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Chapter 5 - Capítulo #4 - Entre a Foice e os 6 Ratos Pt.1

 

A perseguição começou, Miguel corria ao mais rápido que podia e Elias o seguia, ambos na cola de um dos suspeitos dos seis recém fugitivos. Os becos eram estreitos e a iluminação era péssima, Miguel pulou por um aglomerado de lixo rápido demais para Elias acompanhar, ele acabou capotando nos lixos, mas logo se recompôs e seguiu a corrida. 

Miguel estava a cerca de uns 13 metros de distância, era a melhor oportunidade que tivera desde o início da operação, não podia haver erros.

 

"Se ele chegar perto demais do centro comercial poderemos ter problema, vamos estar expostos e além da insegurança que isso vai causar, perderemos a vantagem de 5 deles não saberem de nós. Tenho que correr mais RÁPIDO!"

Miguel aumentou sua velocidade mesmo com as pernas já no seu limite, mas isso o fez encurtar a distância, assustando o fugitivo que acabou tropeçando e caindo ajudando ainda mais na aproximação.

 

"Agora você não me escapa!"

 

Miguel aflorou sua foice e se impulsionou usando o terreno ao seu favor e desferiu um golpe com o bastão da foice nas costas do criminoso que rebateu no chão desacordado. Elias chegou um minuto depois.

 

- Você está ficando mais lento com o tempo meu amigo Elias? – Falou Miguel rindo.

- Não senhor, hahaha.

 

Elias colocou as algemas que inibiam sombras e rapidamente um carro veio buscar eles e seguiram um caminho tranquilo. Miguel durante todo o trajeto sentia algum incomodo, não sabia se era algo errado, pois a captura fora fácil demais ou pelo que fizera a Lucas.

 

"Ficar alerta será a solução em caso de que meu incomodo seja referente a investigação, não posso dar mole. Talvez pedir desculpas e explicar as coisas para Lucas quando eu voltar. Foco Miguel, foco!"

 

Já na instalação da Nova Força, Miguel levou Ivo Reis direto para uma prisão temporária e interrogatório, enquanto Elias ficou responsável pela parte burocrática.

 

- Acha que um pirralho como você vai me fazer falar alguma coisa? – Resmungou Ivo quando fora jogado no chão da cela por Miguel de forma abrupta.

- Não espero que fale, mas para isso que deixei meu parceiro lá fora. – Miguel retirou seu sobretudo e o jogou na câmera do local.

 

Ivo encarou a cena e sorriu como quem não se amedrontava com isso.

 

- Aaaaaaah! Você é soldadinho malvado...Faz sentido agora ter deixado o outro lá. – Zombou Ivo.

- Vamos lá! Primeiro o abc, beleza? – Começou Miguel a falar puxando um envelope que estava no sobretudo que ele jogou. – Ivo Reis Ferrari, 36 anos, ex soldado classe B, classe de lâminas, Punhal.

 

Ivo seguia nada surpreso.

 

- Acertei até agora? – Perguntou Miguel e Ivo rindo concordou – Então, sua ficha criminal é uma papelada que só então vamos pensar assim: Você fez merda pra caramba. Beleza? Mas agora não quero mais falar do criminoso Ivo, afinal sua velha roupa com cheiro de alvejante entrega que a roupa foi recém lavada e está bem passada, uma criada? Não, você seria rico e não criminoso. Um furto de leve de algum varal aleatório? Não, afinal essa roupa parece perfeita demais para a ocasião de não chamar a atenção, logo uma mulher próxima a você o bastante para cuidar de suas coisas mesmo depois de preso, mostrando grande amor.

 

Ivo inspirou rapidamente o ar e com pequenos movimentos de tensão em seus ombros somados a um pequeno esbugalhar de olhos entregou a certeza que a dedução de Miguel chegou perto.

 

- Uma esposa? Que nada, seus dedos anelares não apresentam marcas de recente uso de nenhum tipo de aliança, logo, uma mãe que pela sua idade aparente deve beirar uns 70 e alguma coisa.

- Que brincadeira sem graça é essa? – Ivo saltou até as grades.

