...A praça estava acabada e completamente destruída. A poeira levantada ao ar pairava por todo canto como uma neblina.
Parecia que uma enorme violência havia acontecido por ali, o que deixaria qualquer um boquiaberto.
E no meio dessa fumaça toda, a menina de cabelos brancos e abrigo vermelho olhava chocada a visão que teve em sua frente.
— Por... que...?
Deitada no chão e sem forças, ela lançou essas palavras de pergunta ao jovem ao seu lado, também se forças.
A menina estava com hematomas leves se considerando o estado todo ensanguentado do garoto que estava com a cabeça e testa sangrando.
Mas apesar da dor que latejava e queimava a sua pele rasgada, o menino — Sado Yasutora, se esforçou para esboçar um sorrio à ela.
— Por que... Eu disse que não te deixaria...
Ela arregala os olhos coloridos escutando essa resposta e fica pasma.
Mas antes de questionar qualquer coisa, ela sente um calor aconchegante, do qual não sentia à anos, pegar na sua palma direita.
Era a mão do garoto de cabelos pretos.
— Eu prometi... Que não te deixaria só... E para cumprir essa promessa, eu vou até as profundezas do inferno se for preciso.
— Sado...
O olhar dele não vacilava, e havia um brilho autêntico da verdade e confiança.
Como ele poderia se perdoar caso não cumprisse ao menos essa promessa que fez a ela? Sado Yasutora era um jovem vadio e preguiçoso do ensino médio que não se esforçava em nada, e nunca cumpria com o que dizia.
Mas aqui estava ele, falando a maior verdade que já expressou para alguém em toda a sua medíocre vida.
O que aconteceu pra ele ficar em uma situação dessas?
A menina sabia muito bem o que rolou.
E por isso, a sensação de quente se acumulou nos olhos claros dela no momento em que a comoção chegou ao seu ápice.
As lágrimas caíram e rolaram pela bela face pálida da jovem e pingaram no chão.
— Sado, seu bobo... Você podia ter morrido... Por que fez isso...? Uma promessa? Idiota... Uma promessa não salva vidas...
Ela estava chorando. Mas ele apertou mais forte aquela mão que era menor que a dele. Dedos finos e delicados entraram em contato com os dedos dele.
Foi então que sentindo o baque da morte, ele cuspiu sangue dentre os lábios, e disse coisas que nem ele entendia.
— Por que você é minha amiga...
— ...!
— Se for para estar com você, eu vou até o final. Se isso te fizer... feliz...
Sentindo a fraqueza e a náusea cada vez mais próximos, Sado Yasutora foi mandado para a escuridão.
Com a morte se aproximando, os seus sentidos foram se fechando e apagando como a chama de uma vela.
A chama da vida estava no fim.
Ela, arregalando os olhos, força o seu corpo a se erguer um pouco mais e a abraça-lo com força.
— Sado! Sado!! Não morra! Não assim! Nãaaoo!!
Tão forte ela era. Mas nem mesmo com essa força toda que se vê em animes com seres hyperpoderosos, ela era capaz de salvá-lo.
Nem sempre um grande poder é capaz de resolver tudo.
Esse é o mundo real.
E estava no fim.
Tudo escureceu para Sado Yasutora de dezoito anos quando sua consciência foi mandada para o abismo.