"De qual família você é?..." Indagou a Princesa Sarah.
"Minha família não possui nome, nós somos Aldeões..." Disse Ben-Hur tranquilamente.
Na verdade, apenas pessoas em posições altas na sociedade possuíam nomes de família.
No entanto, seu pai e sua mãe ambos eram das mais altas classes sociais, mas também não possuíam um nome.
A única forma de um nobre não ter o nome de sua família era se lhe fosse retirado em um ritual com o representante da família, que faria uma cerimônia para um Deus de Alto Nível e esse tiraria o Nome de Família da pessoa em questão.
Ben-Hur sabia que era essa a maior possibilidade até então.
No entanto, isso implicava problemas.
O Líder da Família só faria isso em casos extremos, onde a pessoa perderia todos os direitos e cortaria totalmente as conexões com sua família.
Era normalmente usado pelos nobres para punir membros que cometeram graves crimes, contra a família ou contra o reino.
"Entendo..." Murmurou Sarah, com um olhar meio pensativo.
"Atenção!" A voz de um dos examinadores retirou todos de seus devaneios.
Ben-Hur suspirou meio aliviado, ele não se importava com os olhares irritados das crianças, mas dos adultos que os seguiam sim.
"O Exame de Entrada será dividido em 3 Etapas! A primeira será um Teste Escrito, para discernir o nível de conhecimento que vocês possuem em diversas áreas.
A Segunda será um Teste de Habilidade, onde vocês vão ter que demonstrar alguma capacidade, seja de combate ou alguma outra coisa, como Buffs e Debuffs, inteligência ou algo do gênero.
A Terceira é o Teste de Potencial..." – Examinador A.
Os filhos dos nobres estavam tranquilos quanto aos primeiros dois testes, já que eles estudaram desde cedo e eles não eram tão exigentes, já que todas as crianças tinham apenas cinco anos.
A questão residia na Terceira Etapa, o Teste de Potencial, algo que nenhum nobre ou poderoso em todo o continente era capaz de alterar.
O Potencial era determinado no nascimento.
Além disso, o Artefato Antigo capaz de medir o Potencial de alguém era um dos objetos mais raros e um tesouro guardado a sete chaves pela Academia Real.
Nem mesmo o Rei era capaz de o usar, apenas o Diretor da Academia poderia autorizar o seu uso e isso ocorria apenas uma vez ao ano.
O Potencial era medido da mesma forma como os Ranks, começando no E até o SSS.
No entanto, raras foram as pessoas que receberam Potencial SS, daria para contar nos dedos de uma mão.
Faziam quinhentos anos antes da última aparição de alguém com Potencial SS e mais de milênios de alguém com Potencial SSS.
Era dito que esse nível era uma lenda e que nunca realmente alguém havia conseguido.
Por exemplo, por mais que alguém tivesse uma Classe Divina, consideradas todas como Rank SSS, isso não queria dizer que o Potencial de alguém seria SSS.
O Potencial envolvia não apenas a Classe, mas inteligência, sorte e até uma certa interferência divina.
Claro, o Artefato era incapaz de prever a Classe das crianças, já que suas classes só apareceriam aos seis anos e era por isso que eles começavam a estudar aos cinco anos.
A ideia era fazer com que eles tivessem um ano de treinamento, para melhorar sua Mana e ter a chance de despertar uma classe ainda mais poderosa.
Não que isso interferisse em muito, era mais uma crença local.
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Ben-Hur estava sentado em um banco e ao seu lado haviam várias outras crianças.
A frente delas havia uma grande mesa que se estendia em um semi arco.
Uma prova estava à frente do garoto e as perguntas eram variadas.
"O que é Mana?"
"Quem foi o Primeiro Rei"
"Quais as Classes Divinas mais conhecidas…"
"Quais os tipos de vegetação do Reino…"
"Qual as Dungeons mais famosas…"
Era algo bem básico que todas as crianças nobres já eram ensinadas desde que aprenderam a ler e escrever.
O fato de crianças com apenas cinco anos já saberem ler e escrever era algo surpreendente para Ben-Hur, já que isso normalmente aconteceria nos seis ou
sete anos na Terra.
Porém, havia duas questões importantes.
Primeiro eram crianças nobres, criadas com uma colher de ouro em suas bocas e em segundo lugar era que os seres daquele universo pareciam terem sido criados com uma capacidade intelectual um pouco mais elevada.
A diferença na tecnologia se dava muito pela comodidade das magias que eles possuíam.
Porque investir em carros se você pode usar poderosas Feras Etéreas para puxar carruagens a centenas de quilômetros por hora.
Porém, apesar de Ben-Hur não ser um nobre, sua mãe e seu pai eram e ensinaram ele e Lily desde cedo.
Eles poderiam não aparentar, mas o conhecimento deles era algo digno da realeza e não de um mero reino, como ali estavam.
Sophie e Adam podiam ser considerados especialistas na geografia, história e política do reino, já que escolheram ali para se refugiarem.
Adam era extremamente cuidadoso, sendo capaz de identificar os melhores locais para usar como vantagem em um futuro combate.
Quando ele conversou com Merlin, disse que havia matado alguns de seus perseguidores, muito se deu a facilidade com a qual ele os matou pelo fato de ele ter decorado o terreno.
Sendo capaz de encontrar em instantes esconderijos para se ocultar e continuar seus ataques sistemáticos.
Sophie da mesma forma, no período em que estavam fugindo, ela não podia usar a Bolsa Mágica do contrário alertaria os perseguidores e por isso ela precisava coletar e caçar para comerem e também alimentar a pequena Lily que ainda dependia do leite materno.
Seu conhecimento da flora e fauna de diferentes reinos enquanto fugia era algo surpreendente.
Sendo assim, eles passaram todos esses conhecimentos para suas duas crianças, afinal, eles não sabiam até quando eles estariam com ambos e se talvez eles eventualmente também precisassem escapar.
De qualquer forma, Ben-Hur não demorou muito para responder as cem perguntas que haviam à sua frente.
Ele havia sido o segundo a terminar, Sarah terminou antes.
Mesmo Sophie e Adam tendo um conhecimento surreal sobre o local, não tinha como eles saberem mais do que a própria família real e dos tutores.
Sendo assim, Sarah terminou alguns minutos antes de Ben-Hur.
Ela tinha um olhar meio apático, como se aquilo fosse desnecessário.
Correndo seus olhos pela sala, ela deparou-se com o rosto da maioria tomada pelo medo, o que ela não entendia.
Alguns poucos pareciam tranquilos.
No entanto, o objetivo de seu olhar era achar um garoto que ela havia conhecido a pouco tempo.
Ben-Hur estava parado, também olhando ao derredor e não demorou para que os seus olhos se encontrassem.
Ela parecia surpresa quando viu que ele já havia terminado.
Ben-Hur apenas fez um sinal de positivo e tinha um sorriso em seu rosto.
Sarah riu baixinho.
Ele parecia tranquilo demais e era claramente informal, mesmo ela sendo da mais alta classe social e ele de uma das mais baixas, acima apenas dos escravos.
No entanto, como ela poderia saber que em sua vida anterior um planeta inteiro o respeitava, não meramente um reino.
Presidentes curvavam-se e brigavam entre si para conseguir uma reunião com ele.
Não tinha como comparar a glória de um pequeno Rei ou Princesa, com a de alguém que alterou a vida de bilhões de pessoas e salvou centenas de milhões.