- Suor na testa, mudança drástica de postura, seria então correto afirmar que se eu for lá em Avenida Antares, Travessa 12, casa 5 irei encontrar um pobre senhora...

- Espera, espera, o Lúcio vai me matar se eu falar qualquer coisa cara!

 

Nesse momento Miguel deu um sorriso apavorante e passo a passo se aproximou da grade e friamente disse:

 

- E o que você acha que vou fazer com sua mãe se você não falar?

- Você é da lei, você não vai fazer isso!

- Você acha mesmo que vão incriminar um soldado que teve que se defender de uma senhora surtada, pois soube que seu filho morreu dilacerado por um Azek?

 

Miguel possuía uma expressão facial beirando um psicopata naquele instante e Ivo estava tão acuado e encurralado quanto um coelho perseguido por seu predador e naquele momento o predador era Miguel.

- Eu não posso cara, por favor!

- Sei não Ivinho, acho que a sua velha vai morrer de qualquer jeito, ainda mais agora que imagino que as travessas já fizeram chegar a mensagem para ele e a gangue dele que você não foi para o ponto de encontro, ele pode pensar em traição e sua mãe pode estar em perigo nesse momento exato em que falamos aqui.

- Não tem como, eles não estão pelo ponto padrão.

 

Ivo percebera que falou demais e Miguel logo deixou Ivo ali e puxou o seu sobretudo enquanto saía para falar com Elias.

 

- Ó na próxima vez você fica aqui preenchendo essa coisa entediante aqui. – Exclamou Elias apoiado no balcão entregando o relatório da captura – Conseguiu alguma coisa lá dentro com aquele mané?

- De quantos locais temos informações e estão catalogados como esconderijos ou estadias do Lúcio?

 

Elias subiu pelas escadas da instalação e chegou na sala de arquivos e foi junto de Miguel pelos corredores até chegar no corredor da letra L. Após algumas mexidas ali e outras aqui ele conseguiu uma planilha que continha 8 locais catalogados.

 

- Bem, sabemos que no Antares eles não estão, logo sabemos que eles estão aguçados e vão se posicionar em locais diferentes do padrão para evitarem ficar em holofotes, iremos para um apenas e não podemos errar, em cada um deles possivelmente existe contatos vigiando o local e como são muitas brechas precisamos acertar já que temos apenas uma chance. - Miguel explica sua linha mental para Elias que mal conseguia o acompanhar.

 

"Como um rato escaparia do seu predador?"

 

Miguel começou a pensar e olhando para o mapa começou a olhar as informações juntos com a possibilidades presentes em cada um deles.

- Primeiro pensar o básico. Além de ter sido o início das ilegalidades deles, por que o esconderijo no Antares era o padrão? – Questionou Miguel.

- Fora dos holofotes! – Respondeu Elias.

- Uma comunidade simples aonde o crime mandava, típico, mas deve ter mais, tem que ter mais coisa nesse porquê. – Miguel disse isso encarando o mapa e folheando algumas páginas do dossiê sobre Lúcio.

 

"Um homem que passou a vida inteira na new force para poder subir na vida, largou os serviços logo após não conseguir uma promoção para S, seguindo assim usando seus conhecimentos para executar serviços de mercenário e assassino de aluguel."

 

- Terra para Miguel! – Falou Elias, mas em vão.

 

Miguel estava em um estado mental de atenção plena e profundamente concentrado.

 

"Local discreto, pessoa materialista, bairro pequeno, poucas rondas, riqueza, pobreza. Cheque-Mate!"

 

Miguel fez uma expressão de alegria, folheou rápido as fichas viu as informações que precisava.

 

- Miguel?

- Ele como padrão tende a escolher coisas opostas sempre que se trata de esconderijo ou locais de depósitos para contrabando. – Disse Miguel pegando uma caneta.

- Certo!

- Pensa que ele foi sempre uma pessoa com boas finanças e logo aonde é o esconderijo dele padrão em uma comunidade pobre e carente do básico para se viver, ruas pequenas, casas humildes e como você mesmo falou, "Fora dos holofotes".

