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Chapter 14 - Capítulo 3.5: O Mistério da Piscina

"Ah… olá. Eu estava te esperando neste lugar. Aqui parece bem vazio e sombrio, não concorda? Não era assim como eu lembrava. Um lugar onde as gotas de chuva não alcançam, mas continua sendo depressivo. Onde a noite não alcança, é o que também impede o dia de chegar."

"..."

"Mesmo que não seja o lugar ideal, ainda foi construído por nós humanos, o que é impressionante."

"..."

"Ei… você sabe qual é a parte incrível dos relacionamentos humanos, Ayato?"

"..."

"É que elas dependem de outros fatores humanos para existirem. Vamos pegar um exemplo… você sabe como o ser humano moderno conseguiu se sobressair comparado a outras raças que compartilham um ancestral em comum, mesmo sabendo que os últimos eram mais fortes que nossa espécie? Os humanos criaram uma sociedade, se ajudaram, coletaram recursos juntos, lutavam juntos contra doenças e predadores… coisas que os nossos ancestrais não conseguiram fazer."

"..."

"Suspiro… A individualidade humana nos torna diferentes dos outros, nos torna especiais. Nós fomos feitos para cooperar como espécie, é isto que estou dizendo, mas…

Talvez já tenha sido tarde demais para dar esse recado, me desculpe."

"..."

"Então… não fique desse jeito, por favor… mesmo sabendo que errou, assim como eu sei que errei."

Meu despertador toca freneticamente e rapidamente me levanto da minha cama.

"Ah… Isso deve ter sido um sonho…", eu acordo, cansado como ordinariamente. 

"Quem… era essa pessoa neste meu sonho…? Talvez… o senhor Nagumo?"

Esse sonho foi diferente de algum jeito, mas não sei o porquê. Pelo menos, ele não foi tão ruim quanto os pesadelos que tive nas últimas noites.

Parece que já está na hora de ir para a escola, vou me arrumar.

Coloco meu uniforme escolar, faço um café da manhã para mim, pego minha mochila e saio de casa para mais um dia na CAEY.

Descobri tantas coisas no sábado, e isso vai me ajudar muito a saber mais sobre aquela organização.

Não tenho muitos propósitos desde que meus pais morreram, então minha vida agora se resume a encontrar o culpado do incêndio. Seria bom encontrar uma motivação ainda mais forte que isso, mas eu não consigo, não agora.

Hoje é dia 15 de abril, a segunda semana de aula finalmente começa, mas senti como se os primeiros cinco dias tivessem demorado muito mais que o normal. Desde o desastre do dia primeiro de abril que minha vida ficou deste jeito, para ser franco.

Estou andando até a escola mais uma vez, enquanto observo as cerejeiras que rodeiam as ruas de Yokohama. Apareceu também uma espécie de obra perto da costa, algo relacionado à mineração, mas que, pelos símbolos espalhados pelas máquinas, consigo perceber que é do próprio governo do Japão.

Sempre tenho um sentimento de déjà-vu indo para a escola, sabendo que isso é por culpa do espelho e seus poderes "místicos".

Essa repetição constante, ter que ir para a escola todos os dias, encarar os problemas da mesma maneira, minha constante procura pela resposta…

… alguns ousam considerar isso como insanidade, e eu não sou uma das pessoas que pode negar essa afirmação.

Nos primeiros dias de aula, tanto o Fukui quanto a Hashimoto me perturbavam a todo momento, mas sei somente os motivos de um deles para todo esse incômodo. 

Agora tenho mais pistas que me fazem chegar mais perto de descobrir tudo sobre o porão. O problema é que, no momento, uma das pessoas que conhecem aquele lugar sabe do meu rosto e minha voz, isso vai me atrapalhar bastante e pode até ameaçar a vida da minha irmã, que é a última pessoa em que me importo nesse mundo.

"Kenji Hayashi…" Não consegui matá-lo, fui muito descuidado, pois sabia que ninguém daquele lugar deveria ver minha face. Eu poderia apenas ter me escondido enquanto aquele homem passava pelo corredor, mas também era uma opção arriscada no caso dele ficar lá por muito tempo.

Porém, matar alguém é um erro que ninguém consegue desfazer, mas às vezes é um mal necessário, principalmente em defesa própria e de terceiros.

Será que eu deveria ter tirado a sua vida? Será que não fiz isso justamente por ter medo das consequências?

Agora não tenho mais escolha de qualquer forma, preciso lidar com isso de alguma maneira.

Estou indo para a escola várias vezes, mas não consigo esquecer nada que aconteceu com a minha família. Será que ainda vale a pena andar em direção à CAEY, enquanto observo as cerejeiras?

"Suspiro…" Isso não me leva a lugar algum.

Entrando na escola, cercada por muros e câmeras de segurança, percebo que construções posteriormente anunciadas pelo diretor foram iniciadas em diversas áreas pelo câmpus.

Antes, imaginava que tais obras começariam durante o intervalo de verão, ou em alguma outra época do ano em que não haveria aulas, mas pelo visto elas eram necessárias o bastante para já começarem neste fim de semana.

