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Chapter 2 - Capítulo #1 - 2112, Lucas e Azar

Em seu quarto humilde de um prédio pequeno residia Lucas Ícaro, um jovem brasileiro de 25 anos que sofria com inúmeros pesadelos em suas noites, mesmo após várias sessões de terapia ele não reconheceu melhora nem por um instante e num saltar súbito ele acorda com um certo olhar embaçado e assustado, sua respiração estava ofegante e suas mãos suavam.

- Mas que droga! – Resmungou ele enquanto se sentava na ponta da cama. – Só queria uma noite calma e branda, paguei terapia e remédios atoa, sabia!

Ele levantou-se e se esticou um pouco e foi caminhando devagar até a cozinha preparar algo para comer antes de sair para o início de mais um ano letivo em sua faculdade de Ciência da Computação. Era o último ano dele e graças às suas notas havia conseguido um estágio na Empresa de Tecnologia El Code, empresa número um no ramo de tecnologia voltada para saúde no Brasil.

 

Enquanto tomava seu café, Lucas pensava no quão solitário era aquele apartamento, mas esse pensamento logo deu espaço para um sentimento de apatia e lembrou de como chegou aonde chegou.

 

"De uma caixa aleatória para um apartamento... É talvez a situação não seja tão ruim, preciso para de olhar só o lado ruim de certas coisas, melhor aluno, um bom estágio, saúde física padrão, só a saúde mental que não está boa, mas nada que muita ocupação não me faça esquecer..."

 

Após se arrumar desceu as escadas e foi até um outro apartamento aonde ficava Dona Lourdes, uma senhora que tinha seus 84 anos e fora quem achou Lucas anos atrás na rua.

 

- Bom dia Lucas, teve outro de seus pesadelos? - Perguntou Lourdes em sua suave voz.

- Sim. - Respondeu o jovem Lucas de forma fria. - Talvez a terapia não era a solução.

- A marmita - Completou Lourdes rindo com sua dentadura.

 

Entregando a comida de Lucas ela sorriu para ele e disse:

 

- Vai dar tudo certo Sr. Zangado. - Apelido dado por ela já que a mesma nunca o viu rindo de verdade.

 

Lucas se inclinou para guardar sua comida enquanto falava de forma apática um "obrigado", Dona Lourdes era basicamente a mãe de Lucas, o registrou, cuidou dos primeiros passos e estava lá em todos os momentos dele, mesmo que ele nunca demonstre claramente um sentimento ligado a gratidão por tudo isso ele se esforçava com atitudes, sempre estando lá quando a mesma precisasse nem que fosse para carregar as compras do mês, alguns minutos depois Lucas já havia deixado o lugar e iniciara sua caminhada matinal até sua faculdade.

 

Era uma caminhada um tanto monótona, pois sempre via as mesmas pessoas, os mesmos operários trabalhando em obras, o dia era nublado como eram todos os dias após a Guerra Cinza como ficou conhecida, poucas vezes os humanos podiam ver muitos raios de sol.

Durante a sua caminhada ele pensara em seus pais e o porquê de ser deixado, sempre que pensava neles ele só via um par de vultos adultos que o colocavam em algum lugar. Momentos de uma caminhada repleta de reflexões depois Lucas chegou em sua faculdade, mas ao invés de seguir pela entrada principal aonde a maioria dos alunos entravam ele preferia ir até o estacionamento, era tão costume que o guarda Nova Força que ficava lá já até o conhecia. 

- Bom dia senhor Luiz, precisa do número da carteirinha ainda? – Indagou Lucas.

 

O guarda Luiz era um Nova Força de ranque D, pois o mesmo havia tentado ser realocado para outra missão, mas nunca conseguiu por isso nunca havia subido de categoria.

 

- Sim senhor, caro menino Lucas Ícaro Morales Souza, mas juro que esse ano ainda vou decorar o número dela para facilitar nós dois. – Disse Luiz gargalhando de uma forma alegre e extravagante enquanto anotava a entrada de Lucas. – Vai passar o ano inteiro de novo com essa mesma cara?

