Hoje é dia 8 de Abril de 2024, mais conhecido como o dia do início das aulas no Centro Acadêmico Especial de Yokohama. Esta será a primeira vez que testemunharei esse dia, já que voltei no tempo antes de chegar nesta data.
As primeiras aulas do dia começarão logo após a cerimônia de abertura, que será realizada no pátio deste colégio.
Estou no portão de entrada para a escola, e aqui consigo encontrar diversos alunos felizes e confiantes para o ano letivo. Perto dessas pessoas, eu me destaco de um jeito ruim.
Provavelmente sou o único nesse cenário que não parece animado com o início das aulas.
Como já havia pensado antes, a CAEY é muito bela com seus detalhes modernos e suas árvores de cerejeiras majestosas.
Mas não é como se eu estivesse com vontade de admirá-las nesse momento.
Eu vou me direcionando ao pátio junto com os outros alunos que estavam entrando na escola.
Eu me pergunto se verei alguém que conheço hoje.
A CAEY é gigantesca, para dizer o mínimo. Consigo notar que haverá muitas possibilidades de clubes quando a escolha for disponível.
Caminho mais um pouco, até chegar no pátio, onde ocorreria a cerimônia de início.
Novamente, o pátio é exageradamente grande, considerando que o número de alunos nessa escola não está perto de ser o maior.
Várias cadeiras sem marcação de lugar estavam posicionadas em fileiras para esperar os alunos.
Sento-me em uma das últimas cadeiras, enquanto esperava a cerimônia iniciar.
"Suspiro."
Foi minha escolha frequentar esta escola, mesmo depois de tudo aquilo acontecer. Não posso desperdiçar a chance que consegui depois de passar nos exames de entrada.
Quando todos os alunos já haviam ocupado as cadeiras, as luzes se apagaram por completo, exceto um holofote, que foi ligado posteriormente.
Tal holofote apontava em direção ao palco do pátio, que estava vazio no momento.
Então, de repente, alguém aparece. Um homem alto e que manifesta experiência e poder sobe em cima do palco e fica de frente ao holofote e à mesa de honra.
Com um microfone na mão, ele começa a usá-lo para iniciar a cerimônia de início das aulas.
"Olá a todos. Sejam muito bem vindos, primeiro ano, ao Centro Acadêmico Especial de Yokohama, mais conhecido como CAEY. E bem vindos de volta, alunos do segundo e terceiro anos. Esta será a cerimônia, que além de introduzi-los à instituição de ensino, dará o início ao ano letivo a todos os alunos do ensino médio. Eu sou o diretor de vocês, e espero ansiosamente por essa oportunidade de conhecer os novos alunos."
Então este deve ser o diretor da escola, a pessoa mais importante desse lugar. Por isso que a sua autoridade estava óbvia, mas ele não deve ser um homem ruim.
O diretor explicou diversos assuntos sobre a CAEY, explicando detalhadamente todos os aspectos importantes e prestigiados da nossa escola. Seu discurso foi um tanto quanto cansativo, por isso deixei sua apresentação de lado e comecei a pensar um pouco mais sobre as inconsistências dessa viagem no tempo.
Ultimamente, esses pensamentos se tornaram as únicas coisas que pensava sobre, é muito triste perder os meus pais, afinal.
Eu não quero esquecê-los, eu não quero que a morte deles seja ignorada posteriormente por mim. Por mais que vou começar o ensino médio daqui a pouco, eles faleceram muito cedo, e não quero seguir em frente sem eles.
"Agora, depois da minha apresentação à escola, veremos o discurso do nosso presidente do conselho estudantil. Por favor, presidente, suba no palco." Com o discurso do diretor encerrado, esse tal presidente do conselho se levanta de sua cadeira e vai em direção à mesa de honra e também ao microfone.
"Bom dia a todos os alunos dessa escola. Me chamo Genkei Nakano, e sou o presidente do conselho estudantil de vocês. Gostaria de desejar boas vindas a todos os alunos do primeiro ano, que estarão em fase de adaptação à nova escola a partir de hoje…"
"Suspiro…"
Essa cerimônia com certeza não é uma das mais interessantes.
O presidente do conselho estudantil tem uma postura tão séria e calma que a maioria dos alunos novos estão sonolentos e dispersos. Eu sou um deles, considerando que dormi pouco nesses últimos dias, tive muito o que pensar.
"Encerro o meu discurso enfatizando a importância do estudo e do esforço dos alunos em ambiente escolar, mas também nunca se deve esquecer que a saúde mental em bom estado é extremamente necessária. Desejo a todos um ótimo início de ano letivo, e se alguém tiver alguma dúvida, peço que venha procurar ajuda a um dos professores ou alguém do conselho estudantil para ajudá-los."
A apresentação do presidente finalmente foi concluída, e os alunos que estavam dormindo rapidamente foram acordados com a movimentação dos estudantes que se levantaram para começar a procurar suas salas.
Eu também me levantei, e sabendo que conseguiria um lugar bom para me sentar na minha sala, que era a 1-B, decidi procurá-la com rapidez.
