Parada de frente para Naoya, Naomi sorriu ao ver a expressão que ele fazia naquele momento.
— Até que enfim nos reencontramos, Naoya. Eu esperei tanto tempo por isso.
— Luana?
Ao ver aquela garota frente a frente, Naoya sentiu uma mistura de surpresa e confusão. Era como se o passado estivesse se materializando diante de seus olhos, trazendo consigo uma enxurrada de memórias há muito esquecidas.
— Luana... — ele murmurou, pronunciando o nome que ela havia adotado anos atrás.
Naquele momento, as lembranças começaram a inundar sua mente. Os dias de infância passados juntos, as aventuras compartilhadas e os segredos trocados. Era como se o tempo tivesse retrocedido e ele estivesse novamente diante de sua amiga de longa data.
— Eu também esperei por este momento, Luana. — Naoya finalmente respondeu, um leve sorriso surgindo em seus lábios enquanto olhava para ela com ternura.
Por um instante, o tempo pareceu congelar ao redor deles, e Naoya soube que aquele reencontro era apenas o começo de uma jornada repleta de emoções e descobertas.
☪
12 anos atrás…
Eu nunca havia pensado muito sobre o amor. Para mim, sentimentos eram complicados, complexos e muitas vezes dolorosos. Quando criança, tudo o que eu queria era brincar, fazer amizades e aproveitar minha infância. Mas tudo mudou quando conheci aquele que transformaria minha vida de maneiras que eu nunca poderia imaginar.
Nossa história começou no playground do parque. Sim, pode soar como um clichê de romance ou um anime típico, mas foi lá que nos encontramos pela primeira vez. Eu não tinha amigos, e as outras crianças sempre me evitavam. Eu já estava acostumada a brincar sozinha, até que ele se aproximou.
No começo, fiquei assustada e recuei com medo. Mas sua reação foi diferente. Ele simplesmente sorriu para mim. Aquela atitude incomum me deixou curiosa. Era a primeira vez que alguém não me olhava com desprezo. Pelo contrário, todos os dias ele se aproximava de mim.
Devido à minha saúde frágil, eu sempre usava luvas. As pessoas costumavam pensar que eu tinha nojo, mas ele nunca demonstrou qualquer repulsa. Ao contrário, ele aceitou minha peculiaridade sem questionar, e isso me fez sentir um calor reconfortante dentro de mim.
À medida que os dias passavam, nossa amizade crescia cada vez mais forte. Ele não se importava com as luvas que eu usava, e eu me sentia à vontade ao seu lado, algo que nunca havia experimentado antes.
Com ele, descobri um mundo de aventuras e diversão que antes parecia inatingível. Juntos, exploramos cada canto do parque, inventamos jogos e compartilhamos segredos. Ele me mostrou que ser diferente não era algo a ser temido, mas sim celebrado.
No entanto, conforme nos aproximávamos, também surgiam desafios. As outras crianças ainda zombavam de mim por causa das minhas luvas, e às vezes isso me fazia questionar nossa amizade. Mas toda vez que eu duvidava, ele estava lá para me lembrar do verdadeiro significado da amizade e do apoio mútuo.
À medida que crescíamos juntos, percebi que meus sentimentos por ele estavam mudando. A amizade que compartilhávamos se transformava em algo mais profundo, algo que eu não sabia como nomear na época.
Então, em um dia especial no parque, enquanto o sol se punha no horizonte e as luzes brilhavam ao nosso redor, eu finalmente encontrei as palavras para expressar o que estava sentindo. Com o coração acelerado, olhei para ele e sussurrei:
"Eu te amo."
E naquele momento, percebi que o amor não precisava ser complicado. Era simplesmente a conexão especial que compartilhávamos, e nada mais importava além disso.
☪
Quando aquelas palavras ecoaram pelos ouvidos de Naoya, ele se assustou. Seu rosto ficou completamente vermelho, e seus ombros se encolheram involuntariamente. Ele não sabia como responder ou reagir àquela situação repentina. Respirando fundo para tentar acalmar seus nervos, Naoya olhou para Naomi, que também estava corada e visivelmente inquieta.
— N-nossa, isso foi inesperado. Fico feliz que tenha sentimentos por mim. Isso me alegra muito. — Ele conseguiu articular, tentando esconder a confusão que sentia.
Ao ouvir aquelas palavras, Naomi corou ainda mais e tirou do bolso de seu vestido jardineira um colar partido ao meio, entregando uma das partes a Naoya.
— Toma. — Ela disse, com um misto de nervosismo e determinação.
— Para que isso? — Naoya perguntou, surpreso.
— Quando nos encontrarmos de novo, e este coração se unir novamente, então... Então nós seremos marido e mulher. — Ela explicou, sua voz carregada de emoção.
Naoya corou intensamente ao ouvir aquelas palavras. Seu coração pulou uma batida e disparou, deixando-o sem saber como reagir naquele momento. Incapaz de continuar olhando para ela, ele virou o rosto para disfarçar a vergonha que sentia.