 

Lucas afirmou com a cabeça pegando sua carteirinha e saiu em direção a porta que levava para a escada de emergência que não era muito usada, então ele tinha paz ou ao menos era o que ele esperava, pois assim que começou a se aproximar da porta ele ouviu um som de motor de carro se aproximando dele lentamente, era Natanael o segundo melhor da turma de Lucas e filho de Kael que era dono da empresa El Code.

Se entrepondo entre Lucas e a porta, Natanael parecia estar com raiva e puxara uma discussão com Lucas.

 

- Foi você né? – Gritou Natanael enquanto tocava o dedo indicativo direito repetidas vezes no ombro de Lucas que se mantinha quieto e com um semblante neutro e indiferente. – Meu próprio pai me demitiu por sua causa, seu bosta.

 

Lucas respirou fundo e devagar tentou andar para o lado afim de evitar se manter ali com tudo isso, mas rapidamente Natanael desferiu um soco de direita em Lucas que tombou para trás com a força do golpe e logo Natanael o agarrou pela gola da camisa e desferiu mais um soco e dessa vez foi no estômago, Lucas sentiu uma falta de ar que o golpe ocasionou e em quase posição fetal ouvia Natanael esbravejar o que havia entalado em sua garganta enquanto o chutava. 

Alunos começaram a se aproximar para verem o que ocorrera com ambos os envolvidos e sem esboçarem nenhuma vontade de impedir as atrocidades de Natanael, o mesmo continuou dizendo: 

- Por causa de uma bosta como você meu pai perdeu uma chance incrível de lucrar milhões, senão até bilhões, seu pobre desgraçado! Aquele projeto era para ser meu e jamais seu! – Disse Natanael quando pausou a série de chutes e Lucas estava com hematomas evidentes. 

Natanael praguejou mais algumas palavras, enquanto Lucas entendia o real motivo de tudo aquilo, realmente era ele, pois na semana anterior Lucas havia sido chamado em uma reunião com seu chefe sobre um projeto de uma IA de aprendizagem aumentada, Rey era uma inteligência artificial que estava sendo desenvolvido pela equipe de Lucas com a supervisão fantasma de Natanael, porém a equipe queria a usar para um fim de aprendizado em cirurgias e doenças incuráveis.

Enquanto Natanael viu nisso a possibilidade de vender esse padrão de IA para desenvolvimento de estratégias militares, como vigilância e predefinições de perfis de seres humanos e havia propostas para esses nichos porém o mais lucrativo era a opção pela qual Lucas recusou e seu chefe aceitou sua decisão causando uma revolta crescente de Natanael por Lucas até causar uma discussão entre pai e filho e consecutivamente na demissão do jovem que agora queria descontar tudo nele naquele momento.

- Seu órfão de merda! – Dizia Natanael.

 

Em Lucas ascendeu uma ira que em um piscar de olhos se ergueu e socou forte com seu punho direito o rosto de Natanael forte que o mesmo cuspiu sangue e imediatamente partiu para cima de Lucas ferozmente, porém uma jovem ruiva com sardas em suas arredondadas bochechas se colocou entre os dois gritando:

 

- Parem vocês dois!

- Vê se não enche, sua vadiazinha! Sai da minha frente agora. – Ordenou Natanael

 

O jovem irritado empurrou a menina e Lucas a segurou rapidamente a impedindo de cair trocando olhares em milissegundos com ela. Nesse momento se ouviu um forte rugido grave de um urso, era Luiz e sua sombra imponente que chegaram para acabar com o furdunço causado pelos dois jovens. 

 

- Vocês dois ae, já pararam ou querem dar um alô par o meu amiguinho aqui? – Nesse momento Natanael olhou para o urso que ele jurava estar como um predador olhando sua presa. – Menina, qual o seu nome?

- Rafaela Sol senhor, caloura. – Disse a jovem que já se encontrava equilibrada e agradecendo a Lucas por segurá-la.