Depois de seguir o fluxo de alunos por um tempo, encontrei a minha sala, que estava relativamente próxima da entrada de um prédio que fazia parte da escola.
Sentei-me em uma cadeira no canto da sala, um lugar onde menos pessoas poderiam me interromper durante a aula.
"Agora preciso esperar a primeira aula começar", eu disse, enquanto muitos alunos começaram a entrar na minha sala.
Então, quando o primeiro sinal antes da aula começar tocou, ela apareceu.
A senhorita Hashimoto entrou na sala, demonstrando felicidade mas ao mesmo tempo nervosismo. Ela não só começou a se aproximar de mim logo quando me avistou, mas também decidiu sentar ao lado da minha mesa com um sorriso inocente.
Decidi fingir que não me importava dela sentar ao meu lado, mesmo que alguns outros meninos da sala devem ter ficado com inveja por suas reações.
A senhorita Hashimoto me observou sutilmente enquanto a aula não começava. Ela provavelmente gostaria de conversar comigo.
Mas, quando menos estava esperando, sinto o toque de uma mão no meu ombro. Eu estava prestando atenção à senhoria Hashimoto, então nem havia lembrado que tem uma outra pessoa desta sala que já conhecia antes desse dia.
"E aí, Ayato? Não nos vemos faz alguns meses, verdade?"
Quem disse isso foi um dos meus poucos amigos da minha antiga escola, Fukui Asashi.
Quando percebi o seu nome no quadro, além de estranhar a sua escolha de escola para estudar no ensino médio, também me perguntei sobre o quanto ele teve que estudar para conseguir uma vaga nessa prestigiosa escola, ele nunca foi o aluno mais esforçado ou o mais inteligente, nem perto disso, afinal.
Tento respondê-lo para não parecer que estou o ignorando.
"É, tipo isso…"
Não faz tanto tempo assim desde que falo com ele, mas pela sua expressão, eu consigo notar que ele está surpreso pela minha súbita mudança de tratamento às outras pessoas.
"Você… tá bem, Ayato?", ele pergunta, preocupado comigo.
Ultimamente, essa pergunta ficou muito presente na minha vida, não só por causa dos meus familiares, mas também de amigos como o Fukui.
Talvez porque eu realmente não esteja no meu melhor momento.
Eu não consigo realmente explicar o que estou sentindo para as pessoas, elas podem ficar preocupadas ou podem rir na frente do meu rosto.
Sinceramente, não acho que alguma consolação vai resolver a dor no coração que eu sinto, muito menos o oposto disso.
Os alunos não sabem o que realmente aconteceu comigo, por isso que vão achar estranho o jeito que estou agindo.
"Eu estou bem. Agora sente em alguma mesa pois a aula vai começar daqui a pouco," eu disse com um tom imperativo a fim de fazê-lo parar de me incomodar.
"Claro, claro. Eu já estou indo…"
Ele se sentou na mesa à frente da minha, como era de se esperar, mas não me incomoda muito ter alguém como ele por perto, é até melhor do que outra pessoa desconhecida.
A senhorita Hashimoto, pensando que eu não estava percebendo, continuou a me observar. Alguns alunos começaram a rodeá-la, mas ela parecia não se importar muito.
O professor finalmente chega na sala e os alunos são forçados a fazer introduções.
O Fukui e a senhorita Hashimoto são dois dos primeiros alunos a se apresentarem. A energia deles e suas habilidades comunicativas explicam bem o porquê.
Eu decidi ser um dos últimos, indo até o quadro e escrevendo o meu nome.
"Me chamo Ayato Unten. Tenho 15 anos, gosto de ouvir música e ler livros."
Como eu gostaria, eu fiz uma apresentação básica e genérica, assim não prestariam muita atenção em mim posteriormente.
É o que eu pensava, mas quando voltei à minha mesa, de repente, alguns alunos ficaram conversando entre si.
Eu consigo imaginar o motivo por todas essas 'fofocas', mas prefiro imaginar que é por algo não tão ruim.
Depois das apresentações, a aula enfim se iniciou, e felizmente, eu pude relaxar um pouco.
Na hora de sair da escola, eu encontro a senhorita Hashimoto parada na saída. Ela parecia estar esperando alguém, que no caso era obviamente eu.
Tentei passar despercebido por ela, mas infelizmente não deu certo.
"E– Ei… Unten, é seu sobrenome?"
"Sou eu. Precisa de algo?", eu falo.
Mesmo mantendo a distância com outras pessoas, não posso deixar de responder as pessoas que me perguntam algo importante.
"N– Não é nada! É só que eu te encontrei no incêndio, e você parecia estar… ferido. Só queria te perguntar se você já se recuperou daquele dia…"
"Me desculpe, mas eu não quero falar sobre isso agora," eu disse, rejeitando sua proposta de falar sobre o incêndio comigo.
Comecei a andar de volta até minha casa, enquanto a senhorita Hashimoto ficou surpresa com a minha resposta. Logo depois, ela desistiu de tentar falar comigo, e foi na direção oposta que estava indo.
"Que dia cansativo," murmurei, enquanto esperava por um dia realmente bom depois da morte dos meus pais.