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Chapter 4 - Capítulo #3 - O Contrato das Lâminas

 

Lucas seguiu para uma corrida matinal ao lado de Miguel seu acompanhante durante os períodos de teste para a afloração mais assertiva possível de Lucas.

 

- Eu estou achando que vocês fizeram um alarme muito grande para uma pequena faísca, sabia? – Disse Lucas em uma corrida lenta.

- É o protocolo sabia? Muitos de nós da New Force queria ser um civil comum, mas os tempos difíceis não nos permitem. – Explicava Miguel enquanto disparava em velocidade com Lucas o tentando alcançar.

 

Nas últimas 3 semanas Lucas havia feito uma série de exames, algumas séries de exercício. Tudo fazia parte de um protocolo para o acompanhamento e treinamento base para pessoas que manifestaram suas sombras.

 

- Eu sou sua testemunha e ainda sou um soldado, se não fosse eu talvez alguém iria ceder para as emoções da sua tutora. – Dizia Miguel enquanto fazia abdominal e Lucas o acompanhava.

- Então tem um protocolo para que se alguém manifestar a sombra, vocês possam cercar e instigarem ele a ir para a New Force?

- Não exatamente instigar, mas mostrar a importância e dar a pessoa um senso de dever e responsabilidade.

 

Agora Miguel fazia flexões enquanto Lucas o imitava.

 

- Olha, conheço isso como instigar, persuadir e entre outras.

- Está bem, talvez nós instigamos um pouco as pessoas, mas é por que o governo não tem falado abertamente, mas atualmente estão aumentando as baixas e como muito do contingente brasileiro pelo menos está entrando em aposentadoria, estaríamos naquela espécie de momento esperando novas estrelas.

 

Lucas já sabia aonde aquela conversa o iria levar então resolveu fazer uma corrida sozinho e saiu em uma velocidade média de disparada.

 

"Esse rapaz não quer mesmo seguir esse caminho, é como algo mentalmente o impedisse de querer aceitar o cenário atual, mas eu também não o culpo."

 

Lucas estava isolado de Lourdes, de Rafaela, da faculdade e de seu estágio. Tudo isso o irritava por algum motivo, cada dia dessas semanas que passaram Lucas ansiava por voltar para sua rotina. A única coisa que o agradava era o fato de poder dormir em paz, pois dede o quase-despertar, Lucas obteve noites de sonos tranquilos como nunca antes.

 

"Eu estou desconfortável já! Para ser sincero até frustrado, tive que me ausentar por 3 semanas para testar uma droga de coisa que talvez eu nem tenha. Foi só uma coisinha rápida por que eu não tinha tomado uma droga de vacina e tem todo esse alarde, chega a ser patético beirando ao engraçado."

 

Lucas possuía convicção de que aquilo era desnecessário, ele nunca gostou de ter mudanças comuns em sua rotina e agora estava frente a frente com uma situação desconfortável que era estar preso naquele lugar.

 

Mais tarde naquele mesmo dia Lucas parou para conversar com Miguel que estava fazendo sua meditação, Lucas o interrompeu falando:

- Eu poderia seguir uma vida de desenvolvedor como um membro da new force?

- Depende do tamanho de sua proeminência em cada quesito, existe um teste para a área que você vai seguir e existe um teste secreto para averiguar sua força e maestria no combate.

- Deixa eu adivinhar, não posso escolher qual caminho eu vou seguir, correto?

 

Miguel erguendo sua sobrancelha encarou Lucas se questionando a preocupação do jovem em ir ou não para combate, mesmo ele nem tendo aflorado ainda.

 

- Digamos que no atual cenário, só se você for extremamente incompetente em combate que vai ser jogado para a sua área e isso se você passar na sua área – Explicava Miguel.

- Então saiba que não estou mais disposto a cooperar com o protocolo de vocês e estarei indo embora ao amanhecer.

 

Miguel respirou fundo e se levantando perguntou para Lucas.

 

- Por que você quer tanto ser um desenvolvedor?

- Para poder retribuir o bem que o mesmo mundo que me fez mal me deu. Poder ajudar a Lourdes, criar algo que auxilie os humanos na luta contra as doenças, coisas que talvez um soldado não conseguiria entender. – Retrucou Lucas.

