Chapter 7 - Orfanato

Já se faz quanto desde a ultima aventura? Uma semana? Procurei ficar esse tempo sozinho (não que seja difícil). Agora eu sinto que estou pronto pra voltar, ganhei um bom XP dos bullywugs.

Honestamente tenho muito medo do futuro, mas o arrependimento que adquiri de não ter ido quando apareceram oportunidades para mim na minha vida passada são mais sufocantes do que sentir medo.

Alfaar tinha se dedicado totalmente a música e isso se tornou um habito tão forte que todo dia tenho que tocar ou cantar algo. Como eu ia dizendo ao dedicar-se a isso ele esqueceu do seu corpo, por isso fiquei esses 7 dias sozinho no pantanal.

Também descobri outros bullywugs que estavam tentando fazer uma vila e transformar algum deles em campeão ou xamã. Por sorte eliminei todos. Descobri que esses bullywugs tinham pedras em suas cabeças. Um pequeno cristal verde escuro, o tamanho e a cor variavam um pouco, mas em geral era tudo o mesmo estilo.

Consegui 20 pedras dessas, quando eu chegar na vila vou avisar dessas pequenas concentrações de bullywugs.

Parto antes mesmo que o sol comece a subir. As formigas não esperam o amanhecer e eu também não posso ter esse privilégio.

Depois da missão que tive e esse treinamento intenso pra adaptação da força que recebi, acredito que oficialmente subi para o Nível 6.

Não esperava que recebesse tanto XP, no entanto pelo o que parece, recebo XP não só matando inimigos e completando missões, recebo por cantar e tocar música, o que confesso me deixou bastante extasiado, deve ser um privilégio de jogador.

Aqui no Skyterra as pessoas quando sobem de nível aumentam a capacidade de feitiços e truques que podem aprender e usar, aparentemente alguns conseguem quebrar esse limite, ou seja, é um limite definido para pessoas comuns, os excepcionais, adquirem mais feitiços que as pessoas comuns.

Ser um excepcional não é raro, é apenas incomum, toda via existe diferenças entre os excepcionais, digamos que alguns sejam mais que os outros.

Geralmente pessoas que passam pro nível 5 em diante são todos excepcionais, infelizmente sou um excepcional que só aprendeu um feitiço além da gama estabelecida.

Felizmente o feitiço que aprendi me serve de muita ajuda, conversar com plantas, mas por ser um feitiço muito forte requer muita mana, ou um espaço de feitiço de 3º.

Aliás eu upei pra nível 6 nas minhas duas contas, ou seja, posso pegar teoricamente 2 magias ao invés de uma.

Quando vejo já estou nos portões da cidade, mostro meu emblema de aventureiro e sou isento de pagar taxas de entrada.

Vou direto para a guilda ver a Patrice e para minha surpresa a guilda ainda estava um caos, cheia de gente.

Fico novamente na fila esperando minha hora, demora um pouco e acontecem as mesmas coisas de sempre, não me veem e tenho que me espernear pra aparecer, apenas o básico.

"Ehh, então... eu voltei um pouco mais tarde que eu imaginava, no entanto não estou entendendo toda essa movimentação que é muito maior que o normal" -Alfaar

"Então, Alfaar a equipe contratante já confirmou a conclusão da quest por isso não precisa se preocupar, também pediram para notificar com preferência você toda vez que precisassem de alguma ajuda" -Patrice

"A respeito dessa movimentação... está ocorrendo em todos os lugares do continente, simplesmente além do súbito aumento de monstros, ocorreu a aparição de novos monstros e novas classes, é como se os Deuses estivessem se movendo por conta própria, o que não acontece desde o desastre da subida aos céus" -Patrice

"Uhnn entendo. Eu consegui alguns cristais que estavam na cabeças dos homens sapos, cerca de 20 deles" -Alfaar

"Ah sim, tem isso, são pedras de mana seus efeitos ainda são desconhecidos, apenas sabemos que tem mana de variada quantidade e pureza. Sobre a manufatura deles também descobrimos poucas coisas pôr em quanto estamos tentando de tudo" -Patrice

"Não é um número alto e nem um número baixo e se você pegou dos bullwugs então são de baixa classificação, mas ainda vendem por um bom preço, dois aurum por um desses cristais" -Patrice

"Mas fico feliz também por você ter conseguido pega-los, esse meu bardozinho favorito!" -Patrice

"Hehe" -Alfaar

Sorrio de forma meio constrangida e ela tinha um ar genuíno de felicidade, isso para mim vale mais que qualquer coisa.

A quantidade de pedras que peguei foi realmente ínfima se for usar o baseamento através do meu nível. Fazendo um nivelamento grosseiro, os Bullywugs são nível 1 e 2, os campeões são nível 3 como o xamã, foi uma exceção aquele campeão guerreiro que era nível 4 e provavelmente um excepcional.

Vendo 18 dos cristais conseguindo 36 aurums. Pegar outra missão fica pra depois, preciso ir ver a Karina, uma santa. Ela tem um orfanato cuida das crianças abandonadas.

