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Chapter 26 - À LUZ DO DIA

Kim Jun Hyeon acordou com o telefone insistentemente tocando no fundo de sua mente, uma latejante dor de cabeça tomando corpo quando ele finalmente rolou para o lado e alcançou o telefone.

"Alô?"

A pessoa do outro lado se certificou que falava com ele, enquanto Kim se forçava a levantar a abrir a persiana do quarto. A claridade apenas doeu mais e ele protegeu os olhos, sabendo bem que sua ressaca era culpa exclusivamente sua, e mal prestando atenção no que diziam.

Aos poucos ele entendeu que era o mecânico responsável por seu carro, tentando explicar algo que não fazia sentido.

"Ajuhssi, desculpe. O meu carro, aquele com pane elétrica, que o guincho da seguradora pegou ontem a noite. Kim Jun Hyeon. O Sr. está falando deste carro?

"Sim, Sr. Kim, eu estou tentando dizer, não há pane elétrica alguma. Não há nada de errado com seu carro, na verdade."

"Como assim?! Esse carro desgramado simplesmente parou do nada ontem, nem mesmo as luzes do painel ligavam!" Ele simplesmente não podia acreditar, desconfiava até mesmo que o mecânico estivesse confundindo seu carro com outro. "Tem certeza que…"

"Sim, Sr. Cliente, nós temos certeza. Espere. Entrarei em contato em breve." Ele ficou sem entender por um momento, mas depois que saiu do banho, viu que tinha recebido mensagem com um vídeo do seu carro na oficina mecânica, funcionando perfeitamente como o mecânico dissera. "Aish, mas que loucura é essa?!"

Ele não soube o que pensar disso, então apenas combinou um horário para a entrega do carro na segunda-feira.

Conferiu o relógio, e como já imaginava, ficou assombrado ao perceber que passava de uma da tarde. Em breve ele tinha que passar e pegar sua mãe para irem a um chá beneficente… Onde eles esperavam conseguir também novos contatos que pudessem doar para a causa da família Kim e da Fundação Ji Hyeon.

A noite anterior voltou a sua mente, e tirou um sorriso. Amanheceram o dia levando a Srta Nam, ou Srta Boca Grande, ou Srta Pé de Pano, de volta para casa, e apenas lembrava-se de vagos pontos deste momento. Ele estava realmente bêbado e sentindo-se leve, ao lado do hyung e da cantora. Um dos pontos que se lembrava era de Dae Won perguntando para ele se ele estava interessado nela.

"Por quê, Hyung? Você está? Ela faz o seu tipo?" Eles ainda olhavam para ela, de dentro do carro, enquanto ela abria o portão do prédio e tropeçava no ar, se segurando e dizendo: "Estou bem! Podem ir! Obrigada pela carona, oppas!"

A resposta do hyung para sua pergunta, enquanto sorriam para ela, foi mais longa, mas ele se lembrava resumidamente que incluía algum tipo de preocupação. Claro, o que poderia esperar de Dae Won? Ele sempre foi o tipo protetor.

"Aish…" Ele se lembrou de quando ela contava porque veio à capital perseguir seu sonho. Ela também tinha contado outras passagens interessantes de sua vida, e Jun Hyeon se lembrava claramente da sensação de alarme que sentia, e de ficar aliviado logo depois sobre como as coisas se desenrolaram, no ponto de vista dela.

Nam Ye Rim podia ter contado aquilo com uma expressão risonha e feito parecer que não guardava nenhum sentimento ruim sobre seus fracassos, mas ele achava impossível que fosse assim.

"Será que no fim, ela realmente é uma fraude?" ele perguntou em voz alta, em frente ao espelho do banheiro, e ao perceber isso, empurrou o reflexo com uma mão. "Você não é o tipo de cara que cairia no tipo da Srta Golightly*. Este cara protetor é o hyung," ele se falou, lembrando do clássico filme que sua irmã gostava tanto.

Eun Ha saiu de casa discretamente, não fazendo nenhum barulho para que Ye Rim não acordasse. Ela precisava devolver a scooter para o quitandeiro Kang Dae o quanto antes.

Quando Ye rim chegou, já com a luz do dia, Eun Ha estava acordada, parecendo uma coruja, remoendo os acontecimentos da noite. Seu encontro com o Caçador-agora-Professor Shin, e como tinha deixado Ye Rim sem supervisão ao lado do Dr. Flamingo. Assim, quando a bêbada Ye Rim abriu a porta do apartamento, foi metralhada de perguntas, e sem defesa as respondeu candidamente, enquanto sua unnie a ajudava a tomar um banho e comer algo antes de dormir.

Ao menos, estar acordada na hora certa fez com que Eun Ha soubesse que, mesmo perdendo o controle da situação, sua interferência não tinha sido em vão. O casal tinha encontrado um amigo, que os ajudou e ficou com eles durante toda a noite. E, não bastasse isso, esta pessoa era um músico renomado, e bonito, com uma carreira consolidada e um excelente caráter. Lee Dae Won! Eun ha já tinha pesquisado sobre ele pela manhã na internet, e gostou de tudo o que conseguiu encontrar.

É o destino oferecendo alternativas, Ye Rim! E olhe só, alguém que pode te entender e estar ao seu lado na sua carreira! Não seria perfeito? A estilista ousou sonhar, e seus pensamentos trouxeram um sorriso de esperança para seus lábios. Foi assim que pisou na Quitanda Yoo.