 

Miguel então pensou em algo e logo agiu.

 

- Então digamos que você está perto de tudo isso, sonhos, metas, alegria com a dona Lourdes e você e aquela sua namorada felizes.

- Ela não é minha...

- Calado! – Exclamou Miguel enquanto se colocava em pose de combate e aflorava sua foice. – O que você faria se um Tezek invadisse agora o seu bairro? O que aconteceria se você tiver de frente para ele e atrás de você sua namorada? RESPONDA!

 

Miguel saltou em direção a Lucas pronto para cortar o jovem ao meio, mas Lucas no susto se jogou no chão e a lâmina parou por suas costas, mas sem o acertar.

 

- É isso? Desviar é o seu trunfo? – Exclamava Miguel.

- Você está maluco? – Gritou Lucas se levantando do chão e sendo rapidamente golpeado pelo bastão da foice no rosto.

- Acha que seu mundinho utópico vai durar? Acha que coisas podem não acontecer com você?

 

Miguel exibindo extremo domínio no manejo de sua sombra, a girou da direita até a esquerda usando suas costas como base pro giro que resultou num feroz corte e se não fosse Lucas pular para trás do sofá que tinha no salão aonde eles estavam, uma pequena estatueta não seria a única coisa cortada ali.

"Vamos garoto..."

 

Lucas correu até a porta do cômodo, mas Miguel era mais rápido e já estava lá então Lucas o confrontou falando:

 

- Senhor Miguel o que está fazendo? Está Maluco?

 

Miguel se pôs para frente em direção a Lucas que começava a se assustar desacreditando em qualquer tipo de teste ou brincadeira.

 

- Me prove que dá para viver uma vida normal sabendo das suas responsabilidades sabendo que poderia salvar e no final pessoas morrerão por sua negligência. Usa agora sua programação! – exclamou Miguel no ar frente a Lucas.

 

Rapidamente veio o golpe seguinte que era um chute com a perna direita e Lucas o defendeu, mas a força de Miguel era maior afinal ele estava para ser promovido para a classe S por exímias habilidades em combate.

 

- Já chegaaaa! – Gritou Lucas ofegante e correndo perdido pelo cômodo com Miguel o perseguindo de forma calma e fria.

- Já chega? Sério que é isso que vai dizer para os cadáveres das pessoas que você ama? Não pensou em nada melhor?

 

Miguel o agarrou pelo o ombro e o arremessou contra uma parede, Lucas olhava de um lado para o outro em busca de uma solução, mas não tinha nada.

 

"Fugir? Sim, mas como? Por baixo dele? Não, vou ficar no alcance de um giro dele com a foice. Talvez cortar ele em uma média distância? Eu não...!"

 

Miguel se aproveitou da série de pensamentos de Lucas para desferir um golpe Vertical descendente em linha reta, de repente Lucas rolou para o lado e encarou o olhar de Miguel que estava tão frio quando naquela noite que o mesmo salvou sua vida.

 

- Foi isso, não foi? – Perguntou Miguel apontando a foice para Lucas. – Primeiro seus pais não o queriam então você cresceu um jovem amargurado com todos e com isso você acha que criar essa utopia vai ajudar as pessoas? Me poupe, você não sabe nem por que vive e ainda quer tomar a rédea da situação?

- Cala a boca! – Exclamou Lucas com raiva – Você não sabe...

- "nada sobre mim..." – completou Miguel – Tem uma frase menos clichê que essa não?

 

Lucas sentiu a mais pura raiva em ascensão em seu ser e queria poder encher a cara de Miguel de murros, chutar, quebrar, destroçar, fazer ele sofrer. Miguel percebeu a mudança de olhar em Lucas então voltou a atacar enquanto falava:

 

- Fica chateado não seu civil fraco. Guarda seus sentimentos para quando a Lourdes morrer e você ficar sozinho como quando era um bebê.

 

Lucas pisou firme no chão e avançou até Miguel mais rápido que tivera corrido até aquele momento e socou a cara de Miguel com uma força que dissipou a sombra do soldado e o jogou para trás uns 3 metros no chão.