- Por padrão ele sempre vai escolher esconderijos que sigam o padrão contrário de vida dele, logo quando encurralado ou em situação de perigo eminente ele vai escolher o contrário disso, um local... 

- Nos holofotes! Exatamente Elias. – Afirmou Miguel.

- Mas em qual desses 7 restantes? – Questionou Elias ainda se sentindo um pouco perdido.

- Ligando os pontos, o depósito na Rocinha está fora de cogitação, mesmo padrão de esconderijo do Antares. Tem um na região do recreio, mas é perto do terreirão área padrão, logo menos 3 ao todo.

 

Elias olhou rapidamente e observou que dos 5 restantes 3 eram áreas nobres ou de gente portadora de uma melhor qualidade de vida.

 

- Elimino esses dois, apesar de áreas um pouco melhores, ambos possuem construções simples, a iluminação pelas fotos parece ser precária, logo são locais propositalmente camuflados, logo nos resta 3.

 

Elias encarava Miguel que por muitos era tido como um prodígio da New Force do Brasil, devido ao domínio grande em combate com sua foice e com a sua habilidade de dedução investigativa.

 

"Em que esses locais se diferenciam entre si mesmos? Todos possuem os padrões para serem considerados locais em potencial."

 

Miguel olhava agora para 3 fotos, uma de cada lugar. O primeiro era um hotel resort na altura de Ipanema, mas ficava muito perto de uma comunidade recém erguida de moradores ilegais no país.

 

"Logo a escolha foi feita para confundir quem o perseguisse fazendo a pessoa acreditar que seria lá, mas se não ignorar o padrão dos outros principais locais esse local é eliminado, pois bem provável que nunca fora usado, é apenas para despistar."

 

Miguel riscou e agora faltava dois locais, 50% de chance de acerto e 50 % de erro. Elias estava ainda estagnado, pois seu superior estava mostrando habilidades que ele nunca possuiu e isso o frustrava um pouco, mas seguia atento.

 

"O Miguel está simplesmente sozinho nesse pensamento, dizer que alguém poderia simplesmente acompanhar o raciocínio dele é meio risível."

 

Miguel estava parado encarando Elias que estava pensando e nem percebeu.

 

- Não se cobre por não conseguir acompanhar a mim em certas coisas, você não foi criado como eu fui e nem teve que passar pelo que passei. – Disse Miguel mostrando reconhecer a diferença da capacidade investigativa entre ambos.

- Sim senhor! – Disse Elias meio cabisbaixo!

 

Miguel se voltou para o mapa e percebeu uma coisa em um dos locais.

 

- Quantas vezes e o que foi catalogado desse lugar aqui, Elias? – Perguntou Miguel apontando no mapa.

- Duas batidas da New Force, nunca era encontrado nada a não ser jogos como mini cassinos ilegais.

 

- Cassino, local cercado por prédios e várias ruas, basicamente quem sair do apartamento poderia escapar em qualquer direção. Quem fosse investigar poderia ser cercado de todas as posições e ângulos expostos e por último esse quarteirão foi cotado para ser comprado por uma empresa ligada ao nome do Lucio antes da saída dele da New Force, mas não fora avançada a compra, mas nada o impede de ter usado métodos ilícitos para se apropriar do local. – Compartilhou Miguel o seu pensamento.

- Basicamente esse é um local feito para ser uma toca de rato, múltiplos caminhos, para fuga e por ter várias possibilidades de vigilância ele não seria pego desprevenido jamais.

- Correto Elias! Só tem um problema nisso tudo, essa área tem relatos de Blackouts.

 

Elias ficou estranhado sobre isso, mas logo entendeu, dependendo da hora que fosse o blackout Zeks poderiam aparecer e transformar a missão em um tremendo desastre não só para prisão da gangue, mas também para os moradores dos arredores.

 

- Você acha válido convocarmos um pequeno contingente para fazermos essa missão? – Perguntou Elias.

- Não, teremos que ir disfarçados! – Informou Miguel.

 

 

Algumas horas depois...