- Leve o menino Lucas para e enfermaria por favor, para ver como ele está. – Ordenou o guarda. – E você Natanael, vou te fazer companhia até a Reitora e vamos conversar um pouco com ela.

 

Dito isso Luiz fez como falara e seguiu juntamente de Natanael que estava parecendo um cachorro querendo atacar Lucas, era nítido em seu olhar que aquilo não acabaria ali. Lucas estava relutante de ter que ser acompanhado pela jovem, porém assim o fez. A enfermaria não era muito longe do estacionamento, mas Lucas permaneceu em silêncio até que chegando na porta da enfermaria Rafaela dirigiu a palavra a ele.

 

- Caramba! Acabei nem me apresentando direito eu sou...

- Rafaela Sol, filha do CEO da Galory Network, segunda melhor empresa de tecnologia do país, correto? - Respondeu Lucas interrompendo a jovem que deu uma risada sincera e engraçada.

- Rapaaaaz! Vou parar de usar esse sobrenome e parar também de tirar foto com meu pai. – Disse Rafaela sorrindo emanando uma imensa alegria e essa alegria para Lucas naquele momento era um tanto estranha.

- Você fala muito alto! – Cortou Lucas entrando na enfermaria erguendo o braço esquerdo sinalizando um "até logo" discreto.

Rafaela ficou incrédula com a reação apática de Lucas, mas relevou e seguiu seu rumo tentando achar aonde seria sua primeira aula. Enquanto isso Lucas era atendido pela enfermeira que passava um remédio spray e enfaixando alguns locais em Lucas.

 

- Nunca pensei que você, justamente você arrumaria alguma encrenca. – Disse a enfermeira apertando a atadura no jovem que deu um urro de dor.

- Infelizmente sou humano e posso acabar tendo meus momentos de raiva, mas ele me atacou por causa das coisas no nosso trabalho. – Disse o jovem Lucas enquanto estava recolocando sua camisa, pois a enfermeira já havia terminado de enfaixar ele. – Mas também errei, perdi a calma e dei um soco no filho do meu chefe, enfim...obrigado.

- De nada Lucas, só toma cuidado, ande devagar e maneira por hoje, toma o remédio que te dei hoje e amanhã, a dor pode aumentar um pouco ao decorrer do dia já que sua adrenalina vai abaixar, mas fica tranquilo que daqui a uns dias você já estará novinho em folha e pronto para outra...brincadeira ta? Não arruma confusão.

 

O rapaz balançou a cabeça como quem confirmava que iria obedecer ao pedido da enfermeira, já que o mesmo não era de problemas. Lucas saiu da enfermaria e seguiu andando devagar rumo a sala de sua primeira aula, dentro dela entrou quieto, entregou na mão da professora o papel da enfermaria, a mesma viu, devolveu e o autorizou assistir a aula, sentando na sala percebeu a ausência de Natanael, mas decidiu não pensar muito sobre os acontecimentos e resetar a mente para focar em sua aula.

O dia passou normal para Lucas que agradecia não ter esbarrado com Natanael de novo, porém os boatos pelos corredores da faculdade já estavam acontecendo e criando um clima estranho de desdém e feições de alunos não querendo Lucas por perto e o mesmo já havia percebido isso, mas sabia que o que importava era as aulas e não as pessoas.

No almoço viu distante a menina que o acudira e acompanhara até a enfermaria, ela parecia ter feito amizade com mais duas calouras que estavam conversando e fazendo caretas entre si como se já fossem amigas, de repente ela olhou na direção de Lucas e ele rapidamente mudou a direção de seu rosto para evitar olhar para ela, ela riu, mas ele não pode ver o sorriso.

Seguindo as aulas normalmente até o fim do horário letivo Lucas saíra e seguia para estacionamento e pegando a primeira esquina a direita da faculdade para caminhar até seu trabalho, estava mais atento do que o de costume tendo em vista os acontecimentos anteriores. 

Lucas sentiu alguém tocando em seu ombro enquanto divagava em pensamentos sobre as matérias daquele dia, estava tão imerso que não percebeu alguém se aproximando dele.

