A Princesa Sarah sentou-se ao lado de Ben-Hur e ficou parada em silêncio.
Todos os alunos olharam para eles com certa surpresa.
Milo Grannus olhava com certa impaciência.
Apesar de as crianças daquele local amadurecerem muito mais rápido do que as crianças do Planeta Terra, local onde Ben-Hur primeiramente viveu, elas ainda eram crianças.
Sendo assim, era difícil conseguirem esconder suas emoções.
Era visível nas expressões de Milo Grannus que ele não estava feliz com a situação.
Emily Thyri, Agnes Wood e Lewis Ward, todos partes de Ducados, iguais a Milo Grannus, olhavam para Ben-Hur com uma certa curiosidade.
Eles também tinham apenas cinco anos, mas a mentalidade deles era completamente diferente da de Milo.
Diferente dele, que já havia determinado o garoto com um inimigo, os outros três determinavam o valor de se aproximar do mesmo, ponderando os riscos.
O fato de a Princesa Sarah ter se apegado a ele o tornava menos atrativo para se fazer amizade.
Por motivos simples, todos naquela sala, das crianças aos professores, sabiam que o jogo de poder começava agora e não quando eles fossem grandes.
Laços criados agora poderiam perdurar em suas famílias por séculos ou inimigos para toda a vida.
De qualquer forma, Sarah não parecia muito interessada em conversar e Ben-Hur também estava perdido em seus pensamentos.
Ele estava divagando consigo mesmo a respeito dos seus poderes.
Seus Olhos Divinos tinham limitações e ainda não haviam sido totalmente liberados, por mais que não aparecesse tal detalhe na sua Janela de Status, isso ficava óbvio por dois motivos.
Seu pai e sua mãe não tinham suas Classes determinadas, mas Ben-Hur já havia concluído que eles obrigatoriamente deveriam ter uma Classe Divina.
O fato de eles serem de uma alta classe social, bem como sua mãe o ter dado um dos Itens Divinos, deixava claro que ela era capaz de usar o item da mesma maneira.
No entanto, o fato de ela o ter entregue o preocupava, estaria ela dando ao seu filho sua herança e pensando em partir desse mundo?
"Não... Não deve ser isso, ela não se desfaria de um item tão poderoso por nada, mas também não é por ela estar morrendo ou algo do tipo..." Ben-Hur pensava consigo mesmo.
No entanto, por mais inteligente que ele fosse, era impossível para ele saber os pensamentos das outras pessoas.
Na realidade, sua mãe deu o item para ele como um presente, pois ela não o precisava mais usar.
E, caso um dia fosse necessário, ela tinha outros itens capazes de suprir a falta daquela Varinha em específico, no entanto, para o seu filho, não havia item melhor.
De qualquer forma, o som de um salto soou dentro da sala de aula conforme uma jovem mulher, em seus vinte e poucos anos, adentrou o recinto.
Ela tinha um olhar frio, corpo esguio, mas bem proporcionado, cabelos brancos e olhos acinzentados.
Uma aura ao seu derredor deixava claro que sua linda e delicada aparência não deveria ser subestimada.
As crianças nobres estavam com um olhar surpreso, apenas aquelas que vieram de origem pobres estavam sem entender a razão pela qual o ambiente ficou tenso.
Ben-Hur com os olhos divinos conseguia ver os status das pessoas, mas não sua história.
"Quem é ela?..." Indagou ele para a Princesa Sarah ao seu lado, sua curiosidade foi maior do que sua vontade de não conversar.
Ela sabia que aqueles de baixa estatura social não conheciam alguns personagens importantes.
Andrea era um deles.
"Ela tem apenas 23 anos e é considerada umas das mais poderosas dentro do Reino, ela tem uma das Classes Divinas, Divine Warrior, bem como uma das poucas pessoas de Rank S dentro do Reino Wolfstrong..." – Sarah.
"Entendo..." Murmurou Ben-Hur.
A diferença entre as classes era gritante.
A Classe Especial estava recebendo instruções de umas das mais poderosas mulheres de todo o Reino, porém, até mesmo aqueles da Classe Normal recebiam uma excelente educação.
