Parado à sua frente estava uma pessoa familiar. As memórias, que aos poucos se degradavam com o tempo, voltaram à tona como um flash.
— Como? Por que? — perguntou ele, com voz trêmula.
— Nao-kun, você está feliz em ver a Naomi? — respondeu ela, com um sorriso que trazia consigo a doçura e a complexidade de emoções compartilhadas no passado.
Após um curto momento de silêncio, carregado de surpresa e emoção, Naoya finalmente encontrou suas palavras.
— Luana, eu... eu não acredito que é realmente você. Depois de todos esses anos, pensei que... — Sua voz falhava, interrompida pelas emoções que lutavam para se manter sob controle.
— Eu sei, Nao-kun, eu sei. — Naomi deu um passo à frente, diminuindo a distância entre eles. — Tem sido uma eternidade, não é? Mas eu precisava te ver, precisava saber como você estava. E, mais importante, queria te dizer algo que nunca tive a chance de dizer antes.
O reencontro inesperado dessas duas almas, outrora inseparáveis, agora abriu as portas para revelações não ditas e sentimentos não expressos. O cenário ao redor parecia desvanecer enquanto eles se reencontravam, não apenas fisicamente, mas em um nível emocional profundo, desconhecido até então.
— O que você queria me dizer? — perguntou Naoya, enquanto segurava a mão de Naomi e a encarava nos olhos.
Naomi respirou fundo e olhou diretamente para ele.
— Nao-kun, me desculpe, mas eu menti para você todo este tempo. Eu nunca me chamei Luana. Eu menti para você desde o início.
— Por que fez isso? Por que mentiu para mim? — indagou Naoya, confuso.
— Naquela época, fiquei assustada com você, então menti sobre o meu nome. Mas agora, permita-me apresentar-me corretamente. Meu nome verdadeiro é Naomi Shirakawa.
Ao ouvir as palavras de Naomi, Naoya ficou surpreso. Ele olhou para ela, tentando processar a revelação. Tudo fazia sentido agora. As pequenas pistas que ele tinha sobre "Luana" nunca se encaixaram completamente, mas agora, diante da verdade, tudo começava a se encaixar.
— Naomi... — murmurou Naoya, seu coração batendo forte no peito. — Por que não me contou antes?
Naomi baixou os olhos, uma expressão de arrependimento em seu rosto.
— Eu estava com medo... Medo de que você me rejeitasse se soubesse a verdade. Mas agora percebo que não poderia continuar escondendo isso de você. Eu queria ser honesta e verdadeira contigo.
Naoya segurou suavemente o rosto de Naomi com as mãos, erguendo seu queixo para que ela olhasse em seus olhos.
— Não precisa ter medo, Naomi. Eu... Eu me importo com você, não importa o que aconteça. O seu nome não muda os sentimentos que tenho por você.
Naomi olhou profundamente nos olhos de Naoya, sentindo o calor reconfortante de suas palavras. Ela sorriu timidamente, sentindo-se aliviada por finalmente ter compartilhado a verdade com ele.
— Obrigada, Naoya. Por ser tão compreensivo... por ser você.
Os dois ficaram ali por um momento, perdidos em seus próprios pensamentos e sentimentos. O reencontro, embora marcado pela revelação, também trouxe uma sensação de proximidade e confiança entre eles, fortalecendo ainda mais o vínculo que compartilhavam.
Mayumi sentiu como se seu mundo estivesse desmoronando diante de seus olhos. A visão de Naoya sorrindo para outra garota era como um punhal atravessando seu coração. Ela lutou para conter as lágrimas, mas era uma batalha perdida. As lágrimas escorriam livremente por seu rosto, refletindo a dor e a confusão que ela estava sentindo.
— Por que, Naoya? — sussurrou ela para si mesma, sua voz embargada pela tristeza. — Será que tudo o que compartilhamos não significou nada para você? Você nunca sorriu assim para mim.
Seu coração estava em pedaços enquanto ela lutava para entender seus próprios sentimentos. Ela queria confrontar Naoya, questioná-lo sobre seus verdadeiros sentimentos, mas ao mesmo tempo, tinha medo das respostas que poderia receber.
Enquanto permanecia ali, escondida atrás da parede, Mayumi lutava para encontrar alguma solução para a agonia que a consumia. Ela sabia que não podia continuar assim, presa em um ciclo de dor e incerteza. Era hora de enfrentar seus sentimentos e descobrir a verdade, mesmo que isso significasse enfrentar o inevitável.
Com o coração pesado, Mayumi decidiu que era hora de confrontar Naoya e esclarecer seus sentimentos de uma vez por todas. Ela secou as lágrimas e respirou fundo, reunindo toda a coragem que tinha dentro dela. Com passos hesitantes, ela saiu de seu esconderijo e se aproximou de Naoya e Naomi.
Naoya, ao vê-la se aproximar, ficou surpreso e confuso. Ele notou imediatamente a expressão triste no rosto de Mayumi e sentiu um aperto em seu próprio coração. Ele queria saber o que estava errado, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, Mayumi tomou a palavra.
— Naoya, precisamos conversar — disse ela, sua voz tremendo ligeiramente. — Eu vi vocês dois conversando e... eu não pude deixar de notar como você estava sorrindo.
Naoya ficou em silêncio por um momento, processando as palavras de Mayumi. Ele sabia que suas interações com Naomi haviam sido mal interpretadas, mas ele não sabia como explicar isso a Mayumi sem magoá-la ainda mais.
— Mayumi, eu posso explicar... — começou ele, mas Mayumi o interrompeu.