 

"Até que demorou, vamos continuar essa brincadeira, até que está me rendendo um bom aquecimento para aquela missão para ir atrás daqueles ratos e do Lúcio."

 

Enquanto pensava, Lucas pulou em direção a Miguel e tentou replicar seu chute, mas Miguel aflorou sua foice e acertou o lado oposto do das lâminas na costelas de Lucas que foi arremessado de volta para a mesma parede, mas levantando Lucas não parecia mas ter medo.

 

- Você achou mesmo que um soco e u chute mal copiado ia funcionar? Cara, Rafaela e Lourdes tem que morrer mesmo! – Praguejou Miguel – Consegue ver né o corpo dele e da Rafaela no chão e você lá chorando e pensando no quão lamentável foi sua vida.

 

Lucas permanecia inerte e Miguel seguiu com um corte pela diagonal direita em uma inclinação mirada no ombro para dilacerar em dois Lucas, mas o jovem foi rápido para a direita.

 

Lucas não sabia como, mas sabia que era para lá que precisava se mover, mas Miguel já previa tal movimento e com um balançar a foice se voltava para Lucas mais uma vez, era um corte certeiro e uma distância curta demais, Lucas havia desistido ali, mas de repente o formigamento na mão veio com tudo, olhou rápido para ela e logo entendeu, tinha que ser naquele momento, era um tudo ou nada.

Lucas foi de encontro a foice de Miguel colocando seu braço na frente da foice, se ouviu um som de baque forte, Lucas de joelhos tentando segurar a força avassaladora da foice Miguel que olhava para a cena satisfeito com o que estava vendo.

Lucas segurou o ataque com um sombra em forma de uma espada asiática, mas mesmo assim com sua sombra recém aflorada, Miguel era mais forte e experiente, correu largando e dissipando sua foice fazendo Lucas perder o equilíbrio das pernas e em uma aproximação Miguel aflorou sua sombra em uma posição diferente.

O bastão para cima e a lâmina para baixo, se tratava de uma manobra de ataque de cima para baixo, feito para cravar os inimigos na lâmina e os arremessar para cima ou para os lados. Lucas pulou para cima, girou sua espada de forma que a lâmina em horizontal evitasse danos da foice de Miguel, o conceito para evitar o corte foi bem sucedido, porém Lucas foi arremessado para a direita, sua sombra dissipou e bateu na mesa suas costas, na sala se ouviu um estalo, era claro o vencedor daquele frenético embate.

Miguel se aproximou de Lucas cautelosamente, para averiguar se não havia exagerado, mas de repente Lucas se colocava de pé e dizia:

 

- Achou que eu ia cair só com isso seu soldado de merda, covarde e imbecil! – gritou Lucas mal se aguentando de pé, mas o mesmo insistia em se manter lutando.

- Agora você acha que é assim? "Agora tenho sombrinha, vou sair batendo em geral..." – Zombava mais uma vez de Lucas.

 

Lucas pensou e lembrou do que pensava na hora que aflorou sua sombra e quando percebeu o que era, sorriu aflorando ela de novo e encarando Miguel que aflorou sua sombra novamente para se reiniciar o conflito.

 

Ambos avançaram sem hesitação, o corpo de Lucas pesava muito e a cabeça de Lucas parecia uma bomba explodindo, mesmo assim cortou rapidamente para esquerda de Miguel que o encarou, freio seus movimentos e usou seu peso para reverter a volta que estava já fazendo com a foice a fazendo agarrar a espada de Lucas que o mesmo não soltava até que se dissipou a espada e Miguel percebeu o motivo, fez dissipar a sua sombra também e correu até Lucas que havia se sobrecarregado e desmaiado por tamanho esforço.

 

"Esse moleque..."

 

Pensou Miguel, enquanto em meio a bagunça colocava o jovem deitado no que restou do sofá.

 

- Pode aparecer mestre! – Exclamou Miguel olhando para um canto da sala.

 

Lá estava um homem negro, calvo e com olheiras notórias. Ele usava um sobretudo igual ao de Miguel.

 

- Um verdadeiro achado Miguel! – Disse o homem.

- Não penso assim, penso nele mais como um cachorro selvagem que não pode ser domado.

