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Chapter 2 - Chapter 1- 2 "Coisas mais que estranhas - The_Frozen_Witch"

Kieta, sentado, escutou então certa explicação.

— Sabe. Coisas estranhas que antes não aconteciam, porque era tudo normal, passou a virem com recorrência por esse mundo. A vizinhança se tornou um local perigoso e bizarro. Muitos moradores saíram pela vinda dessas criaturas e eventos sinistros. Mas eu fiquei. Não tenho pra onde ir mesmo.

Falava ele em tom leviano e de certa forma, animado.

— E você simplesmente sai pra fazer as compras?

— É.

O garoto não conseguia compreender toda essa loucura dita por esse homem.

— Eu estou louco?

— Pode apostar que não.

— Você está louco?

— Relaxa que eu também não estou. Enfim, quer feijão? — ofereceu novamente.

Mas Kieta se ergue da poltrona impaciente.

— Não! Eu não quero feijão, ou falar de alienígenas ou monstros, ou seja lá o que tá rolando. Tudo isso parece uma loucura. Eu tô cansado. Vou voltar pra minha casa.

Ele sai pela porta a passos largos, todavia, a voz de Walther que tenta o impedir disse:

— Ei, garoto. Pode ser perigoso aí fora, mesmo à luz do dia. Recomendo que não saia. Se for sair ao menos leve algo para se defender.

— Humpf. Não preciso de nada disso, tá maluco?

Ele recusou as advertências de preocupação do homem e saiu pela portão do pátio.

Lá fora, Kieta olhou ao redor e percebeu que era um bairro que era bastante conhecido por ele.

— Já passei por aqui algumas vezes. Minha casa fica mais além daqui. Meus pais devem estar preocupados caso tenham entrado no meu quarto e não terem me visto por lá.

Loucura? De fato. Isso estava mais para um fenômeno sobrenatural de teletransportação. Mas o que Kieta Meguro poderia fazer quanto à isso?

Ele preferiu esquecer.

Só não dar importância para isso era o melhor.

Assim como ele sempre fez para todas as situações de sua vida até o momento.

— Certo, irei voltar pra casa com o rabo entre as pernas e inventar qualquer desculpa. Aí é só seguir o dia normalmente como sempre foi.

Ele estava resoluto.

"Afinal, que importância têm pensar nisso o dia todo?"

Se retirando da linha de visão de Walther, Kieta Meguro desceu a rua.

— Não vejo nada de incomum como ele tinha dito.

Nada surreal era avistado. O mais próximo de algo estranho era que a rua estava silenciosa demais.

— No máximo eu veria uma varanda aberta... Alguém saindo pelo portão. Mas nem isso encontro.

Ele sentiu uma sensação de esquisitice no ar. Olhar para a rua vazia, mesmo que de dia, era parecido com aqueles espaços liminares que tanto via na internet.

— Isso realmente está sendo desconfortável...

"Só espero chegar em casa logo".

Foi quando pensou em isso (desastrado olhando para os lados), que ele sentiu bater em algo duro e gelado em sua frente, como uma parede.

— Ai!? Que negócio é es-... Heeh?...!

Perplexo, ele duvidava da própria realidade diante de seus olhos conflitantes.

Ali simplesmente existia algo impossível para o verão — ou qualquer época do ano que se prese na região de calor onde vivia.

— Isso aí não tá certo...

Um muro.

De gelo.

Era uma enorme muralha iceberg que tampava e bloqueava toda a extensão da rua.

— Como não vi isso antes!?

Ele se pergunta perplexo.

Se afastando um pouco, Kieta Meguro percebe que no topo dessa muralha de gelo sólido existia uma silhueta.

— Uma garota?

Ele piscou repetidas vezes seus olhos castanhos, concebendo essa natureza bizarra.

Mas não importava o quanto tentasse negar a realidade. Tudo isso era real.

Era assim que era.

A mulher no topo vestia roupas brancas que ventilavam com o vento. O seu cabelo era naturalmente branco, e os olhos azuis dela foram de encontro com os olhos perplexos dele.

— Uhg.....

Instintivamente um arrepio percorreu sua espinha.

Mas não pelo olhar.

Mas sim pelo objeto na mão direita dela.

"Aquilo ali é uma lança?"

Cabo todo branco tipo mármore e uma enorme ponta de cristal azul que refletia a luz solar.

Assim que Kieta Meguro percebeu isso, aquela mesma lança foi elevada aos céus. A moça com o olhar fixado no garoto.

E então coisas como cristais de gelo se formaram ao redor dela como magia das que se vê em videogames.

— Se isso for um simulador super imersivo, então tá na hora de desplugar da tomada, já que eu não estou nem um pouco afim de sentir dor!!

...Congelado de medo, ele ao menos conseguiu dar meia volta e sair correndo com o restante de forças que lhe permitiam.

— Waaaahaaahaaa!

Com os olhos lacrimejando ele correu dos projéteis que atingiam o solo logo atrás dele.

Era um pesadelo. Um pesadelo muito realista para um jovem em seus 15 anos de idade.

— Alguém me tira daqui!!!

Ele correu freneticamente de volta.

♧◇♧◇♧◇

— Ah, ah... Uh!!

Voltando para o local mais óbvio — a casa de Walther, Kieta se jogou no chão desesperadamente.

Walther que estava no mesmo lugar de antes, no sofá comendo seu feijão em lata nem se surpreendeu.

— Caramba, garoto. Você voltou mesmo. Vai feijãozinho?

— E-eu...

— Huh?

Ele ergueu a palma gritando.

— Eu estava errado! Esse lugar é perigoso sim!!!

...Foi a impressão que teve após quase morrer empalado por pingentes de cristal.