Sophie e Adam conversavam com Merlin em sua sala.
"Eu sinceramente não sei o que significa..." Disse Merlin, após dar um bom gole em uma taça de vinho.
"Um Cristal de Potencial explodir... Isso realmente é possível?..." – Adam.
"Teoricamente sim, na prática, não..." – Merlin.
"Como assim?..." – Sophie.
"Tecnicamente, caso atinja um Cristal do Potencial com outro, você poderia danificar ambos, mas é uma teoria que nunca foi testada, por serem raros demais para correr o risco de os destruir.
Também existe a teoria do Poder Absoluto, onde um poder capaz de destruição colossal poderia, talvez, o danificar..." – Merlin.
Adam e Sophie estavam pensativos, claramente seu filho não era um Cristal do Potencial, nem usou um poderoso ataque destrutivo.
"Existe uma terceira teoria, mas essa eu criei agora..." – Merlin.
"Qual seria?..." Indagaram Sophie e Adam ao mesmo tempo.
Merlin pensou um pouco enquanto movia sua taça para fazer o seu vinho receber um pouco de oxigênio e então realçar o seu sabor.
"Potencial além da capacidade de medição..." – Merlin.
"Mas se for assim..." Murmurou Adam pensativo.
"Muitos mistérios estão envoltos no Cristal do Potencial, ele é algo de ocorrência natural, não algo criado por uma raça. As teorias de como ele faz essa medição são várias, alguns dizem que é o poder de um mineral o qual foi concedido o poder dos oráculos, outros dizem que é algum objeto divino.
No entanto, a teoria mais aceita, é de que quando alguém o toca, o Cristal se conecta com a Alma do ser que, dependendo do quão grande for o potencial da Alma, uma certa reação é criada e então gera a tal luz, ao distorcer a própria Mana.
De tal forma que é possível sentir o calor da luz gerada por ele, sendo assim, ela é feita de luz real, já que emite calor.
Sendo assim, o que aconteceria se a Alma de um ser gerasse tanta luz, mas tanta luz, que o cristal implodisse?..." – Merlin.
"Seria possível... No entanto, quanta luz seria necessário gerar?..." – Sophie.
"Quando nós, com nossas Linhagens, tocamos o Cristal, era possível sentir uma leve dor onde a luz tocava a pele, eu não consigo nem imaginar o poder de uma Luz Forte da Cor Dourada, provavelmente causaria graves queimaduras..." – Adam.
Adam e Sophie estavam surpresos.
Ambos se entreolhavam e não sabiam se riam ou choravam.
"Apenas a linhagens de vocês não explica, isso vai além..." – Merlin.
"Se for assim, eu estou preocupado com o que vai acontecer quando ele Despertar com seus seis anos e novamente nos seus doze..." – Adam.
Merlin tomou outro gole do seu vinho, Adam tinha razão.
"Sinceramente, depois que eu me formei na Academia Continental, eu voltei para minha terra natal em busca de tranquilidade, mas, sinceramente, vocês estão querendo me matar dos nervos..." Merlin suspirou, enchendo novamente sua taça.
"Desculpe..." Riu Sophie.
"Nah... Eu devo a vocês dois por me salvarem algumas dezenas de vezes... Amigos não são apenas para os momentos alegres, mas também para os momentos de caos..." Disse Merlin levantando sua taça em um simbólico brinde ao seu casal de amigos.
Ele sabia que a tranquilidade de sua vida morreu no dia em que ele conheceu os dois, mas isso não o entristecia, pelo contrário, o alegrava, afinal, o que era a vida sem um pouco de adrenalina.
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Ben-Hur estava dentro de um quarto, já na casa nova que Merlin havia providenciado para eles.
Ele estava sentado no chão e concentrando-se na Mana ao seu derredor.
"Mana é algo capaz de transitar entre a Matéria e a Energia, movendo-se ao bel prazer de quem a controla.
Sendo assim, eu posso transformar Mana em Fogo, mas também em água.
Posso manipular o solo e criar variações elétricas na atmosfera ao meu redor para criar raios..." – Ben-Hur.
Ele estava certo.
A Mana era algo incrível, criado pelo próprio Deus Supremo.
Sua capacidade de alterar sua forma e interferir tanto com a Energia como com a Matéria, a transformava em uma força única.
Muito se discutia a respeito de como os corpos dos seres vivos eram capazes de manipular a Mana, no entanto, parecia que não haviam sido feitos muitos avanços nessa área.
Até o momento, o Elemento mais fácil de ele dominar foi o raio e isso era por ele entender o princípio elétrico por detrás do mesmo.
Um raio era criado quando a diferença de cargas entre dois pontos atingia um nível tão alto que a propriedade isolante do ar era quebrada e ele se tornava um condutor.
Utilizar Mana para fazer isso não era algo tão complexo, já que ela transitava entre a Matéria e a Energia, ele conseguia criar rapidamente essas diferenças de carga e criar diversos raios, alguns extremamente poderosos, usando muito menos Mana do que o necessário.
As pessoas daquele lugar usavam a imagem em suas mentes para conjurar seus poderes, ou seja, imaginavam um Raio e acreditavam milagrosamente que ele surgiria, a diferença entre eles e Ben-Hur era a capacidade de compreender o que era a Matéria e quais as suas formas.
Ele sabia que a água era formada por duas moléculas de hidrogênio e uma de oxigênio.
Da mesma forma que ele sabia que a terra controlada por eles não era meramente uma única matéria, mas a união de vários tipos diferentes de materiais, isso o tornava capaz de manipular não apenas a Terra, mas também seus componentes de forma individual.
Contudo, até o momento, por mais que ele compreende-se, ele ainda não havia atingido uma capacidade satisfatória no seu controle sobre o Elemento Terra.
"Parece que mesmo com meu conhecimento, ainda existem leis e regras que eu desconheço..." Murmurou ele para si mesmo.
E Ben-Hur estava correto, não necessariamente as leis físicas, da matéria e das energias, seriam perfeitamente iguais às da Terra da qual ele veio.
Universos diferentes, praticamente decretavam a existência de regras universais diferentes.
De qualquer forma, Ben-Hur aos poucos refinava seus conhecimentos e os adaptava para o local onde ele estava.
Segundo algumas das histórias contadas por sua mãe, o Reino dos Elfos Divinos era conhecido por ser um local digno do paraíso.
Com montanhas que flutuavam no alto do céu e dos quais caiam cachoeiras intermináveis que criavam arco-íris por todos os lados, bem como uma colossal árvore, que ia além das nuvens, a chamada Árvore do Mundo.
Aquele universo era uma mescla de sobrenatural com ciência, muita coisa era possível ser explicada pela lógica, mas era impossível negar a porção divina que existia em toda a criação.
De qualquer forma, Ben-Hur passou o resto da noite divagando e analisando seus poderes e os eventos até agora.
"Aquele Cristal era interessante..." Murmurou Ben-Hur para si mesmo.
Ele disse isso por um motivo simples, quando ele olhava para as construções, plantas e materiais, ele também era capaz de ver a Janela de Status deles, não eram como a dos seres vivos sencientes, mas ainda haviam valiosas informações ali contidas.
E as informações do Cristal do Potencial eram reveladoras.