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Chapter 11 - Capítulo 3.2: A Busca por Verdades

"Suspiro…"

Por que eu cedi tão facilmente? Eu realmente sou uma pessoa muito fraca, sou uma grande decepção.

Como eu pude baixar a minha guarda com a senhorita Hashimoto? Não posso continuar desse jeito, eu devo evitá-la de qualquer forma a partir em diante.

Ela conseguiu me distrair e chamar a minha atenção, mas da próxima vez, será diferente.

Ninguém pode descobrir sobre a morte dos meus pais, não quero que mais pessoas sofram, e o mais importante, não quero mais perder alguém importante para mim.

Eu sinto muito, senhorita Hashimoto. Eu ainda desconheço de suas intenções, mas me aproximar de você deve ser algo dispensável.

Depois de deixá-la até o hospital, decidi voltar para minha casa, considerando que já estava ficando bem tarde.

Minha irmã provavelmente ficará preocupada comigo, mas não tenho como evitar. Já era para eu estar em casa, afinal, para começar minha pesquisa sobre o espelho.

Mesmo sabendo que preciso desvendar esse mistério rapidamente, eu sei que ainda preciso voltar ao porão da escola, isso é devido a falta de pistas que possuo no momento.

Deveria ter ficado por mais tempo da última vez, talvez eu poderia encontrar mais algo…

"Saia deste lugar, imediatamente."

"Ah…"

Fiquei com calafrios logo depois de lembrar desse momento.

"O… que era aquilo?"

São tantas perguntas, e quase nenhuma resposta. É como se a minha mente fosse explodir de tanta informação que recebi em tão pouco tempo.

Talvez seria melhor anotar tudo que eu percebi que pode ser usado para resolver tudo isso. Mas ainda preciso pensar melhor sobre.

Nem vou mais conseguir ir até o porão nesse horário, a senhorita Hashimoto demonstrou muito bem que interagir com outras pessoas pode atrapalhar os meus planos.

Agora estou ainda mais confiante de que não devo mais me aproximar dos alunos em minha classe.

Depois de um tempo caminhando no escuro, consequentemente cheguei em minha casa.

"Estou de volta," eu disse em voz alta.

Minha irmã, que estava de frente à porta, começou a me encarar com uma expressão, tanto zangada quanto preocupada.

Ela é superprotetora, de fato. Ainda mais agora depois da morte dos nossos pais, já que ela provavelmente agora entende que sua responsabilidade deveria ser ainda maior do que antes.

Minha irmã pode ficar preocupada comigo, mas na minha opinião, ela é a que foi a mais impactada pelo falecimento deles. Agora, não conseguindo se concentrar nos estudos, ela está cuidando mais da casa e trabalhando mais para conseguir nos sustentar.

Ela é uma das poucas pessoas que eu ainda me importo hoje em dia.

Como eu sempre soube, ela também esconde seus sentimentos, não para enganar as outras pessoas, mas para enganar a si mesma, mentindo e escondendo verdades do seu próprio cérebro.

Eu não consigo ignorar esse aspecto de sua personalidade preocupante.

"Por que você demorou tanto!? O que estava fazendo nessa hora?", minha irmã chega até mim e fala.

"Tive algumas inconveniências no caminho, mas já consegui resolver tudo."

"Q– que bom…"

Sem saber exatamente do que eu estava falando, ela apenas responde brevemente.

"Vou ficar no meu quarto estudando, gostaria que você não me interrompesse, por favor. Preciso me concentrar bastante nessa noite."

"Pode ser, mas você não vai querer jantar não?"

"Não estou com fome, pode jantar sem mim hoje."

Eu subo as escadas até chegar em meu quarto.

Preciso juntar todas as informações que tenho a fim de criar hipóteses melhores para explicar tudo isso. Não tenho entendimento o bastante para desvendar isso agora, considerando que posso estar mexendo com algo sobrenatural e além da minha compreensão.

Pego um papel, um lápis e borracha, e sento em minha mesa de estudos para anotar os pontos mais importantes de toda essa história.