Além disso, o objetivo da Classe Especial era diferente da Classe Normal e Classe Avançada.
Aqueles que se formavam na Classe Especial, com quinze anos, passariam por um teste para entrar na Academia Continental.
Após isso, se formariam nela dentro de três anos, ou seja, com dezoito anos.
Se formar na Academia Continental era algo glorioso, muitos sequer ousavam sonhar em chegar até lá.
Andrea Rosi foi uma delas.
Ela já havia atingido o Rank S com apenas 19 anos, uma das mais novas, até mesmo dentro da Academia Continental.
Dentro do Reino Wolfstrong, ela só ficava atrás de Merlin no pódio dos mais rápidos a chegar no Rank S.
Merlin atingiu o Rank S com dezessete anos e dez meses, ele era um dos que estava nos dez mais rápidos dentro da Academia.
Isso era algo louvável, ser capaz de atingir tal nível de poder antes mesmo de se formar era algo que muitos apenas sonhavam e jamais conquistariam.
Atualmente, o pódio de mais rápido a atingir o Rank S dentro da Academia Continental era dividido por duas pessoas, Sophie e Adam. Ambos atingiram o Rank S no mesmo dia em que entraram na Academia, ou seja, com quinze anos.
Eles eram monstros entre os monstros.
Não era à toa que a notícia da morte de ambos abalou todos.
Contudo, a onda que essa notícia causou foi aplacada pelo poder das suas famílias, onde, tentando esconder o que ocorreu, fingiram as suas mortes e então afundaram as notícias o máximo que foram capazes.
Eles ainda eram novos, Sophie e Adam possuíam muito potencial e era dito que em menos de uma década ambos seriam capazes de atingir o Rank SS+.
Contudo, eles assim pensavam por não saber do real poder de ambos, nem dos que dominavam o mundo atualmente.
Haviam forças que poderiam fazer reinos inteiros tremerem diante de seus pés.
E isso não parava por aí, mas apenas começava.
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"Muito bem, eu quero que todos vocês venham à frente, um por um, e tentem manter a magia que eu ensinei a vocês ativa pelo máximo de tempo que conseguirem..." Disse Andrea Rosi para as crianças.
Milo foi o primeiro, ele saltou de sua cadeira, com um olhar triunfante.
Ele sabia que seu irmão mais velho gostava de Andrea e ele queria impressionar seu irmão ficando bem visto nos olhos da garota que o mesmo gostava, pensando que isso talvez ajudaria seu irmão a conquistar Andrea.
Claro, eram meros delírios de um pequeno menino.
Andrea havia visto os jovens mais poderosos, ricos e belos, mas nada disso abalou seu coração.
Seu objetivo não estava no ter, mas no ser.
De qualquer forma, Milo subiu no pequeno palco rapidamente e ergueu seu cajado.
Fechando os olhos ele rapidamente invocou uma magia única.
Pequenas ondas de Mana saiam de seu corpo, era uma técnica criada por Merlin para ver quanto tempo a pessoa era capaz de controlar sua Mana.
Aquelas ondas iam embora e a pessoa perdia cada vez mais e mais mana, ao ponto de que conforme chegava próximo do fim, ficava mais e mais difícil de controlar.
O objetivo era fazer a pessoa parar assim que ela perdesse o controle sobre as ondas.
De qualquer forma, era preciso manter um ritmo constante e qualquer variação seria considerada como perda do controle.
Milo conseguiu manter o mesmo ritmo por incríveis cinco minutos.
Andrea estava genuinamente surpresa, mas não tanto quanto ele imaginava.
Contudo, ele possuía um bom talento.
Surpreendentemente, mas nem tanto, as crianças dos outros três ducados demonstraram um talento superior ao de Milo.
Eles mantiveram a magia ativada por seis minutos.
As crianças de origem plebeia não conseguiram manter por mais que três minutos, mas, no caso deles, não era falta de talento, mas sim de treinamento.
As crianças dos nobres treinavam desde que começavam a andar, eles apenas agora estavam tendo uma noção.
No entanto, eles aguardavam pela chegada de Sarah, quem não gostaria de ver o controle sobre a Mana daquela aclamada por muitos como o maior talento do Reino Wolfstrong.