Ela piscou, atordoada, pois tinha pensado ter visto algo inesperado. Porém, piscar fez milagres, já que as coisas pareceram fazer mais sentido. Yo Kang Dae estava com a m]ao no pescoço da Unnie Soo Bin, a cabereireira da quadra seguinte, e esta apoiava a mão no peito do quitandeiro, de olhos fechados e com uma expressão mista, enquanto tinha um lado do rosto e do pescoço bem vermelhos.

Mas agora, Kang Dae parecia atrapalhado, olhando a mão com asco e limpando a mão num trapo velho perto do balcão. Ao mesmo tempo, Park Soo Bin levava a mão à área avermelhada, olhando para a recém chegada com uma expressão assustada.

"Noona, você está bem?! Maldito inseto! Desculpe,desculpe, eu me deixei levar! O que eu fiz?!"

"O que?" Ela pareceu demorar um pouco a entender, até que olhou para a propria mão, que tinha levado ao pescoço, parecendo então entender que o inseto não estava mais andando sobre seu corpo. "Ah, ah! Sim! Kang Dae, oh meu Deus, se aquele bicho me pica, nem sei o que eu faço!"

"O-lá… O que aconteceu?" Eun Ha anunciou sua chegada, mesmo sabendo que tinha sido vista. A Unnie precisa de ajuda?"

Kang Dae foi empurrando a cabeleireira para o banheiro do estabelecimento comercial, de um jeito rude e estabanado. "Por aqui, noona, por aqui. Use o banheiro para lavar seu pescoço, limpar isso e refrescar a pele. Espero que a irritação passe logo!" A mulher mais velha não teve muita alternativa a não ser aceitar. Quando ela fechou a porta do pequeno banheiro para funcionários, ao lado do caixa da quitanda, Kang Dae já estava atrás do balcão, passando álcool gel nas mãos.

"Temos que ser mais cuidadosos com as frutas. Um inseto estava andando em cima da Noo… cliente…Talvez eu deva levá-la ao hospital, certo? Isso é o adequado..." Ele se virou para Eun Ha ao terminar a assepsia.

Ela fez um gesto de que não sabia, e se curvou ao entregar a chave da scooter ao quitandeiro. "Muito obrigada por ter me emprestado ontem à noite, Kang Dae. Foi realmente muito útil."

"Ah." Ele parecia feliz por ouvir. Antes que ele respondesse, a sineta na entrada tocou de novo, mas dessa vez era o irmão mais novo de Kang Dae, Chang Mi, chegando. Ele pareceu titubear ao ve-los conversando, e cumprimentou Eun Ha, ao passar para a parte domiciliar. Ele era um estudante do ensino médio com uma aparência taciturna e rebelde, e lembrava a Eun Ha um gato magro que evita humanos e só aparece para comer. Como o irmão mais velho, ele também tinha responsabilidades com a quitanda, mas não parecia ter a mesma paixão pelos vegetais que Kang Dae.

"Olá, Chang Mi! Como vai?" Ela imaginou que se ficasse quieta ele pensaria que ela estava flertando com seu irmão mais velho. Ela também percebeu, com o canto do olho, que aproveitando este momento, Kang Dae rapidamente pegou dois pessegos premium que estavam expostos em destaque em cima do balcão, e começou a embalar. Ela fingiu que não viu.

"Noona!" Ele demorou para se virar, o pé erguido no meio do passo, mas voltou e olhou para ela. Como seu rosto ficou vermelho, ela achou que ele devia estar aprontando alguma coisa e se sentiu pego. Era nítido como o dia que ele estava em algum esquema. Adolescentes...

"Estudando mesmo no sábado?! Não vá sangrar o nariz!"

"..."Ele a cumprimentou novamente, desta vez mais deliberadamente. Eun ha num relance percebeu que ele tinha trocado um olhar com o irmão mais velho, mas ao se virar para ver o que poderia ser, Kang Dae empurrou o pequeno pacote para as mãos dela, já antecipando com o olhar para ela aceitar sem recusas formais. Eun Ha balançou a cabeça, entendendo que ele não queria que nem o irmão nem a cliente no banheiro percebessem sua gentileza.

"Oras, eu…" ela sussurrou, começando uma negativa, mas ele empurrou o pacote com mais força em suas mãos, e ela segurou, aceitando por fim, constrangida. Ela acabou apenas o cumprimentando em silêncio e saindo, mesmo sem dizer que tinha enchido o tanque para compensar o empréstimo.

Ainda pensando em o quanto ele era gentil, prestativo e um pouco atrapalhado e estabanado, inevitavelmente o contraste com o Caçador se delineou em sua mente. Pensar no encontro que tinha com o Professor Fada deu um frio em sua barriga. Ela finalmente iria saber mais sobre si mesma. Com um suspiro de ansiedade, ela voltou para seu apartamento, esquecendo a quitanda Yoo e devaneando sobre as novas possibilidades que se abriam para ela a partir desta noite.

Ela não viu, portanto, o quitandeiro Kang Dae estender a chave da scooter para o irmão mais novo, fazendo uma careta:

"Aqui está, Caqui. Mas se tiver algum arranhão, é problema seu."

"Ela disse onde foi?"

"Já te disse que não. Ela só disse que era uma emergência."

"Uhn."

A porta do banheiro se abriu, e a cabeleireira Park saiu de lá, com o pescoço menos vermelho.

"Olá Chang Mi…"

"Olá Noona."

O estudante ergueu a sobrancelha para o mais velho, sardonicamente. Kang Dae coçou o nariz, evitando o olhar do caçula, de maneira embaraçada.

"Continue o bom trabalho, hyung." Chang Mi entrou na casa, deixando a cliente e o quitandeiro a sós na quitanda. A cabeleireira se reclinou no balcão, parecendo curiosa:

"Do que ele está falando, Kang Dae?"

O rapaz engoliu em seco.