Primeiramente, o próprio incêndio. Não faz sentido ele ser tão grande como era no momento, a escola inteira foi pega pelo fogo, literalmente.

Junto com o blackout que ocorreu durante o próprio incêndio, eu não posso deixar de notar que isso tudo pode ter sido proposital.

Mas para quê um incêndio culposo naquela escola? Simplesmente não faz sentido por enquanto.

O fogo acabou tirando a vida do senhor Nagumo, que está sumido desde que voltei no tempo. Mas pelo que parece, as pessoas esqueceram da existência dele, e isso é muito preocupante, como se eu não tivesse voltado no tempo, e sim eu teria ido para uma nova realidade onde o senhor Nagumo não existe.

Estava pensando sobre tantos eventos anormais que nem tive tempo de refletir sobre o senhor Nagumo e o seu desaparecimento. 

Talvez seja porque eu já aceitei a morte dele, mesmo que sua presença fosse muito importante para mim.

Ao contrário dele, não estou satisfeito com a morte dos meus pais. Eles sumiram de forma tão misteriosa, tanto que seus corpos nunca foram encontrados. Pelo que eu entendi, nesse 'novo mundo', as pessoas não deixam seus corpos na Terra quando morrem, considerando que em noticiários, desaparecimento pode ser sinônimo de morte.

Talvez eles poderiam nem estar no incêndio sabendo que os mundos de agora e antes não são idênticos, mas nenhuma pessoa conseguiu encontrá-los, então eles devem ter falecido independentemente.

Se o incêndio realmente foi culposo, eu nunca irei perdoar quem fez isso por puro prazer.

Apenas não estou desesperado por vingança pois ainda há chances de tudo isso ser uma grande coincidência infortuna, que é exatamente o que eu desejo, pois seria muito ruim lidar com pessoas que apenas sabem espalhar o ódio e o desespero nessa cidade.

Só de pensar que meus pais podem ter morrido por culpa de alguém mal intencionado, eu fico enojado.

Falando sobre nojo, há também aquele homem que falou comigo logo depois de eu voltar no tempo, mas eu não tenho nenhuma pista ou referência que possa me ajudar a descobrir quem ele é.

Talvez ele possa estar relacionado a tudo que aconteceu comigo, mas infelizmente, não tenho certeza alguma. Mas suas ações suspeitas como andar em direção ao fogo e de repente desaparecer me deixa desconfiado. 

"Não espere que nos encontraremos novamente, posso dizer que sou um tanto quanto excêntrico em relação a seguir padrões."

Pode ser que eu nunca tenha mais informações a respeito dessa pessoa, mesmo que ele fosse a 'chave' para eu conseguir entender basicamente tudo sobre o incêndio.

O porão da escola é outro aspecto importante, considerando que foi lá onde encontrei o espelho que mudou completamente a minha vida para pior. Encontrei diversas máquinas desligadas, e também um vulto assustador e irreconhecível no final do corredor. 

Preciso voltar até lá a fim de encontrar mais pistas sobre o incêndio, mesmo sendo uma tarefa trabalhosa e perigosa. Com certeza não explorei quase nada daquele local.

Será que eu consigo encontrar algo sobre o espelho na internet? É improvável, mas possível. As chances de que a existência desse artefato seja mencionada em algum lugar é mínima, pois qualquer um que descobrisse sobre isso gostaria de escondê-lo, ou por bem ou por mal.

Talvez amanhã eu volte ao porão, não tenho nada a fazer no sábado de qualquer jeito.

Eu, que estava pensativo na minha cadeira que eu uso para estudar, decidi deitar na minha cama.

"Ainda está meio cedo para a hora de dormir, mas…"

Até que não é tão ruim assim ficar encarando o teto do meu quarto, como alguém sem rumo, como uma pessoa com agora poucos propósitos para sua vida.

Ultimamente, a morte dos meus pais foi a única lembrança que passava pela minha cabeça, ecoando como se não houvesse desfecho. Eu me pergunto quando isso vai mudar.

Só gostaria de ter paz novamente, e esquecer todas as minhas preocupações, como… era… antes…

Por que… eu estou me sentindo… tão cansado?

