recebi esta carta hoje de manhã. É do meu tio que mora fora do Japão. Ele me convidou para estudar intercâmbio nos Estados Unidos. Se eu aceitar a proposta, tenho que deixar o Japão em dois meses. O que eu faço?
Naoya ficou chocado com a notícia, sentindo como se o chão tivesse sido puxado debaixo de seus pés. Ele olhou para Mayumi, vendo a angústia em seu rosto, e soube que essa era uma situação difícil para ela.
— Mayumi, eu... sinto muito. Não sei o que dizer.
As palavras de Naoya saíram fracas, sua mente girando enquanto tentava processar a notícia.
Mayumi forçou um sorriso triste e colocou a carta de lado.
— Eu sei que é difícil de acreditar, Naoya. Mas eu queria que você soubesse. Eu queria que me ajudasse a decidir.
Naoya sentiu um nó se formar em sua garganta. Ele sabia que teria que lidar com essa nova reviravolta em suas vidas juntos, mas no momento, tudo o que podia fazer era abraçar Mayumi com força, buscando conforto na presença um do outro.
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Algumas horas atrás…
Ali parado, imóvel, Naoya não conseguia acreditar no que estava acontecendo naquele momento. Ele havia recebido um beijo repentino de Mayumi, a mesma que sempre demonstrava desprezo por ele. Sua mente estava confusa com aquele acontecimento, tentando processar o significado por trás daquele gesto inesperado. Sentimentos conflitantes o inundaram enquanto ele tentava entender o que aquilo poderia significar para o futuro deles.
Com o coração acelerado e a mente confusa, Naoya olhou nos olhos de Mayumi, tentando encontrar alguma explicação para o gesto surpreendente dela. Ele viu uma mistura de emoções refletidas ali: incerteza, vulnerabilidade e talvez até um lampejo de esperança.
Mayumi quebrou o silêncio tenso que pairava entre eles, sua voz soando hesitante.
— Eu... Naoya, eu não sei como explicar... Mas há algo que eu preciso te dizer. Eu tenho escondido meus verdadeiros sentimentos por tanto tempo, mas agora eu percebi que não posso mais continuar fingindo.
Naoya engoliu em seco, captando a gravidade das palavras de Mayumi. Seu coração começou a bater ainda mais rápido, uma mistura de ansiedade e expectativa se agitando dentro dele.
— O que você quer dizer, Mayumi? — Ele conseguiu articular, sua voz um sussurro tenso.
Mayumi olhou para baixo por um momento, reunindo coragem antes de encontrar o olhar de Naoya mais uma vez.
— Eu... Eu acho que talvez eu sinta algo por você, Naoya. Algo mais do que apenas amizade.
As palavras de Mayumi ecoaram na mente de Naoya, deixando-o atordoado. Ele nunca teria imaginado que Mayumi poderia ter sentimentos por ele, considerando sua relação conturbada no passado. Mas ali, naquele momento, ele viu uma sinceridade genuína nos olhos dela, e uma faísca de esperança se acendeu em seu próprio coração.
Ao ouvir as palavras de Naoya, um nó se formou na garganta de Mayumi e um peso sufocante se instalou em seu peito. Ela olhou para ele, tentando ler a expressão em seu rosto, mas tudo o que viu foi a hesitação e a incerteza.
— Me desculpe, Mayumi, mas eu não sei como responder a isso. - As palavras de Naoya cortaram o silêncio, ecoando na mente de Mayumi como um eco doloroso.
Um misto de tristeza e desapontamento tomou conta dela. Ela havia se aberto, revelando seus sentimentos mais profundos, e agora se sentia exposta e vulnerável diante da rejeição silenciosa de Naoya.
As lágrimas começaram a brotar em seus olhos, mas ela lutou para contê-las, não querendo mostrar sua fragilidade naquele momento. Ela tentou forjar um sorriso, mas seus lábios tremiam com a tentativa.
— Tudo bem, Naoya. Eu entendo. - Sua voz saiu embargada, carregada de uma triste resignação. Ela se virou, incapaz de encarar o olhar de Naoya por mais tempo, e deu alguns passos para longe dele.
Enquanto caminhava para longe, Mayumi lutava para conter as lágrimas que ameaçavam transbordar. Ela sentia como se tivesse aberto seu coração apenas para tê-lo partido em pedaços diante de seus olhos. E agora, ela se via sozinha, perdida em um mar de emoções tumultuadas e incertezas sobre o futuro.
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Mayumi afastou-se lentamente, sentindo o peso das palavras de Naoya pesando em seus ombros. Cada passo era uma luta contra a dor que se instalava em seu peito, uma batalha silenciosa que ela travava consigo mesma para manter a compostura.
Enquanto tentava conter as lágrimas, Mayumi sentia uma sensação de vazio se espalhando dentro dela. Era como se uma parte dela tivesse sido arrancada, deixando um vazio doloroso em seu lugar.
Ela se afastou cada vez mais, até que finalmente encontrou um lugar isolado onde pudesse desabar sem ser vista. Ali, entre as sombras, ela permitiu que as lágrimas rolassem livremente, soluçando silenciosamente enquanto o peso da rejeição se abatia sobre ela.
Por um momento, tudo o que Mayumi pôde sentir foi a dor avassaladora de ter seu coração partido. Mas à medida que as lágrimas começaram a secar e a calma se instalou, ela se viu envolta por uma determinação silenciosa.
