Um zunido retumbou no silêncio que havia dentro do salão quando um raio disparou do corpo de Ben-Hur e atingiu o solo como a ponta de um chicote.
Após ele, vários outros começaram a surgir, como um domador tentando domar uma feroz besta.
No entanto, não parou aí, um vento poderoso começou a surgir e ele aos poucos começou a flutuar em pé.
Ao mesmo tempo, uma pequena chama de Fogo surgiu na sua palma da mão direita, ela não tinha mais que dez centímetros, mas em vez de uma cor amarelada, ela era de uma cor azul clara como o céu em um dia ensolarado.
O chão do palco começou a se rachar e pequenos pedregulhos flutuavam, já que aquele palco foi feito apenas para as crianças, ele era feito de um tipo de pedra comum ao Reino.
Porém, o número de pessoas que notou os pedregulhos flutuando foram poucos, dando para serem contados nas mãos.
E um número ainda menor percebeu que não era o vento ou os raios que estavam movendo o pedregulho, mas sim o próprio garoto.
Um pequeno fluxo de água rodeava Ben-Hur, como um rio rodeando uma montanha para então desaguar no oceano.
Merlin estava boquiaberto, mas não era apenas ele.
Sophie e Adam estavam em choque.
Eles nunca haviam ensinado aquilo para ele.
Adam ensinou a Ben-Hur alguns golpes simples com a espada, mas era algo normal para os demais caçadores da vila fazerem com seus filhos desde pequenos.
Sophie por outro lado respondia às perguntas curiosas de Ben-Hur com grande alegria e ele era bem curioso.
No entanto, ela nunca ensinou nada muito profundo sobre a Magia, com medo do que isso poderia despertar em seu filho.
Contudo, parecia que era inevitável.
Sem ela o ensinar, ele estava conjurando os Cinco Elementos ao mesmo tempo.
"Água, Fogo, Terra, Vento e Raio..." Murmurou Merlin com uma expressão de choque.
"Quando foi... Q... Quando foi a última vez que alguém fez isso?.... A... Até na
Academia Continental..." Balbuciou Merlin com alguma dificuldade.
Adam e Sophie se entreolharam e era possível ver um misto de alegria, medo e surpresa.
Alegria porque seu menino era um gênio entre os gênios, medo porque eles sabiam o que isso significava e surpresa por ele ter ido além do que eles imaginavam.
Aquilo não era apenas por causa da Linhagem, a única explicação era puro talento e genialidade.
"Vocês estão vendo o mesmo que eu, certo?..." Disse Merlin beliscando o seu próprio braço.
"S... Sim..." – Adam e Sophie.
"Qual a última vez?..." – Merlin.
"E... Eu não sei... Teve alguma vez?..." Disse Sophie pensativa.
"Cinco elementos..." Murmurou Merlin em choque.
Todos tinham afinidade com um elemento, dois era um sinal de talento, três de genialidade, quatro era glória garantida em todo o continente, mas os cinco, essa era uma combinação que não se via desde a época do Primeiro Herói.
Apesar de que atualmente haviam algumas dezenas de pessoas que controlavam os Quatro Elementos dentro do Continente, todos eles eram aclamados por todos os Reinos, Impérios e Nações.
Gênios entre os Gênios.
De qualquer forma, a comoção causada por Ben-Hur durou pouco tempo, ele parecia estar começando a ficar cansado.
Apesar de ter uma quantidade colossal de Mana, isso não dizia o mesmo do seu controle do consumo de sua mana.
Uma magia poderia custar um número x de mana, mas era possível conjurar a mesma magia com 2x de mana, a questão era na eficiência do uso.
E isso Ben-Hur ainda não tinha, pois demandava experiência, que viria apenas com o tempo e dedicação.
Ele então desceu do palco, com uma expressão cansada.
Ninguém tinha muito o que falar, era indiscutível que ele era um monstro.
O Talento da Princesa Sarah havia empalidecido e ela era aclamada com o maior dos talentos.
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Merlin, Sophie e Adam estavam pasmos.
"Vocês têm noção do que isso significa?! Dominar os Cinco Elementos Primordiais do Éter significa ter uma ligação com o Deus Supremo, vocês se lembram do Mito do Primeiro Herói?..." – Merlin.
"Com uma mão ele conjurava os Raios da Destruição, com outra as Chamas da Purificação, com um suspiro os Ventos da Glória, com um pensamento o Rio dos Dragões e com seus pés movia as Montanhas Intransponíveis..." Murmurou Sophie, as palavras passadas em um dos vários Mitos do Herói.
