Chapter 6 - 6. Deus Existe

(Um pouco antes)

Mesmo agora Hannah tentava encontrar algum sentido no que tinha acabado de acontecer, mesmo minutos depois de tudo ter acabado ainda parecia algo surreal, como saído de um sonho... ou pesadelo.

Em um instante a jovem mais bela e gentil da aldeia ou mesmo das redondezas, quase foi deflorada na frente de todos da aldeia por um nobre (porco) nojento enquanto sua escolta (canalhas bastardos) apenas ria, decidia quem seria o próximo depois que seu senhor se cansasse dela e impedia qualquer um de se aproximar mas deixando espaço o suficiente para ver.

Logo depois o irmão dela aparece e nocautes 3 deles antes de ser mortalmente feriado, mas antes de ser morto ela mesma entrou na confusão e porém antes das coisas piorarem o nobre (porco) começou a berrar do nada, ficar com o rosto vermelho e cair para trás com veias negras se projetando da pele.

Pouco depois de morrer com uma expressão de pura agonia no rosto cada um da sua escolta também fome ou a mostrar os mesmos "sintomas" e foi caindo um por um como moscas no verão, sobrando apenas o capitão dos cavaleiros (canalhas bastardos) que começou a tremer deixar a espada cair e implorar por misericórdia de todos os presentes, dizendo que estava apenas seguindo ordens etc.

Porém instantes depois seus lamentos viraram gritos de agonia, sendo entrecortados por ameaças caso não fizessem nada, seguidas de gritos ainda piores que os anteriores, em meio a suplis de desculpas e terror.

Para Hannah ele levou mais tempo para morrer que os demais, mas isso poderia ser apenas impressão sua, o resultado de desejar que ele sentisse mais medo que a maioria. Hannah não tinha ideia do porque ou como alguém os havia ajudado ou mais importante quem, porém não conseguia deixar de perguntar porque ajudar agora e não antes, mas agora isso não importava, por agora ela apenas agradeceu pela sua amiga estar a salvo.

Os outros tinham seus próprios pensamentos e preocupações, enquanto alguns compartilhavam os exatos sentimentos de Hannah, outros estavam simplesmente aterrorizados.

"Aahhh, ughgg"

Foi só com o gemido de dor que todos puderam sair do estupor do choque e incredulidade.

Em um piscar de olhos mais uma pessoa surgiu junto ao jovem caido, uma mulher que quase pareceu se materializar do nada, Sofi, a herbalista da aldeia, a quem muitos acreditam ter sangue de bruxa por ainda parecer jovem mesmo sendo uma das anciãs da aldeia mas nada nunca foi provado nesse aspecto, não que alguém ligasse enquanto ela ajudasse os aldeões mesmo que ela tivesse sangue de demônio nas veias eles não iriam ligar.

Enquanto Hannah estava congelada (em parte se divertindo vendo os "cavaleiros" caindo feito moscas) ao lado de Constance e Agatha, os outros três, Gerard, Ivan e Sofi tinham ido ao lado do jovem e estiveram tentando fazer o sangramento parar, obviamente sem muito sucesso.

"Ei aguente firme aí garoto, isso é só um arranhão lembra do corte que levou daquele lobo em uma das suas primeiras caçadas aquilo foi ruim e você aguentou então aguente isso também!! Isso é um cortezinho de faca não é mesmo?! Se você não quiser passar vergonha na frente da sua irmão é melhor aguentar ouviu?!!!"

Ivan dizia para o jovem enquanto usava um pano molhado para tentar limpar a ferida, enquanto o pai segurava a cabeça e tentava dar água aos poucos. Com a chegada de Sofi os homens acreditavam ter um pouco mais de esperança, mas o olhar da herbalista não estava nada bom.

Gerard olhou para a mulher mais velha mas ainda tão bonita quanto quando ele mesmo ainda era jovem e perguntou com os olhos.

'Ele vai conseguir não é?'

Esse olhar também vinha de Ivan, Constance, Agatha e Hannah, mas mesmo que todos quisessem ouvir algo positivo a realidade não se curvava ao desejo dos mortais, então a herbalista disse em uma voz tão baixa quanto de um sussurro mas que foi ouvido por todos da taverna.

"Ele não está bem, o corte foi fundo o suficiente para rachar algumas costelas e romper alguns órgãos, e nos demoramos para chegar aqui. Mesmo que eu consiga fechar a ferida ele já perdeu muito sangue."