— Não, Naoya. Eu entendo — disse ela, com a voz embargada. — Eu entendo que talvez eu tenha interpretado tudo errado. Talvez eu tenha colocado minhas esperanças em algo que nunca existiu.
As palavras de Mayumi cortaram Naoya como uma faca afiada. Ele nunca quis magoá-la, mas agora percebia que suas ações inadvertidamente causaram dor a alguém que ele realmente se importava.
— Mayumi, por favor, me ouça — implorou Naoya, sua voz cheia de angústia. — Eu nunca quis te machucar. Você significa muito para mim, mais do que eu posso expressar em palavras.
Mayumi olhou nos olhos de Naoya e viu a sinceridade em seu olhar. Ela não sabia se ele estava falando a verdade ou não, mas mesmo assim, o peso da situação era esmagador demais para suportar.
— Eu... eu preciso de um tempo — disse ela, sua voz trêmula. — Um tempo para descobrir o que realmente sinto e o que quero fazer a seguir.
Sem esperar por uma resposta de Naoya, Mayumi virou-se e começou a se afastar. As lágrimas voltaram a escorrer por seu rosto, mas desta vez, ela sabia que precisava enfrentar suas emoções de frente e encontrar seu próprio caminho para a felicidade. Encarar aquele fardo pesado e seguir em frente.
Enquanto Naoya tentava processar o que acabara de acontecer, ele sentiu uma aura assassina atrás de si. Com medo de se virar, ele suou frio, sentindo medo.
—Nao-kun, poderia me explicar o que aconteceu? E quem era aquela garota? Dependendo da sua resposta, A Naomi não irá te matar por ter traído ela.
Naoya engoliu em seco ao ouvir aquelas palavras, sentindo-se ainda mais pressionado pela situação. Ele sabia que tinha que explicar tudo a Mayumi, mas agora ele se via diante de um novo desafio: explicar a situação para Naomi sem machucá-la ainda mais.
Com um suspiro nervoso, Naoya se virou para encarar Naomi, vendo a determinação em seus olhos. Ele sabia que não podia esconder a verdade dela.
— Naomi, eu entendo que você esteja confusa e com raiva — começou ele, escolhendo suas palavras com cuidado. — Mas a verdade é que aquela garota não significa nada para mim. Ela é apenas uma amiga, e o que aconteceu entre nós foi um mal-entendido.
Naomi olhou para ele, suas sobrancelhas franzidas em desconfiança.
— Um mal-entendido? — repetiu ela, sua voz afiada como uma lâmina. — Então me explique esse "mal-entendido", Naoya. Eu estou esperando.
Naoya respirou fundo, preparando-se para explicar tudo a Naomi, esperando que suas palavras fossem suficientes para acalmar a tempestade que se formava diante dele.
Naoya respirou fundo, tentando organizar seus pensamentos enquanto buscava as palavras certas para explicar a situação. Ele sabia que não podia esconder nada de Naomi, especialmente agora que ela estava se abrindo sobre sua verdadeira identidade.
— Naomi, eu entendo que possa parecer estranho você me ver conversando com outra garota, especialmente depois de tudo o que compartilhamos. Mas a verdade é que essa garota, Mayumi, é a minha noiva que o governo decidiu — começou Naoya, mantendo um tom calmo e sincero. — Não há nada romântico entre nós, e o que aconteceu hoje foi um mal-entendido.
Naomi olhou para ele, seus olhos azuis penetrantes buscando por qualquer sinal de falsidade em suas palavras.
— Um mal-entendido? — repetiu ela, sua voz carregada de ceticismo. — E como você pode explicar aquele abraço repentino e o beijo na bochecha?
Naoya se sentiu encurralado, mas sabia que tinha que ser honesto com Naomi.
— Aquilo... Foi um gesto de amizade, nada mais. Eu entendo que possa ter parecido algo diferente, mas eu juro que não foi minha intenção magoá-la.
Naomi permaneceu em silêncio por um momento, processando as palavras de Naoya. Finalmente, ela suspirou e abaixou o olhar, parecendo mais calma.
— Eu quero acreditar em você, Naoya. Mas por favor, seja mais cuidadoso no futuro. Eu confio em você, mas isso não significa que não me machuca ver você tão próximo de outra garota.
Naoya sentiu um peso se dissipar de seus ombros ao ver a reação de Naomi. Ele sabia que ainda tinha muito a esclarecer, mas pelo menos agora eles estavam tendo uma conversa aberta e honesta sobre seus sentimentos.
Naoya fechou os olhos por um momento, tentando acalmar a tempestade de emoções que rugia dentro dele. Ele sabia que a mentira era necessária para proteger Naomi e evitar mal-entendidos, mas isso não tornava mais fácil lidar com a culpa que pesava em seu coração.
"Eu só espero que Mayumi possa entender um dia", pensou ele, sentindo o peso da responsabilidade sobre seus ombros. Mesmo que sua mente estivesse racionalizando a situação, seu coração ainda doía com a ideia de ter que magoar alguém que ele realmente se importava.
Com um suspiro resignado, Naoya ergueu a cabeça e olhou para o céu, buscando alguma resposta nas estrelas que pontilhavam a noite escura. Ele sabia que tinha que seguir em frente e enfrentar as consequências de suas escolhas, mas o caminho à frente parecia cada vez mais incerto.
"Espero que um dia eu possa fazer as coisas certas", murmurou ele para si mesmo, determinado a encontrar uma maneira de conciliar seus sentimentos conflitantes e seguir em frente com integridade e honestidade.