Bloqueando a minha passagem até minha classe, um grande grupo de pessoas estava reunido em um dos corredores, todos tentando entrar em uma área específica da escola.

Não estou muito familiarizado com o mapeamento do câmpus, mas se eu não me engano, essa é a área do clube de natação.

"Por que será que tantas pessoas estão aqui?", eu me pergunto no momento.

Discretamente me junto a essa multidão, ouvindo pessoas, também curiosas, falando sobre a piscina.

"Hã? Aquela é a nossa piscina? O que aconteceu?", uma garota perguntou à sua amiga.

"Não sei… vamos perguntar para a supervisora do clube de natação!", a outra, também confusa, responde.

Curioso, tentei observar a piscina de longe, mas aquela quantidade surpreendente de pessoas estava atrapalhando minha visão.

"Talvez se eu chegar um pouco mais próximo…", foi o que pensei no momento.

Passei na frente de diversos outros alunos que também estavam tentando observar o ocorrido, cada vez mais percebendo o que realmente aconteceu com a área de piscina.

"Então esta é a causa de comoção…"

Vários rachamentos e buracos estavam espalhados por toda a área, não só na piscina, mas assim como pelas paredes.

O prejuízo para consertar a piscina com certeza não será pequeno. O clube de natação absolutamente vai ficar sem aula por um tempo considerável.

Interessante… muito interessante… porém, infelizmente, não tenho tempo para descobrir o motivo para isso acontecer, e eu também não estou envolvido nesse problema, ou seja, não é minha responsabilidade.

Observei o relógio na parede, apontando

É melhor eu sair daqui, a primeira aula começará em breve. 

Antes de me retirar, percebi a Hashimoto, encarando a piscina com terror. Seus olhos, que geralmente pareciam ser "brilhantes", estavam bastante "apagados" no momento. Seu rosto começou a transpirar, suas pupilas dilataram e suas mãos estavam tiritando, mas não fui o único que percebi isso.

Mais uma vez, não faz parte do meu problema. Eu irei para minha sala como um dia normal, mesmo com o que aconteceu com a piscina. Tenho outros assuntos para me preocupar mais, afinal…

Chegando na minha sala, sento na minha cadeira como o de sempre, e fico lendo um livro, esperando a aula começar. Porém, por algum motivo desconhecido, nem a Hashimoto, nem o Fukui estão tentando falar comigo, algo curioso de se notar.

Eu percebi que a Hashimoto está muito preocupada sobre a piscina, mas o Fukui parece estar indiferente. Ele está conversando com seus amigos como se nada de estranho tivesse acontecido. Talvez ele ainda não saiba sobre o ocorrido, já que se soubesse, poderia ficar tão preocupado quanto a Hashimoto.

E então, o professor finalmente chegou na sala depois de um tempo. Seu rosto rabugento explicava o barulho estrondoso da porta da sala causado por ele, então não esperava nada de diferente.

Eu bocejei, sabendo que mais uma aula nada interessante iniciaria. 

No intervalo, fui à biblioteca, apenas para me distrair um pouco. Gosto daqui por ser silencioso e confortável para quem gosta de ler livros, mas esse não foi o motivo para eu ter vindo aqui hoje.

"Não jogo isso faz um tempo," eu disse com um tom baixo.

Sentei-me em uma cadeira para poder jogá-lo, mesmo sendo um jogo para duas pessoas.

Então, logo quando eu ia começar a jogar, percebi que alguém estava se aproximando da biblioteca. Tal pessoa era o Fukui, que provavelmente estava procurando por mim.

Ele levemente abre a porta, me encontrando sentado no canto daquela sala.

"Ei, Ayato!", ele sussurrou.

Esse dia estava calmo demais para ser verdade.

O Fukui chegou perto de mim e viu o que eu estava fazendo.

"Isso é o que eu estou pensando, Ayato?", ele fala, animado.

"Sim, é isso mesmo, xadrez."

Cruzei os meus braços, claramente demonstrando que estava incomodado com sua presença.

"Você não precisa ficar mal-humorado desse jeito. Hum… Vamos fazer assim, se eu ganhar, você não vai mais poder me ignorar, e se você ganhar, eu não te incomodo até o final deste mês. Fechado?"

Uma proposta interessante essa, mas faltam apenas duas semanas para Abril se encerrar, então já não é mais justo.

"Q– que tal um mês inteiro? Por favor! Eu juro que vou te deixar em paz depois do jogo acabar!"

"Fale mais baixo, estamos em uma biblioteca."

Ele percebe o seu erro e fica em silêncio por um tempo.

"Tá, mas… você aceita ou não?", ele volta a falar como se eu não tivesse percebido.

Apenas um mês sem escutar sua voz me chamando já deve ser um grande alívio, pois não gosto de ignorar o meu antigo melhor amigo.

"Pode ser, mas não demore a mover as peças."

"Claro, claro, como quiser," ele ri um pouco e se prepara antes do jogo começar.

