Chapter 20 - Cronos et Vitae

Dentro da cabana no vale de Franciscus, agora estavam sentados nos sofás, Christian e Franciscus, e Archus estava sobre a mesinha que ficava entre os ambos. Franciscus e Christian seguravam uma xícara de chá em suas mãos, e Archus, sobre a mesinha, bebia seu chá em uma pequena xícara. Neste moento, Franciscus falou:

-E então garoto, como foi? Aposto que viu muitas coisas diferentes por lá não viu?

Christian ouvindo sua pergunta respondeu:

-Sim! Foi muito diferente, nunca pensei que jardinagem pudesse ser tão interessante!

Ouvindo suas palavras Franciscus e Archus riram, e Archus falou:

-É mesmo minha criança, e ainda há muito que você não viu!

Ouvir aquilo despertou ainda mais o interesse de Christian. Franciscus então como se lembrasse de algo perguntou a Christian:

-Garoto, você quer ouvir uma pequena história? Boas histórias são ótimas para acompanhar o chá, não concorda?

Christian interessado respondeu:

-Sim!

Franciscus com um pequeno sorriso diz:

-Tudo bem! Garoto, a história que vou te contar, refere-se ao calendário. O que sabeis sobre ele?

Christian pensando um pouco respondeu:

-Sei que nosso calendário é dividido em 12 partes que formam um ciclo, cada parte é dividida em aproximadamente 4 semanas, e cada semana é divida em 7 sóis.

Franciscus acenou com a cabeça e disse:

-Exatamente, algo mais?

Christian, pensando um pouco mais, respondeu:

-Eu também sei que os nomes de cada uma das 12 partes do calendário são respectivamente: Alfa, Cadere, Regenboog, Breken, Besnijdenis, Ruina, Pessach, Lex, Profezia, Divizé, Salut e Ômega.

Franciscus então continuou:

-Muito bem garoto, a história que vou te contar refere-se a este mesmo calendário! O que me diz, quer ouvir?

Christian cheio de interesse respondeu:

-Sim!

Vendo o interesse do garoto, Franciscus entre risadas continuou:

-Garoto, ouça bem. A história chama-se cronos et Vitae. E ela diz que:

A cerca de dois milênios de ciclos atrás, os homens não tinham mais vida, nem morada, pois as haviam perdido em um lugar onde nenhum homem poderia alcançar, devido ao grande evento conhecido como Cadere.

No início, a morada e a vida por um momento estavam juntas dos homens, e este momento era conhecido como Alfa.

Os homens fizeram da terra sua nova morada, e necessitados pela vida, buscavam-na em cada canto da terra. Alguns acreditando ter encontrado a vida, foram iludidos por sua própria loucura e dominados pelo vazio que causava a falta da vida em seus corações gelados. O mundo caminhava por caminhos escuros, e a Fonte dos céus , para corrigi-lo, inundou o mundo, abrindo o firmamento superior das águas, o céu, derramando-a sobre a terra, para lavá-la de seus erros. Aos homens que restaram após a inundação, foi entregue uma promessa, esta promessa chamou-se Regenboog.

Porém, as gerações mais uma vez se perverteram, e muitos, tomados por suas loucuras, desejaram estar acima da vida, construindo uma torre que chegasse ao céu, para que seus nomes fossem glorificados e tomassem no coração dos homens o lugar do nome da vida. Nesta era todos os homens falavam a uma só voz, e a vida sabendo que aquele era só o início de suas loucuras, partiu a voz dos homens, tornando-os incapazes de entender um ao outro para que não mais se unissem para edificar suas ilusões. Esta quebra ficou conhecida como Breken.

Logo, os homens começaram a abraçar falsas vidas que acreditavam ser a verdadeira. Porém, a um homem a vida sussurrou, e ao mesmo entregou-lhe uma promessa. O homem, ouvindo os conselhos da vida, prosperou nas dificuldades, e com o mesmo, a vida fez uma aliança, conhecida como Besnijdenis.

Os homens, criavam cidades e entregavam-se a suas loucuras. As cidades tornaram-se um ninho de víboras, que abandonavam-se aos seus desejos e as falsas vidas aos quais estavam abraçados. Logo, estas cidades começaram a tornar-se um ambiente de cultivo de morte e corrupção. Então a vida, para que a doença destas cidades não se proliferasse ainda mais, enviou uma de suas estrelas para apagá-las do mapa. A este acontecimento chamou-se Ruína.