No meio desse mundo sujo ainda existem pessoas boas, Karina merece todo o respeito e conhecimento do mundo. Existem vários aventureiros que ajudam-na tanto em questão monetária como na criação dessas crianças, varias das crianças dali querem crescer e ser aventureiros pra cuidar do orfanato e da Karina.

PEACEFUL WHALE |

O motivo do nome? Um animal gigantesco que não existe mais, mas quando existiu protegia todos os mares, espantava tubarões, acolhia animais moveis pelo seu corpo e orientava pescadores de coração puro.

O terreno é grande até, não se pode escutar as risadas das crianças, devem estar lanchando.

O portão aparenta estar fechado, mas na verdade sempre está aberto só fica escorado, fechando só de noite, por segurança das crianças.

O gramado é verde por conta de ficar abençoado por causa da existência de Karina viver por aqui. As paredes são coloridas por giz, pelos desenhos da para ter certeza que foi pintado e desenhado pelas crianças.

O parquinho feito por aventureiros e marceneiros, a pequena pracinha onde Karina sempre se senta para ver as crianças. Mesmo não tendo ninguém ali agora eu ainda conseguia imaginar isso.

Já tendo passado pelo portão bato na porta, mas ninguém responde felizmente consigo escutar as vozes agora que estou mais perto.

Entro não tendo muito mais o que fazer, ando um pouco e vou pra sala de jantar. Todas as crianças aparentam estarem ali, as freiras tentam acalma-las, parece que agora mesmo terminaram de comer, felizmente ninguém tenta desobedecer às freiras, não por medo, mas por respeito, por gratidão.

Passa cada um por mim, trombam e nem percebem no que trombaram. Quase como se eu não existisse, talvez no fim eu não exista mesmo.

Saindo pela porta com as crianças, vejo então entrando pelo portão a Karina, acena pras freiras, pras crianças e se senta no seu banquinho. Mesmo sem ela notar acompanho-a e sento-me também.

Estar ali era estar bem, as crianças brincavam sem maldade, sorriam sem preocupação e gargalhavam sem apreensão. As freiras tentavam evitar os perigos, cuidando dos joelhos ralados dos jovens meninos.

"Bom dia Karina, que ótimo é te ver" –Alfaar

"Oh meu Deus, nem tinha percebido você aqui, bom dia meu querido" - Karina

"Espero que você esteja bem, vim trazer um pouco de contribuição para você e o seu orfanato. Como você sabe não uso meu dinheiro por isso ficaria se o usasse aqui com você, as freiras e as crianças" - Alfaar

"Querido espero que não tenha trazido muito dinheiro dessa vez, pode ser apenas dois moedas de aurum como a maioria dos aventureiros de médio nível fazem" – Karina

"Hehe você sabe que não consigo te entregar apenas isso, dessa vez vou entregar até mais, já que foi bastante que consegui" – Alfaar

"Tome são 40 aurums :)" –Alfaar

Assim que ela escuta e vê a bolsa que esta comigo começa então a tremer sua mão, aparentemente não esperava tudo isso, já que contribuo com 15 todo mês.

"Esconde isso Alfaar! É seu dinheiro, você não precisa se importar comigo, use esse dinheiro pra você, para algumas regalias" –Karina

"Eu não posso deixar de me importar com você. Você deixaria de se importar com as crianças? Eu também me importo com elas, quero fazer esse mundo um lugar melhor para todos viverem e tirar as crianças da rua. Nunca perguntei o que eles são pra você, mas eles te consideram como uma mãe" –Alfaar

"Aiai... Você... não toma jeito não é mesmo? Desse jeito já devo ter acumulado umas 40 vidas minha para você" – Karina

"Eu também os considero como meus filhos, quero que todos sejam felizes tenham uma família e me mostrem seus netos" –Karina

"Entendo, que bom que também os considera. Era só isso mesmo, vim te entregar isso e já ir embora, se cuide, soube das outras freiras que você não tava se sentindo muito bem, então toma cuidado. Você não pode ir embora, não agora. Pode aceitar esse meu pedido egoísta?" – Alfaar

"Está tudo bem, não vou morrer tão cedo, ainda preciso cuidar de mais crianças, aquilo foi só um descuido meu na minha saúde" -Karina

"Além do mais, eu preciso ver o meu pequeno kobold se tornar o melhor bardo" -Karina

"Não valeee, você deve dizer isso pra todo mundo né?" -Alfaar

"Sim... quero todos sendo felizes, para mim isso não tem preço, eu desejo tanto que de tudo certo na sua vida como também nas dos outros aventureiros" – Karina

A troca curta de dialogo se encerra, mas a ressonância dos dois não. Continuam ali sentados, os dois sabiam, por mais que parecesse que o tempo tinha parado, eles já eram velhos de mais para não notar que não importa o que, o mundo não para.

'que pena...'

O suspiro de Karina parecia ressoar com meus pensamentos, mas iriamos aproveitar esse pequeno conto de fadas.

As crianças daqui não me veem como uma pessoa maneira, honestamente não sei por que, mas estava tudo bem, não importa muito.