 

- Oi coisa chata! – Disse a pessoa atrás de Lucas, se revelando ser Rafaela que estava segurando alguns livros sobre Botânica Ent.

 

Lucas olhou e apenas assentiu com a cabeça e continuou a andar só que mais rápido agora pois queria ficar sozinho só que a menina o acompanhava.

 

- Ei! Para de andar rápido só para me evitar.

- O que você quer? – Perguntou Lucas de forma ríspida.

- Só fazer amizade com você, ca-calma, vim em missão de paz pequeno gafanhoto ranzinza. – Disse Rafaela andando agora do lado de Lucas. – Você está fazendo faculdade de que?

 

Lucas relutou em falar com ela, mas ele a percebeu com um semblante um pouco chateado pelo silêncio dele, ele respondeu:

 

- Estou fazendo Ciência da Computação, penúltimo semestre. – Respondeu ele falando rápido e de cara um tanto fechada – E você? Vai estudar sobre galhos?

 

Rafaela soltou uma risada e parou de andar, assim fazendo Lucas também parar e Lucas podia ver os olhos de Rafaela emanarem confiança e determinação.

 

- Eu vou ser uma das melhores se não a melhor Botânica do Brasil. – Disse a jovem apontando para cima.

 

Lucas queria dizer que não acredita em Ents, mas ela estava tão resplandecente e decidida naquele instante que Lucas esquecera até a dor que sentia para respirar.

 

- Você fala alto, sabia? – Repetiu a frase de mais cedo.

- Desculpa, né. – Disse ela fazendo uma careta tentando imitar um asiático. – Eu sou assim mesmo, meio ligada no 220V.

- Entendo...

 

De repente uma buzina começa a tocar em um carro logo a frente deles, Rafaela fez um sinala com a mão pedindo para esperar, Lucas se perguntava quem é que estava naquele, mas relevou, pois não queria prolongar mais a conversa, mas a menina se despediu explicando que aquele era o carro da motorista da família que veio buscar ela para levar para a aula de esgrima e depois para a de Karatê.

 

Lucas não tinha opção a não ser acompanhar a menina até o carro já que o mesmo estava parado na direção para aonde Lucas ia. Se aproximando do carro saiu dele uma figura redonda e feminina com uma roupa de motorista do século 20 e 21 e a mesma esboçava uma cara fechada e interrogou Rafaela:

 

- Quem é esse?

- Amigo da faculdade Lore, larga de ser chata. – Respondeu a jovem fazendo uma careta enquanto entrava no carro pela porta traseira esquerda.

 

Lore se manteve encarando Lucas que a ficou encarando com seu olhar apático e Rafaela sem entender o que estava acontecendo, então resolveu intervir.

 

- Vocês poderiam parar? Nossa, agora tive aqueles DejaVu falando essa frase.

 

Lore sacudiu os ombros e entrou no carro novamente, enquanto Rafaela falava com Lucas.

 

- Obrigado pelo dia Coisa Chata! Foi prazer conhecer você. – Dizia ela fechando a porta.

O carro ligou e começou a acelerar indo para seu destino, quando Lucas se virou para seu caminho para seguir ouviu de longe Rafaela gritando:

 

- E vê se fica bem longe de brigaaaaaaaaaaaaa!

 

A jovem estava com seus longos cabelos ruivos balançando com os ventos da tarde e a nublada iluminação se fez o bastante para que Lucas tivesse aquela imagem gravada em sua memória, sentira ele algo estranho, ele no início não sabia o que era, mas achava que acabara de fazer uma amizade depois de quase uma vida sem amigos, pensava ele enquanto aquele carro sumia no horizonte e ele ia indo para seu trabalho.

Chegando em seu trabalho, Lucas foi abordado por Noah, a secretária do presidente, ele já imaginava o que seria, a briga na faculdade com Natanael e a intuição do rapaz estava certo, apesar de na carta o pai demonstrar imensa insatisfação para com Natanael, o mesmo também repreendeu Lucas pela falta de postura.