Então, inesperadamente, comecei a ouvir vozes.

'Se você está cansado demais da sua vida, acabe você mesmo com ela.'

"…Não quero agora…"

'Acabe com ela.'

"Por que está… tão escuro aqui?"

'Acabe com ela.'

"Por favor…"

'Acabe com ela.'

"Por favor… pare…"

'Não tem mais o que você fazer por aqui.'

"Ah!", eu rapidamente me levantei da minha cama.

Estou sem fôlego, os meus pulmões começam a doer por causa da minha respiração intensa.

Algumas lágrimas vagamente caíram do meu rosto até a minha mão, que estava tremendo incansavelmente.

"Por que…"

Eu devo ter tido mais um desses pesadelos, que venho tendo ultimamente, desde o que aconteceu.

Todas as noites, sempre quando fecho os meus olhos para dormir, eu tenho mais e mais pesadelos que me assombram.

Apenas não consigo me lembrar da maioria, mas dos que ainda me recordo, não são nada bons.

Talvez realmente tenha algo de errado comigo.

Se eu acordei da minha cama, talvez hoje já seja sábado, considerando que o meu quarto está iluminado pela luz solar.

Eu realmente vou precisar ir novamente até o porão? Da próxima vez que eu for, preciso coletar o maior número de informações possíveis, assim não precisarei ir mais vezes até lá.

Não posso esquecer o quão perigosa será essa tarefa, talvez eu tenha sido sortudo demais por não encontrar 'ninguém' naquele local.

Vou até o banheiro para limpar o meu rosto, mas então percebi o quão tristes e vazias estavam minhas expressões. Os pesadelos devem compor uma grande parte da culpa por minha cara estar desse jeito.

Como eu disse antes, estou cansado de lidar com as pessoas da minha escola, estou cansado de estudar, estou cansado de procurar a resposta pela morte dos meus pais, estou cansado de tudo, basicamente. Se pelo menos houvesse algo que me fizesse relaxar um pouco além de apenas dormir.

Talvez um clube crie uma distração para mim, ou talvez um novo hobby que gostaria de aprender… Não importa, esse não é meu objetivo no momento, seria mais como algo secundário.

Vou pensar em algo que realmente me interessa, preciso fazer preparações para garantir minha sobrevivência e furtividade para sair ileso das consequências.

Começo a montar uma mochila com itens essenciais, como lanterna, garrafa de água, comida, óculos extra, curativos, isqueiro… Não queria que ela ficasse tão pesada, mas talvez seja melhor dessa maneira.

"Hmmm…"

Procurei mais objetos para colocar na mochila, mas não achei nada de muito interessante, exceto…

Não sei exatamente como usar isso da maneira que estou pensando, mas minha pouca habilidade dá para o gasto, eu acho.

"...Talvez eu possa levar isso, apenas em casos de emergência, claro."

Seria melhor se eu não precisasse usar isso, mas não posso esperar pelo melhor resultado.

Minha mochila, depois de pronta, ficou com um peso relativamente pesado, mas ainda estava com um peso bom o bastante para carregá-la nas costas.

Hoje é dia 13 de abril de 2024, por volta das 8 da manhã. Em um sábado e neste horário, minha irmã sempre está dormindo, e dessa vez não é diferente.

Preparado e calmo, resolvo finalmente sair de casa para ir novamente até a escola queimada pelo fogo.

"Estou saindo," eu digo, mesmo sabendo que minha irmã não acordaria com o que eu falei.

Tranquei a porta de casa e fui até a escola, mas no caminho, encontrei o Fukui.

Ele não deve ter percebido minha presença, o que faz sentido, já que estou longe dele.

O Fukui estava rodeado por outras pessoas, conversando e andando com elas enquanto isso.

"Parece que ele já fez novos amigos…"

Claro que seria desse jeito no ensino médio depois de eu ter ignorado ele por uma semana inteira.

Suas habilidades comunicativas com certeza contribuíram bastante para ele ter esses amigos agora.

Eu nunca fui muito comunicativo, mas antigamente, eu tinha vários amigos em que poderia confiar.

