Cada vez mais próxima de si, Bertha podia sentir o hálito da patroa e o perfume de seus cabelos.
Então, sentiu a boca de Eule cobrir a sua, e força-la a abrir os lábios, sentindo uma língua de mulher a penetrar entre eles.
- Meu Deus, isso não pode estar acontecendo... Não pode... - pensou, sendo levada até a luxuosa cama da patroa.
E nela, enquanto a beijava, Eule foi desabotoando sua roupa. Paralisada de vergonha, porém com um fogo desconhecido a tomar conta de seu corpo, Bertha não conseguia reagir.
- És pura! E cheiras tão bem! É o perfume da inocência! E serás minha! - ronronava Eule com voz rouca, e Bertha não entendia pois não tomara sequer um banho desde que ali chegara.
A boca de Eule chegara até seus seios e apossara-se de um deles a suga-lo, enquanto acariciava o outro.
E percorreu a linha do umbigo de sua dama de companhia, até chegar aos louros pelos pubianos, os quais entreabriu como se estivesse num beijo.
Com o corpo percorrido por arrepios convulsivos, Bertha não conseguia esboçar uma reação, um movimento. O medo do desconhecido, do pecado abominável a que estava se submetendo tomava conta da sua mente.
Então Eule levantou-se e caminhou até o toucador. Em uma cesta sobre ele, descansava uma enorme serpente enroscada.
Tirando-a de lá trouxe até a cama, onde Bertha jazia imóvel sem entender o que estava por vir. As cobras causavam-lhe terror.
E Eule novamente aproximou-se do púbis de Bertha ,entreabindo o com uma das mãos, e colocando ali a cauda da serpente, com uma habilidade que parecera secular.
Contorcendo-se de dor, Bertha sentia-se sendo invadida por movimentos arabescos, enquanto um líquido quente escorria para fora de seu corpo.
Era o sangue virginal de Bertha, que Eule sugou avidamente. Ali, selara-se o destino de Bertha Dummer.
- Agora és minha para satisfazer a todos os meus desejos e os que vierem a surgir em ti. Serás dominada por mim e me darás prazer por toda a eternidade. Juventude e eternidade é o que lhe prometo. Mas nunca poderas se aproximar de homem algum, nunca poderas me trair, nem sequer em pensamentos, pois posso ler os teus.
Cambaleante, Bertha tentou levantar-se para ir ao seu quarto, porém foi impedida por um aperto no braço.
- Dormiras comigo e seras minha mulher. Iras à casa de seus pais dentro de poucos dias, para dizer-lhes que ficaras morando aqui para sempre. Isso já não será nenhum sacrifício para você. Isso eu posso garantir.
E naquela noite, Bertha, que por algumas vezes sonhara em ter um marido, filhos para cuidar, meninas loiras que seriam a sua descendência e perpetuariam a sua existência, pensou que isso jamais aconteceria.
E deitou sua cabeça ao lado da cabeça da mulher que era senhora do seu destino. E cansada, dormiu.
Em Vadenberg, todos os homens que saíram à procura do pequeno Manfred voltaram desesperançados. Nenhum sinal da criança, nenhum rastro. Parecia que o menino dissipara-se no ar.
Com a chegada dos homens, o desespero da mãe, o desespero ao constatar um fato que a sua alma já sabia.
Um pai cansado e mudo, não conseguia chorar, pois fora ensinado a conter as lágrimas.
Mas o padre Anton sabia o que estava por vir. Sabia que um mal muito maior do que a humanidade poderia imaginar, começara a acontecer naquele pacato vilarejo.
Quisera ele poder ir embora. Mas aceitaria a sua missão. Não poderia fugir do seu destino.
Ele era o padre daquela vila desde os tempos em que Guadalupe viera para lá com sua família.
Tinha conhecimento da prática de bruxarias e de satanismo. E sabia que o demônio naquele instante, não estava nas regiões inferiores a esperar pelas almas desviadas.
Eles estavam entre os moradores de Vadenberg e poderiam ser qualquer pessoa.
Decidiu que no outro dia iria até a casa da montanha. Iria visitar os novos moradores.
Faltavam poucas horas para o amanhecer.
E pela manhã, o padre Anton muniu-se de uma cruz. E rezou como se fosse entregar seu espírito à morte. Pediu proteção divina e rumou para a casa da montanha
Lá chegando, saudou com um bom dia em voz alta, tão alta quanto pode, esperando ser atendido.
Porém, ao seu encontro veio um enorme cão negro. O padre ficou parado, pensando estar vendo mais uma representação de Satã
Após o cão negro, chegaram Wilfried e Bertha, essa mais linda e radiante do que nunca.
Ao manifestar desejo de conversar com a dona da casa, o mordomo desculpou-se dizendo que a sua patroa estava naquela cidade para tratamento de saúde e que sua estadia ali seria para que se restabelecesse com os ares das montanhas.
- O senhor será bem vindo a tarde, quando a madame estiver acordada - disse o mordomo e o padre de retirou, sem ao menos ser convidado a entrar.