 

 

- Preciso de vocês, pois faremos uma reserva para cada um com nomes falsos e documentos falsos. Dispor vocês em prédios diferentes e eu irei como um jogador do cassino e me infiltrarei aos poucos, como jogador, vou tentar ganhar ou perder, o que chamar a atenção de forma mais segura e ir coletando informações, em caso de ameaça vocês agirão, mas somente sobre a minha ordem. – Dizia Miguel que estava com seus companheiros de esquadrão numa sala de reunião na instalação da New Force.

 

Todos os 3 ali presentes concordaram com as ordens, mas Elias sentia algo em si como se fosse algo o alertando de um perigo eminente, mas quis ignorar naquele instante e confiar em Miguel.

 

- O setor de equipamentos já está montando todos os documentos e lançando dados falsos para caso eles resolvam verificar as informações da rede. – Explicou Miguel.

Já era de madrugada quando Miguel terminou a reunião com os soldados.

 

- Quatros horas da manhã? Acho que preciso descansar nem que seja um pouco...

 

Miguel estava descendo as escada quando notou uma figura diferente do comum ali, era um civil que dizia saber sobre o paradeiro de Lúcio e seus subordinados. Imediatamente Miguel se pôs a escutar o civil, que era magro e alto, possuía muitas tatuagens e vestia uma camiseta amarela desbotada, bermuda quadriculada e um par de chinelos pretos.

 

- Poderia me acompanhar, senhor? – Perguntou Miguel enquanto apertava a mão do civil. – Que aperto firme! Afinal, não me apresentei, me chamo Miguel e sou o encarregado pela investigação referente ao grupo criminoso que o senhor venho a citar agora pouco.

- Pra-prazer senhor Miguel, sou Rubens Dutra. – O civil demonstrava medo ou nervosismo.

 

Miguel indicou a localização da sal de interrogatório e para observar deixou o civil ir na frente. Já na sala o civil sentou e Miguel se manteve em pé de braços cruzados o olhando.

- O senhor me dá medo! – Disse o civil que tremia um pouco.

- Peço perdão senhor Rubens, infelizmente o meu trabalho não me permite parecer muito amistoso com minhas expressões faciais.

 

O civil puxou uma toalhinha que estava em seu ombro e secou seu rosto, mesmo a sala estando bem refrigerada e isso chamou a atenção de Miguel.

 

- O senhor veio correndo, deve ter sido visto por eles ou coisa do tipo, correto? – Perguntou Miguel começando o seu jogo.

- É, é.... isso mesmo. – O civil engoliu um seco e começou a falar. – Hoje mais cedo aonde eu moro, Terreirão estava uma bagunça e eu não sabia por que, nem movimento comercial acabou tendo, mas permaneci lá na minha barraca até que apareceu 7 caras para conversar e tomarem uma breja padrãozinho carioca do lado.

 

Miguel prestou a atenção e começou a assimilar e analisar o cenário para a possibilidade de que a gangue esteja no esconderijo do Terreirão.

 

- Um deles parecia muito forte e os outros pareciam o obedecer. Mas o que me chamou a atenção foi o fato de que eles estavam muito atentos a tudo como se a qualquer instante pudesse acontecer algo.

Alguns momentos depois, Miguel viu um fraco raio de sol pairar por sobre a minúscula janela que ficava a esquerda da sala. Seu corpo pesava e sua cabeça doía um pouco.

 

- O senhor disse que eles foram um a um saindo do local cada um por uma direção, ficando só dois deles. O que parecia o Lúcio e outro que estava escondendo muito o rosto.

- Eles ficaram muito tempo conversando? – Perguntou Miguel olhando atentamente buscando sinais de mentiras no civil usando sua percepção.

- Muito tempo, me arrisco a fa-falar que eles ficaram quase 2 horas a mais conversando.

 

"Ele não parece mentir, então eu devo descartar a possibilidade de que ele veio aqui mandado para implantar informação falsa e atrapalhar o fluxo investigação. Mas ainda tem esse fator, um sétimo suspeito. Um informante, um mediador, um amigo simplesmente? Não! Por que um amigo apenas da pessoa estaria tão fixada em esconder sua identidade?"