Com as brancas, ele começa jogando o peão no quadrado e4, e eu o respondo com e5.

Os primeiros movimentos com as peças não são tão arriscados, então o Fukui não está enfrentando tantos problemas em jogar no início da partida.

"Ei Ayato, eu estava pensando se você pudesse me ajudar em algo…", ele disse enquanto desenvolvia as suas peças.

"..."

Eu não o respondi, por estar focado no jogo.

"...Você sabe o que aconteceu com o clube de natação? Me parece que algo de ruim aconteceu, mas ninguém quis me falar sobre."

"Sei."

"E– então, você poderia me falar sobre o que pode ter acontecido?", ele questiona, ansioso.

"Pare de me interromper, estamos jogando xadrez agora."

"Por favor! Só peço que você me ajude nisso!"

"Você está sendo muito insistente… melhor descobrir por conta própria."

Decepcionado, ele disse: "Já me falaram isso…"

"Concentre-se na partida, não falar durante uma partida é uma regra essencial para o xadrez," o interrompi para o jogo continuar.

Depois de desenvolvermos um cavalo cada, ele coloca sua rainha em uma posição muito vulnerável, no quadrante h5, e movendo meu bispo até g4, a dama já estava fadada a ser capturada.

Como sua única escolha, ele decidiu mover seu cavalo para também ameaçar minha rainha, mas o ignorei.

Parece que o Fukui realmente não sabia sobre o que aconteceu com a piscina nesse último fim de semana, ele deve ter chegado à nossa sala de aula por um caminho alternativo. De fato, o Fukui estaria interessado em descobrir algo sobre o clube de natação, ainda mais quando parece que nenhuma outra pessoa queira contá-lo em relação ao ocorrido. Mas, parando um pouco para pensar, foi muito estranho o que aconteceu com aquela área, estranho demais para ser aleatório. Por isso, a reação dos alunos e professores em decorrência disso não é a mais comum.

"Será que…"

Apoiei minha cabeça ao meu braço esquerdo, que estava em cima da mesa.

…isso poderia estar relacionado com aquela organização no porão?

O Fukui, antes indeciso sobre seu próximo movimento no xadrez, me escutou falando algo em voz alta.

"Ayato, disse algo?"

"N– não, não foi nada."

Nós trocamos as rainhas, já que o meu objetivo era outro.

Hum… recordando das rachaduras e fendas na piscina, elas pareciam aleatórias demais para serem apenas acidentais. Os buracos de lá eram na maior parte redondos, mas também haviam outros retangulares. Então, é mais lógico seguir a crença de que a piscina foi vandalizada de propósito, mas obviamente ninguém pode acusar outros sem provas. Ou será que há um padrão? Um que, ou provaria que todos esses danos foram surpreendentemente causados por uma falha na construção, ou talvez um acidente em que o culpado está com medo de confessar o que fez.

Existe também a possibilidade de os buracos representarem algo que poucos entenderiam, um padrão que passaria alguma informação para quem desvendasse o mistério. Nesse caso, a destruição da área da piscina seria completamente proposital, mas a chance de realmente ser isso ainda é muito improvável.

Na partida de xadrez, meu bispo e outros peões impediam o seu rei de se mover para outro quadrado, mas por enquanto ele não estava em xeque.

Por ser bem rigorosa, a escola é bem protegida e vigiada a todo momento, de segunda a sábado, então o único dia em que isso poderia ter acontecido seria ontem. Além disso, teoricamente não haveria nenhuma arma ou ferramenta na escola por causa da vigilância, a não ser que…

Pensei por alguns segundos enquanto o Fukui tentava encontrar uma boa jogada.

…Talvez os materiais de construção, como martelos, usados nas obras que estão havendo na escola, foram os que causaram esses danos. 

Entretanto, o verdadeiro mistério não é este, mas sim sobre quem exatamente foi o indivíduo que está por trás de toda essa destruição. Possivelmente ele pegou aqueles materiais para destruir a piscina, mas… por qual motivo ele realizou essa tarefa?

É frustrante não saber como resolver incógnitas como essa, mas não há nada que posso fazer, sem contar 

Precisaria averiguar mais aquela área para tentar encontrar algo incoerente, como um símbolo, código ou padrão, que me possibilitaria descobrir o culpado com êxito.

Sei que antes havia dito que não fazia parte do meu problema tentar descobrir sobre o que houve com a piscina, mas não está tão ruim pensar sobre isso.

Seria ainda mais benéfico para mim se…

…Seria ainda melhor para mim se o caso da piscina estiver relacionado com aquela tal organização secreta.

No mesmo momento, ataquei seu peão e posicionei o meu cavalo para que o Fukui fosse pego desprevenido. Ele possivelmente não percebeu que eu estava ameaçando fazer xeque-mate em seu rei na próxima jogada, e moveu o seu cavalo, que estava próximo do rei, para não ser capturado, mas isso era exatamente o que o impediria de vencer a partida.