Não pelo fato da briga ter sido com o seu filho, mas sim pelo fato de que Lucas é um funcionário da El Code e precisava manter determinados padrões de comportamento tanto dentro como fora dos prédios empresariais. 

Lucas solicitou para que Noah envia-se um pedido de desculpas e que fosse necessário ou possível o mesmo gostaria de pedir desculpas pessoalmente para seu chefe, porém Noah disse que o presidente Kael não estava disponível essa semana, porém o avisaria das palavras de Lucas.

O jovem bateu seu ponto e logo entro na oficina do NID (Núcleo de Inovação e Desenvolvimento) aonde daria continuidade para o projeto que lhe causou uma briga pela manhã. O rapaz quando começava a programar e a focar em seu trabalho nem percebia a hora passar e já era 20:00 horas.

Lucas levou consigo o backup de todas as suas linhas de códigos para revisar 3 erros que apareceram entre as simulações de aplicação de aprendizado, mas as mesmas começavam bem e terminavam inconclusas e erráticas, porém o jovem programador não se deixava abalar por tal coisa e apenas focava mais ainda em resolver, pois ele realmente acreditava que sua criação iria mudar vidas.

Enquanto ele adentrava mais fundo em seus pensamentos sobre o Projeto Rey, ele se viu pensando nas palavras da jovem ruiva Rafaela com quem falara na faculdade. Ele rapidamente centralizou novamente seus pensamentos enquanto caminhava por uma das vias principais aonde possuía maior iluminação de Raios UV e alguns soldados da N.F. patrulhando como o de costume, pois os Zeks como ficaram conhecidos os animais que sofreram as mutações devido ao vírus Shade saíam para caçar em ambientes escuros, pois os mesmo possuíam aversão a luz solar.

Então caminhando ele ouviu alguns grunhidos vindo do alto e quando o jovem olhou para cima só deu tempo de ele se encolher para se proteger, pois dois Vizeks estavam aparentemente brigando por um cadáver que estava com as duas criaturas de aproximadamente 8 metros de altura. 

Em um piscar de olhos, Lucas percebeu não estar no meio da situação e sim em um beco próximo, pois um soldado de cabelos laranjas numa pegada meio emo. Com um olhar frio e distante o soldado dirigiu suas palavras a Lucas:

 

- Você está bem, civil?

- Sim! – Respondeu o jovem ainda um pouco catatônico com a situação em que se meteu.

 

Então o soldado de aparência jovem estendeu o seu braço esquerdo e sua sombra se manifestou na forma de uma imensa foice negra e Lucas logo percebeu que a pessoa que o salvou era um soldado da categoria de lâminas, um ceifador.

 

- Esquadrão 12, COMIGO! – Ordenou o soldado que caminhava em direção ao Vizek mais próximo.

 

As feras sentiram a aproximação daquele sodado e pararam de brigar entre si e consideraram o soldado como um inimigo ou predador concorrente em comum, mas o mesmo agora estava acompanhado de mais três soldados que estavam aflorando cada um deles as suas sombras, se tratavam de um Domador com seu lobo, um da categoria Atirador que era um arqueiro e o ultimo era um Protetor da categoria Defesa Coletiva. 

Com apenas uma ordem do ceifador, o atirador fez emanar e soltou duas que rumaram nos rostos das criaturas que ficaram mais agitadas ainda, com isso o soldado com a sua Foice correu em direção ao Vizek da direita de forma diagonal ele pulou em direção a criatura para desferir um golpe giratório no pescoço afim de encerrar rápido aquele embate, porém a criatura foi mais astuta e com o seu instinto prevendo tal perigo a fez bater as asas e o soldado foi jogado para trás de sua guarnição.

Um dos soldados falou em um tom de preocupação e Lucas pode ouvir o nome do ceifador, era Miguel. Ele então levantou mostrando estar bem, fez alguns sinais com as mãos o esquadrão mudou de posição e o Lobo começou a correr em direção a uma das criaturas e rapidamente Miguel já estava do lado do veloz lobo, o Vizek desferiu uma patada com seu braço-asa direito, mas Miguel fora protegido pelo soldado que emanou um escudo circular na frente de seu superior, o lobo pulou no Vizek e o escalou de forma veloz o monstro o deixando inquieto com algo em suas costas e começara a se debater e era isso que Miguel precisava, uma brecha na defesa de seu inimigo.