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Algumas horas depois…
Após um momento de reflexão sobre o que dizer a Mayumi, Naoya sentiu seu peito apertar. Aquela notícia sobre o intercâmbio para os Estados Unidos o pegara completamente de surpresa. Ele não conseguia conter a enxurrada de pensamentos e emoções que inundavam sua mente.
A perspectiva de Mayumi deixar o país, especialmente após tudo o que haviam compartilhado e os sentimentos que haviam surgido entre eles, deixou Naoya se sentindo perdido e desamparado. Era como se o chão tivesse sido puxado debaixo de seus pés, deixando-o sem rumo em um mar de incertezas.
Ele se perguntou se deveria ter sido mais rápido em expressar seus próprios sentimentos, se deveria ter lutado mais para impedir que ela partisse. Mas agora era tarde demais para lamentações. O tempo parecia escorrer por entre seus dedos, levando consigo as oportunidades perdidas e os momentos que nunca mais voltariam.
Com um suspiro pesado, Naoya decidiu que não podia simplesmente ficar parado enquanto Mayumi partia. Ele tinha que agir, tinha que encontrar uma maneira de mostrar a ela o quanto significava para ele.
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Decidido a tentar entender o que ela iria fazer, Naoya decidiu não deixar ela aceitar aquela viagem, ele então respirou fundo e olhou fixamente para ela:
— Mayumi, eu não quero que você vá neste intercâmbio.
Aquelas palavras acertaram no fundo do coração de Mayumi que corou e encolheu seus ombros de vergonha.
— V-v-você está certo desta decisão?
— Sim. Por que?
— Você pareceu tão destemido e possessivo que fez meu coração acelerar por um momento. agora assuma a responsabilidade.
Quando Naoya ouviu aquelas palavras, seu coração pulou uma batida, seu rosto estava vermelho como um tomate, ele então resolveu pegar em seu telefone para tentar se acalmar, ele notou que depois daquela súbita aparição daquela garota estranha no parque chamando ele pelo nome, ele não havia recebido nenhum e-mail daquele número desconhecido. Aquilo era um tanto curioso, pois ele não conseguia responder aquelas mensagens, enquanto olhava atentamente para seu celular um e-mail havia chegado, havia uma mensagem de um número desconhecido, curioso para saber quem seria, ele clicou no perfil da pessoa, a foto era de uma cerejeira e o nome contido ali era apenas um conjunto de corações.
"Quando as cerejeiras florescem, elas transformam os lugares em verdadeiras obras de arte, não acha? Todos param para ver a queda das folhas, transformando aquilo em um evento único, assim como o nosso reencontro, Nao-kun. Você está ansioso para isso?"
Aquela mensagem veio acompanhada de um poema, e Naoya sorriu ao terminar de lê-la. Era a primeira vez que ele conseguia responder a uma mensagem anônima, e sua curiosidade para saber quem era não podia ser contida. Sem hesitar, ele digitou uma resposta.
"Quem é?"
Não demorou muito para a resposta chegar, e Naoya se surpreendeu com a rapidez.
"Então você se esqueceu de nossa promessa, Nao-kun?"
Ao reconhecer o tom da mensagem, Naoya sorriu, percebendo de quem se tratava.
"Luana?"
"Pimpom."
"Estou voltando para minha cidade natal, e mal posso esperar para te ver."
"Por que você sumiu este tempo todo?"
"Hmm, é uma longa história. Mas você ainda tem a outra metade do colar-cadeado?"
Naoya hesitou por um momento antes de responder. Ela havia sido direta sobre o colar-cadeado, mas ele não podia negar que aquela lembrança trouxe à tona uma série de memórias.
"Sim, ainda guardo a outra metade."
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Enquanto observava Naoya conversar animadamente ao telefone, Mayumi sentiu uma sensação estranha se instalando em seu peito. Era um incômodo sutil, mas persistente, que a deixava inquieta.
Ao ver o sorriso raro de Naoya, Mayumi não pôde deixar de se perguntar por que ele estava tão feliz. Aquilo mexia com ela de uma maneira que ela não conseguia explicar. Ela encostou a mão em seu peito, sentindo-o apertado, como se uma pressão invisível estivesse se acumulando dentro dela.
"Por que ele precisa sorrir assim enquanto fala ao telefone?" Ela se questionou interiormente, tentando entender a origem de seus sentimentos. Mas então, uma ideia desconfortável se fez presente em sua mente.
"Espera... eu estou com ciúmes?" Mayumi pensou, sentindo um calafrio percorrer sua espinha. A ideia parecia absurda, mas ao mesmo tempo, fazia um certo sentido.
"Não, não, não, isso não pode estar acontecendo." Ela tentou se convencer, mas as dúvidas persistiam. Lembranças de suas próprias confissões para Naoya surgiram em sua mente, e ela percebeu que, de certa forma, seus sentimentos por ele haviam se tornado mais profundos do que ela imaginava.
"Mas por quê?" Ela se perguntou, perplexa. "Talvez... talvez seja porque, quando estou perto dele, me sinto mais tranquila, mais calma e feliz." A realização a atingiu como um raio, e Mayumi se viu confrontando uma verdade que havia tentado evitar por tanto tempo.
Era assustador admitir, mas ela estava apaixonada por Naoya. E o sorriso dele ao telefone só servia para intensificar aquele sentimento, despertando uma mistura de emoções que ela não podia mais ignorar.