Com a certeza da minha vitória, e sem ele mesmo perceber a ameaça, movi meu cavalo para o quadrado c2, e com o bispo impedindo o rei de fugir do xeque, eu disse:

"Xeque-mate, Fukui."

"Droga, eu não estava esperando por este movimento. Eu precisaria praticar um pouco mais se quisesse ganhar de você. Bom jogo, Ayato, você foi muito bem."

"Bom jogo," eu o respondi com um tom baixo e com olhos fechados.

Ele não jogou tão mal, é nítido que o Fukui sabe mover as peças corretamente e consegue criar estratégias para tentar ser vitorioso. Eu posso ter saído como o vencedor, mas meus movimentos não foram os melhores possíveis, xadrez não é a minha especialidade, afinal.

Essa partida contra o Fukui foi praticamente inútil, nenhuma informação importante foi mencionada. Porém, agora ele não poderá mais me atarantar por 30 dias inteiros. Isso é de fato um grande lucro, por isso estou satisfeito por jogar com ele.

E então, apertamos as mãos e nos retiramos da biblioteca sem fazer um barulho notável.

Ele saiu com uma expressão decepcionada e de remorso, consciente de que agora ele teria que obedecer às regras da aposta entre nós antes do jogo começar.

Voltei logo em seguida para a sala, sabendo que o intervalo já estava quase se encerrando.

Além de ganhar a partida de xadrez, ganhei também mais interesse acerca do vandalismo na piscina, o que não é necessariamente algo bom.

Sentei na minha cadeira, esperando por mais lições. Costumava estudar em excesso quando era pequeno, então os conteúdos do ensino médio não são fatigantes e muito menos incompreensíveis. Entretanto, não pareço ser o único com poucas dificuldades na escola, considerando que os exames de entrada para esse centro acadêmico possuem um nível acima da média, até para a educação japonesa.

Verei então como serão os resultados dos primeiros exames do ano, que serão em julho. A competição certamente estará alta.

Depois do professor nos liberar para voltarmos aos nossos lares, percebi que o Fukui e a Hashimoto haviam continuado dentro da nossa classe. Lembrei que, antes da aula começar, ouvi que ela queria falar com ele sobre algo, então o que está acontecendo não é estranho, porém, não sei sobre o que é a conversa.

Mas esse não é o foco, devo ir para a área de piscina imediatamente, antes de ficar muito tarde.

Descendo as escadas, fiquei de frente à entrada da área de piscina. Deixei minha mochila escondida no chão para passar pela porta, mas, infelizmente, a escola interditou o local o mais rápido possível, me impedindo de chegar até lá dentro.

Com as câmeras de segurança no corredor onde eu estava, poderia ser um grande problema desrespeitar a restrição. Dessa forma, talvez já não seja mais possível entrar. Estou certamente decepcionado, mas como eu pensava antes, não deveria estar me importando tanto com isso, então por que esse sentimento, essa minha vontade de descobrir o oculto, fica cada vez mais forte?

Estou tão desesperado assim por encontrar algum significado nas rachaduras? Será que apenas ignorar o que aconteceu e voltar a fazer outras tarefas necessárias poderia ser melhor para mim?

"Suspiro…", eu deveria apenas voltar para casa.

Por que fiquei tão interessado com isso de qualquer forma? Apenas pelo motivo de ter uma pequena chance do vandalismo demonstrar uma mensagem escondida?

Talvez seja um problema meu, desisto com muita facilidade, eu não costumava ser assim antes.

Fui andando em direção à saída da escola, mas antes de poder voltar para casa, eu deveria trocar meu sapato no armário. Abri a porta dele para encontrar um objeto inusitado, algo que eu certamente não esperava que aparecesse.

"Uma… carta?", questionei.

Bom, se ela está aqui no meu armário, então eu devo ser o destinatário.

Abri a carta com minha curiosidade e, então, comecei a ler o que estava escrito nela.

"Num lugar onde a água doce é a predominante, considerando também que não deverás se recusar a descobrir, há de fato mais do que o olho vê. Quando os mapas te derem diversas opções, haverá de fato um ponto em comum entre todos. Onde há quatro lados, os número de períodos importam."

O que é isso? Um enigma?

"Num lugar onde a água doce é a predominante… essa é a piscina, estou certo disso."

Então, agora está claro que há alguma forma de mistério lá, mas ainda é conveniente demais estar logo em meu armário. Qual o propósito disso? Qual a razão para a carta ser entregue a mim?

A única possibilidade plausível é que não só essa mensagem, como toda a destruição na piscina, está relacionada àquela organização secreta do porão. A não ser que mais alguém além de mim tenha recebido isso, mas certamente não é o que parece. Os alunos estão saindo da escola normalmente, sem perceber qualquer pedaço de papel em seus armários.

"Num lugar onde a água doce é a predominante, considerando também que não deverás se recusar a descobrir, há de fato mais do que o olho vê."

Posso dizer que eu sou o alvo desse enigma, e eu devo resolvê-lo obrigatoriamente, segundo a mensagem. Tendo uma leve noção do poder desse grupo de pessoas, desobedecer às instruções está fora de questão.

