Me reverbero no meu projeto de cama, a minha mente quer levantar e meu corpo quer continuar mórbido em lençóis de preguiça.
'eu não voltei a ser quem era...'
Estendendo minha mão para o alto, vejo que ainda sou esse espécime de lagarto de Chernobyl, me sinto completamente dividido, uma mente otimista com uma negativista, um cara preguiçoso com um proativo, duas facetas, quem controla quem?
Nunca imaginei que seria tão complicado uma transferência de mente, minha voz constantemente entra em conflito.
'Não. Eu tenho que levantar, agir e produzir. Vamos lá Gabriel'
Levanto-me, arrumo o escudo nas minhas costas, coloco a faca escondida entre a minha pele e o escudo, impossibilitando de alguém vê-la, com cuidado coloco a minha armadura personalizada na minha calda. O meu bongo encaixa perfeitamente na minha cintura, giro o cinto colocando-o para trás a gaita pendurada em um cinto arnês do meu tronco, o violino normalmente também ficaria nas minhas costas, mas experimento colocar no inventario para não atrapalhar junto da mochila com alguns outros suprimentos.
Pego por ultimo um manto com capuz me escondendo totalmente, olho para o pequeno pedaço de um espelho quebrado. Assim que olho no espelho pareço uma pequena sombra corcunda, com um rabo metálico saindo para fora.
'Essa é minha casa... por que me sinto tão sozinho? Um completo estranho no próprio ninho...'
Levantando umas das tabuas saio tranquilamente, as pessoas parecem nunca me notar, não importa o que faça, kobolds... que vida miserável, agora entendo seu desejo de ser visto, de ser reconhecido.
'Alfaar, você só queria ser lembrado né? Eu também queria, nem eu nem você conseguimos. Você seria mais feliz se eu tivesse te feito de outro jeito?'
'Acho que não, fiz você querer superar todas as adversidades mesmo que o mundo inteiro tivesse contra você. Plantei meus ideais em você, desculpa'
'Por isso, farei o que nós dois sozinhos não conseguimos, agora estamos juntos, você me influencia positivamente, obrigado'
Perambulo sem caminho por um tempo até decidir ir para a guilda dos aventureiros. As pessoas passam rápido, cada uma com a própria história com os próprios problemas fugindo da própria morte, da pobreza dos problemas. Essa é Dohmnall.
GUILDA DOS AVENTUREIROS DOHNMNALL |
Entro suavemente, espero na fila para a recepção, eu poderia cortar totalmente a fila, mas não é da minha ética.
"Olá senhor o que seria do seu desejo?"
"Eu gost-"
"Sou eu Patrice, é a minha vez. Aqui em baixo!"
O guerreiro Imany toma um pequeno susto vendo que não havia me notado, E Patrice que também não sabia que estava lá me cumprimenta
"Ah, desculpa Alfaar, você sabe, nunca tem como te notar, o que desejas dessa vez?"
"Senhor guerreiro poderia me colocar em cima do balcão? É um pouco incomodo para a recepcionista conversar na postura que ela está agora"
"Ehh C-claro tudo bem"
Agradecendo pela ajuda, ele me estende a mão subo em cima e me coloca no balcão.
Patrice? É uma mulher alta meio-orc e meio-elfo. Se existe alguém com força bruta e inteligência seria ela, e caso queira uma definição mais terráquea, imagine uma bodybuilder que cursa direito e administração.
"Patrice, bom dia, tudo bem com a senhorita? Espero que esteja maravilhosamente bem, não vou prolongar mais, pois parece estar de casa cheia hoje. Tem algum trabalho para um bardo como eu?"
"Estou sim obrigada por perguntar, tem um grupo de aventureiros nível 3 que estavam precisando de um suporte, deixa eu ver se ainda está cadastrado o pedido, espere só um momento"
Após a troca curta de diálogos ela vai averiguar nos fundos do local. Em quanto espero sento-me na borda e pego minha gaita e com um apoiador deixo ela na minha boca, desço o bongo para o nível dos meus pés e tiro do inventario meu violino.
O meu subconsciente me faz tocar uma música da terra prometida dos Kobolds, eu deixo meu corpo ser levado pela maré, é como se eu tivesse repetido muito mais que mil vezes isso.
Todo o barulho das pessoas some para mim, meus ouvidos se acalmam, presto apenas atenção em mim mesmo, afundo de forma rápida, com os versos ecoando em minha cabeça.
♪ Esses problemas são de mentira, todos os meus inimigos, de mentira. Só minhas lagrimas são de verdade, só a minha busca por tu terra prometida que é realidade... ♪
Quando me dou por conta, silencio, todos que estavam ali fizeram silencio.
Todos os olhares direcionados para mim, procuro a Patrice, para me ajudar e ela já estava atras de mim, me observando com seus olhos gentis.
"Hehe, eu sabia que você ia fazer isso se eu fosse lá trás"
Ela me diz sorridente, contando como se fosse seu maior feito.
"Mas o que eu faço?? Eu nunca sei como reagir!! ( >︹<)"
Claramente Patrice estava se divertindo da situação, mas era bom ver ela sorrindo, então preferi continuar com esse joguinho.
"Só aceite, está tudo bem. Olhe, todo mundo gosta quando você toca"
Guardo todas minhas ferramentas rapidamente, eu não sei o que responder então me mantenho quieto.
"Você achou a requisição?"
"Estava comigo o tempo todo, estava apenas esperando você"
Ela me diz com um sorriso, talvez conversando comigo ela consiga relaxar um pouco, nesse trabalho estressante. Não me importo o que aconteça, mas ver pessoas boas serem felizes, não tem preço.
"Aqui está"
Passa por baixo do vidro transparente o papel, contendo todas as características que o grupo quis notificar.
Time: Sol poente
Líder: Castiel (Tank)
Vice-líder: Roxxan (DPS)
Participantes: Diveon (Mage)
Virmana (DPS)
Todos os participantes são nível três precisamos de alguém que possa fazer um papel de suporte para gente. Preços a tratar pessoalmente.
Visualizo rapidamente o pedido e deixo minha digital. Vamos ver quem são os contratantes e pra que precisam de um suporte.
"Quando o Castiel estiver chegar eu te aviso, ele disse que iria vir hoje para ver se teve algum resultado"
"Tudo bem, esperarei no bar aqui na frente"