Foi quando ela beijou sua bochecha. O beijo foi breve, durou apenas alguns segundos, mas para Naoya, pareceu uma eternidade. Ele congelou, sem saber como reagir. Quando finalmente teve coragem de virar o rosto novamente em direção a Naomi, viu que ela já havia se levantado e estava olhando fixamente para a frente. Ajeitando uma das mechas de seu cabelo atrás da orelha, ela sorriu enquanto o observava.
— É uma promessa, tá? — Ela disse suavemente.
— T-Tá bom. — Naoya respondeu, ainda processando tudo o que acabara de acontecer.
Após aquele momento constrangedor, Naoya ficou perdido em seus próprios pensamentos. Ele não conseguia entender completamente o que estava acontecendo, e a confusão em sua mente só aumentava. Enquanto Naomi o observava com um olhar esperançoso, ele tentava reunir coragem para enfrentar a situação.
— Naoya, eu... eu realmente espero que possamos nos encontrar novamente em breve. — A voz suave de Naomi quebrou o silêncio, trazendo-o de volta à realidade.
Ele olhou para ela, seus olhos transmitindo uma mistura de gratidão e incerteza. "Sim, eu... eu também espero, Luana."
Com um sorriso gentil, ela se afastou lentamente, deixando Naoya sozinho com seus pensamentos tumultuados. Ele permaneceu ali, absorvendo tudo o que acabara de acontecer e tentando entender o que aquilo significava para ele e para o futuro. Era uma promessa que ele tinha que cumprir? Ele tinha sentimentos verdadeiros por Naomi? As perguntas ecoavam em sua mente, sem encontrar respostas imediatas.
Enquanto ele refletia sobre tudo aquilo, uma sensação de determinação começou a crescer dentro dele. Ele sabia que tinha que encontrar suas próprias respostas e seguir em frente, enfrentando o que quer que o destino reservasse para ele. Com esse pensamento em mente, Naoya se levantou e começou a caminhar, pronto para o próximo capítulo de sua vida.
Quando Naomi chegou em casa sorridente, sua mãe a olhou surpresa; era a primeira vez em muito tempo que ela havia visto sua filha sorrir daquela forma.
— Qual o motivo para tanta felicidade assim?
— Mamãe, eu acho que estou apaixonada.
— Eu fico feliz que esteja feliz, mas você não se esqueceu do nosso acordo, não é?
Ao ouvir aquelas palavras, Naomi entristeceu. Com o tempo que passou com Naoya, ela esqueceu completamente do acordo que fez com sua mãe. Não havia como ela mudar os termos para passar mais tempo com Naoya.
— Mamãe, eu sei que combinamos de nos mudar para os Estados Unidos para buscar a cura da minha doença, mas não podemos mudar a data, não?
— Filha, eu sei como se sente. Afinal, ele é seu primeiro amor e você quer passar mais tempo com ele. Mas eu não consigo ver minha filha a cada dia piorando ainda mais o seu quadro. Já foi decidido, viajaremos amanhã.
— Mas… isso não vai dar tempo para eu me despedir dele. Por favor, me dê mais tempo para me despedir dele.
— Naomi, eu disse não! Isso não é você quem decide. Eu e seu pai já chegamos a um acordo e viajaremos amanhã. Conforme-se. Quando você se curar, poderá ter o tempo que quiser com ele.
Naomi sabia que aquele momento chegaria, o momento da despedida, onde teria que se despedir dos amigos que fez. Ela se preparou mentalmente para isso antes de conhecer Naoya. Ela havia decidido não manter as amizades para não ter que dizer adeus, mas ao conhecer Naoya, ela não conseguiu se afastar dele; sua amizade evoluiu para um sentimento mais profundo do que a amizade.
— Eu sabia que este dia chegaria, mas não pensei que fosse tão rápido. Eu não queria ter que me afastar dele, mas vou dar meu melhor para poder ir vê-lo mais rápido. Eu não quero me afastar dele. Eu e ele vamos criar uma história juntos, ter nossos filhos e uma casinha. Espere por mim, Nao-kun, eu vou voltar.
Enquanto arrumava sua mala, Naomi pensava em Naoya e qual seria a reação que ele faria ao revê-la. Imaginar aquela cena fez com que ela sorrisse. Sua mãe, que estava na porta, ao ver a felicidade de sua filha, recuou, virando-se para as escadas.
— Minha pequena está crescendo tão rápido. Eu nem a reconheço mais. Aquela frágil garota agora está tão diferente.
A mãe de Naomi sorriu enquanto se conformava com a mudança da filha. Aqui era totalmente difícil de acreditar. Para quem tentou mudar o dia da viagem, aceitar tão rápido e sem ficar mal ou rebelde é algo que só acontece quando se amadurece e se passa a entender o peso de suas escolhas.