O problema é saber como posso me infiltrar nessa área. Ainda há alunos passando pelos corredores, e câmeras de segurança também apontam para o mesmo local. Uma professora, provavelmente a do clube de natação, também se situa na entrada à piscina, averiguando a saída dos alunos.

Esperar até que o fluxo de alunos passando pelo corredor diminua e até que a professora saia de perto da entrada é minha melhor opção, posso usar meu suéter ou algo parecido para impedir as câmeras de detectarem meu rosto.

Fiquei esperando no banheiro masculino até o momento certo para agir. A professora parecia distraída, mas demorou mais do que eu esperava até que ela saísse de perto da entrada para a piscina.

E então ela entrou em um outro banheiro, e com quase mais nenhum aluno por perto, além dos que ficaram por causa dos clubes, decidi que esse seria o momento de agir.

Coloquei meu suéter no rosto, diminuindo minha visão, mas tive êxito quando cheguei na área sem mais ninguém perceber.

Agora, mais ninguém deve entrar aqui, caso contrário, será mais outro problema para eu lidar posteriormente.

É desagradável ser obrigado a descumprir as regras da escola, mas ignorar o aviso dado na carta por aquelas pessoas com certeza será pior. Devo ter feito a escolha correta, mas ainda não é o ideal.

Observando melhor a situação, esse lugar realmente foi completamente destruído, não só a piscina, mas também as paredes desse lugar inteiro estão vandalizadas. Outra coisa a se notar é que o chão e o banheiro para a troca de roupas estão intactos, enquanto apenas uma das duas piscinas desse lugar foram afetadas. Parece que a outra também está intacta, e só a piscina central, que tem uma forma retangular, está destruída pelas bordas.

Talvez seja porque os mencionados não são relevantes nesse enigma, e apenas devo me concentrar no que foi destruído, como as paredes da piscina, e da área como um todo.

"Vou começar agora a resolver, não posso perder tempo." O horário que chegaria em casa considerando minhas condições já não seria dos melhores, se a descoberta do resultado disso for tardia, minha irmã absolutamente me confrontaria.

Peguei a tal carta que encontrei, e tentei pensar no sentido das palavras do texto. Além disso, observei melhor os buracos e rachaduras para encontrar um padrão.

Algo interessante a se notar é que na borda da piscina central, há exatamente 10 buracos, e que eles estão espalhados pelas 4 bordas em uma sequência de um, dois, três e quatro, ou seja, em um lado há 1 buraco, em outro há 2, e assim por diante.

Mas nas paredes, pareciam muito aleatórios os buracos e rachaduras, não estava conseguindo encontrar nenhum padrão.

Cada buraco estava dentro de um quadrado de azulejo, respeitando os limites de cada peça—menos as rachaduras, que ultrapassaram esses "limites" e ligavam dois buracos em lugares diferentes.

Observei novamente a carta, e tentei entender um pouco melhor as frases apresentadas.

"Um ponto em comum…", o que isso pode significar?

Para se ter algo em comum, precisa-se de pelo menos dois objetos para a comparação. Se a carta está falando de mapas, então há mais de um desses por aqui, mas o que poderiam ser esses "mapas"?

Mapas por definição mostram coordenadas, então esse "ponto em comum", ou o ponto que combina com todos os mapas apresentados, deve ser a resposta para esse enigma… a localização de um lugar real, mas que eu ainda não tenho uma noção de qual seja.

Sabendo o significado e o que realmente são esses "mapas", poderia descobrir até um lugar secreto, um objeto secreto, ou algo parecido.

Será que as paredes contém coordenadas? Elas possuem rachaduras e buracos em diversos lugares, não encontro padrão nenhum nos meus olhos.

"Ponto em comum…" 

Se cada parede for um "mapa", e todos possuem diversos "pontos" espalhados, deve haver alguma coordenada, ou seja, um buraco, que condiz com todos os mapas disponíveis. Pode ser aleatório, mas não há outra maneira aparente de qualquer mapa estar por perto. Será arriscado tentar encontrar outras opções antes de testar essa possibilidade.

Não estou confiante que seja isso, mas o tempo que precisarei para certificar que estou certo é extenso. Mesmo assim, agora não posso voltar atrás, haverão consequências caso eu não consiga completar.

Considerando que a piscina principal tem 50 metros de comprimento, posso usar isso para calcular o número de azulejos que cada parede tem, para saber exatamente as localizações de cada buraco e comparar com as posições nas outras paredes. Na verdade, nem sei o tamanho exato desse lugar e nem dos azulejos, o único jeito possível de saber a quantidade é contando um por um.

Essa área é quadrada, então meu raciocínio sobre cada parede representar um mapa faz sentido.

Depois de muito tempo apenas contando o número de azulejos, que com certeza eram menores que 1 metro, mas não tão pequenos assim, cheguei à conclusão de ter mais ou menos um total de 1500 azulejos em cada parede, sem contar com a parte coberta pelo banheiro, o que diminui a quantidade total de azulejos.