- O que pensamos não importa, olha o que ele fez contra um candidato a classe S.

- O senhor pretende integrar ele na Academia então, mesmo que ele não queira? – Questionou Miguel sentando no chão e respirando fundo.

- Todo esse tempo comigo e ainda não entendeu como eu funciono né? – Dizia o homem que estava em pé na frente de Lucas desacordado – Esse rapaz é sim mais um apenas, assim como eu e você nessa engrenagem gigantesca chamada de planeta Terra, mas esse mesmo planeta está mudando, viu o que aconteceu na missão dos gêmeos? Um Azek de uma tartaruga simplesmente atacou em plena a luz fraca do dia, umas peças sobressalentes podem vir a ajudar a enfrentar o equilíbrio da natureza.

 

Miguel balançava a cabeça para o seu mestre enquanto recostava sua cabeça.

 

- Pode até ser, mas mestre Demétrio não me designe para o treinamento dele, acredito que depois do que o senhor mandou eu fazer, ele quer aprender a usar a sombra para me matar.

- Você acha que perderei a chance de ter uma arma dessas na minha galeria de alunos?

- Com toda a certeza eu sei que não!

Miguel havia sido ordenado por Demétrio a obter o despertar da sombra de Lucas e o mesmo havia conseguido, mas sem saber explicar o porquê, Miguel se sentia inseguro pela inserção de Lucas a este cenário militar.

 

2 Dias depois...

Lucas havia sido movido naquela mesma noite para a ala de enfermaria da Academia da New Force do Oeste, era um campus maior que a da Faculdade aonde Lucas estava antes estudando.

 

- Outro lugar? – Resmungou Lucas acordando de dois dias de pleno sono devido à sobrecarga causada pela afloração de sua sombra.

- Academia do Oeste é como eu costumo chamar essa joça aonde estamos. – Disse uma figura alta e forte saindo do canto da sala. 

- Quem é você?

- Me chamo Demétrio Rodrigues, sou um soldado da classe S da New Force e atualmente estou como responsável pelo seu treinamento. – Explicou o soldado.

- Eu não concordei com nada disso e vocês não esperam que depois que aquele maluco da foice (Miguel) fez eu vá ficar doidinho para entrar nessa coisa com você ou qualquer outro soldado!

 

Lucas estava sentado na cama quando o soldado se aproximou e disse:

 

- Olha no seu atual cenário, não possui muita escolha, não queria dizer nada, mas você agrediu um soldado que estava de serviço.

Lucas arregalou seus olhos e já possuía raiva daquele cara em sua frente.

 

- Situação atual? Estão de sacanagem? – Exclamou Lucas gesticulando ferozmente os braços – O cara simplesmente me atacou e quando eu comecei a me defender viro criminoso? Vai comprar um donut, vai.

 

Lucas se levantou da cama e notou que havia mais alguém ali perto o vigiando e isso o assustava.

 

- Veja bem jovem Lucas Ícaro, você tem uma sombra um tanto comum e o protocolo padrão de testar suas forças funcionou resultando em uma nota C e mesmo que o tivesse atacado e o ferido de forma semi-grave ele estava executando uma ordem direta minha, logo estava ele de serviço, então isso te torna um cara que tem um motivo para se inserir na Academia do Oeste.

- Era tudo um show para vocês? O cara poderia ter me matado e isso era tudo só para a merda de um teste para saber se eu sirvo para virar um soldadinho igual vocês?

Lucas demonstrava raiva e Demétrio sorria como se fosse aquilo mesmo que ele queria. Lucas sacou o que estava ocorrendo então se lembrou do que leu antes de ir falar com Miguel.

 

- De acordo com a lei e seus protocolos, mesmo que a pessoa seja aprovada no teste ela pode escolher entre estudar na academia militar ou se manter em formação numa faculdade ou escola comum e apenas ir para o espaço da New Force treinar até que o mesmo se forme. – Lucas repetiu o que tinha na constituição da New Force.

 

Isso acabou arrancando um olhar de surpresa de Demétrio que respirou fundo e prosseguiu ouvindo o jovem:

 

- Se quiserem me acusar de qualquer coisa, vá em frente, pois se eu for preso por esse crime que você sugeriu, estarei preso e logo continuarei fora do seu honorável contingente, estou errado soldado?