 

Miguel estava tão concentrado pensando que não percebeu seu parceiro Elias entrando na sala com dois copos de café.

 

- Miguel? – Disse Elias.

- Bom dia, meu amigo, conseguiu dormir? – Perguntou Miguel enquanto dava uma boa golada em seu café quente.

- Se você considerar, 2:30 hrs de sono como dormir, sim eu dormi bem até demais.

 

Miguel riu e se voltou para o civil que parecia mais calmo que antes.

 

- Esse é Elias, meu parceiro na investigação.

- Esse não é o Rubinho Doidão? – Perguntou Elias.

 

O civil pareceu nervoso após a declaração.

 

- Rubinho Doidão? – Repetiu Miguel sem entender.

- É um bêbado e meio maluco das ideias que vive pelo Terreirão, costuma fazer tudo por dinheiro até onde a fama dele chega. – Informou Elias mostrando estar incrédulo com a situação.

- Ei! Eu não sou doido não senhor! – Exclamou Rubens.

- Não é o que o pessoal vive dizendo sobre você, Rubinho Doidão. – Reforçou Elias.

 

De repente com raiva Rubens de pôs de pé e inclinado para frente batendo forte na mesa com tamanha indignação que sentia pelo o que estava ouvindo.

- Ei! Chega, Rubens obrigado. Pode ir para casa ou sei lá para onde. – Gritou Miguel irritado.

- Mas senhor... – Tentou Rubens falar.

- Você já ouviu, né? – Falou Elias abrindo a porta e encarando o civil.

 

O civil saiu revoltado pisando forte e de cara fechada.

 

- Vamos ou vai querer descansar? – Perguntou Elias

- Já está na hora de irmos? – Perguntou Miguel que estava desconectado até do tempo.

 

Antes de Elias responder se ouviu um barulho no corredor seguido de um grito do civil. Miguel olhou e correu rápido em direção ao civil que caía com uma sombra não identificada se dissipando rapidamente de um peito esquerdo repleto de sangue.

 

- PRIMEIRO SOCORROS! – Gritou Miguel – Elias, janela vai!

- Sim senhor! – Respondeu Elias correndo e pulando pela janela enquanto rodopiava.

 

Rubens já aparentava estar em um caso de difícil recuperação, mas o mesmo agarrou a camisa de Miguel e tentava dizer algo.

 

- Carro gordo, carro gordo.

- Carro gordo? – Questionou Miguel pressionando o ferimento tentando ganhar tempo até os socorristas chegarem – O que você quer dizer?

- Sé…sétimo e carro gordo.

 

Essas foram as últimas palavras de Rubens Dutra nos braços de Miguel que estava tentando se manter lúcido enquanto os socorristas chegavam atrasados.

 

"Sétimo e carro gordo, ele não era maluco afinal, acho que que carro gordo é a carroceria de um veículo e sétimo era o sétimo elemento que ele falou. Essa informação pode nos ajudar e muito, mas custou a vida de uma pessoa. Não pode ser em vão a morte dele, o sangue dele está nas minhas mãos. Como será que está a perseguição do Elias?"

 

De repente um soldado chama por Miguel que rapidamente corre em direção as celas temporárias e ao chegar percebe que Ivo também já estava morto.

 

"Mais que merda está acontecendo?"

 

Miguel socou forte a parede de raiva pois perdera duas vidas bem debaixo de seus olhos. Enquanto isso, Elias chegou correndo esbaforido e todo ralado dizendo que não havia conseguido achar o culpado, pois ele estava em uma distância muito grande.

 

- Temos que ir agora atrás do Lúcio ou isso pode piorar, eu não sei mais qual é a desse cara e os planos dele. Chama logo todos, vamos ter uma abordagem diferente do que a planejada! – Ordenou Miguel mostrando raiva em seu olhar e tom de voz.

 

Elias correu imediatamente para o alojamento e acordou aos outros dois soldados e logo desceu com eles direto para a garagem aonde Miguel aguardava a todos com seu sobretudo e com um olhar profundo.

 

- Estamos todos aqui senhor! – Informou Elias.