Então, os descendentes do homem a quem a vida havia feito uma aliança, tornaram-se escravos de mais um dos muitos homens que prenderam-se firmemente em suas loucuras, iludidos por uma falsa vida. A vida, porém, jogou pragas sobre a nação iludida, forçando-os a libertar os filhos da aliança. Porém, o líder da nação, vendado para a verdade, ordenou aos seus homens que perseguissem o povo liberto. E a vida, abrindo uma passagem pelas águas para o povo, ajudou-os a fugir da louca nação, e afogou os perseguidores do povo nas águas profundas turbulentas. Este tempo ficou conhecido como Pessach.

Então, ao povo que libertou, a vida entregou leis que deveriam seguir, para que a desordem não se instalasse por entre os homens, e este momento foi conhecido como Lex.

Porém, o tempo se passou e os homens mais uma vez iludiram-se com falsas vidas. Outros, porém, haviam realmente a encontrado, mas eram incapazes de alcançá-la. No entanto, quando se viram incapazes de alcançá-la, a própria vida lhes deu esperança, e lhes contou sobre o tempo. Esses homens, agora cheios de esperança, espalharam o que a vida lhes contou aos demais. Porém, os loucos que acreditavam ter encontrado a vida os perseguiram e mataram-lhes, os condenando como mentirosos. E a este tempo foi chamado de Profezia.

Porém, alguns entre aqueles que ouviam acreditavam, e abandonando as falsas vidas que tinham em mãos, seguiam aqueles que haviam encontrado a vida. Todos os homens que acreditavam na verdadeira vida, esperavam o tempo. Porém, muitos entre estes, tomados pela impaciência se entregaram aos seus traços tortuosos, caindo em novas ilusões. Estes por sua vez, iludidos pela mentira, tornaram-se mentirosos e espalhavam suas mentiras vestidas de verdade, para os homens que os cercavam, e os homens que estavam entregues à ilusão, familiarizados com a mentira, sentiram-se mais seguros em abraçar esta falsa verdade. E a este tempo chamou-se Divizé.

Cegos pelas falsas verdades, os homens ainda acreditavam esperar o tempo, mas como um cego que espera para ver o nascer do sol, o tempo chegou e eles nem o viram. Quando o tempo chegou, a vida se inclinou sobre a terra em busca dos homens que antes a procuravam, e se pôs a caminhar sobre ela. Porém, os homens, cegos pelas falsas verdades, não reconheceram a vida e a rejeitaram. Mas, entre alguns dos homens a vida se fez conhecer.

Pois o cego pode não saber que o sol nasceu confiando em sua visão, mas usando seu tato para sentir o calor do sol, ele o pode.

Suscitando esses homens, pouco a pouco, a vida deixou-se tatear por eles, para que a reconhecessem como aquela a quem tanto procuravam. Estes homens, lentamente tornaram-se cada vez mais cientes da forma da vida, deixando-os cada vez mais crentes de que agora haviam realmente encontrado a verdadeira vida. Porém, entre esses homens, um deles, completamente cego pela loucura, traiu a vida e a entregou aos seus perseguidores.

Aqueles que ainda esperavam o tempo perseguiam a vida, pois não acreditavam que a vida poderia estar entre eles, sendo que ao seu ver o tempo ainda não havia chegado, e a estes a vida se entregou.

Sofrendo nas mãos dos homens, a vida entregou-se como sacrifício pelos homens e nisto formou com eles uma nova aliança. Então, a vida, a quem todos achavam que havia morrido, venceu a morte e voltou aos homens em sua forma mais pura. Logo, a vida mais uma vez encheu os corações dos homens que nela acreditaram, e derramou-se em abundância nas terras, lavando-as de suas doenças.

Todos aqueles que a acolhiam, enchiam-se de vida. A vida, vencendo a morte, criou uma ponte para os homens, para que alcançassem a morada que também haviam perdido, e usou a si mesma para compor esta ponte, e a este tempo chamou-se de Salut.