Pegando esse resultado, e também contando manualmente os buracos e rachaduras, encontrei um único ponto que coincidia com todas as paredes. Deitei no chão de barriga para cima, com minha cabeça apoiada nas minhas mãos, enquanto tomava cuidado com as câmeras do corredor, que poderiam me perceber se eu fosse descuidado.

"Finalmente… Encontrei. Estou muito cansado," eu disse, desejando que o meu resultado estivesse certo.

"Agora só falta uma única parte do enigma," e a mesma era simples o bastante para eu entender o raciocínio em um tempo consideravelmente rápido.

"Onde há quatro lados, os número de períodos importam."

De início, essa frase pode não fazer muito sentido, entretanto, considerando período como o gramatical, posso inferir que a resposta correta é 3, já que essa é a quantidade correta. 

"Num lugar onde a água doce é a predominante, considerando também que não deverás se recusar a descobrir, há de fato mais do que o olho vê." Primeiro período. "Quando os mapas te derem diversas opções, haverá de fato um ponto em comum entre todos." Segundo período. "Onde há quatro lados, os número de períodos importam." Terceiro e último período.

Sabendo que os 10 buracos da piscina indicam os quatro lados da área, o terceiro lado, o lado com três buracos, seria a direção para o mapa correto.

Então apenas sobrou um ponto, ou seja, ou essa é a minha localização no momento, ou é o meu destino final para descobrir o mistério.

O buraco em comum estava ligado por rachaduras até outra demarcação, talvez demonstrando o lugar e o caminho que devo passar.

Então o ponto em comum deve ser onde estou agora, na área de piscina, ou na escola, no geral.

Só não tenho um mapa como referência para saber onde exatamente está esse ponto. Também estou sem meu celular aqui por causa das regras da escola.

Seria mais vantajoso se eu pudesse conferir um mapa neste momento, mas não é possível.

É necessário me recordar a exata localização do ponto em comum na parede, não só ele como também a rachadura ligada a ele e o lugar do destino final, ou seja, o do outro ponto, já que depois de sair da escola, não vou mais poder entrar aqui. Além disso, está extremamente tarde, minha irmã com certeza estará preocupada quando eu voltar.

Me levantei do chão, e usando novamente o casaco, cobri meu rosto para passar pelas câmeras e consegui sair da escola sem nenhuma inconveniência.

Enquanto eu analisava a destruição da piscina, percebi que a professora havia voltado do banheiro para continuar vigiando a entrada, porém, alguém a distraiu, contribuindo para eu não ser pego. Em alguns instantes, eu tive que me esconder por alguns segundos, mas no final eu consegui sair daqui ileso.

O buraco em comum com todas as paredes estava no azulejo 18 pela horizontal e 9 pela vertical e a rachadura levava até o ponto localizado no azulejo 71 horizontal e 5 vertical, seguindo a ordem da direita para esquerda, e acima para baixo. Resumindo, o segundo ponto está no noroeste do primeiro. Apenas preciso lembrar disso para usar algum mapa posteriormente.

Cheguei em casa logo depois do sol se pôr. Minha irmã, novamente e com razão, ficou preocupada comigo e me perguntou sobre a demora.

"Por que você demorou tanto hoje!? O jantar vai esfriar dessa maneira!", gritou, de braços cruzados.

Não consegui realmente explicar o motivo de voltar para casa tão tarde, não quero envolvê-la em toda essa relação com o Kenji Hayashi e companhia.

"Ayato, é muito frustrante ter que te esperar todos os dias quando você vai à escola. Não sei, devo ter medo de você não voltar mais, como nossos pais." Algumas gotas de lágrimas caíram de seus olhos, mas ela se recompôs. "Você foi a única pessoa que restou da minha família, e eu não quero que isso mude. Desde que os dois desapareceram, eu percebi que na vida, tudo é possível, até uma morte inusitada. Meu maior medo é perceber que, em algum dia, você não voltará mais para essa casa, e eu vou voltar a ficar sozinha. Só peço que entenda isso."

Ela realmente está passando pela mesma dificuldade que eu, o medo de perder o que restou nosso. Nossas reações em decorrência da morte dos nossos pais podem ter sido diferentes, mas fundamentalmente estamos sofrendo pela mesma coisa.

"Irmã… Eu prometo a você, que não me verá morto. Continuarei aqui até quando eu não conseguir mais, então… Por favor, não se preocupe comigo."

"Então esse é nosso trato, Ayato." Fizemos uma promessa que não pode, de maneira alguma, ser descumprida.

A deixei na sala e entrei no meu quarto, peguei meu celular e comecei a procurar diversos mapas que poderiam combinar com as paredes e a localização da escola, mas não encontrei nada.

"Talvez se eu inverter o mapa do bairro ou da cidade inteira, meu raciocínio dê certo," fazendo exatamente o que descrevi, inverti o mapa da cidade para outra direção, e a localização da escola pareceu ficar bem perto das coordenadas do ponto em comum.