 

- O plano vai ser chamar a atenção! – Exclamou Miguel enquanto abria um mapa em cima de um capô de carro preto. – Ele aguarda a nossa cautela, só que como a nossa cautela nos custou duas vidas iremos fazer ele entender que com a New Force não se brinca, estou pouco me lixando se ele um dia já foi um de nós!

 

Miguel mostrou os locais de interceptação e os locais potencialmente usados para rotas de fuga, confrontos ou encurralo. Alguns minutos depois todos estavam prontos para partir e a equipe se dividiu em dois carros.

 

Miguel e Elias foram em um, enquanto Mauro e Pedro foram em outro.

Dentro do carro Miguel parecia inquieto e Elias havia reparado nisso perguntou:

 

- Miguel, a morte daqueles caras te abalou? Gostaria de reavaliar se devemos ou não seguir com a missão hoje? Podemos juntar um contingente maior e rever o seu estado?

- Sem tempo para isso agora! – Respondeu Miguel que se afundava em seus pensamentos.

- Ok! O que eu posso fazer então para tirar tantas coisas da sua cabeça?

- Desculpe Elias, só estou tentando me concentrar para entender algumas informações, só isso? – Respondeu de forma ríspida o soldado.

- Entendido.

 

Elias se concentrou na direção enquanto Miguel olhando pela janela pensava em tudo que ocorrera nas últimas horas.

 

"Duas vítimas, ambas envolvidas no caso, só que uma é, ou melhor era um dos fugitivos, enquanto o outro era um infeliz informante de bem. Ele foram mortos por algo capaz de transpassar uma boa distância, algo como um arco? Não, demoraria a dissipar. Algo pequeno e arremessável, mas o que?"

 

Miguel se voltou para Elias e o perguntou sobre sua sombra.

 

- Elias como você um atirador treinado, atiraria uma flecha a longa distância?

- Que pergunta é essa cara? – Elias riu.

- Não queria ajudar? – Retrucou Miguel

- Certo, longa distância então? – Elias enquanto dirigia coçou seu couro cabeludo e se voltou para Miguel e voltou a falar – Usaria as variantes, são elas ao todo 6, vento, distância, tamanho do arco, tamanho da flecha, ângulo e posicionamento.

- Então para eu atirar a longa distância precisaria pensar nesses 6 âmbitos? – Questionou Miguel.

- Sim! Nem sempre todos eles são necessários, mas em média é bom sempre pensar em todos eles, pois uma flecha errada pode desandar tudo.

 

Miguel se pôs a pensar novamente, mas dessa vez Miguel simulou toda a estrutura geográfica que cercava a instalação e lá estava ele, um ser flutuante como uma divindade.

 

"Em pensar que esse lugar era para ser seguro. A janela aberta era virada para a direita e a do andar da cela era a direita. Levando os 6 fatores que o Elias falou ele deveria estar em um lugar que otimizasse a calma para pensar neles e a precisão deles. Em cima de árvore? Não instável demais, um galho quebrando ou trincando na hora colocaria toda a missão dele em risco. Sobram moitas e pedras, as moitas fariam ele estar totalmente seguro, mas atrapalharia muito a visão e se contar com o fator do vento uma folha balançada na hora errada era tiro perdido e de novo fracasso. Logo só resta vocês pedras, mesmo exposto se for alguém bem treinado era uma mudança básica no braço, então o local foi esse!"

 

Miguel em sua mente já havia pré-estabelecido o potencial local e traçando uma possível rota percebeu que mesmo andando ele poderia chegar mais rápido.

 

- Preciso que você acelere mais Elias, quanto mais rápido chegarmos melhor. Pisa fundo!

- Sim senhor, vamos ver do que esse carro gordo é capaz!

 

Essa frase gelou a espinha de Miguel que devagar foi virando seu rosto para Elias, incrédulo perguntou para Elias.

 

- Chamou esse carro de que Elias?

- Ué, carro gordo, afinal ele é um carro redondo e lento.

 

Miguel só pôde naquele momento ouvir a voz de Rubens:

 

"Carro gordo...Sétimo, carro gordo..."