— Talvez assim ela te dê mais atenção se nosso suposto affair a prejudicar. — Ema não se segurou, deixando escapar sem intenção.
— Exatamente! — a negra quase comemorou. — Você me entende!
— Eu tento. — Sorriu para Audrey. — E você consegue dirigir!
— Mais uma tentativa...
— Exato, a menos que não pense em ir embora! — balançou seus dedos doloridos. — Porque meus dedos estão impossibilitados no momento, por culpa sua.
— Se mais alguém escutasse isso... — Audrey brincou.
*****
"Uau, essa foto do palito de pirulito todo mordido na boca deveria estar numa capa de revista... Ema sempre é sexy?!"
Audrey estava stalkeando Ema, há alguns minutos. Depois de alguns seguidores, lhe pedindo para que visse a rede social da loira, Audrey o fez e curtiu todos desenhos que a polinésia tia feito sobre si.
— Sua mãe quer conversar com você mais tarde, apareça no jantar. — Isa tirou a atenção da mulher do celular.
Audrey nunca teve tanto receio de palavras saídas da boca de Isa. A baixinha estava com o rosto indecifrável, a negra não saberia dizer se estava nervosa, irritada ou expressando qualquer outro sentimento.
— Certo.
Essa foi a resposta mais elaborada que Audrey pode dar no momento. Minutos depois do comunicado de Isa, a Hamilton permaneceu na mesma posição em sua cama.
— Eu estou no jantar todos os dias, ela quem tem que aparecer para ser novidade.
*****
— Boa noite, filha. — Alice desejou para a filha assim que chegou para o tal jantar. — Agradeço por ter esperado.
— Agradeço por ter aparecido! — Audrey foi sarcástica. — Só tem meia hora que estou esperando.
— Sem ironia e sarcasmo na mesa por favor! — a senadora falou, séria. — Nós temos uma conversa muito séria com você.
— Certo, mães. — Audrey ironizou, por Isa estar ali para conversar também. — Mas se for sobre Ema, não estamos namorando.
— Hmm... — Alice murmurou para prosseguir. — Exatamente sobre isso. — Audrey encarou a mãe sem entender. — Quando saíram fotos de vocês duas...
— Oi, com licença. — Ema acenou, ao lado de uma das funcionárias da residência das Hamilton, que tinha atendido a porta. — Eu vim, como me pediu, Audrey.
Audrey olhou para a polinésia como se tivesse um ponto de interrogação na testa.
— Eu não pe...
— Senta, querida. — A mais velha se levantou indo até Ema. — Sou Alice Hamilton, prazer em conhecê-la.
— Eu sei, senhora. — Ema tentou conter sua animação. — O prazer é todo meu!
Alice abraçou a mulher loira rapidamente, voltando ao seu lugar. Ema foi sentar ao lado de Audrey.
— Eu não queria atrapalhar o seu jantar. — Ema confidenciou para a mulher ao lado, em tom baixo. — Você não falou qual horário seria melhor.
— Eu não chamei voc...
— Eu menti, Ema, falando que Audrey tinha pedido mais uma aula. — Isa contou sobre a mentira que planejou. — A...
— Por que isso?! — Audrey praticamente gritou. — Não estou entendendo nada!
— Estou tentando explicar. — Isa falou, o mais calma possível, não querendo mostrar ser grosseira no tom de voz.
Ema rolava os olhos por todos os lados, olhando para cada uma das mulheres.
— Como eu ia dizendo, quando a senhorita Griffin apareceu... — Alice começou, um pouco hesitante. — Com a aparição de vocês, juntas por aí...
— Eu já falei que não temos nada. — Audrey deixou claro mais uma vez, tendo a confirmação de Ema, que balançou a cabeça positivamente, concordando.
— Certo, já entendemos. — Isa interrompeu, querendo que a sua chefe contasse logo o que queria.
— A porcentagem de votos nas pesquisas teve um aumento considerável, depois que vocês duas começaram a sair. — Alice enfim entrou no assunto que tanto tentava falar. — E a mídia acha que estão tendo um relacionamento...
— Ufa, achei que estava perdendo votos. — Ema suspirou, sorrindo. Audrey olhou para a loira e comprimiu os olhos, encarando de modo acusatório e questionador. — Vocês sabem, casal LGBT, se espera que a população vote contra...
— Exatamente o que pensei. — Alice falou, animada. Já estava adorando a amiga de sua filha, só esperava que ela aceitasse sua proposta. — Mas a aprovação foi maior e estou recebendo mais votos!
— Talvez o mundo não esteja tão perdido. — Ema sorriu, sonhadora. Ficando em silêncio logo após, recendo o olhar sério de Audrey. — Só não entendi porque estou aqui e o que querem.
— Queremos que vocês tenham um relacionamento. — Ema deixou-se escutar sem questionar, como se a voz da mulher fosse o canto de uma sereia. Escutava, achava incrível, mas não compreendia. — As revistas que tem vocês na capa vendem mais, vocês duas ganharam mais seguidores, tem pessoas que já criaram um "shipp" para as duas.
— Os desenhos que Ema fez sobre você, Audrey, são as postagens mais curtidas e comentadas no perfil dela. — Isa complementou. — Vocês têm muito aprovação.
— São mesmo. — Ema confirmou, sorrindo. — Você nem deve ter visto, muitas pessoas te marcam...
— Eu vi, ficaram maravilhosos...
— Obrigada.
— Voltando... Vocês querem que Ema e eu fingíssemos um relacionamento?!
— Exatamente.
— O QUÊ?! — Ema gritou, assustando as outras três. — Perdão.
— Isso é arriscado. — Isa iniciou, duvidosa, por mais que a ideia tivesse partido de si mesma. — Porém Alice acha que pode dar certo.
— Eu não acho uma boa ideia. — Audrey negava com a cabeça. — É o mesmo que colocar a senhora e Derrick juntos.
— Chame-o de pai, Audrey. — Alice falou, firme. Por mais que não se dessem bem mais, ela prezava pela relação de pai e filha.
— Ok, ok. — Audrey concordou. — Ema e eu, é igual a senhora e o papai, não tem química, mãe! Não combina!
— Audrey...
— A senhora está argumentando e tudo mais... Só não perguntou se a parte importante aqui, aceita essa coisa!
— Eu?! — Ema falou, parecendo uma retardada. — Por mim tudo bem...
— Viu, Audrey, ela aceitou. — Alice ficou feliz pela aprovação da polinésia. — E eu ainda nem ofereci compensações.
— Eu não quero nada. — Ema deu de ombros. — Toda essa coisa já está me trazendo visibilidade... Consegui até algumas ofertas de emprego.
— Sério?! Maravilhoso. — Alice comemorou, Audrey abaixou a cabeça, negando. Sua opinião não importava mesmo, esperava mais Ema também. — Eu queria que trabalhasse junto comigo, sendo assistente da Isa por enquanto, assim vai aprendendo tudo com ela.
— Eu aceito tudo. — Ema olhou para Audrey de relance. — Só tenho uma condição.
— Qual, querida?
— Só farei tudo e qualquer coisa que Audrey sinceramente queira. — Ema foi sincera, estava cansada da falta de respeito e consideração que Alice tinha com a própria filha. — Eu prezo imensamente pelo bem-estar dela, ok?!