Era madrugada e os lycans já se encontravam dentro da floresta com densas árvores e pinheiros, que rodeava a cidade de Tusneer.
— Onde ela está John? — perguntou Allec transformado, enquanto farejava o ar.
— Ela deve estar chegando, combinamos de nos encontrar aqui.
Ambos aguardavam por Acira, que se transformara a uns 50 metros de distância dos dois, devido ao desconforto de se despir entre eles. Era uma noite fria e conforme a previsão do tempo nos jornais, a neve cairia em breve.
Uma semana havia se passado, desde que Acira encontrara John e Allec. Ela se tornara companheira de quarto dos irmãos, mas sempre dizia que sua estadia seria breve. Ajudava nos serviços domésticos e nesta madrugada seria a segunda vez que caçariam juntos.
— E aí rapazes, desculpe a demora... — disse saindo do meio de alguns arbustos. Acira possuía uma pelagem clara como o algodão, com alguns tons caramelos em suas costas e entre os olhos.
— Sem problemas, vamos arriscar mais próximos da montanha hoje, talvez tenhamos sorte... — John caminhava na frente, seguido por Allec e Acira. Allec sugerira caçar uma vaca na mesma fazenda, em que se depararam com o casal de fazendeiros da última vez. John discordou, visto que seria muito perigoso, por haver humanos por perto.
Acira então sugeriu pesca e os machos olharam surpresos pra ela, que perguntou:
— Vai me dizer que nunca pescaram?
— Não somos tão bons nisso... — Allec disse abaixando as orelhas.
— Bom, então deixe que eu ensine a vocês! — afirmou passando na frente dos dois e os guiando até o riacho. Infelizmente quando chegaram à margem do rio, o frio já o havia dominado. Acira rosnou em direção ao rio, devido a frustação e sentou-se, sentido-se inútil e resmungou:
— Não é nosso dia de sorte hoje.
John aproximou-se dela e a lambera carinhosamente perto da orelha, como se a agradecesse pela tentativa e comentou:
— Encontraremos algo, não se preocupe.
Allec para animá-la, se aproximou de Acira abanando a cauda e comentando, que gostaria de aprender a pescar quando o tempo fosse favorável. Ela se levantou e concordou imitando o gesto corporal de Allec.
— Quietos! — John gritou para os dois ficando imóvel.
— Que indelicado John... — Acira retrucou.
— É John, você não manda em mim! — resmungou Allec.
— Não... Não é isso... Escutem. — ordenou e os três ficaram em silêncio por alguns segundos.
— Não ouço nada. — disse Allec.
— Está quieto demais. — comentou Acira.
— Tem alguma coisa na floresta, que espantou os animais... — John começou a caminhar na direção em que vieram da cidade, mas a mesma não era mais visível, pois estavam a uns três quilômetros de distância. Acira e Allec permaneciam imóveis. John parou repentinamente ao avistar um brilho entre as árvores. — Abaixem! — gritou há alguns segundos, antes de ouvirem um tiro acertar as árvores entre eles. — Corram agora!
Allec saíra na frente. — Pra onde iremos John?
— Vá pra casa Allec, irei atraí-lo para outro lado. — ele parou e correu para outra direção.
— O que, mas... — ia atrás de seu irmão, mas Acira entrou em seu caminho.
— Vá querido, é muito perigoso! Eu tomo conta dele, não se preocupe...
— M-Mas Acira é perigoso, como você mesma disse!
Acira riu. — Você é muito jovem Al, já eu vivo sozinha há muito tempo e sempre me deparo com eles, acredite, eu não sou o que minha aparência transmite ser...
Allec hesitou, mas acreditou nas palavras dela e deixou seu irmão em suas mãos. — Está bem, tenha cuidado... — e disparou para o lado oposto à John.
John avistara o caçador, que tentava contato visual com um óculos noturno, mas o perdera de vista, pois ele se camuflava graças a sua pelagem. Acira logo se aproximou ao seu lado rastejando.
