"ouviu falar?, disseram que há relatos por todo o mundo, é uma nova pandemia"
João Lucas ouviu o cochicho ao seu lado, e observando notou o grupo de idosas que discutiam
" que animal será que esses chineses comeram dessa vez?"
" é sempre eles, essa raça amarela não sabe ficar quieta"
" Odete toma cuidado, vi seu neto conversando com aquele moço asiático, deus sabe o que passa na mente dessas pessoas"
" sim sim, já assisti vários vídeos deles contaminando locais pra espalhar o vírus, provavelmente estão fazendo o mesmo agora"
" meu deus, o que será que passa na cabeça deles?"
" isso que a falta da palavra causa, mas deus sabe o que faz, o que é deles tá preparado "
o jovem arregalou os olhos de surpresa mas continuou ouvindo
" sim, esses animais vão pagar por seus pecados no último dia"
" já está próximo, agora com essa nova moda de homossexuais, lésbicas o mundo tá corrompido pelo mal"
João olhou para seu lado e passou levemente os dedos nos espetos de aço para churrasco
" leve dois pague um?, que promoção interessante"
seus dedos dançaram um pouco no cabo e logo saíram, voltando para seu bolso, o garoto não conseguia esconder a carranca em sua face, mas decidiu se abster, discutir com elas não levaria a nada
"meu deus que demora esse caixa"
reclamou baixinho enquanto mudava seu foco para a única pessoa à sua frente, o homem estava parado com a cabeça baixa
no caixa ao seu lado suas compras já haviam passado, apenas uma era mantida na mão da caixista que também estava com a cabeça abaixada
"vocês tão bem?"
ele notou que os dois estavam respirando pesado, como se suas vias aéreas estivessem obstruídas
"AHHHHHHHHH"
de repente as idosas ao seu lado começaram a gritar e correr para o final do mercado, observando o caixista na fileira delas ele percebeu o motivo
a idosa mais próxima do caixa havia sido agarrada pelo caixista
ele modia o rosto dela como se fosse um filé assado, a largando após ouvir os gritos das outras
a velha caiu morta no chão, com seu rosto totalmente desfigurado e seu único olho ainda inteiro caído junto de seu corpo
o jovem estava sorrindo grotescamente com os lábios puxados e banhados em sangue, olhava para as idosas que corriam, seus olhos se tornaram pretos como betume e sua pele ficava mais pálida rapidamente, sua cabeça estática se virou para ele, com movimentos trêmulos
" CARALHO "
João Lucas se afastou enquanto gritava de susto
o monstro percebendo a movimentação pulou de seu local e atacou sua presa, o balcão estava próximo, facilitando para ele avançar
o garoto por instinto retirou a mão do bolso e agarrou um espeto que estava próximo e cortou em direção da cabeça do caixista transformado
para sua surpresa a lâmina não cortou, mas serviu pra bater e empurrá-lo para o lado, deixando o corpo da lâmina torta pelo impacto
o monstro caiu de quatro como um animal e o olhou friamente com seus olhos escurecidos
ele ficou em silêncio, seu sorriso impregnado dava leves espasmos e sua pele estava tão branca quanto a neve
" sai pra lá capeta"
João Lucas apertou sua mão no cabo e lançou outro corte em direção a cabeça
o espeto torto desceu ainda mais rápido e o movimento perfeito o acertou em cheio deixado preso na face da criatura que rapidamente segurou com suas mãos a lâmina contida no rosto
sem demorar, o jovem levantou um dos pés e chutou a cabeça do monstro
a batida o empurrou para a prateleira perto, quase a derrubando, o barulho foi seguido pelos gritos da idosas que se escondiam no final do mercado
a criatura se levantou sem se importar com os ferimentos, sua face era pintada por sangue escuro e vermelho, cobrindo seu sorriso maldoso, que mesmo escondido era notável e apresentava um terror sem igual
João Lucas se afastou com medo
era incontrolável não olhar para aqueles olhos escuros
no profundo olhar, o escuro que preenchia o nada, como se estivesse hipinotosado
" que merda é essa"
a criatura se tacou nele, como um leão pulando em uma zebra
POWW
mas antes que pudesse alcançá-lo um alto barulho de tiro foi ouvido e junto dele a cabeça ferida do bicho explodiu pelo tiro certeiro
" assertei ele assertei ele"
sem que ele tenha percebido, o grupo das idosas havia se aproximado das prateleiras próximas, ainda amedrontadas
uma delas segurava de forma experiente uma arma civil popular nas mãos
" você tá bem garoto?"
ela o olhou tentando averiguar se tinha alguma irregularidade, porém tirando o pouco de sangue preto espirrado o jovem estava normal
"tô, obrigado"
a idosa se aproximou ainda segurando a arma e começou a chutar o corpo
" demônio desgraçado"
os ataques não pareciam carregar muita força mesmo sendo tacados com tudo
João Lucas a olhou estranhamente se perguntando como aquela velha que tremia tanto, acertou a cabeça do caixista
" Odete atrás"
as outras quatro idosas que tomaram um pouco de coragem e se aproximaram gritaram para a colega que virou repentinamente e mirou a arma para o jovem
" mas que merd-"
POWW POWW
João Lucas rapidamente se jogou para o lado desviando dos tiros
atrás dele a caixista e o homem agora também transformados o olhavam com os mesmos olhos negros e sorrindo como psicopatas
o que não durou muito pois os dois tiros da velha acertaram em cheio a face dos monstros novamente causando uma explosão de pele e ossos
João Lucas se afastou assustado enquanto olhava para os monstros que estavam atrás dele
neste momento Silencioso a voz que saia da tv era claramente distinguível
(fomos informados agora de uma possível variante do vírus dos mortos que afeta também humanos, estamos recebendo denúncias de todo o mundo de pessoas que simplesmente se transformam e atacam outras pessoas, o governo soltou uma nota de alerta para que permaneçam em suas casas, repito estamos recebendo denúncias de toda a parte do mundo,
mantenham-se seguros em suas casas, eles apresentam comportamentos agressivos e canibal, o governo também alerta para racionar os alimentos e evitar sair de cas- espera Cláudio você tá bem? Cláudio? AHHHHHHHHHH)
a câmera caiu no chão e o que parecia ser o cameraman começou a correr a trás da jornalista que gritava
" então tá acontecendo em todo o mundo?"
Odete que segurava a arma falou assustada
" é o apocalipse, meu deus"
" se acalme Benedita, primeiro vamos fechar a grade do mercado, temos sorte que a rua está vazia"
ela chamou o garoto que mesmo assustado se levantou para ajudar a ferchar
se aproveitando de sua altura e força, João Lucas facilmente fechou a grade pesada, enquanto as velhas tentavam ajudar como podiam
" pelo menos temos suprimentos e abrigo, ficaremos seguros se não sairmos daqui"
João Lucas falou enquanto empurrava um dos balcões do caixa para a grade
enquanto isso no centro da cidade
Hector finalmente chegou ao prédio de seu apartamento e parou em frente a grade do segurança com seu carro, se assemelha a uma gaiola de grades dentro tinha uma mesa computador e a cadeira do segurança
" boa noite garoto"
o gentil homem o cumprimentou enquanto abria o portão para o estacionamento mais a frente