Isso significa que apenas devo ir para o lugar com o ponto interligado pelas rachaduras, e tal parece estar indicando uma área comercial, apenas não consigo saber o lugar exato para eu ir.

Essa marcação parece estar bem próximo de uma cafeteria, um banheiro público, um parque de diversões e uma estação policial. Esses devem ser os lugares mais prováveis para encontrar a resposta desse enigma.

Amanhã eu devo averiguar essa área, não será uma boa ideia ir hoje.

Estou muito cansado, devo ir jantar e logo depois dormir, para amanhã eu ter energia o suficiente para encerrar de vez esse mistério.

E então, durmo mais uma vez, novamente me perguntando qual será o próximo sonho que me assombrará.

Após dormir um número consideravelmente bom de horas, me preparei para mais um dia normal de aula.

Chegando na escola, percebi que o diretor da escola estava fazendo um comunicado, relacionado ao caso da destruição da área de piscina. Ele provavelmente estava no pátio principal, mas sua voz estava sendo reproduzida na escola inteira pelos alto-falantes espalhados por todas as partes.

"Bom dia a todos os alunos, eu, o diretor do Centro Acadêmico Especial de Yokohama, sinto muito pela inconveniência na área de piscina. Como devem estar cientes, as paredes e piscina principal foram completamente destruídas, e a reconstrução do local será demorada. Não possuímos prova alguma de que tudo isso foi causado por alguém mal intencionado, as câmeras não detectaram nada anormal durante o fim de semana, então, no momento, acreditamos que houve uma falha estrutural na piscina. Peço a todos que não se preocupem com o ocorrido, as aulas acontecerão como esperado, mas o clube de natação e o de nado sincronizado estarão suspensos até segunda ordem. Reforçando, lidaremos com esse problema o mais rápido possível, para que as aulas na piscina não sejam muito afetadas para os alunos. Mais uma vez, nos desculpamos pelo transtorno, tenham um bom dia de aula."

Com isso, os alto-falantes não reproduziram mais nenhum som, e o resto do dia de aula seguiu como o esperado.

No final, imediatamente saí de sala a fim de chegar o mais rápido possível na área que o ponto indicou. Talvez alguns lugares sejam mais prováveis de ter algo relacionado a esse enigma do que outros, mas o ponto abrange uma área consideravelmente grande, então não tenho certeza.

Procurar por alguém ou algum objeto em específico no meio de uma área movimentada deve ser trabalhoso.

Aqui estou… e mesmo em um dia útil, consigo perceber o quão movimentado esse lugar é. O problema não é necessariamente esse, mas sim a minha incapacidade de encontrar a resposta do enigma da piscina em uma área abrangente como esta.

Devo começar o quanto antes, assim será a melhor escolha.

"Por onde eu começo? Posso talvez tentar encontrar algo perto da cafeteria, acho meio improvável ter algo no banheiro público desse lugar."

Estava falando comigo mesmo, mas logo em seguida, percebi uma figura questionável e intrigante ao meu redor. Ele pode estar relacionado a tudo isso, porém, também posso estar errado. Mas então, enquanto eu o observava, tal homem começou a andar em direção a um beco escuro, consequentemente aumentando minhas suspeitas.

"Será que ele percebeu?", eu disse, acreditando firmemente que o homem viu que estou o encarando.

Ele é suspeito por diversos motivos: seu jaleco branco que me recorda do usado pelo infame Kenji Hayashi, sua postura impecável, um Fedora largo na sua cabeça, e o mais importante, uma bandana preta no seu rosto, cobrindo sua boca, nariz e orelhas. 

Não só eu, como outros civis caminhando pela rua estão observando sutilmente a sua aparência excêntrica. Esse deve ser outro motivo para ele ter entrado no beco.

Posso seguí-lo, mas é de fato arriscado, ou uma completa perda de tempo. Não sei o que há nesse beco, exceto falta de iluminação e uma aura sinistra. Já estive em situações piores, então não deve ser tão ruim quanto parece.

Já devo ter me decidido, não posso perder essa oportunidade de descobrir se há algo relacionado com o enigma.

Silenciosamente, comecei a andar em direção ao beco e, com calma, observei levemente os arredores para encontrá-lo. Mas, como era de se esperar com uma pessoa suspeita dessas, não havia ninguém, apenas escuridão, lixeiras e um pouco de mofo, mas…

… eu percebi algo de diferente.

Sem conseguir olhar para minhas costas, dei um impulso do chão para trás, ou seja, à entrada do beco, com minhas pernas e, logo em seguida, estiquei minhas mãos para trás e segurei firmemente algo, que parecia ser um pulso.

A tensão estava no seu pico, e não estava fazendo mais nada além de ficar parado segurando-o, sem nem poder olhar para trás.

"Então aqui você está," digo ao homem de jaleco.

"Não me subestime, fedelho. Eu já havia sido encarregado pelos superiores de entregar isso para você de qualquer forma," ele me responde com repulsão.