— E aí, quantos deles estão aqui? — ela sussurrou.
— Apenas um, não é estranho?
— Não, é bem típico de eles quererem levar créditos sobre os outros, abatendo mais de nós... Infelizmente esse pobre coitado, não tem ideia de que está lidando conosco, ele pensa que somos simples transformados, por ser lua cheia.
— Hum... Entendo... Quer fazer as honras?
— Eu vou surpreendê-lo e você o ataca! — Acira disse dando a volta no perímetro em que o homem estava, enquanto John se aproximou o máximo que pôde, só aguardando o momento exato para derrubá-lo. Acira apareceu repentinamente na frente do caçador e John aproveitou a oportunidade para mordê-lo no pescoço e por causa disso, o caçador errara o disparo contra a loba.
Acira se aproximou do corpo e ambos uivaram.
— Quer o primeiro pedaço? — John perguntou lambendo os beiços.
— Não, perdi a fome... — ela disse encarando-o e indo em sua direção, que sem entender permaneceu como uma estátua.
Passou direto por ele, se esfregando em seu corpo. Os instintos animais de John pulsaram dentro de si. Sentiu seu corpo estremecer com os pelos sedosos de Acira acariciando o seu. Ela também emanava um cheiro, que apenas outros animais de olfato apurado podiam sentir, que o atraía. Quando sua cauda encostou-se ao pescoço de John, com seu genital já ereto, por causa do atrito que ela causara, instintivamente levou sua pata até a cintura dela e queria mais que tudo penetrá-la. Ao sentir a pata dele, ela se virou rapidamente e ficou numa posição com o traseiro empinado, abanando sua cauda e as patas dianteiras esticadas ao chão, como se o convidasse para brincar.
— Me desculpe. — John forçou-se para recuar e se segurava para não dominá-la, também ficou nervoso, pois nunca havia se acasalado com uma lycan, além do fato de não ser uma qualquer, mas sim sua velha e companheira amiga de infância.
— Não se desculpe querido... — ela se aproximou lentamente e se esfregou no pescoço dele. — Eu também quero isso... Mas você vai ter que... Me pegar! — sussurrou e correu sumindo entre os arbustos.
John ficou congelado por um segundo e logo disparou atrás dela, esquecendo completamente o caçador morto.
— Hey, Acira espere!
— Tente me alcançar John! — afirmou rindo.
John sentiu seu coração palpitar mais rápido, devido à necessidade que sentiu de tocá-la. Ele era mais veloz e começou a se aproximar. Tomou alguns dribles com ajuda de algumas árvores, até que se aproximou o suficiente para dar um salto e agarrar a cintura dela.
Os dois rolaram uns cinco metros depois da queda no meio da folhagem. John ficara por cima dela e afirmou:
— Te peguei!
— Que bom que me alcançou! — e o lambeu no rosto.
John retribuíra a lambida e foi descendo para o pescoço dela.
— Acira... Você não tem ideia do quanto eu te quero. — sussurrou entre as lambidas e fungadas de excitação.
Acira aproveitou que ele se distraiu, pegou um impulso e o empurrou para o lado, de maneira que inverteu as posições. Agora com ela por cima dele. Deu uma fungada e lambida em sua orelha e disse:
— Sempre estivemos destinados um para o outro... Então agora... Seja meu alpha John!
— Será um prazer! — John inverteu as posições novamente, ficando por cima dela.
Ela mordiscou de leve o pescoço dele, deslizou seu braço direito para o outro lado e virou seu corpo, ficando de costas para ele, pronta para o acasalamento. Continuou mordiscando o pelo dele que retribuía com lambidas.
Allec esperava acordado na janela de sua casa e ouvira novamente outro uivo de lobos a quilômetros de distância. Com este já era o sexto que ouvia e sentiu-se aliviado, supondo que fossem John e Acira e imaginava o que os dois estariam fazendo.