- De maneira alguma. Como eu disse para o Miguel, você é um achado e tanto. Não vou correr o risco de perder um soldado em potencial. – Retrucava Demétrio abrindo a porta do local e fazendo um gesto de liberação de caminho.

 

Enquanto com passos lentos Lourdes entrava no quarto e olhava com olhos de saudades e do mais genuíno amor, Rafaela saiu correndo e abraçou Lucas que ficou sem reação com aquela cena. Era um abraço de saudade e o mais puro alívio de poder ver um amigo e Lucas nunca sentiu isso de alguém sem ser a Lourdes.

 

- Você ta querendo tanto assim se livrar de mim Coisa Chata? – Exclamou Rafaela enquanto apertava Lucas com seu abraço de urso.

- Aiiiii – Lucas exclamou de dor, pois seu corpo ainda sentia o pessoa da luta – Você fala alto sabia Rafaela?

 

Rafaela se desculpou pela força e cedeu espaço para Lourdes falar com Lucas a idosa abraçou Lucas também e o mesmo estava feliz de poder rever ela e também possuía alguma estranha alegria em ver uma caloura que mal conhecia ele.

 

- Fazem dois dias que você está aqui minha criança, eu já estava preocupada de você não...

 

Lucas a interrompeu pondo a mão em seu rosto repleto de lágrimas e esboçou um sorriso sincero para Lourdes que só conseguia enxergar o bebezinho que sorriu quando deu seus primeiros passos, a criança que sorriu quando brincava pela casa.

 

- Eu estou bem, mãe! – Disse Lucas.

- Você me chamou de mãe? – Lourdes derramou suas mais alegres lágrimas depois de tanto tempo Lucas havia chamado ela de mãe, fato que não ocorria desde sua infância.

 

Rafaela sorria com a cena e Demétrio olhava com serenidade entendendo os motivos do rapaz.

"Esse garoto não sabe o quanto eu queria que ele fosse um civil comum, sem sombra, sem lutas, poder alavancar a sua própria vida e seguir um rumo pacifico, mas esse mundo não é mais possível desde o seu despertar, pelo menos poderei treinar ele para poder proteger elas e talvez possa tirar ele de campo o máximo que eu puder."

 

- Mas a senhora é isso, minha mãe. – Reforçou Lucas.

- E você é isso para mim, meu pequeno e ranzinza Lucas. – Disse Lourdes colocando as mãos na cabeça de Lucas e embaraçando seus cabelos negros.

 

Rafaela riu da cena e seguiu zombando Lucas:

 

- Até ela sabe que você é chato, Hahahahahahaha.

- Me perturbar você perturba, mas estudar que é bom, nada né...

- Ei! Eu li já quase 3 dos livros que você me mandou ler e atualmente sou uma ótima aluna na turma tá, senhor desmaiado

- Aiai, você dois parecem até namorados! Saudades dos meus tempos. – Exclamou Lourdes alegre.

- NÃO SOMOS NAMORADOS! – Disseram juntos Lucas e Rafaela.

Demétrio soltou uma gargalhada perto da porta ainda e com um olhar completamente diferente de antes e disse para eles ali presente:

 

- Esse jovem apresentou em nosso teste uma imensa força, porém ele tem uma exímia habilidade técnica, resultado de uma vida acadêmica acima da média e em vista do seu despertar iremos manter ele na faculdade afim que se forme e possa integrar em nosso esquadrão de tecnologia.

- Eu começo a partir de semana que vem a treinar aqui, correto? - Perguntou Lucas que encarava Demétrio com um olhar relutante, mas aceitando.

- Exatamente, mas com isso não pense que deixará de receber o valor de seu estágio. A New Force irá custear seus treinos e o remunerar pelos estudos. Você poderá voltar para casa todo dia após o treino e aos sábados você passará das oito horas até 17 horas aqui e no domingo você está inteiramente livre de qualquer coisa.