Com uma pose de corredor, Miguel pegou um impulso tão forte que Lucas jurava ter visto uma fumaça se levantar da onde os pés do Soldado estavam, o corpo de Miguel estava em forma e com um balançar ele girou a sua foice em sentido horário e como se todo o corpo do monstro fosse papel, o soldado rasgou ao meio a criatura que tinha suas duas partes caídas no show jorrando sangue que manchou uma parte do uniforme de Miguel, mas o mesmo parecia indiferente a tudo aquilo:

- Quem é o próximo lixo? – Falou Miguel fazendo um desvio de uma investida dada pelo outro Vizek.

 

O Vizek restante parecia ignorar tudo e focava totalmente em Miguel que entre desvios acrobáticos e escudos de seu companheiro sobrevivia a cada ataque, quando Miguel esbarrou em um poste, perdeu o equilíbrio o protetor fez um escudo rápido do tamanho de Miguel que conseguiu usar a brecha de tempo para se afastar da criatura.

Uma sequência de flechas começou a ser disparada pelo outro soldado que agora estava posicionado em cima de um carro para chamar a atenção do Vizek e funcionou a criatura dando um bruto giro em 180° graus e avançava rápido para a equipe de Miguel. 

Miguel fazia uma careta de descontentamento e correu reto, inclinado para frente segurava sua foice com as duas mãos firmemente, quando estava chegando na distância está para desferir um golpe o Vizek quebrou o escudo do soldado e o arremessou para trás, Miguel rapidamente balanço sua foice e a arremessou em direção ao Vizek que teve suas costas perfurada pela arma e urrou de dor. 

A criatura sangrava, mas parecia mais feroz e perigosa ainda quando virou em encarou Miguel que se levantava após colocar seu amigo ferido no chão. Sem tempo de reação Miguel foi lançado pela criatura em uma parede de um dos comércios e quando foi se levantar foi agarrado pela criatura que o tentava abocanhar ele, mas rapidamente Miguel fez aparecer novamente das sobras sua Foice e a usava pelo pouco espaço e limitação de movimento como uma forma de focinheira, mas ele não sabia quanto tempo iria aguentar segurar toda aquela ferocidade. 

O sombra em formato de lobo atacou a criatura que virando pegou com a boca o pequeno lobo que se desfez com a potência imposta pela criatura que agora usava suas patas para pressionar Miguel que quando não estava mais aguentando viu sua sombra se desfazer e uma outra surgir, era um escudo que deu espaço e um curto tempo para Miguel sair daquele aperto e se reposicionar longe da parede.

O domador estava acudindo o protetor que caiu no chão por causa da fraqueza de forçar a aparição de sua sombra mesmo depois de se ferir e estar sangrando. Agora era dois contra um e a criatura estava cercada e em dúvidas de quem atacar e foi nessa hesitação que Miguel e o atirador começaram a uma série de ataques.

Enquanto pela frente Miguel estava sem abertura para efetuar um golpe fatal, o atirador começou a mandar flechas com o padrão de atirar e mudar de posição e isso estava irritando o vizek que por instantes saltou e se virou contra o atirador que agachou para escapar das garras do vizek, Miguel enxergou sua desejada brecha.

Corpo agachado e inclinado suavemente para frente, joelhos dobrados para pegar impulso, foice com seu equilíbrio pendendo para a direita e apenas alguns poucos segundos, isso precisava ser o bastante para Miguel naquele momento.

 

- Eliaaaas, faz ele olhar para mim! – Gritou Miguel.

- Sim senhor! – Respondeu do atirador que passando por baixo do vizek correu em direção a Miguel.