Hannah viu o rosto de Ivan empalidexer e ele ficar mudo, em contra partida o de Gerard escureceu e ela pode jurar que viu o brilho de uma raiva que nunca tinha visto no homem mais carinhoso que já conhecera, Constance e Agatha por sua vez só conseguiram fechar os olhos e chorar mais.

Agatha perguntou com a voz carregada de apelo e desespero.

"Não tem nada que possamos fazer?"

A mãe do jovem perguntou, ao que Sofi respondeu em um tom grave.

"Não, a única chance dele seria uma poção, e uma bem potente ainda por cima."

Gerard praticamente começou a berrar segurando a cabeça do filho, Ivan ficou calado com o maxilar e as mãos cerradas. Matt era aprendiz do caçador mas o homem considerava o garoto como um filho e Gerard como um irmão, sentimento compartilhado pelo mesmo, agora o filho que ambos amavam estava morrendo na frente deles e não tinha nada que pudessem fazer, tudo por causa de um maldito nobre vindo sabe-se lá se onde.

Todos na taverna compartilhavam a dor de perder o jovem. Assim como Constance, Matt era bem conhecido e amado na aldeia e na região, sendo considerado um dos melhores candidatos há casamento pelas jovens.

Tendo um grande senso de dever, lealdade, humor e um pequeno toque de infantilidade combinada há sempre útil boa aparência, resultaram em uma figura confiável pra todos o tornavam oque podia ser considerado o irmão mais velho de todos os jovem da aldeia.

Inclusive Hannah, que nessa situação fez a única coisa que poderia, algo que apenas a instantes ela nunca sequer sonharia em fazer por ter certeza que não resultaria em nada, mas agora talvez fosse diferente, ela rezou. Ela rezou para a entidade que tinha dado cabo desastre que tinha chegado no vilarejo para salvar o amigo.

Ela desejou, implorou e clamou com toda a convicção que conseguia, chegando há oferecer mesmo sua alma se necessário. Obviamente ela não foi a única, Constance foi aquela que mais recebeu ajuda nessa situação inteira então ela tinha certa certeza que quem ou oque quer que fosse que tinha ajudado poderia ajudar seu irmão, mas ela já tendo sido ajudasse ela ainda pediu por mais ajuda, ajuda para seu irmão e não hesitou em oferecer sua alma se necessário.

Agatha, Gerard e Ivan também implorar para entidade oferecendo oque quer que tivessem para tentar ajudar o jovem, Sofi por sua vez antes de pedir por ajuda de alguma coisa que poderia ou não acontecer preferiu agradecer pelo que já tinha acontecido e pedir que se ainda pudesse ajudar ela faria o possível para ajudar a entidade se assim ela quisesse.

Vários outros aldeões fizeram isso também, em preces desesperadas e desajeitadas pela falta de prática.

Tantas pessoas orando juntas é algo que nunca aconteceu nesse reino, com religião sendo gomas que os nobres tinham mais acesso assim como a magia, mas ainda assim eles tentaram fazer nem que seja alguma coisa pelo corajoso jovem, e tudo que conseguiam fazer era pedir por mais ajuda sem mal ter agradecido a ajuda que já receberam. Bem patético não é.

Mas mesmo sabendo disso, mesmo sabendo disso vários ainda tentavam, sendo os que mais clamavam pela ajuda fossem os cinco no meio da taverna.

Por instantes nada aconteceu, bem como muitos já esperavam que acontecem mas ainda assim se decepcionaram. Quando um dos aldeões foi se aproximar do grupo para tentar consola-los das súplicas fracassadas, uma coisa bem inesperada aconteceu.

Não, não inesperada, impossível, acima de Matt que estava com olhos desfocados e com a respiração cada vez mais baixa, surgiu um fetiche de luz, simplesmente do nada e desse feixe apareceu uma garrafa de cristal ornamentada com um líquido vermelho vivo dentro.

Mesmo quem nunca tinha visto sabia oque era, uma poção.

Mas oque mais chocava e com razão não era nem a poção em si, mas como ela apareceu ali na frente de todos por um feixe de luz no meio da noite. Se não um milagre oque mais seria isso.

O aldeão que tinha ido para tentar consola-los não deu nem três passos antes de se ajoelhar no chão e dizer.

"Deus... Deus existe mesmo..."

Ele disse em um sussurro incrédulo seguido por mais sons de baque secos com mais e mais pessoas se ajoelhando olhando para a poção no peito do jovem que respirava cada vez mais devagar, mas agora eles tinham certeza que ele conseguiria sobreviver e com uma verdadeira benção de Deus.