"Para a nossa sorte, poucos foram os que perceberam que ele também estava conjurando o Elemento Terra..." Merlin pareceu levemente aliviado.
Seria um problema, haviam muitos fanáticos dentro do Reino, entre os nobres e eles não descansariam antes de fazer algo para colocar suas mãos em Ben-Hur.
Porém, não era pelo jovem correr perigo que ele estava preocupado, mas sim no Reino, no seu lar.
Ele sabia muito bem que se acontecesse algo para Lily e Ben-Hur, o real poder de Sophie e Adam seria o suficiente para varrer do mapa aquele pequeno Reino e
nem mesmo ele seria capaz de fazer frente aos dois.
Merlin tinha bem vivido em sua mente o dia em que ele ficou conhecendo o poder de Sophie.
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Há pouco mais de uma década, Merlin e Adam estavam saindo de uma grande Dungeon, mantida dentro do território da Academia Continental, uma organização colossal, criada pela união de diversos reinos, impérios e nações para nutrir os maiores gênios de todo o continente.
Eles estavam exaustos depois de uma longa semana explorando aquela Dungeon, era visível pelo estado de ambos que eles haviam encontrado alguns problemas.
Adam tinha alguns cortes profundos enrolados em ataduras e Merlin tinha uma perfuração em seu ombro, provavelmente alguma flecha oriunda de alguma armadilha desconhecida dentro do local.
A sorte deles era que a Dungeon ficava a menos de uma hora de caminhada de onde eles estavam hospedados.
"Cuidado!" Gritou Adam empurrando Merlin para o lado, a tempo de desviar de uma flecha lançada diretamente entre os olhos do Warlock.
Adam rapidamente retirou sua espada e colocou-se em frente a Merlin que não demorou a começar a conjurar diversas magias e as deixar prontas.
"Merlin, você acha que consegue usar alguma Magia de Alto Nível?..." Adam falou baixinho.
"Não sem desmaiar..." Disse Merlin com um olhar preocupado.
"Olha só... Que sorte a nossa, nos disseram para ter cuidado com você, afinal, como dizem, apesar de ser um filhote de leão, ainda é um leão..." Uma figura vestindo uma roupa que cobria todo o seu corpo, deixando apenas seus olhos visíveis, surgiu no topo de um galho há algumas dezenas de metros de Adam e Merlin.
"Então finalmente vocês decidiram fazer um movimento?..." Disse Adam com um olhar cheio de ódio e ressentimento.
"Você terá que nos perdoar, somos meros peões, apenas seguimos ordens..." Disse o homem e apesar de ser impossível de ver, ele claramente ria.
A insígnia no seu ombro esquerdo deixava claro, ele fazia parte da Presas da Morte, um grupo de assassinos renomados, que fazia serviços em todo o Continente.
"Bom, vamos logo com isso... Matem os dois..." Ordenou o homem e então, dentre as árvores, surgiram centenas de guerreiros, magos e assassinos.
Adam e Merlin sabiam que sair dali vivo seria um sonho impossível.
Todos eles atacaram instantaneamente.
Merlin não pensou duas vezes e usou toda a sua Mana para conjurar um imenso ataque, ele sabia que desmaiaria e morreria, mas, que seja, pelo menos ele levaria alguns com ele.
Já Adam disparou contra eles para comprar tempo até Merlin conseguir conjurar sua magia.
"Lutando bem na frente da saída da Dungeon?..." Uma voz feminina e delicada retumbou no meio do caos.
Fazendo todos pararem e Merlin desmaiar no chão porque esqueceu de liberar sua magia e gastou toda a sua mana.
A última coisa que ele viu foi uma jovem, com cabelos dourados e olhos azuis que brilhavam com Mana.
"Sinceramente Adam, é sério que eu vou ter que te salvar?..." Disse Sophie com um olhar de desdém para Adam, que apenas olhou para ela e suspirou, indignado.
"Você... Não precisa me a..." E quando ele terminou de falar, desmaiou.
"Que não precisa o que..." Disse ela andando até Adam e cutucando ele com o cajado que ela tinha em mãos.
Havia uma alegria em seu rosto de que ela estava salvando ele, claramente Sophie jamais deixaria Adam esquecer disso.
Enquanto isso, os integrantes das Presas da Morte se entreolharam e decidiram que ela era apenas mais um alvo que deveria ser eliminado.
No entanto, o líder do seu destacamento a reconheceu, mas não a tempo de avisar seus subalternos.