Então, mais uma vez a vida contou aos homens sobre o tempo, e lhes deu a esperança do final dos tempos, onde todos os homens que nela esperavam, voltariam para sua origem, restituidos da vida em sua plenitude e mais uma vez habitando sua morada. A este tempo tão esperado chamou-se Omega.

E então, os homens para se lembrar da nova promessa, criaram um novo calendário, onde Omega era o final das 12 partes, para que todo final de cada cicloestivessem ainda mais certos de que o tempo da promessa se aproximava, e Alfa sendo o início do calendário, para que no início de cada ciclo, os homens recordassem do passado, do presente e do futuro que vive em meio a humanidade.

-E então garoto, o que achou?

Christian maravilhado respondeu:

-Eu gostei muito, jamais ouvi alguém falar sobre esta história! E quem é a vida?

Archus com uma voz terna e um semblante sorridente respondeu:

-Já ouvistes muitas vezes a resposta hoje minha criança.

Christian pensando um pouco respondeu:

-O Rei?

Archus com uma risadinha responde:

-Exatamente minha criança.

Christian ouvindo a confirmação sorri, então Franciscus continua.

-Além disso, tenho um carinho especial pelas duas últimas partes. Garoto, quer ouvir o pequeno poema que eu compus sobre Salut?

Christian respondeu:

-Sim!

Franciscus sorriu, e olhando para Archus que lhe retornou um sorriso, começou a proclamar:

-Muito bem, o nome deste poema é Salut. Quando o Rio da Vida desceu cheio de água viva, da região mais alta de onde sua Água é nativa, para a mais baixa onde uma pequena poça habitou, pequena poça enlameada que humanidade se chamou, criou um canal e Água da Vida na poça derramou. E a água, que sem a Fonte, por muito ficou parada movimentada, outra vez, a poça foi purificada. A poça, alimentada pelo Rio da Vida, lentamente um rio se tornou, encheu-se de Água da Vida, que do Rio da Vida transbordou. A poça, que lentamente tomava o aspecto de um rio, próxima ao Rio da Vida se encontrou, e alimentando a pequena poça, o Rio da Vida a elevou; logo a poça, agora um rio, abraçou-o e a ele se uniu. Assim, a pequena poça tornou-se uma só com o Rio da Vida, e a água não mais podia ser dividida. E foi para este propósito que o Rio da Vida desceu até a mais baixa região, para restaurar a natureza da pequena poça que formava cada nação, poça esta que no início era um rio, mas que em sua loucura rejeitou a Fonte, e sem Fonte toda água exauriu. Quando o rio rejeitou a Fonte, ele secou, e agora não mais sustentado pela Fonte, água enlameada se tornou. E o Rio da Vida, para restaurar a natureza de rio da água enlameada, sobre ela desceu; e sem se preocupar em sujar suas águas puras, Suas Águas sobre a poça moveu; e usando a si mesmo como meio para ligar mais uma vez a poça á Fonte, pela poça o Rio da Vida intercedeu. Pois unida ao Rio, a poça se tornaria rio com o Rio, e unindo-se ao Rio, a poça uniria-se com a Fonte, Fonte que alimenta o Rio da Vida, Rio da Vida que atua como ponte.

Então, fazendo uma breve pausa, Franciscus continuou:

-E então minha criança, o que me diz?

Christian respondeu alegre mas um pouco confuso:

-Muito bom! Só não sei se eu entendi tudo...

Franciscus rindo respondeu:

-Não se preocupe, você entenderá tudo que deve ser entendido, no momento em que deveis entender!

Christian acenando com a cabeça diz:

-Tudo bem!

Então Archus falou:

-Um ótimo poema Franciscus!

Recebendo seus elogios, Franciscus sorri brilhantemente, como uma criança que recebe doces enquanto ria. Então, Archus, retribuindo-lhe um sorriso caloroso, volta-se para Christian e diz:

-Muito bem, minha criança, agora, receberás treinamento de combate, vamos terminar o chá, e então iremos nos dirigir para fora, para iniciar o treino, tudo bem?

Christian acenou com a cabeça entusiasmado:

-Certo!

Então, terminando o chá, o trio dirige-se para fora da cabana para iniciar o treinamento de Christian.