Mas agora, muitas coisas mudaram, e estou sozinho. Mas não vou reclamar, eu mesmo quis que isso acontecesse.

Estou grato que ele conseguiu se enturmar com pessoas novas, pelo menos. Seria uma pessoa ruim se eu não estivesse. 

"Suspiro…"

Com as mãos nos bolsos e com pressa, deixei de observar o Fukui e continuei a caminhar até a minha escola de ensino fundamental.

"Aqui está ela," eu disse, logo depois de avistar o destino que estava tentando chegar.

Como o esperado, os policiais já não estavam mais aqui. Apenas um terreno com uma construção praticamente toda destruída. 

Considerando o que lembro, a escola era praticamente toda feita de madeira, isso deve ter contribuído para a destruição dela em decorrência do fogo, mesmo que não seja o bastante para causar um incêndio como aquele.

Os policiais podem não estar mais aqui, mas será que vou encontrar outra pessoa lá?

Pelo que me recordo, a sala do diretor está mais ou menos por aqui. É nessa sala que fica a entrada, mas talvez algumas outras entradas devem existir pelo tamanho do porão.

Como será que o diretor dessa escola estaria envolvido na criação desse lugar secreto? Ter uma entrada escondida logo na sua sala é suspeito demais.

Quem era o diretor mesmo? Eu não lembro o nome dele, mas aquele homem está livre, sem ninguém que desconfie-o ou persiga-o.

A entrada está exatamente aqui, onde ficava uma supostamente inútil mesa, mas que o fogo a desintegrou.

Então, eu imediatamente descobri algo perturbador.

"Os escombros… onde estão eles?"

Tranquei a entrada ao porão colocando alguns destroços da escola gerados pelo fogo, assim seria mais difícil para qualquer um entrar e sair daquele lugar.

Percebi que tudo que eu coloquei em cima da porta de entrada ao porão havia sumido.

"Isso é muito ruim."

Significa que com toda certeza pelo menos alguém veio para cá desde a última vez que pisei aqui.

Talvez eu realmente não estarei sozinho nesse lugar.

Eu engulo minha saliva, e lentamente abro o portão.

Meu coração bate forte, começo a suar e minha ansiedade chega no seu pico. O que eu menos queria nesse lugar seria a presença de outra pessoa, ou qualquer que seja aquele vulto não identificado.

Desço as escadas sem fazer nenhum barulho, mas inesperadamente, o ambiente não estava escuro. As luzes no porão estavam completamente ligadas. Que estranho…

Verifiquei se haviam câmeras de segurança no local, mas não encontrei nada, felizmente.

Ainda sem fazer barulho, me escondi por um tempo no quarto do espelho, que obviamente não estava lá no momento pois eu o guardei na minha casa.

Estou ofegante, mas não posso deixar que ouçam o som da minha respiração.

Parece que por enquanto, ninguém está aqui. Isso é um alívio agora.

Depois de um tempo escondido apenas para confirmar se realmente ninguém apareceria, comecei a procurar por mais pistas.

O porão é um lugar bem organizado para dizer o mínimo, quase não há poeira no chão, e até a própria estética desse lugar é bem-feita.

Fiquei por alguns minutos apenas observando o lugar, quando percebi algo estranho.

Em uma sala, também vazia, encontrei anotações ilegíveis em um papel. Parecia que uma língua diferente estava sendo utilizada, mas eu não tive certeza. Decidi levar o papel comigo, poderia ser bem útil, afinal. Quanto mais pistas, melhor.

Foi logo depois desse momento, que percebi algo chocante escrito em uma parede, algo que eu conseguia entender.

"Você precisou morrer, Ryoichi."

Tal frase estava com uma cor avermelhada carmesim.

"O– O quê…?"

Por que isso está escrito aqui?

Na verdade, por que isso está escrito?

"Não pode ser…"

Será mesmo esse Ryoichi que estou pensando?

"Esse é…"

Minha respiração volta a ficar forte e meu coração começa a bater mais rápido.

"Isso significa que..."

Fecho meus pulsos com força.

"Quem escreveu isso irá pagar pelo que fez."