Chereads / Inception Dream / Chapter 3 - Chapter 1- 3 "Coisas ainda mais estranhas - "AAaaRgvvvDzzz" de QUASE morte"

Chapter 3 - Chapter 1- 3 "Coisas ainda mais estranhas - "AAaaRgvvvDzzz" de QUASE morte"

Com a tensão percorrendo cada parte do seu corpo. Kieta Meguro estava enrolado em um cobertor da cama de Walther.

E isso faz mais de duas horas.

— Eu morri... Eu QUASE morri!! Morriiiiiiiiiii!!

— Oi, oi. Vai ficar aí até quando? Eu já não te falei que esse tipo de anormalidade acontece de forma natural por aqui?

Walther disse assim quando se encontrou com o moribundo e amedrontado Kieta Meguro enrolado e apavorado em seus lençóis.

Kieta havia contado tudo o que viu para Walther, e em como tudo foi horrível e assustador. Mas ao ver a impressão do homem que fazia pouco caso e era leviano até demais, em seu interior Kieta focou ainda mais desacreditado.

Talvez ele pensasse que se contasse sobre o seu novo trauma, Walther teria afinidade para com ele. O que não aconteceu.

Murmurando coisas como "eu tô morto, mortinho da vida" ele roía as unhas dos dedos ignorando um Walther que buscava sanar o garoto com suas palavras.

— Olha bem. Aquela mulher não veio até aqui nos ameaçar ou nos matar por algum motivo. Então estamos a salvos por hora.

— Você diz isso! Mas aquilo lá em formato de mulher me atacou sem eu nem ter feito alguma coisa! Que tipo de bairro é esse!?

— O mesmo de sempre. Eu já te disse isso...

— Um caramba!!! Há monstros bizarros por todos os lados. Seres incompreensíveis e amedrontadores! Tem um lagarto no seu banheiro!! T-talvez eu deva dar cabo da minha própria vida agora...

A expressão facial dele era fantasmagórica. Walther achou bom só deixá-lo delirando sozinho.

— Francamente, entrar na mente dele é como ler um texto que está invertido...

O homem da casa suspirou cansado ao se retirar do quarto.

Talvez fosse bom para o Kieta passar mais algumas horas sozinho...

De qualquer forma, Walther se retirou de onde estava e foi até aquela porta do banheiro.

— É, não precisava me dizer, sabe? Eu sei muito bem que reside um jacaré no meu banheiro.

O lamento dele era um só...

— Eu quero muito cagar...

♧◇♧◇♧◇

Já era o fim da tarde e o céu estava laranja. Kieta Meguro via a rua da janela do quarto de Walther e temia pela vinda daquela mulher.

— Ela vai vim... Se ela vier, vai me matar...

Ele temia e tremia pensar que logo mais seria noite, e que era na calada da noite que as bestas desconhecidas geralmente faziam a festa.

— Preciso me esconder...

Ficar acocado no chão com um rosto horrível não iria leva-lo a lugar algum.

Ele abruptamente se ergueu dali e foi enrolado no lençol para além daquela porta do quarto.

Era uma casa simples e ele logo viu Walther cozinhando algo no fogão.

— Você se levantou finalmente. Tô fazendo o jantar.

— Quê isso?

— Feijão.

— ....

— ....?

Ambos ficaram se encarando por alguns segundos. O cheiro era definitivamente o de sopa de feijão. Mas Kieta não tinha tempo e nem vontade emotiva para discutir e questionar sobre o porquê de sempre ser o feijão.

— ...Eu vou procurar um lugar seguro para me esconder...

— Ah, quer se esconder mesmo? Que tal o sótão da casa? Fica no segundo quarto, perto do meu. Basta subir na cama e abrir. Se conseguir, você entra nele.

— Por que você tem mais quartos?

— Essa casa costumava ter mais gente...

— Ah...

Walther não escondeu que isso mexeu um pouco com ele, e ver um rosto que demonstrava seus sentimentos internos fez o Kieta se importar um pouco.

Todavia...

— Eu vou ver esse sótão. Só por favor não me diz que existe um outro reptiliano ali dentro.

— Acho que não tem.

— ..............................

Eles ficaram se encarando por mais alguns segundos.

Mas Kieta não tinha força de vontade para contestar de volta.

Um silêncio.

E um cheiro de feijão torrado.

— Ah, merda, tá queimando!

Walther rapidamente desligou o fogão elétrico.

"Irei até o sótão".

Com essa ideia, ele se direcionou enrolado no cobertor até o segundo quarto.

Ali, só existia uma cama e uma escrivaninha com abajur quebrado ao lado.

— Tenho medo disso...

Os cacos do abajur eram visíveis.

— Espero que não tenha sido nada de grave

Ainda resoluto em ir se esconder no sótão Kieta subiu em cima da cama e olhou para o teto. Dava pra notar que existia uma portinha escondida ali e que era só puxar o cordão.

— Puxando, e rezando...

Ele estendeu a mão e puxou.

O sótão se abriu, mas não havia escadinha para se equilibrar.

Ele teve que saltar do colchão cheio de molas da cama para alcançar o topo.

Pulando e pulando, a metade do corpo dele entrou pra dentro daquele sótão.

O menino se agarrou ali para não cair.

— Que escuro...

Apertou os olhos com força, mas nada via.

Apenas silhuetas de algumas caixas eram mal vistas em seu campo de visão.

E uma coisa gorda.

— ...................

Aquilo abriu os olhos redondos e brancos sem pupila. Se Kieta fosse capaz de sequer raciocinar agora, ele diria que parecia um Snorlax da série Pokémon.

O que só deixava as coisas ainda mais esquisitas.

— Aah.....

Ele sentiu um frio na barriga e não conseguia parar de tremer.

Aquilo falou.

— AAaaRgvvvDzzz

Irreconhecível.

Indecifrável.

O cérebro de Kieta Meguro não compreendeu essa voz.

Tudo o que fez foi parar de tremer.

Descer do sótão.

Se enrolar em seu cobertor.

Andar até o quarto onde estava.

E deitar no cantinho em posição fetal.

"....................................."

Nada mais foi dito, e ele pensou ter escutado Walther lhe convidando para o jantar umas 5 vezes.