/não há como o fogo sobreviver caso não se dedique a consumir na mesma fração em que se mata/
a lua brilhava no céu iluminando a cidade abaixo e o leve aroma frio da noite seguia pela extensão carregando com sigo o silêncio noturno
no centro da cidade, um edifício espelhado que parecia comum se comparado aos outros, escondia um laboratório subterrâneo
duas pessoas de jaleco branco podiam ser vistas dentro, um homem de aproximadamente 24 anos com físico forte e uma mulher esguia com óculos
o jovem estava em pé enquanto apontava uma arma para a mulher
" Sarah mais um passo e eu atiro"
ela o olhou profundamente enquanto se aproximava, sem se importar com o aviso
o jovem apontou a arma para uma das pernas de sua colega
POWW
o tiro ecoou pelo laboratório, acertando certeiramente a coxa da mulher que caiu com o impacto
mesmo atingida, João percebeu que ela continuava se mexendo em direção ao experimento
" droga Sarah"
ele empurrou a arma na testa de sua colega e apertou o gatilho novamente
POWW
e com isso levando a vida da cientista e abrindo um buraco na testa dela
João abaixou e verificou se ela realmente estava morta parando quando percebeu que realmente estava
ele soltou um suspiro cansado e desanimado, colocou a arma na bancada ao lado e pegou um gravador de voz
" dia 12 - teste 3, sua pele se tornou totalmente branca, e seus olhos completamente pretos, o sorriso assustador ainda se mantém na face"
o jovem de jaleco ainda branco, estava em pé enquanto falava no gravador, seus olhos observam uma tela de evidro na sua frente
dentro do que parecia uma sela transparente, estava uma mulher, totalmente branca com olhos cobertos por uma escuridão sem igual, sua boca esboçava-se de um sorriso doentio
logo o garoto ligou novamente o gravador
" identificado traço predatório contra seres vivos"
atrás do jovem uma poça de sangue quente e vermelho se espalhava, saindo do corpo de Sarah
seu jaleco estava pintado pelo próprio sangue que escorria de sua cabeça
"identificado alucinações em caso de exposição prolongada ao olhar do teste M3, também identificado leve grau de controle mental"
de repente os olhos do cientista ficaram opacos e sua mente viajou em fantasia
na sua frente estava sua colega que acabara de matar
" João me tira daqui, aquela não era eu"
porém João já preparado mordeu a língua tão forte aponto de sangrar, se libertando com dificuldade do profundo vazio
" identificado mais de um tipo de controle mental, talvez pelo nível mental ou pelo tempo exposto, com isso é comprovado que é possível escapar do controle em certos casos"
acima dele a lua ainda reinava no céu
a alguns quilômetros do prédio do laboratório, um jovem magro saia de um pequeno mercado com duas sacolas em sua mão enquanto falava no telefone
"ainda hoje te envio as imagens, é realmente estranho"
do celular uma voz feminina o respondia com som morbito e cansado
*Hector, acho que você não está entendendo a dimensão do que estamos falando, são pessoas mortas, mortas, mortinhas da Silva, elas não se mexem, ficam paradas, só isso que fazem*
Hector ainda em frente ao mercado, começou a mexer nas sacolas procurando procurando uma compra específica
" hum"
ele retirou uma latinha de energético enquanto respondia de forma seca sem se importar muito
olhou por um tempo ao redor, até encontrar um velho sentado perto da esquina a alguns metros de distância, logo se pôs em direção ao mendigo
*sabe o que também é morto e se mexe? zumbis cara, z u n b i s, isso tá tirando meu sono, se realmente for isso tamo muito fodido*
" tá já entendi, depois a gente discute boa noite"
desligou sem esperar resposta, se dependesse de sua colega a conversa não terminaria
" boa noite seu Pedro"
Hector se aproximou do senhor sentado com um sorriso amigo
"eai"
o velho o cumprimentou com sua melodia rouca, era possível sentir o forte cheiro de cachaça que ele exalava
" comprei alguns lanches pro senhor"
o jovem entregou as sacolas ficando apenas com o energético em mãos
após ver que o velho pegou ele logo se retirou, sabia que não haveria resposta
naquela pequena cidade, o velho pedro era o único morador de rua, por esse motivo muitas pessoas já tentaram o retirar e colocá-lo em sociedade, mas ele sempre sumia, como se fosse uma assombração, mesmo ao iluminar do dia não era possível encontrar rastros do mendigo, o pior é que o velho começou a vagar apenas a noite, após perceber a insistência da população
" boa noite"
a voz lenta do jovem saiu solitária, e desapareceu junto dele que rapidamente entrou em seu carro e seguiu rumo ao centro da cidade