 

Lucas conseguia ponderar ambos os lados, o dele e o da New Force, mas faria o melhor, pois o que o fez ativar naquele dia a sua sombra foi o medo, o medo de perder quem o amava. Mesmo que de uma forma distorcida, Miguel havia feito Lucas lembrar que o mundo era cruel e que sempre será daqueles que forem mais forte, então seu objetivo ali mudou, ele queria ser uma pessoa forte para proteger a si, aos seus sonhos e a quem ele amava.

 

- Então a partir de semana que vem nós teremos um contrato? – Perguntava Demétrio.

- Sim senhor! – Respondeu Lucas.

 

Lourdes não gostou da ideia, mas o olhar do jovem parecia firme e decidido então o correto era apoiar. Rafaela estava alegre com tudo que estava acontecendo, pois ela queria ver o seu amigo feliz.

 

- Bom que poderei ter um guarda pessoal em breve, só para mim, afinal serei uma botânica extremamente famosa e vou precisar de proteção! – Dizia Rafaela enquanto arrancava boas risadas de todos ali – Então treina direitinho hein, Recruta Chato!

- Para de me chamar assim, Pirralha! – Respondeu Lucas com uma careta de nervoso.

 

Em alguns momentos depois a enfermeira trazia para Lucas uma bandeja com sua janta. A idosa Lourdes foi levada para comer no refeitório do local, enquanto Rafaela recusou o convite, pois já havia comido antes de visitar Lucas.

 

Com Lucas e Rafaela sozinhos no quarto, o silêncio pairou no local por alguns minutos, até que Lucas enquanto mastigava perguntou:

- Por que você tem estado tão preocupada comigo? Normalmente as pessoas não ligam muito.

 

Rafaela o encarou com um olhar sereno, mas que mostrava um pouco de tristeza e Lucas não havia visto Rafaela assim até agora. Os olhos dela mostravam o mesmo olhar de Lucas quando se olhava no espelho.

 

- Obviamente sem meu mentor como irei conquistar o mundo com minhas futuras descobertas? – Disse a jovem dando uma risada forçada.

- Resposta errada! Fala a verdade.

- Você é muito chato sabia? – Rafaela saiu da cadeira de acompanhante e levantando começou a gesticular com os braços enquanto sua palavras saíam de sua boca – Você foi o primeiro a não me cobrar ser a filha perfeita, a herdeira, a CEO Jr, a isso ou aquilo. Quando você me aceitou ser meu padrinho na faculdade por livre e espontânea pressão, você acreditou em mim e no meu sonho, não riu nem nada, apenas acreditou e me apoiou. Você foi o primeiro amigo da faculdade e eu gosto da calma que é poder estar do lado de alguém que veja mais em mim do que apenas uma herdeira.

 

Lucas entendia que aquilo ali era genuíno e era com a mesma pureza que ele sentia por Lourdes.

 

- Então, saiba que quero te ver em uma capa de livro super famoso, estamos entendidos, pirralha?

- Pode deixar, Soldado Ranzinza!

 

Lucas e ela apertaram a mão e ali se formou a primeira amizade sincera de ambos. Lucas já havia terminado de comer quando Lourdes regressou e informou que iria para casa já que estava tarde, Rafaela pediu para ficar lá com seu amigo, mas o mesmo pediu para que ambas fossem descansar que amanhã ele receberia alta e gostaria da ajuda de ambas para ajudar a organizar toda a sua vida. A jovem ficou emburrada, mas foi para casa.

 

Momentos depois...

 

Demétrio estava na porta do quarto e Lucas o percebeu, aproveitando a situação Lucas perguntou sobre Miguel.

 

- Ele foi para uma missão bem difícil, até para um classe S como eu, deve retornar quando terminar ela. – Respondeu Demétrio com um ar de preocupação com seu outro aprendiz.

- O fato de você dizer "deve retornar" não me conforta muito! – Retrucou Lucas se revirando na cama.

- Garoto, vou fazer o que puder para te deixar forte o bastante para poder proteger o que você ama e tentarei te colocar no setor de tecnologia como mais cedo falei. – Demétrio estava fechando a porta quando disse – Eu sei o que é sentir que ganhou algo e por causa desse dom ou maldição perder TUDO!

 

A porta fechou e Lucas sentiu a tristeza na fala do soldado que antes parecia mais inimigo do que amigo.