 

O monstro virou para os dois, Miguel avançou e pulou em frente ao monstro, mirou no ombro do monstro e virou sua foice com toda a força possível, mas antes de se quer tocar na pele do inimigo, a foice foi parada pelos dois braços da criatura, então ainda no ar Miguel usou a força da criatura para ficar de ponta a cabeça e com um manejo perfeito de suas pernas ele chutou o focinho da criatura que soltou a foice, Miguel caindo girou seu corpo para fazer força contra o chão usando o cabo da foice e com mais alguns momentos restantes no ar ele desferir um golpe de baixo para cima e encravando a foice de forma brutal a lâmina do maxilar até o crânio do vizek que rosnou de dor e se debateu duas vezes arremessando Miguel para trás que rolou e foi auxiliado a levantar por Elias.

 

- O senhor está bem? – Perguntou Elias

- Sim. – Respondeu Miguel – Qual o quadro do Pedro?

- Ele levou um corte superficial, fora a dor, ele já disse que está bem.

- Ótimo! Em pensar que esses bichos esqueceram de tudo para atacar a gente que inicialmente não tinha nada a ver com o assunto. – Dizia Miguel desfazendo sua foice quando percebeu Lucas ainda naquele beco observando.

 

Apontando para Lucas, Miguel se encaminhou até o jovem e o questionou por ainda estar ali.

 

- Você está ferido ou coisa semelhante? – Indagou Miguel.

- Não senhor! – Respondeu rapidamente Lucas – Eu só não consegui me mexer devido a essa situação toda eu poderia ser mais uma interferência em seu combate.

- Entendo, tudo bem jovem...?

- Lucas Ícaro.

- Então Lucas Ícaro, fique tranquilo sua ida até em casa estará segura agora, em média Zeks evitam lugares aonde existem defuntos de outros Zeks é quase que uma rede neural entre eles alertando da eminência do perigo de morte.

 

Lucas batia suas roupas e sinalizava com a cabeça um obrigado sorrateiro enquanto Miguel abria caminho para o jovem o desejando uma boa noite.

 

Alguns momentos depois Lucas já estava quase no seu prédio quando parou e pensou em tudo que aconteceu naquele dia:

 

- Não é fácil não viu? Penso se eu gostaria de seguir uma vida fardado se tivesse uma sombra. – Lucas reiniciou sua caminhada enquanto deu uma coçada em sua cabeça. – É....acho que não ia gostar muito não, talvez me tornar um programador e ter uma boa empresa como a El Code seria o futuro perfeito para mim.

 

Já no prédio, Lourdes estava na portaria daquele humilde prédio aflita, mas quando viu Lucas seu semblante mudou para um que conotava pleno alívio e alegria pelo retorno do jovem.

 

- Eu vi os noticiários. Quando ouvi o nome do local aonde estava acontecendo toda aquela confusão eu fiquei com tanto medo. – dizia a idosa enquanto apalpava Lucas e verificava o estado do jovem como faria uma mãe preocupada com seu filho – Você se machucou? Você estava aonde quando aconteceu tudo?

 

Fazendo uma careta com todo esse carinho Lucas contou tudo que acontecera com ele e a senhora estava mostrando preocupação, enquanto subiam as escadas velhas do prédio, pois nele não havia elevadores, a conversa fluiu até que Lucas chegou no apartamento de dona Lourdes, ela pediu para ele tomar cuidado e o esmo prometeu se cuidar, ele deu um abraço nela e seguiu para o andar aonde ficava o seu apartamento.

 

Algo cresceu em Lucas naquele instante quando cruzou a porta de seu apartamento escuro, era um questionamento: 

"Como posso sentir tanto a falta de alguém que eu nem me lembro do rosto? Como seria se você tivesse aqui pai? O que iria me ensinar? Que comida iria preparar mãe?"

 

Lucas derramava lágrimas e soluçava pois o mesmo escondia a profunda tristeza de nunca ter tido seus pais e nem saber o porquê os mesmos o abandonaram. Ele se encontrou no chão chorando de sua imensa dor e sem avisar o sono chegou e o jovem veio a adormecer ali mesmo.