Virando minha cabeça, percebi outra carta, que estava em sua mão direita. Logo em seguida, o soltei e peguei ela de sua mão com desconfiança e à força.

 "Que droga, você me fez esperar mais de 18 horas por sua chegada. Pagará por isso, garoto," ele me ameaça, obviamente demonstrando frustração.

Esse homem deveria estar parado neste lugar desde o momento que saí da escola no dia anterior, para me entregar a carta. Ou é muita determinação, ou ele apenas foi ordenado a fazer isso. De qualquer forma, não sinto remorso algum por ele.

Pelo que parece, ele apenas iria colocar essa outra carta no meu bolso e sairia desse lugar sem ser percebido. Chegamos a esta situação por eu interceptar o seu braço, logo após perceber sua presença.

"Não fique arrogante, é apenas um aviso, mas você não é páreo para nós, e não vai conseguir afetar nosso trabalho com tanta facilidade assim. Não sei o que está pensando, e nem o seu ódio por nosso trabalho, mas isso não te levará a final algum. Você é apenas um pirralho, não um inimigo nosso." Ele disse isso com o conhecimento de que eu gostaria de descobrir mais sobre essa organização e de desfazê-la caso eu julgasse o certo a se fazer.

Suas palavras podem ser óbvias, mas eu não aceito isso… não aceito a possibilidade de não conseguir saber os detalhes da morte dos meus pais e do senhor Nagumo. É deprimente pensar que todo esse esforço que estou fazendo pode no final ser em vão.

"Eu não pretendo desistir agora," o respondi com uma expressão séria, o encarando no mesmo momento. 

"Veremos o que vai fazer após ouvir sobre a proposta, então." Ele observa o horário pelo seu relógio de pulso. "Não tenho mais tempo para você, fedelho. Apenas leia a carta, e siga as suas instruções, caso contrário, haverão consequências, este é seu único aviso."

Depois de falar isso, o homem rapidamente saiu da minha visão Não esperava nada menos de alguém vestido daquela maneira misteriosa.

 "Suspiro… Ele é rápido até demais." 

Com a nova carta nas minhas mãos, eu disse: "Parecem gostar até demais em enviar cartas para mim, será que não possuem nenhuma outra forma mais interessante de me passarem informações?".

Agora tenho este novo problema a lidar. Será um novo enigma? Ou talvez… algo diferente? 

Decidi voltar para casa antes de abrir o papel pela primeira vez. A carta estava lacrada, ao contrário da outra, que já estava aberta quando recebi. Sabendo disso, pensei que poderia haver alguma informação mais valiosa que o enigma da piscina.

Peguei a minha faca e tirei o selo de cera da folha, conseguindo assim encontrar o conteúdo dentro dela.

Depois de ler uma parte, considerei que isto é um endereço, um de uma cafeteria famosa e, muito bem elogiada, por sinal.

"Nos encontraremos no dia 1 de maio de 2024, às 15:00. Possui 10 minutos de tolerância. Te espero lá…"

Então a pessoa que escreveu isso busca se encontrar comigo na cafeteria… Bom, agora eu estou 100% certo de que as duas cartas que recebi foram feitas por alguém da organização, especialmente por causa do homem de jaleco que me entregou isto. Enquanto eles só podem querer conversar comigo, o que considero improvável, a possibilidade de haver uma emboscada é gigantesca. Se eu realmente for para esse encontro, deverei tomar muito cuidado. Não sei dizer por quanto tempo eles pretendem não falar com alguma autoridade sobre o que fiz com o cientista, isso no caso daquela organização não for ilegal. 

Se eu não comparecer a este local nesse mesmo dia e horário, "haverão consequências", segundo o homem com a bandana. Qualquer uma das opções é extremamente arriscada, e não consigo garantir minha segurança apenas com o conteúdo desse pedaço de papel.

A vida é como um grande cassino, e nós somos os jogadores… é como dizem. Talvez seja minha única chance para descobrir o que causou a morte dos meus pais, me arriscar pode ser tanto uma pá para meu túmulo ou como gasolina para meu carro, depende de mim fazer a melhor escolha para me sair vitorioso no final.

Faltam 15 dias até o dia dessa reunião, mas continuo incerto se será uma escolha melhor seguir as ordens da carta.

"Não tenho mais tempo para você, fedelho. Apenas leia a carta, e siga as suas instruções, caso contrário, haverão consequências."

O que ele disse me deixou ainda mais indeciso, já que mesmo se houver uma armadilha na cafeteria, não ir para o local esperado ainda pode ser pior. Se o homem estiver blefando—não, ele não deve estar, eles sabem o meu endereço, afinal.

De qualquer forma, devo esperar antes de tomar essa decisão, tenho duas semanas. Enquanto isso, posso me esforçar nos estudos, para em julho conseguir tirar notas aceitáveis. Na verdade, já estou com muito sono, então eu provavelmente vou dormir neste momento.

"Que droga…" Eu gostaria de manter essa minha promessa que fiz com a minha irmã, todavia, minha situação é arriscada demais para eu ter certeza de que tudo ficará bem no final.